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Visto do alto, o Estado do Maranhão é uma vasta extensão de verde, uma floresta constituída quase por uma única espécie de árvore: o babaçu. Essa palmeira atinge 20m de altura e domina mais de 2/3 dos 329.555 km² do território do Maranhão.

     Desde a época da colonização, a palmeira babaçu é a principal riqueza do Maranhão, e o principal meio de vida da população mais pobre. As amêndoas do coco de babaçu podem ser comidas ao natural ou esmagadas para produzir óleo, usado na alimentação ou na fabricação de margarina e lubrificantes industriais. Da extremidade dos troncos de babaçu novo extrai-se um tipo de palmito, enquanto os troncos secos são usados na construção de habitações, cobertas com as folhas da palmeira, que ainda servem para fazer celulose, papel e cestos. A torta obtida com os resíduos da extração do óleo é um excelente adubo e também alimenta o gado; e a casca do fruto é utilizada na fabricação de acetatos, ácido acético, álcool metílico, alcatrão e formol, além de fornecer carvão de ótima qualidade para a indústria siderúrgica.

     Apesar de ser o maior produtor nacional de babaçu (180.000 t em 1992), o Maranhão ainda não desenvolveu um método moderno para sua extração. Os frutos são apanhados no chão e quebrados a golpes de um simples facão ou machado; e, durante o transporte para cidades longínquas - onde são processados industrialmente - muitos ficam rançosos. Além disso, embora responsáveis pela exploração da maior riqueza do Maranhão, os babaçueiros (trabalhadores na extração de babaçu) vivem em condições de extrena miséria.

Bumba-meu-boi

     Uma área de transição

     O clima da maior parte do Maranhão é extremamente favorável ao babaçu. De fato, embora esteja situado no Nordeste, o Maranhão apresenta uma paisagem que pouco se assemelha à desta região. O oeste e noroeste do Estado são um prolongamento da floresta amazônica, quente e úmida. Nessa região localizam-se os principais rios do Estado: o Tocantins (na fronteira com Goiás), o Gurupi (na fronteira com o Pará), o Pindaré, o Mearim (navegável em boa parte), e o Itapecuru.

     A partir deste último rio, a leste, a paisagem começa a se alterar: a vegetação torna-se mais escassa e rasteira, com predominância dos cerrados, que lembram o Sertão nordestino. Os rios tornam-se menos volumosos, e muitos deles, no período da seca, chegam a desaparecer. Além dessa área de transição entre o Norte e o Nordeste, o Maranhão ainda possui outra zona intermediária: ao sul, a vasta planície, que se estende desde o litoral, cede lugar aos chapadões - extensas elevações em forma de planalto achatado -, que raramente ultrapassam 600 m de altitude. Nessa região, a paisagem torna-se parecida com a do Brasil Central, com sua vegetação de cerrados. O clima é tropical e apresenta duas estações: a chuvosa, no verão e a seca, no inverno.

     História e Economia

     Durante muito tempo, desde o descobrimento do Brasil, as terras que hoje tornam o Maranhão não despertaram muito interesse por parte da Coroa portuguesa. O mesmo, porém, não ocorria com outras potências européias: após o fracasso da invasão do Rio de Janeiro, os franceses, chefiados por Daniel de La Touche, retornaram ao Brasil em 1612, ocupando a ilha situada na reentrância da costa formada pelas baías de São Luís e São Marcos, onde construíram o forte de São Luís, assim batizado em homenagem ao rei da França. Nascia a atual capital do Maranhão, que até hoje conserva as construções dessa época, com sua arquitetura típica, como o Palácio do Governo, antiga fortaleza de estilo francês.

Azulejos de São Luís

     A ocupação durou três anos, período em que se verificou uma série de lutas entre os franceses e as tropas portuguesas. Desde então, Portugal iniciou a colonização lenta mas decisiva da região. Os primeiros colonos dedicavam-se sobretudo ao cultivo da cana-de-açúcar, mas este produto seria suplantado no século XVIII por outras lavouras, como o algodão, o café, o cravo, o cacau e o arroz, cultivados ao longo dos grandes rios. Junto com a agricultura ampliou-se a criação de gado, que encontrou excelente local para se desenvolver nos chapadões do sul. O Maranhão tornava-se uma das regiões mais importantes do Brasil. São testemunhos dessa época os imponentes sobrados de São Luís e Alcântara, cobertos com azulejos desenhados. A efervescência cultural do Maranhão no século XIX também pode ser conferida na obra de autores como o poeta Sousândrade, que escreveu O Guesa, monumental epopéia das Américas, na qual utiliza, em pleno século XIX, recursos da poesia de vanguarda do século XX (como a colagem de assuntos diferentes, sem aparente ligação lógica).

     Mas com a abolição da escravatura, em 1888, começou a decadência do Maranhão: enquanto o Sudeste prosperava com a adoção do trabalho livre assalariado, a agricultura maranhense, presa aos métodos rudimentares baseados no trabalho escravo, começou a estagnar. Mesmo a indústria têxtil do Maranhão - que chegou a ocupar o terceiro lugar na produção nacional - não suportou a concorrência da indústria paulista. Em 1993, a maioria de população maranhense (5.088.292 habitantes) ainda se dedicava principalmente ao extrativismo do babaçu, à agricultura e à pecuária. Estas atividades foram incentivadas pelo aumento da rede viária (Belém-Brasília, Transamazônica), mas que hoje estão em péssimo estado. Na última década, projetos oficiais de colonização propiciaram a imigração de trabalhadores rurais, principalmente do Ceará, Piauí e Rio Grande do Norte. Esses colonos se fixaram no centro do Estado, nos vales do Mearim e do Grajaú e na zona de Pindaré, onde se dedicam ao cultivo do arroz e do algodão, além da extração de babaçu.

     A indústria no Maranhão está ainda sendo implantada e concentra-se sobretudo em São Luís, onde há fábricas de processamento de babaçu, de produtos alimentícios e de tecidos. Mas a construção da usina hidrelétrica da Boa Esperança (216.000 kW de potência), no rio Parnaíba, e a modernização do porto de Itaqui, próximo a São Luís, destinado a ser o pólo terminal de exportação de ferro do Projeto Carajás (na Amazônia), abriram novas perspectivas para o progresso do Maranhão.


Palácio dos Leões, sede do Governo maranhense

Área: 329.555 km²
População: 5.088.292 habitantes
Densidade demográfica: 15,2 hab/km²
Número de municípios: 136
Capital: São Luís (822 km² e 738.327 hab)
Principais municípios: São Luís, Imperatriz, Caxias
Produção de pescado (1989): 69.531 t
Principais minérios (1992): gipsita, 2.000 t; calcário, 330.700 t
Principais produtos agrícolas (1992): arroz, 400.00 t; mandioca, 1.600.000 t; feijão, 27.000 t; milho, 222.600 t; laranja, 256.000.000 frutos
Pecuária (1992): bovinos, 4.000.000; suínos, 3.000.000
Energia elétrica (1993): geração bruta, 3 GWh; consumo, 710 GWh
Estradas (1991): federais, 3.210 km, estaduais, 5.144 km

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