A
história da Família Rangel de Azeredo Coutinho, para ser contada,
precisa, obrigatoriamente, iniciar-se com aquele que seria o grande
precursor de tudo: Vasco Fernandes Coutinho.
A genealogia portuguesa registra diversas pessoas com este mesmo nome,
conforme pesquisa:
--> Vasco Fernandes Coutinho (c. 1340) - viveu em Trancoso e foi
Meirinho-mor do Reino na Comarca da Beira. Auxiliou o Rei D. João I nas
lutas contra Castela e, em recompensa, ganhou os castelos de Marialva,
Moreira e Sabugal. Era Senhor do couto de Leomil.
--> Vasco Fernandes Coutinho (c. 1385, f. 1450) - Neto do anterior, foi
o 1° conde de Marialva.
--> Vasco Fernandes Coutinho (c. 1440).
--> Vasco Fernandes Coutinho (c. 1480) - o que é objeto dessas
notas.
--> Vasco Fernandes Coutinho Filho (c. 1530) - filho bastardo do
anterior, com a morte do pai (e de seus filhos legítimos) assumiu a
Capitania do Espírito Santo.
Vasco
(c. 1480) casou-se com Dona Maria do Campo, com quem teve os filhos Jorge de Melo e
Martim Afonso de Melo.Mas ele manteve também um outro relacionamento, com
Dona Ana Vaz de Almada, de uma nobre família
portuguesa, do qual
nasceram seus filhos Vasco Fernandes Coutinho Filho e Maria de Melo Coutinho. E foi esta sua
filha bastarda quem, pelo casamento com Marcos de Azeredo, possibilitou a
formação da Família Azeredo Coutinho e, mais tarde, da Rangel
de Azeredo Coutinho.
Sobre
Ana Vaz, concubina de Coutinho, há fortes evidências de que viveu algum
tempo no Espírito Santo, porque uma das ilhas da baía de Vitória foi
conhecida com o nome de ilha de Ana Vaz, o que prova que ela a recebeu em
doação do donatário.
O
ano usualmente reconhecido como o da morte de Vasco Fernandes Coutinho é
1561. Todavia, há controvérsia a respeito, com base numa segunda data,
1571. Se Coutinho faleceu de fato neste ano, estaria com cerca de oitenta
anos, pelos cálculos estimativos sobre sua vida.
Vasco Fernandes Coutinho teve um passado de serviços prestados à
Coroa portuguesa, como Capitão de navio, alcaide-mor de Ormuz, participação
na campanha da Índia, conquistador do porto de Málaca. Isto entre 1515 e
1522, quando regressou a Portugal, estabelecendo-se em Restelo. O Rei Dom
João III , porém, assinou, em 1 de junho de 1534, a carta régia da décima
primeira capitania hereditária, da qual foi designado donatário; quatro
meses depois, em 7 de outubro, começava a tomar formato o processo de
colonização da nova terra, com a assinatura do Foral, que determinava
direitos e deveres do donatário e dos colonos. E então começou a saga
de Vasco Fernandes Coutinho no Brasil.
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Aqui
chegando, em 23 de maio de 1535, desembarcou nas proximidades de uma
pequena enseada, entre os morros do Moreno e da Penha, onde teve que
enfrentar o primeiro contratempo: a reação hostil dos índios. Era o dia
23 de maio de 1534 e, por ser esta data a oitava de Pentecostes, dedicado
à Terceira Pessoa da Santíssima Trindade, o donatário deu à Capitania
o nome de Espírito Santo.
No início, o desenvolvimento da Capitania foi bastante pequeno e muitas
as dificuldades para governar, por uma série de fatores: resistência indígena;
produção muito pequena de açúcar, que não justificava a vinda de
navios; falta de capitais para investimentos; população escassa. Apesar
de todos esses percalços, Vasco não desanimou e, com muita coragem, deu
início à colonização, sendo o primeiro a enfrentar o grande desafio de
governar e trazer desenvolvimento para essa terra.
A colonização não foi nada fácil, pois o primeiro contato com os índios
não foi amistoso e, para afugenta-los, foram feitos disparos de canhão
da caravela portuguesa para afasta-los da Prainha, em Vila Velha. De início
fundou-se uma vila no sopé do Morro da Penha, em Vila Velha; mas foi
necessário procurar um novo local para instalar a sede, em decorrência
dos incessantes ataques dos índios, dos holandeses e dos franceses. Por
este motivo, concluiu-se que não haveria melhor lugar do que a ilha de
Santo Antônio, que os nativos chamavam de ilha do Mel, porque
esta oferecia mais segurança. A nova povoação foi fundada por
volta de 1550 e em pouco tempo transformou-se na nova capital. Devido aos
atritos que não cessavam com os índios Goitacazes, acabou sendo travada
uma grande batalha, em 8 de setembro de 1551, após a qual, para comemorar
o feito, os novos senhores da terra deram ao povoado o nome de Vila de Vitória.
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