Universidade Federal de Ouro Preto
Instituto de Ciências Exatas e Biológica
Departamento de Matemática
Curso de Licenciatura em Matemática
Disciplina: Instrumentação para o Ensino da Matemática
Professor: Antônio Carlos Brolezzi
Aluno: Luís Carlos Figueiredo Brandão


Artigos em Hipertexto


1. O caderno e os livros didáticos frente às novas tecnologias
2. A utilização dos recursos dos Clubes Temáticos e Salas de Bate-Papo
3. Trabalhos em grupo:  o papel dos novos recursos
4. Interação entre alunos: qual a nova perspectiva
5. O uso da internet nos trabalhos em grupo e individual
6. A Metodologia da Resolução de Problemas









1. O caderno e os livros didáticos frente às novas tecnologias

Os instrumentos das novas tecnologias, entenda-se computador e internet, podem vir a substituir ou complementar as funções antes assumidas pelo caderno no tocante ao registro da representação individual do aluno.

Superando as limitações do caderno, restrito à mídia do "lápis e papel", a utilização dos editores de textos, planilhas eletrônicas e outros programas, com suas ferramentas de edição, inserção e formatação, bem como a internet (web) e os programas de correio eletrônico permitem um salto multimídia a este registro dos temas desenvolvidos ou propostos em sala de aula (real ou virtual), possibilitando ao aluno trabalhar com imagens estáticas ou em movimento, planas ou tridimensionais, registros sonoros, entre outros.

Não se pode também esquecer que esses instrumentos das novas tecnologias permitem a construção de um caderno em hipertexto e interativo, podendo-se inclusive liberar o seu acesso a todos os internautas, bastando disponibilizá-lo em uma "homepage".

A adequada utilização desse ferramental cibernético permite ao aluno uma multiplicidade de escolhas de modo de representação de determinada experiência educacional, em sintonia com o seu estilo de aprendizagem e com o seu perfil de inteligências, propiciando um ambiente favorável à manifestação de sua individualidade e resultando no desenvolvimento de sua autonomia intelectual.

Hoje, passada a década de 90, os substitutos atuais dos livros paradidáticos seriam os softwares educacionais e, fundamentalmente, a internet, através da "web", do correio eletrônico, das salas de bate-papo, dos grupos de discussões, etc.. A internet propicia o acesso ilimitado à informação, através de seus mecanismos de busca indexada em milhões de páginas disponíveis pelo mundo a fora, sejam bibliotecas virtuais, "sites" de sociedades matemáticas, de instituições educacionais, páginas pessoais, entre outras.

Assim, a adequada utilização dessas novas tecnologias vem de encontro às finalidades do tradicional livro paradidático, possibilitando o uso de uma linguagem coloquial, a criação de contextos significativos de aprendizagem, procurando a superação das dificuldades e obstáculos de natureza epistemológica, através da agregação um caráter dinâmico e interativo à multiplicidade de representações de um determinado objeto do conhecimento

Portanto, a utilização de novas tecnologias de informação e comunicação podem, se adequadamente utilizadas, propiciar a criação de um contexto de aprendizagem participativo, interativo e vivencial.
 
 

2. A utilização dos recursos dos Clubes Temáticos e Salas de Bate-Papo

A utilização do Clube ou da Sala de Bate-Papo (Chat) torna possível uma maior interatividade à aula, extrapolando o espaço físico da sala, permitindo que cada estudante trabalhe de acordo com as suas disponibilidades de tempo e espaço, em conformidade com suas motivações, com suas áreas de interesse e seu ritmo próprio. Assim, cada aluno pode montar o seu próprio horário de estudo, de acordo com as suas necessidades individuais ou do grupo de estudo.

Desta forma, obtém-se um maior contato entre professores e alunos, utilizando-se do computador como mediador desta interação, com envolvimento contínuo dos participantes do processo ensino-aprendizagem, subvertendo os papéis tradicionais na relação professor-aluno.

Assim, uma aula com a utilização destes novas tecnologias de informação tende a ser muito mais participativa, ampliando o espaço da sala de aula, que passa a ter dimensões planetárias, pois sempre se pode encontrar pelo ciber-espaço pessoas que tenham interesses, valores, gostos, expectativas parecidas com as dos alunos e professores. O uso de programas de comunicação instantânea (síncrona), tais como ICQ, ComVC, etc.., permite a troca de informações em tempo real, superando as barreiras espaço-temporais. Em muitos destes encontros virtuais pode se trocar informações, experiências, vivências e observações de bastante utilidade para os professores e alunos.
 
 

3. Trabalhos em grupo: o papel dos novos recursos

Estes recursos das novas tecnologias de informação propiciam uma maior liberdade na construção do conhecimento, através do compartilhamento de informações e idéias, em tempo real, permitindo uma efetiva socialização do conhecimento, gerando uma aprendizagem muito mais colaborativa.

A utilização do correio eletrônico, dos clubes temáticos, das listas ou fóruns de discussão promovem uma maior aproximação entre os professores e alunos. O trabalho em grupo fica muito mais facilitado, através das superação das sempre presentes incompatibilidades de horários, principalmente em cursos noturnos, em que a maioria dos alunos trabalham durante o dia.

Estas novas tecnologias permitem o intercâmbio de materiais, de artigos, de fontes de pesquisa, bem como de sugestões e dúvidas.

A inteligência interpessoal é extremamente estimulada, através da intensa troca de idéias com pessoas de dentro e de fora do grupo de trabalho, desenvolvendo-se o gosto pela aprendizagem colaborativa e cooperativa.
 
 

4. Interação entre alunos: qual a nova perspectiva?

Dentro deste novo paradigma educacional, no qual o professor é visto como um mediador, um facilitador da aprendizagem, um administrador de curiosidades dos alunos, que saem da posição de receptores passivos para a de um colaborador ativo, a INTERAÇÃO é mola mestra do processo ensino-aprendizagem.

A utilização destas NTI (novas tecnologias de informação) permite a troca de idéias on-line, por meio de uma interação de natureza multimídia: textos, hipertextos, sons, imagens, vídeos, etc., produzindo uma redefinição das noções de tempo e espaço.

Nesse novo paradigma educacional, em que o método de ensino é a interação, a escola passa a desempenhar uma nova missão focalizando o seu interesse no aluno, enquanto ser único, singular, original, valorizando as suas inteligências múltiplas e o seu caráter de sujeito coletivo, cuja aprendizagem é influenciada pelos demais membros do seu ambiente educacional.

Essa perspectiva de interatividade multimídia favorece a educação centrada no "indivíduo coletivo", que, conforme assinala Maria Cândida de Moraes, doutora em educação e professora de pós-graduação em educação da PUC/SP, em seu artigo " Novas tendências para o uso das tecnologias da informação na educação", "reconhece a importância do outro, a existência de processos coletivos de construção do saber e a relevância de se criar ambientes de aprendizagem que favoreçam o desenvolvimento do conhecimento interdisciplinar, da intuição e da criatividade, para que possamos receber o legado natural da criatividade existente no mundo e oferecer a nossa parcela de contribuição para a evolução da humanidade."
 

5.O uso da internet nos trabalhos em grupo e individual

A rede mundial de computadores, internet, acessível a milhões de pessoas, permite acriação destes novos ambientes de aprendizagem multimídia, por meio dos quais a educação é um processo contínuo de valorização das relações inter, intra e transpessoais.

Nessas novas tecnologias temos um acentuação das possibilidades de comunicação assíncrona (correio eletrônico) ou síncrona (chat, ICQ, ...) e infinitas possibilidades de pesquisas dentro e fora da sala de aula, através da utilização de programas de busca e metabusca disponíveis gratuitamente na rede. Trata-se de uma verdadeira avalanche de informações, que muitas vezes podem fazer sucumbir os navegadores menos experientes.

A grande dificuldade reside na filtragem, seleção, comparação, avaliação e síntese dos conteúdos mais significativos por parte dos alunos, tanto no trabalho individual como em grupo.

A internet propicia uma maior flexibilidade aos alunos e professores para a definição dos horários e locais de pesquisa e estudo, bem como facilita a comunicação entre eles.

Um outro fator de destaque na utilização da internet no trabalhos individuais e em grupo é a possibilidade de divulgar na rede os resultados dos trabalhos e pesquisas, que vem a funcionar como elemento motivador e estimulador da participação dos alunos.
 

6. A Metodologia da Resolução de Problemas

Uma das maiores deficiências demonstradas pelos jovens, após a escolaridade, manifesta-se na capacidade de resolver problemas fora do contexto estritamente escolar. Estudos realizados mostram que o panorama não se tem alterado nos últimos anos. Apesar das contribuições significativas de Polya (1995) e Gúzman (1995), parece ser uma tarefa especialmente difícil, essa de desenvolver nos alunos as capacidades inerentes à resolução de problemas. Não será difícil aceitar que uma das causas seja o reduzido tempo dedicado nas aulas a tarefas de exploração, conjectura, experimentação e verificação que fazem parte da atividade de resolução de problemas.

De um modo geral, os alunos apresentam alguma resistência à tarefa de resolver problemas, relacionada às dificuldades que eles enfrentam nesta atividade. O próprio termo "problema" encontra-se vinculado a uma conotação extremamente negativa.

A palavra "problema" normalmente é empregada de forma equivocada na aula de matemática. Geralmente chamamos de problemas, uma série de exercícios aplicados pelo professor, que necessitam da execução rotineira de um procedimento já estabelecido. Um verdadeiro problema pode ser definido como uma situação que é nova para o indivíduo a quem se pede resolvê-la.

Os exercícios tirados de um livro texto de matemática geralmente consistem em trabalhar certo número de atividades idênticas ou quase idênticas às que o professor usou de exemplo em sala de aula. Com isto não queremos dizer que tais atividades como a solução de exercícios não sejam úteis; na verdade, estas atividades são extraordinariamente importantes e necessárias. O que queremos dizer é que também devemos dar oportunidade ao estudante para que realmente resolva problemas e, além disso, proponha problemas.

George Polya (1995) assegura que a resolução de problemas é uma habilidade prática como nadar, esquiar, tocar piano: somente se pode aprender mediante a imitação e a prática, pois não há nenhuma "chave mágica" que abra todas as portas ou resolva todos os problemas. Se queremos aprender a nadar, temos que entrar na água; analogamente, se queremos ser hábeis na solução de problemas, temos que resolver problemas.

Determinado exercício pode ser simples rotina para alguns indivíduos, mas para outros, se converte em tarefa que requer decisão e reflexão cuidadosa. Há uma expressão de autoria desconhecida que resume isto: " o que para uma pessoa é um problema, para outra é um exercício, e para uma terceira um fracasso". É por isto que é difícil determinar de antemão se uma determinada situação é ou não um problema para certa pessoa.

Na área de Ciências e Matemática esta situação já está quase institucionalizada entre os professores e entre os próprios alunos. O estudante que apresenta um desempenho melhor em Resolução de Problemas é considerado exceção.

A pergunta que devemos nos fazer é "Por que tantos alunos têm tão baixo rendimento quando solicitados a resolverem problemas?".

A necessidade de investigarmos esta questão é indiscutível. Como participantes do processo ensino-aprendizagem, seja como professores e/ou pesquisadores, não podemos aceitar passivamente que esta situação permaneça como está. Faz-se urgente que enfrentemos este desafio.

Atualmente, a Psicologia Cognitiva pode subsidiar-nos no que diz respeito a estudos sobre os fatores cognitivos que influenciam um indivíduo quando ele precisa resolver problemas de qualquer tipo, desde problemas do cotidiano até problemas de conteúdos específicos de papel e lápis. A Ciência Cognitiva têm contribuído para nos esclarecer sobre o papel do conhecimento prévio específico na tarefa de resolução de problemas, além do papel da prática e da disponibilidade e ativação de conhecimentos conceituais adequados.

Os processos cognitivos envolvidos no que chamamos Resolução de Problemas têm despertado um interesse marcante entre os pesquisadores das áreas de Ciências e Matemática. De maneira geral, isto é atribuído ao fato de que na Resolução de Problemas raciocínio e pensamento são atividades que se sobrepõem e fazem parte destas disciplinas. Por outro, o fracasso generalizado nesta tarefa, dentro do contexto educacional, reforça a necessidade de entendê-la melhor com o objetivo de reverter esta situação.

Uma das maiores deficiências demonstradas pelos jovens, após a escolaridade, manifesta-se na capacidade de resolver problemas fora do contexto estritamente escolar. Estudos realizados mostram que o panorama não se tem alterado nos últimos anos.

Uma discussão que permeia o tema resolução de problemas diz respeito à generalidade ou não da tarefa: muitos autores admitem que independentemente do tipo de problema e portanto das diferenças de procedimentos na sua resolução, existe uma série de procedimentos e habilidades que são comuns em todos os problemas. Em outras palavras, para resolver um problema precisamos prestar atenção nele, recordar, relacionar certos elementos entre si, além de que, na maioria dos problemas estas habilidades devem ser utilizadas numa determinada ordem para que atinjamos a nossa meta.

Outra questão refere-se à aceitação pelo aluno da tarefa de Resolução de Problemas: uma mesma tarefa de qualquer livro texto pode ser percebida pelos alunos como um exercício ou como um problema, dependendo de como percebam sua funcionalidade dentro da aprendizagem, a partir da forma como o professor a apresenta, guia sua solução e a avalia. A realização das atividades e tarefas em contextos muito definidos e fechados fazem com que os alunos realizem de modo mecânico as atividades, sem envolver-se muito no processo. Aqui o papel do professor como mediador desta atividade é imprescindível, daí a necessidade, desde o ensino fundamental, de expor os alunos a técnicas e estratégias relativamente transferíveis (como leitura de textos e interpretação), mas também promovendo atividades que exijam técnicas e estratégias de soluções diferentes.

Por outro lado a visão de problema para o professor pode não ser a mesma para o aluno: muitas vezes ele não consegue categorizar o problema em relação a um padrão como o professor o faz , então é necessário que este professor faculte ao aluno várias estratégias em Resolução de Problemas, inclusive o raciocínio "para trás" simultaneamente com o procedimento dito "científico".

De qualquer modo, falar em problema é considerar uma gama de situações que inclui desde simples quebra-cabeças, passando por problemas que enfrentamos no nosso cotidiano até problemas específicos envolvendo conhecimentos e/ou habilidades muito particulares, onde o sujeito tem a oportunidade de, aplicando seus conhecimentos e procedimentos na busca de uma solução para a situação proposta, desenvolver a sua estrutura cognitiva. Na vida diária se resolve um problema para se obter um resultado; ao contrário, no contexto escolar o resultado importa menos do que a própria resolução.

O desenvolvimento, nos alunos, da capacidade de aprender nos parece uma síntese dos objetivos psicopedagógicos de qualquer sistema educacional de sociedades que querem preparar pessoas que tenham condições de adaptar-se a mudanças tanto culturais, tecnológicas ou sociais.
 
 
 

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