A OPINIÃO QUE FAZ A DIFERENÇA
   

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STEFAN KUPER

Prosit! Deutschland dá show de bola!

DORTMUND (ALE) -
Foi dada a largada para a Copa do Mundo!

A Alemanha deu um "Olé!" nos Estados Unidos para alegria da torcida.

Depois de amargar a derrota de 4 a 1 para a Itália, o torcedor estava cabreiro. As bandeiras e adereços pareciam camuflados no estádio de Dortmund, ao Norte da Alemanha, que, aliás, é um talismã para a seleção dona da casa: nos últimos 13 jogos disputados ali, o time alemão venceu 12. E os 4 a 1 entalados na garganta do torcedor, agora foram repassados para a torcida americana.

É certo que muito se especulou mundo afora, mas a cabeça de Jürgen Klinsmann não estava a prêmio pelo péssimo resultado anterior. Ele vem apostando nos novos talentos, num time jovem. E Roma não foi feita num dia, já diz o ditado. O ex-padeiro sabe preparar a massa e ainda que do outro lado tenha clientes esfomeados, respira fundo e pede a eles que confiem nele. O nosso técnico tem o nosso apoio e respeito. É um grande profissional vai preparar a melhor receita com os ingredientes que tem.

Só que na somatória do fracasso contra a Itália, suspeita de uma possível corrupção envolvendo apostas em jogos (que não passa, até agora, de muita conversa fiada) e ainda o sumiço de Lothar Matthäus, que alegou motivos pessoais e deixou o Brasil onde havia recém-assumido como técnico do Atlético do Paraná, levantou a hipótese - no Brasil, Argentina e em alguns outros países da América Latina - de que ele poderia assumir o lugar de Klinsmann. Nós alemães sabemos que não! Nunca! Sequer há hipótese. Se Klinsmann saísse, Ottmar Hitzfeld, ex-técnico do Borussia Dortmund e do Bayern München, campeão da Liga Européia e do Campeonato Alemão, seria o sucessor. Aqui na Alemanha não há segredo, as cartas são dadas às claras para evitar especulação e desgaste.

Lothar Matthäus, na verdade tem uma família grande - 3 filhos e 3 enteados e uma mulher iuguslava que mete medo no melhor ataque que os torcedores de futebol americano - para dar mais ênfase ao aspecto troglodita - poderiam imaginar. Mas o problema já existia antes dele assumir o time do Sul do Brasil, como técnico do Atlético do Paraná. Foi recebido com honras e fez um papelão! Nós, alemães, pedimos desculpas ao time paranaense e queremos deixar claro que Matthäus tem a nossa total reprovação neste caso. É por estas e outras que Franz Beckenbauer é "Kaiser". Gostaríamos que ele desse um belo puxão de orelha em Lothar, de quem foi técnico.

Só que de uma certa maneira, houve resultados positivos, porque vimos o carinho e o respeito do torcedor pelo nosso ex-craque, que é um bom técnico, mas como Ronaldo Fenômeno, tem lá seus maus momentos por ter um coração sujeito a grandes paixões. Mas pudemos conhecer mais sobre o Furacão, sua história, seus adversários. Pedimos desculpas pela trapalhada de Matthäus, mas vocês ganharam mais torcedores. Considerações à parte, bola em campo com Deutschland e United States...

Nos primeiros 20 minutos o time alemão fez pressão em cima do time americano. Teve boas oportunidades, mas não marcou, o que deixou a equipe nervosa. Daí em diante houve uma seqüência de passes errados, sempre entregando a bola nos pés do adversário para desespero da torcida alemã. No segundo tempo, a redenção! Em 20 segundos de bola em campo, Schweinsteiger, que tinha acabado de entrar, marcou 1 a 0. A partir daí, a equipe de Klinsmann recuperou a confiança e marcou 3 gols em 6 minutos com Neuville, Klose e Ballack para delírio do público de 64 mil e 500 pessoas. Cinco minutos antes de terminar a partida, Cherundolo marcou para a equipe americana. Um gol duvidoso, porque o jogador dos Estados Unidos fez falta no goleiro Oliver Kahn. Na verdade, não fez a menor diferença. A equipe americana não tem um grande time, mas a vitória foi fundamental para motivar a seleção alemã e garantir a tranqüilidade necessária a Klinsmann para concentrar todos os esforços na reta final de treinamento da equipe.

PRORROGAÇÃO:

O torcedor lavou a alma: "Tooooooor! Toooooooooor!" ("Tor" significa "gol" em alemão).

A combinação de Klinsmann deu certo. O entrosamento  deixou o receio para trás. Avançamos um passo diante do obstáculo da inexperiência da equipe, que conta com poucos veteranos, como o apaixonado por futebol Oliver Kahn, que, neste jogo contra os Estados Unidos, completou 84 partidas pela seleção alemã. Ainda assim, aos 36 anos, ele disputa a vaga de goleiro titular com o número 2 da seleção, Jens Lehmann, também de 36 anos, que é o goleiro titular do Arsenal, da Inglaterra.

Hoje vamos dormir felizes e sonhar com uma vitória assim em Berlim. Vamos sonhar que somos os campeões da Copa do Mundo de 2006. "Quando uma criatura humana desperta para um grande sonho e sobre ele lança toda a energia de sua alma, todo o Universo conspira a seu favor." Assim escreveu Johann Wolfgang von Goethe, que batia um bolão como escritor.
Tschüss!!

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Stefan Kuper, é jornalista alemão, PhD em Filosofia, Línguas e Literatura Antiga, correspondente internacional, especializado em Esporte, Política e Cultura

Tradução do alemão para o português: Júnia Turra
Revisão final: Persio Presotto

    


QUINTA-FEIRA
 23/03/2006

Stefan Kuper é
jornalista, PhD em
Filosofia, Línguas
e Literatura Antiga;
Correspondente
Internacional
















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