Ordem Hermética da Aurora Dourada (Golden Dawn)

 

 

 

 

CONTEÚDO:   

 

 

 

    INTRODUÇÃO

 

A Golden Dawn foi, sem dúvida, a mais poderosa sociedade secreta iniciática que se tem conhecimento, e a segunda sociedade ocultista mais importante da segunda metade do século XVIII (a primeira foi a Sociedade Teosófica de H.P. Blavatsky), a Ordem da Aurora Dourada (Golden Dawn), era muito menor que a Sociedade Teosófica, e nunca chegou a contar com mais de 300 membros em um mesmo período, mas sua influência foi muito maior que a sugerida pelo número de seus afiliados.

 

Fundada três anos antes da morte de Helena Blavatsky, a nova organização foi estabelecida, pelo menos em parte, como uma reação ocidental ao orientalismo da Sociedade Teosófica. Apesar de envolta em mantos egípcios, a Aurora Dourada tinha escoras greco-romanas e evocava a fraternidade cristã dos rosa-cruzes. Todos seus membros fundadores eram, com efeito, rosa-cruzes e maçons.

 

Surgida na Inglaterra em 1888 por quatro membros da S.R.I.A.1 (Societas Rosecruciana in Anglia), desapareceu pouco menos de 30 anos depois de criada, dilacerada por disputas de poder. Entretanto, vários magos iniciados pela Ordem - entre eles, o famoso Aleister Crowley. Mas seus magos polinizaram sua tradição por todo mundo; ainda pode ser encontrada através de novas linhagens, mas não mais sob a estrutura original.

 

Foi uma das Ordens precursoras do renascimento do paganismo no fim do séc. XIX e inicio do séc. XX, influenciando muito dos sistemas de estudo de Ocultismo e Magia atualmente, responsável por divulgar no ocidente uma síntese de vários sistemas mágicos até então isolados, como a Cabala, a Magia Sagrada de Abramelin, o Tarô, os grimordios de Salomão, a magia Enoquiana de John Dee e Edward Kelly, o sistema Rosa-Cruz, os Tattwas,  a Astrologia, a Alquimia etc. Muito mais em conseqüência de traições dos votos de sigilo de seus membros (notadamente Crawley e Regardie).

 

A principal proposta da Ordem Hermética da Aurora Dourada era colocar em prática os Rituais e Ensinamentos da Magia, fortemente influenciados pelos textos de John Dee, Eliphas Levi e Francis Barret, entre outros.

 

Do material publicado pela Ordem, o mais polêmico de todos foi a tradução do livro "A Magia Sagrada de Abramerlin", com o original encontrado em Paris, datando de 1458. Também merece destaque a publicação da “Clavícula de Salomão”, o Rei bíblico, uma cartilha que instruía os magos a usarem roupas peculiares e a empregar figuras geométricas, espadas, varinhas de condão e cantilenas que levavam horas para ser entoadas. [Clavícula = pequena chave]. Destaca-se também a obra “Kaballa Denudata”, escrita por Mathers.

 

Muito do conhecimento válido sobre a magia cerimonial ocidental foi desenvolvido ou compilado de outras fontes pela Golden Dawn original ou por um dos seus grupos descendentes.

 

A Aurora Dourada foi o centro onde se reuniram grandes cabeças da época, sendo que, da totalidade, podemos citar com segurança:  

 

·        William Peck (astrônomo-chefe do Observatório de Edimburgo)

·        Gérard Kelly (presidente da Real Academia)

·        Edita Montés (condessa de Landsfeld, filha bastarda de Luís I da Baviera, e de Lola Montés)

·        Bram Stocker (escritor, autor de Drácula)

·        Violet Wirth, ou seja, Dion Fortune (escritora, psicanalista e romancista cujos livros muitas vezes abordavam temas sobrenaturais. Fortune acabou fundando sua própria sociedade ocultista, a Fraternidade da Luz Interior, que existe até hoje)

·        William Butler Yeats (poeta, nobel de literatura de 1924)

·        Bulwer Lytton (escritor de Zanoni)

·        A. E. Waite (criador do famoso Taro Rider)

·        Israel Regardie

·        Aleister Crowley (mago, fundador da Astrum Argentum)

·        Florence Farr (atriz)

 

(1) Societas Rosicruciana in Anglia (S.R.I.A.) - A Societas Rosicruciana in Anglia foi fundada em 1867 e derivada da S.R.I.S. (Societas Rosicruciana in Scotia, a primeira Societas Rosicruciana, fundada na Escócia) seguinda da admissão de William James Hughan e Robert Wentworth Little naquela ordem. Os dois avançaram rapidamente na Escócia e ganharam a patente para foram a Sociedade na Inglaterra. A primeira formação ocorreu em 1º de junho de 1867 em Aldermanbury, Londres, como Frater Little eleito Supremo Magus. Não confundir a S.R.I.A. em Londres com a atual S.R.I.A. nos Estados Unidos.

 

(2) "A Magia Sagrada de Abramerlin" - O suposto original hebraico de dita obra e a cópia manuscrita em francês estão conservados na Biblioteca do Arsenal de Paris. Ao que consta, foi escrito por Abrahan Merlin, que teria vivido cem anos (entre 1362 e 1462), tendo acesso a todos os conhecimentos secretos de magia, que teria adquirido de seu pai, conhecido por Simão, o Mago. O livro descreve uma cerimônia que promete possibilitar ao seu praticante conhecer e conversar com o seu anjo da guarda.

 

(3) “Clavícula de Salomão” - O grimório contém uma coleção de 36 pantáculos (não confundir com pentáculos) que possibilitariam uma ligação entre o plano físico e os planos sutis, além de descrever minuciosamente os materiais, correspondências simbólicas, instrumentos e procedimentos utilizados na magia cerimonial, ensina uma série de cerimônias mágicas para diferentes objetivosOs textos teriam a sua inspiração em ensinamentos cabalísticos e talmúdicos. Considerado o primeiro manual de Magia Cerimonial escrito no Ocidente, o livro apareceu originalmente no Império Bizantino, no século XII da Era Cristã, e logo tornou-se conhecido em toda a Europa. Existem diversas versões da Chave de Salomão, em várias traduções, com menores ou maiores variações de conteúdo entre elas, sendo que a maioria dos manuscritos originais datam dos séculos XVI e XVII, entretanto, há uma versão em grego datada do século XV. No século XIX, grandes magos da França e da Inglaterra resgataram a obra, utilizando para isso edições do século XV, preservadas nas Bibliotecas de Londres e de Paris.

 

 

 

    HISTÓRIA DA GOLDEN DAWN

 

Segundo registra a tradição da própria ordem, ela começou, quando A. F. A. Woodford, um membro do clero anglicano que também era maçom, passeava em Londres (1880), e entrou numa loja de livros na Farrington Road com um lote de manuscritos, e encontrou um manuscrito cifrado, de aproximadamente sessenta páginas, que dentro continha uma carta em alemão - a carta pedia para quem conseguisse decifrar o manuscrito, entrasse em contato com a "Sapiens Donabitur Astris" (SDA - "o sábio será governado pelas estrellas", em latim). A SDA era uma sociedade secreta alemã composta de alquimistas. A carta dizia que SDA podia ser encontrado através de uma certa Fräulein Anna Sprengel (Soror Sapiens Dominabitur Astris), cujo endereço na Alemanha era gentilmente fornecido. Em 1887 Woodford falou de sua descoberta a dois amigos, Dr. William Robert Woodman (1828-1891, Frater Vincit Omnia Veritas, um destacado cabalista que contribuiu imensamente na didática da ordem) e Dr. William Wynn Westcott (1848-1925, Frater Non Omnis Moriar, coronel britânico e médico, que fora nomeado legista da região norte de Londres que também era teósofo - e conhecia pessoalmente Helena Blavatsky -, maçom praticante, Secretário Geral da Sociedade Rosacruciana in Anglia – S.R.I.A.), profundos conhecedores da ciência dos mistérios. Eles já tinham ouvido falar da SDA.

 

                   
William Robert Woodman                                 William Wynn Westcott

 

Westcott e Woodmann decifraram o manuscrito e escreveram a Anna Sprengel. Logo estabeleceu-se uma animada correspondência com a mulher que revelou-se uma iniciada em uma ordem secreta chamada Die Goldene Dammerung, ou “A Aurora Dourada”. Decifrados os manuscritos, que seria a compilação de diversos manuscritos e documentos originais com base em uma chave encontrada em um livro do abade Johann Trithemius (1462-1516), descobriu-se que eles continham anotações e esquemas que esboçavam a silhueta de cinco rituais e descrições precisas dos graus rosa-crucianos de neófito, zelator, teóricus, practicus e philosophus, idênticos aos graus de uma ordem alemã do séc. XVIII. Em pouco tempo Westcott recebeu instruções de SDA para poder preencher o esboço com rituais plenamente desenvolvidos e para recrutar iniciandos ­ou pelo menos é isso que diz a história oficial.

 

    

 

Wescott então convidou o escocês Samuel Lindell Mathers (que estava bastante interessado em simbolismo e nas doutrinas secretas, a cujo estudo ele sempre se dedicara apesar da sua extrema pobreza) a compor rituais completos baseados nos resumos do manuscrito cifrado. Ele redigiu um conjunto ritualístico completo que seguiam claramente àqueles da Maçonaria (chamados de “Rituais Mathers”), e esplêndidas insígnias para a ordem.

 


Samuel Lindell “MacGregor” Mathers

 

Todo esse trabalho foi submetido à SDA, que autorizou a fundação da sociedade oculta exterior, que se chamou "The Hermetic Order of the Golden Dawn in the Outer" (A Hermética Ordem da Aurora Dourada no Exterior), mas, para manter o segredo, quando em público seus membros referiam-se a ela como a AD. Em 1º de março de 1888, a autorização foi dada a Woodmann, Mathers e Westcott. No final de 1888 é erguido o Templo de Isis-Urânia em Londres e é oficialmente fundada a "Golden Dawn". Woodman, Westcott e Mathers se autonominaram com o grau 7º=4º, que nos Sefirot se refere a Chesed, a quarta emanação da Árvore da Vida (Júpiter). Inicialmente a Ordem tinha trinta e dois membros.

 

 

O seu desenvolvimento foi muito rápido: no mesmo ano foram erguidos mais dois templos, o Templo de Osíris e o Templo de Hórus e passou a atrair várias pessoas de destaque na sociedade inglesa como políticos, poetas e escritores.

 

Em 1891 Wescott afirmou que Sprengel morrera, e em Dezembro do mesmo ano morre Woodman. A Ordem passou para as mãos de Westcott. Como ele era "coroner" da polícia inglesa (médico legista e juiz de instrução), seus superiores acharam que não ficava bem um "coroner" se ocupar de tais atividades, pois poderia tentar utilizar cadáveres que são postos à sua disposição para realizar operações de "magia". Mathers então, ficou com a função de Grande Mestre e Wetscott com funções administrativas.

 


Bridge House

 

             A ORDEM INTERNA RUBRAE ROSAE ET AURAE CRUCIS

 

            Em 1891, durante a vista de MacGregor Mathers (Frater D.D.C.F. Deo Duce Comite Ferro) a cidade de Bois de Boulogne, Paris, conheceu um emissário dos Chefes Secretos da Ordem (conhecido por ele somente como frater Lux e Tenebris). Depois desse encontro, Mathers retornou à Inglaterra em 1892 afirmando ter restabelecido a ligação com os Mestres Secretos, quebrada com a morte de Sprengel, que o instruíam sobre os assuntos místicos e três deles o confirmaram como líder da ordem e com tudo necessário para fundar uma Ordem interna (segunda) da Golden Dawn. No mesmo ano, muda para Paris com sua esposa Moina (que era mais conhecida na Aurora Dourada como Vesti­gia), para fundar um ramo continental da organização, o Templo de Ahathoor; deixando Westcott na liderança dos templos ingleses.

 

Mathers começa a chefiar a Ordem praticamente sozinho. Segundo ele dizia, os Chefes Secretos transmitiram-lhe toda a antiga sabedoria e os rituais, que ele então passou para a Aurora Dourada. Disse que os Chefes se comunicavam com ele por clarividência e telepatia, por instrumentos semelhantes em princípio aos tabuleiros dos Ouija, por "Voz Direta audível a meus ouvidos externos e aos de Vestigia" (sua esposa) e mostrando-lhe livros antigos para copiar.

 

Acrescentou um patronímico escocês ao próprio nome, começando por chamar-se Samuel Liddell MacGregor Mathers e depois subindo de nível, para conde Mac­Gregor de Glenstrae, título que devia a sua própria imaginação fértil. Segundo algumas pessoas que o conheceram, ele por diversas vezes afirmou ser Jaime IV, - que não morrera na Batalha de Flodden em 1513, como em geral se acreditava, mas sobrevivera como adepto imortal. Yeats disse que Mathers "imaginava para si um papel napoleônico", em uma Europa transformada pelo retorno dos jacobinos, e "até oferecia cargos subordinados a pessoas inverossímeis".

 

Criou-se então a Ordem Interna de segundo nível dos graus da Golden Dawn que foram chamados de Rubrae Rosae et Aurae Crucis (R.R.A.C. = Ordem da Rosa de Rubi e da Cruz Dourada"), através de um belo ritual do primeiro grau do círculo, o de Adeptus Minor (5º=6º) baseado na lenda de Christian Rosenkreuz. Com o estabelecimento desse quadro de elite a Golden Dawn foi efetivamente transformada em uma academia de magos. A partir daí a ordem passa a contribuir realmente em direção a evolução mágica, passando da teoria às praticas.

 

 

A Golden Dawn começou a atrair homens de renome na Inglaterra, entre eles W. B. Yeats, que em 1923 ganhou o prêmio Nobel de Literatura, foi sem dúvida o iniciado mais ilustre da ordem. Os melhores espíritos da época faziam parte da Golden Dawn.

 

Além do Templo de Isis-Urania en Londres, em 1893 foi fundado o Templo de Amem-Ra na Escócia, em 1895 o Templo de Osíris, e na América foram fundados os Templos de Thme em Boston, Themis na Filadélfia e Thoth-Hermes em Chicago. Em 1900 o último templo, o de Horus na Inglaterra.

 

 

    O INÍCIO DO CISMA

 

O cisma mais devastador resultou do choque de vontades entre Samuel Mathers em Paris e os membros do Templo de Ísis-Urânia em Londres.

 

Mathers, uma personalidade arrogante e vistosa, era financeiramente dependente da pensão que a herdeira do chá Annie Horniman pagava a ele e sua mulher, Mina, após sua mudança para Paris em 1894, onde deixou um pouco a ordem de lado para se envolver em política. Mathers, apesar de um excelente magista, era uma pessoa muito autoritária e acabou por se desentender e romper a amizade de anos com Horniman e ela cortou sua pensão. Mathers retribuiu expulsando-a da Golden Dawn em 1896, afirmando que estava agindo sob as ordens dos Mestres Secretos. Muitos membros protestaram contra sua expulsão, sem sucesso. A razão ostensiva foi a insubordinação - ela negou-se a assinar um compromisso de completa submissão aos editos dele - mas não há dúvidas de que ele também estava reagindo ao fato de Horniman ter cortado sua mesada de 200 libras esterlinas por ano.

 

Infelizmente, como em todas as ordens em grupo, os problemas começaram a aparecer quando, ainda em 1896, os Adepti Minoris da Ordem Golden Down começaram a se rebelar contra a autoridade de seu chefe, este lhes enviou um manifesto longo e desconexo, no intuito de justificar sua posição autoritária. Nesse documento, ele alegava que, com a finalidade de estabelecer a Abóbada da Segunda Ordem, “considerou-se absoluta e imperativamente necessário que houvesse um Membro eminente, escolhido de modo especial para atuar como ligação entre os Chefes Secretos e as formas mais externas da Ordem. Era insidspensável que esse Membro fosse eu, pois, mesmo possuindo a necessáia e peculiar base cultural de conhecimentos arqueológicos ocultos, críticos e profundos, ao mesmo tempo devia estar, não apenas prondo e dispoto a me consagrar de qualquer modo a uma cega e irracional obediência àqueles chefes secretos... Eu, MacGregor Mathers, ‘S Rioghail Mo Dhream 5º = 6º , Deo Duce Comitê Ferro 7º = 4º, era o Farter selecionado para essa tarefa, a quem conhecei como Chefe Adepto da Segunda Ordem, sob o título de Deo Duce Comitê Ferro, que tomei para mim”. Nesse mesmo ano Mathers afastou muitos dos membros da organização. Evidência clara, aparentemente, de que Mathers estava mentalmente desequilibrado e, além disso, sob essa aparência paranóica...

 

Não ligo um átomo para o que você pensa, disse ele a um membro que se atreveu a questionar sua autoridade. “Recuso-me terminantemente a permitir críticas abertas a minha atuação, ou qualquer discussão acerca dela (...) de você ou de qualquer outro membro”. Infelizmente para Mathers, os membros da Aurora Dourada formavam uma turma bem independente. As listas da ordem - com os membros de cinco diferentes templos, de Londres a Edimburgo e a Paris - incluíam muitas pessoas talentosas, um ou outro gênio e alguns que simplesmente desfrutavam de dinheiro ou prestígio demais para curvar a cabeça confortavelmente.

 

Em 1897 Westcott deixa o comando da ordem na Inglaterra, delegando como substituta a atriz Florence Farr.

 

Quando não existe uma forma rigorosa para selecionar os membros de uma ordem,  rapidamente os conhecimentos dela começam a ser profanados, e aos poucos ela é completamente arruinada. Foi exatamente o que aconteceu.

 

A dissolução da Ordem tornou-se inevitável quando Aleister Crowley foi aceito na ordem exterior da Aurora Dourada. Iniciado por Mathers em 18 de novembro de 1898, ao Grau de Neophytus (0o=0), tomava, como Mote Mágico, o nome de “Perdurabo” (eu perdurarei até o fim), tendo como primeiro Instrutor Frater Volo Noscere (Jones). Tornou-se depois discípulo de Alan Bennett. Foi acusado de ser o responsável por vários acontecimentos desagradáveis e vários escândalos que trouxeram a Ordem a público, e ela passou a ser malvista (além do mais ele era assumida e declaradamente bissexual - estamos na Inglaterra da época vitoriana, e tal atitude era um tremendo escândalo). Com a chegada de Crowley, a Golden Dawn "implodiu", e até mesmo Mathers retirou um conjunto de rituais, que pelo que se sabe, era capaz de produzir certos fenômenos.

 


Aleister Crowley

 

Por seu talento com as artes esotéricas e pela sua perspicácia, Crowley adquiriu o respeito de Mathers, que rapidamente o promoveu. Por esse mesmo motivo além de sua independência nos estudos, e das polêmicas em que se envolvia (Crowley, que já estava trabalhando pesado para estabelecer sua reputação de “homem mais perverso do mundo”) surgiram atritos com outros membros da ordem.

 

Em 1899, muitos membros da Ísis-Urania estavam insatisfeitos com o governo autocrático de Mathers. Estes membros desejavam ainda contatar os Mestres Secretos ao invés de confiarem em Mathers.

 

O comportamento de Crowley era ultrajante demais para a maioria dos membros da ordem em Londres, que desaprovavam suas atividades sexuais espalhafatosas, e ainda no ano de 1899 os oficiais da Ísis-Urania (membros de Londres), desobedecendo a uma instrução de Mathers, recusaram-se a dar a Crowley o ingresso na Ordem Interna, a RR et AC (Crowley tinha apenas um ano como membro da ordem), por considerá-lo mentalmente desequilibrado. Ma­thers ficou lívido de raiva. Contrariando a opinião dos líderes londrinos, resolve fazer valer sua autoridade dentro da Ordem, então convida Crowley a ir a Paris, onde lhe concedeu a iniciação no grau de Adeptus Minor (o mais baixo grau da Segunda Ordem), em 16 janeiro de 1900. Essa atitude contribuiu para a desagregação da Ordem, pois  causou furor nos membros de Londres que votaram a expulsão de Mathers da Chefia da Organização, juntamente com Crowley, que era nesta época um devotado discípulo de Mathers.

 

Em março de 1900, Mathers e os oficiais da “Aurora Dourada” em Londres estavam trocando acusações e ameaças. Mathers enviou um edito exonerando Florence Farr de seu posto como chefe da segunda ordem e outro abolindo um comitê londrino que estava estudando a validade da liderança dele. Ele ameaçou esmagar os insurgentes com uma "Corrente Punitiva" gerada pelos Chefes Secretos e Ocultos. E então despachou nada menos que Aleister Crowley para reprimir a rebelião.

 

Crowley viajou da França para Londres, e apareceu em um dia qualquer de 1900 na loja de Londres, dizendo ter sido mandado por Mathers para tomar posse do Templo Ísis-Urania, mas foi expulso por alguns membros alertas, que foram ajudados pela polícia metropolitana de Londres. A aparição de Crowley provocou um rompimento na Ordem da Loja em Londres. O grupo londrino, liderado por Yeats, entre outros menos conhecidos, declarar-se independente de seu mentor e líder, MacGregor Mathers, e alguns membros originais acabaram por abrir outra Loja com o mesmo nome: Golden Dawn, focalizando o misticismo cristão ao invés da Magia, tendo a liderança de A. E. Waite (um místico cristão e mais tarde autor do amoso Tarot Rider-Waite).

 


A. E. Waite

                                                                                                        

Tarô Rider-Waite

 

 

No dia 19 de abril de 1900, Crowley reapareceu em Blythe Road, com um disfarce que deve ter assustado os vizinhos: Estava vestido com roupas típicas das Highlands escocesas, tinha sobre o rosto uma máscara negra de Osíris e portava uma adaga. Mathers teria enviado-o para tomar posse dos pertences do ritual da segunda ordem. Os rebeldes livraram-se dele chamando mais uma vez a polícia, e William Yeats expulsou ambos da ordem e proclamou-se Imperador da Golden Dawn. Horniman foi reefetivada, mas outra cisão ocorreu com a formação de um grupo por Farr chamado “A Esfera”, dedicado a viagens astrais e contatos com os Chefes Secretos.

 

Crowley voltou para Paris, onde encontrou Mathers, que segundo consta, estava sacudindo umas folhas secas em uma bacia e invocando os demônios Belzebu e Typhon­-Set para que lançassem seu poder malévolo contra os que se opunham a ele. Pelo jeito, os demônios deixaram-no na mão. Os londrinos expulsaram Mathers, que a partir de então desapareceu quase por inteiro dos anais da Aurora Dourada.

 

Este desagrado levou muitos dos membros londrinos a deixarem a Ordem e Mathers foi quase expulso da Golden Dawn, especialmente após ter posto sua autoridade em risco ao revelar suas suspeitas de que os documentos que levaram à fundação da Ordem poderiam ser, de fato, falsificações.

 

Crowley finalmente foi excluído (apenas dois anos após juntar-se a ela), principalmente graças aos esforços de William Butler Yeats, que não aprovava seus métodos de magia.

 


William Butler Yeats

 

Em 1903 devido a uma nova rebelião dos Adeptos da Golden Dawn da Inglaterra, O fundador S. L. MacGregor Mathers, sumariamente fechou a Golden Dawn, depois re-abrindo em 1906 como a Ordem Rosacruciana do Alpha+Omega, na A+O de Mathers, a Golden Dawn permaneceu como um veículo externo e pátio para o resto da Ordem.

 

 

 

O que se seguiu após a rebeldia londrina resultou em histórias fantásticas de ataques mágicos envolvendo Crowley e uns demônios versus Yeats e, é claro, mais demônios. Depois o próprio Mathers teria entrado na briga, junto, evidentemente, com uma outra legião. O fato é que Crowley e Mathers ficaram praticamente sozinhos, e a outrora grande G.'.D.'., agora conduzida pelos auto-proclamados novos chefes, ia progressivamente implodindo, ou se esfacelando, resultando num sem número de Ordens Cristianizadas, sem o élan da G.'.D.'. original. Crowley tentou obter, assim, a liderança da Ordem, e começou a provocar intrigas entre Mathers e os outros mestres de lojas (escrevia a estes dizendo que Mathers estava louco, mas desmentia isso para Mathers, fingindo ser o único que reconhecia sua autoridade).

 

A história da Aurora Dourada parecia estar chegando ao fim. Mathers troca insultos com vários membros da Ordem.

 

         Em 1905 outro grupo dissidente formou a Stella Matutina (Estrela da Manhã). Ao contrário do grupo liderado por Waite, praticavam a magia e os antigos rituais. A Stella Matutina atravessou claudicando os anos trinta, embora o próprio Yeats, farto de brigas incessantes na cambaleante organização, tenha se afastado de todo papel ativo em 1923. Mesmo assim, manteve-se em contato com seus antigos companheiros de magia.

 

A organização tentou reerguer-se através das mãos de outros grandes nomes do ocultismo, como Yeats, e A. E. Waite, mas as lutas internas tolheram seus esforços desde o início e seus esforços não conseguiram manter nem uma pálida lembrança dos dias de glória daquela que seria conhecida mais tarde como a maior Sociedade Rosacruz de todos os tempos.  Ao mesmo tempo, diversos templos que permaneceram leais a Mathers começaram a chamar-se de “Alfa e Ômega”, que acabou tendo vida curta. Pouco se sabe do que se passou com Mahers depois.

 

Alguns ramos da GD tentaram manter seus conhecimentos fundando sociedades menores e mais restritas. Muitas pretensas Ordens e cultos apareceram; outros, aproveitando que já estava tudo publicado, inventaram suas próprias ordens com fins lucrativos, afirmando antigüidades absurdas como o fez H. Spencer Lewis (ex-membro da Golden Dawn) como a AMORC. Esse homem começou a planejar uma Ordem logo que a GD fechou. Usou o mesmo simbolismo egípcio, só que inventou uma série de mentiras descabidas, como uma origem que remontava diretamente, e sem interrupção, do Egito Antigo.

 

 

A O.T.O. reformada por Crowley (que transformou tudo com sua bizarra e doentia lei de Thelema) e a seita Wicca, famosa hoje em dia, inventada por Gardner que foi ex-membro da Golden Dawn também, e criou seu culto com a ajuda de Crowley.

 

Após a escritura do “Livro da Lei” [1904], Crowley, em seu estilo pomposo de ser, escreveu uma carta a Mathers, onde anunciava o lançamento de sua publicação “Equinócio dos Deuses” e que havia forjado um novo elo místico com os Mestres Secretos, tornando-se assim a suprema autoridade mágica. De volta a Paris, Crowley procura afastar Mathers do seu caminho proclamando-se o Grande Mago da Golden Dawn. Isto, naturalmente foi o estopim de um novo duelo mágico. Mathers promete enviar fortes correntes mágicas contra o Grande Mago, e três cães de Crowley aparecem mortos. Este, por sua vez, clama haver invocado 49 demônios que arrasarão com Mathers, mas o duelo de magos termina apenas enfraquecendo politicamente a Golden Down. Mathers morreu em Paris muitos anos depois, em 1918, de gripe (muitos acreditaram que ele teria sido assassinado por magia).

 

Em 1906, junto com seu antigo instrutor na Golden Dawn, George Cecil Jones, Crowley decide montar uma nova ordem. Eles a batizam de Fraternitatis A.·. A.·.

 

Sua revista oficial, "Equinox of the Gods" (Equinócio dos Deuses - órgão oficial da A.'.A.'. cuja publicação era feita nos Equinócios de Primavera e Outono) começou a ser publicada em 1909. Aleister Crowley, que nunca trabalhara, porque herdara muito dinheiro, nessa época estava quase sem dinheiro. Como a GD estava famosa, e ele precisava de dinheiro, alguns anos mais tarde publicou alguns rituais da Golden Dawn resumidos no Equinox. Aos membros da Ordem foi um escândalo; Mathers foi à corte para evitar a publicação dos rituais da Segunda Ordem, que Crowley havia anunciado estar planejando publicar. O mandado da corte foi negado e Crowley publicou resumos dos rituais no Equinox de 1912. De qualquer forma, a distribuição da revista foi limitada. NOTA: No ano de 1901, Mathers teria supostamente sido ludibriado (?) pelo casal de charlatões Sr e Sra. Horos que, de algum modo, convenceram-no de que ela era Annie Sprengel e roubaram rituais de iniciação da Ordem. Estes rituais foram publicados bem antes pelo casal Horos nos jornais londrinos, cabendo a Crowley a publicação dos rituais da Segunda Ordem (à qual ele na verdade mal fora iniciado, e logo expulso!).

 

A publicação por Aleister Crowley (e republicado por Regardie e outros) de aspectos salientes do sistema teúrgico da Golden Dawn e seus ensinamentos tiveram impacto em quase todos os aspectos da Tradição esotérica Ocidental. A publicação traiçoeira deste material secreto por Crowley, embora tenha beneficiado uma grande parte da comunidade esotérica, foi um desastre para a RR+AC. Mais tarde, obviamente, a revista faliu, mas foi suficiente para a arruinar a G.D.

 

 

Depois do ano de 1900, a Ordem Hermética da Aurora Dourada deixou de existir na sua forma original, sendo dividida em várias facções, que lutavam entre si pelo posto de verdadeira herdeira da Ordem, a saber: Stella Matutina, Alpha et Omega, a Ordem de São Rafael, o Templo de Cromlech, Builders of the Adytum, e a Fraternity of the Inner Light (“Fraternidade da Luz Interior”, de Dion Fortune) entre outras. Hoje ainda existem várias Lojas e Templos espalhados pelo mundo que se dizem descendentes daqueles quatro magos.

 

A Golden Dawn foi ainda bastante explorada pela imprensa européia envolvida em sucessivos escândalos, inclusive um suposto duelo de magia entre Crowley e Mathers.

 

No Brasil, a Ordem Hermética da Aurora Dourada (Golden Dawn) encontrou abrigo em algumas Lojas Maçônicas, sendo seus rituais ainda praticados por Maçons dos Altos Graus.

 

 

    GRUPOS DISSIDENTES EM CONFLITO

 

Em 1922 Dion Fortune deu início a “Fraternidade da Luz Interior” (Fraternity of the Inner Light), sob o consentimento de Moina Mathers. Logo, entretanto, Moina Mathers começou a invejar o sucesso de Fortune com a Fraternidade. Ela expulsou Fortune alegando que ela estava traindo os segredos internos da Ordem em seu livro “Filosofia Esotérica de Amor e Casamento” (Esoteric Philosophy of Love and Marriage). Fortune estabeleceu então seu próprio Templo, mas em 1929 ela tornou a “Fraternidade da Luz Interior” independente.

 


Dion Fortune

 

Nos anos trinta, Dion Fortune afirmou ter sido submetida a um brutal ataque oculto por Vestigia Mathers (como era chamada Moina na Ordem), em punição por ter escrito alguns artigos de que a senhora Mathers não gostou. Fortune alegou ter começado por "desenvolver um sentimento geral de um vago mal estar" que "gradualmente amadureceu em um nítido sentimento de ameaça e antagonismo". Então, rostos de demônios começaram a aparecer-lhe em lampejos. Em seguida, diz a história, a vizinhança dela foi invadida por gatos negros, em tal número que o caseiro do vizinho "tirava montes de gatos da soleira da porta e do parapeito da janela com uma vassoura, e declarou que nunca na vida vira tantos". Quando Fortune encontrou um "gigantesco gato listado, duas vezes maior do que um tigre" em sua própria escada, soube que precisava reagir - apesar de o gato ter desaparecido quando ela olhou para ele. Ela afirmou ter viajado para o plano astral, onde se engajou em uma titânica batalha com Vestigia Mathers. Finalmente, com a ajuda dos Chefes Secretos, Dion Fortune prevaleceu, e o ataque terminou - embora mais tarde ela tenha descoberto que suas costas estavam "marcadas por arranhões como se houvessem sido unhadas por um gato gigantesco".

 

Poucos anos depois, uma moça chamada Netta Fornario, que pertencia a uma seita originária da “Aurora Dourada” e tinha negócios com “Vestigia” Mathers, foi encontrada morta em uma praia da ilha escocesa de Iona. Estava nua, exceto por um manto negro - uniforme de oficial da Aurora Dourada conhecido como hiereus. Em volta do pescoço dela havia uma corrente de prata enegrecida, e sua mão sem vida segurava uma longa faca. Um médico da região disse que Fornario havia morrido de ataque cardíaco. Dion Fortune discordou. O corpo estava arranhado, disse ela, sinal seguro de que a jovem fora vitimada por Vestigia Mathers no plano astral.

 


            Moina (Vestigia) Mathers

 

Após ler "The Tree of Life" (obra de Israel Regardie), Dion Fortune encorajou-o a entrar para a Ordem da qual ela já era membro, a Stella Matutina, em 1933.

 


Israel Regardie

 

Porém, tal como em sua Ordem-Mãe, a Stella Matutina sofria com lutas internas em suas lideranças e cedo entrou em declínio. Regardie, graças a suas grandes capacidades, avançou rapidamente na hierarquia da Ordem, mas considerou seus superiores mais interessados na grandiosidade de seus títulos do que na prática mágica per si. Percebeu que a Ordem e seus ensinamentos não teriam uma longa sobrevida se seu conhecimento não fosse colocado nas mãos de um grande número de pessoas que pudessem apreciá-lo devidamente. Em 1934, tendo alcançado o Grau de Theoricus Adeptus Minor, abandonou a Ordem.

 

Em 1937, conscientemente resolveu quebrar seus votos de segredo para com a Stella Matutina, que todo membro precisava fazer para ser admitido na Ordem, e publicou a quase totalidade dos rituais e ensinamentos da Golden Dawn , com pouquíssimas exceções, em uma obra em quatro volumes, chamada "The Golden Dawn". Isto causou uma série de protestos e Regardie foi severamente criticado, apesar de vários adeptos da Ordem lhe serem secretamente agradecidos. Esse material publicado por Regardie ainda hoje é uma fonte sempre renovadamente consultada e citada no esoterismo moderno. Com sua ação ele deu o golpe mortal na organização, ao mesmo tempo em que salvava seu tesouro espiritual.

 

A Ordem foi dissolvida e seus instrumentos mágicos e ritualísticos enterrados dentro de um caixote num recife da costa sul da Inglaterra. Trinta anos depois, em 1967, as ondas do mar abriram o túmulo da Ordem e carregaram os instrumentos enterrados para a praia.

 

 

A FRAUDE DOS MANUSCRITOS QUE DERAM ORIGEM À GOLDEN DAWN

 

Há fortes indícios que sugerem que os manuscritos cifrados, longe de estarem enraizados na Antigüidade, foram escritos depois de 1870, provavelmente pelo próprio Westcott. Ao que parece, não há muitas dúvidas de que Anna Sprengel e SDA eram personagens fictícias, e que suas comunicações foram forjadas por Westcott; após ver a Aurora Dourada bem lançada em seu caminho, Westcott anunciou o triste falecimento de Anna Sprengel, e com ela desapareceu também DAS. E sabe-se que Westcott espalhou informações falsas sobre os Estudiosos Herméticos da AD, tal como ele então chamava a sociedade, para fazer com que ela parecesse ser "muito antiga", quando na verdade ele estava apenas alinhando seus primeiros iniciados.

 

Mas, por que razão Willian Wynn Westcott, um respeitável funcionário público, teria se dedicado a práticas fraudulentas como essas, é um dos muitos mistérios que rodeiam a Aurora Dobrada. Ele, com certeza, não se envolveu nisso pelo dinheiro: cada membro pagava apenas dois xelins e meio por ano em taxas, e os gastos da ordem com incenso, vinho ritual, papéis e outros artigos semelhantes mal eram cobertos por seus magros ingressos.

 

O historiador inglês Ellic Howe pode ter descoberto uma resposta quase um século depois, ao examinar os documentos antigos da sociedade. Howe mostrou a um perito em caligrafia vários documentos escritos por Westcott. O grafólogo insistiu que os textos não podiam ter sido todos escritos pela mesma pessoa: os estilos de caligrafia eram diferentes demais. Quando convencido por outras provas de que um único homem havia de fato escrito todos os documentos, o grafólogo concluiu que West­cott era um caso claro de dupla personalidade.

 

De acordo com a investigação de Arthur Edward Waite (1867-1940, responsável pelo famoso Tarô Rider-Waite), Kenneth R. H. MacKenzie ((?-1886, Grande Secretário da Ordem Maçônica do Ritual Swedenborgian, e autor de “The Royal Masonic Cyclopaedia”) e Fred Hockley foram os autores dos famosos Manuscritos Cifrados; esta tese parece ser confirmada por vários pesquisadores da Golden Dawn.

 

Mackenzie entrou para a S.I.R.I.A. (Societas Rosecruciana in Anglia) em 1872, chegando a ser secretario geral; mas desentendeu-se com Bulwer-Little e saiu e 1875. Após isso, em 1881, Mackenzie entrou em contato com Westcott. Em 1886 Mackenzie morreu e Westcott tomou seu cargo na Ordem Maçônica (do Ritual Swedenborgian).

 

Apesar da afirmação de Westcott de que recebera os manuscritos de Woodford, ele provavelmente os recebeu da Sra. Alexandrina MacKenzie logo após a morte de seu marido (a Sra. MacKenzie estava de fato entre os primeiros iniciados recebidos na Golden Dawn sob o significativo mote – nome mágico – de Cryptonyma). Westcott possuía agora todos os planos de Mackenzia para atualizar seus rituais, e então lhe surgiu a idéia de fundar uma nova ordem, a "Hermetic Order of The Golden Dawn".

 

Em 1900, as coisas começaram a desmoronar definitivamente, Farr e Mathers se desentenderam e este, achando que ela estava fazendo um ardil para colocar Westcott como líder mundial da Golden Dawn, revela que as cartas de Sprengel foram forjadas por Westcott, que por sua vez não se defendeu das acusações.

 

 

 

    OS CHEFES SECRETOS DA ORDEM

 

Muita tolice foi escrita sobre os Chefes Secretos da terceira Ordem da antiga Golden Dawn seguindo os passos da Madame Blavatsky com os seus "Mahatmas dos planos internos". Membros como Dr. R. W. Felkin, Dion Fortune, e Paul Foster Case, cada um clamou ter contatado algum tipo de "mestres astrais”.

 

A origem dos “Chefes Secretos” na linguagem ocultista moderna vem de H. P. Blavatsky, no tempo em que ela supostamente encenava comunicações mediúnicas e canalizações em Adyar (Índia) com os Mahatmas. Eles apresentavam a dupla característica de serem “criaturas encarnadas, mas simultaneamente transcendentes a todas as limitações carnais”. Ela pode ter sido influenciada pela novela mística de Edward Bulwer Lytton, “Zanoni 1 ” (publicada em Londres em 1842), tendo em conta que as primeiras “comunicações dos Mahatmas” acontecem a partir de 1878, quando HPB se encontrava em Bombain com Olcott.

 

( 1 ) - Zanoni é o título do mais famoso romance ocultista do escritor inglês Edward Bulwer-Lytton (1803-1873). A narrativa se passa em Nápoles e tem por protagonistas o Conde Zanoni, a cantora de ópera Viola Pisani, o aprendiz de pintor Clarêncio Glyndon e Mejnour. O livro tem como pano de fundo os princípios da Ordem Rosa-Cruz, tratando metaforicamente da alma e da busca pelo ideal. Zanoni, um homem com elevado grau de consciência por ser imortal, cai e perde seus poderes por se apaixonar pela cantora de ópera Viola Pisani. Morre na guilhotina, durante a Revolução Francesa.

 

H. P. Blavatsky

 

O mesmo Mathers nunca pode explicar a seus adeptos quem eram estes mestres espirituais: “Não sei nem sequer seus nomes terrenos. Só os conheço por determinadas contrasenhas secretas. Os vi poucas vezes em seus corpos físicos; e nessas raras ocasiões o encontro foi marcado astralmente por eles”. (...) “De minha parte, creio que são humanos e que vivem neste mundo, ainda que possuam terríveis poderes sobre-humanos”. (...) "Não posso conceber que um iniciado muito menos avançado possa suportar tal tensão, mesmo por alguns minutos, sem que advenha a morte", declarou Mathers, presunçosamente.

 

Florecene Farr acreditava que eles eram na verdade “formas astrais egípcias".

 

 

 

 

 

 

 

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