Quando...
Umi no Kitsune
 

Omi mostrava alguns arranjos de flores para a menina e lhe dirigiu um sorriso. A garota sorriu e suas amigas, em estado de graça, riram sussurrando coisas uma no ouvido das outras.

Do outro lado da loja, enquanto dizia que só saía com garotas mais velhas, Youji lançou um olhar bravo para Omi, que estava ainda muito ocupado para reparar no parceiro. Se esgueirando pelas meninas, o playboy alcançou o loirinho, passou um braço sobre os ombros dele e sussurrou no ouvido:

“Não me diga que resolveu sair do casulo do adolescente tímido e está pensando em fazer algo realmente interessante com essas menininhas?”

“Youji-kun!”

Omi achou que iria derreter de tão quente que ficou seu rosto. Youji não o soltou e apenas observou a reação do garoto. Satisfeito, ele passou uma mão no cabelo loiro, desarrumando-o e voltou para onde estava.

Depois de alguns minutos, Omi recuperou a cor original da sua pele e voltou a trabalhar sem gaguejar. Só que dessa vez, sempre atento aos olhares do playboy. E a cada olhar, Omi enrubescia um pouco e procurava urgentemente fazer algo com as mãos.

No final do dia, com a loja já fechada, Omi restara sozinho contando o dinheiro. Suspirando, o menino fechou o caixa e permaneceu sentado por alguns instantes olhando para o nada. Uma respiração quente arrepiou os fios fininhos e loiros da sua nuca. Antes que pudesse virar-se uma voz acostumada em fazer-se sensual chegou aos seus ouvidos:

“Pensando em que?”

“Você não gostaria de saber...”, Omi disse com uma voizinha triste

“Hn? Não gostaria de saber?”, Youji faz o menino ficar de frente para ele, “Agora é que eu estou mesmo interessado...”

Omi apenas suspira e faz menção sair da loja, mas Youji o segura pela mão.

“Omi...”, o garoto se vira sem dizer nada, “Se foi... alguma coisa que eu fiz... que eu disse...”

“Não, Youji-kun...”

O loirinho se aproxima com um olhar triste, parecendo que estava a ponto de chorar. Hipnotizado pelos olhos azuis, Youji não percebe quando uma mão toca o seu rosto e faz um carinho. Omi morde o lábio inferior e fecha os olhos. Tudo o que Youji percebeu foi o rosto de Omi se aproximando e então um toque leve e inocente chega aos seus lábios. Ele também fecha os olhos, maravilhado com a suavidade e com o pequeno tremor que vinha do menino.

Então tudo pára. Some. Apenas um vazio e um frio fica nos lábios do alto assassino. Youji abre os olhos tendo tempo apenas de ver a porta que dá pra rua fechando sozinha.

Não ia conseguir dormir naquele estado. Omi o deixara muito excitado e ao mesmo tempo muito preocupado! Como dormir com a imagem daquele rosto triste rondando a sua mente? Com o sabor daqueles lábios ainda nos seus próprios lábios? Com a maciez daquele toque ainda provocando arrepios na sua nuca? É uma tarefa impossível!

E por falar nisso... onde diabos estava Omi? Até agora não voltou... já é bem tarde... Youji se remexeu inquieto entre os lençóis e abriu as cortinas, deixando que a luz do luar entrasse pela janela. Suspirando ele corre com o olhar inconscientemente pelo próprio quarto, passando pela figura esbelta e adolescente, iluminada etereamente de prata pela luz da lua.

“O... Omi?”, Youji sente a respiração falhar ao reconhecer o rosto triste.

O garoto não responde. Youji se levanta e aproxima dele, que movimentava apenas os grandes olhos azuis, acompanhando ele.

“Omi... o que foi? O que você está fazendo aqui?”, Youji estava bem próximo agora e percebeu com surpresa que o loirinho chorava copiosamente. “Omi... o que aconteceu?”

O alto assassino toma o rosto jovem entre as suas mãos e limpa as lágrimas. Então, Omi solta um soluço e morde o lábio inferior tentando impedir que este tremesse. Ele abaixa a cabeça e num ímpeto, abraça Youji escondendo o rosto úmido no peito largo.

Sem saber bem o que fazer, Youji retorna o abraço ao mesmo tempo em que inicia um cafuné lento no cabelo fino de Omi. Ele não sabe lidar com esse tipo de situação... como consolaria Omi? Os braços finos do loirinho responderam a sua pergunta ao apertarem-se mais na cintura dele. Youji entendeu o que se passava ali. De alguma forma Omi estava tentando seduzi-lo.

Esse pensamento a primeira vista ficou estranho na mente do alto assassino, mas ele sentia e conhecia muito bem os movimentos que o corpo adolescente de Omi fazia contra o dele. O que deixava tudo estranho eram as lágrimas, a tristeza nos olhos azuis tão inocentes.

Talvez... Youji afastou um pensamento mais irracional ainda de sua mente com um movimento brusco de cabeça. Omi percebeu isso e no mesmo instante parou de se mexer ficando imóvel apenas chorando no peito de Youji. Este fechou os olhos sentindo o medo que emanava do adolescente.

“Shhh...”, os soluços ficaram mais fracos e o choro aos poucos sumia, “Omi... não se preocupe, pra você eu faço uma exceção.”, Youji disse tentando animá-lo. Omi levanta o rosto úmido com um olhar interrogativo, Youji sorri e explica, “Você sabe... eu só saio com mulheres acima de 18.”, ele pisca um olho e se inclina beijando levemente a testa de Omi, “Só pra você eu faço uma exceção...”

“Youji-kun...”, Omi tem sua frase cortada pelo beijo carinhoso e sensual de Youji, que com as mãos vai percorrendo o corpo esguio do menino até se esconderem sob a camisa dele explorando a pele virgem e trêmula.

Logo o beijo fica mais profundo e exigente, com a língua de Youji forçando a linha fina entre os lábios de Omi. Quando estes mesmos lábios fraquejam um pouco, o alto assassino não perde a oportunidade e invade faminto desfrutando do calor e umidade do garoto.

Um gemido escapa e Youji, sem parar de beijar e acariciar, guarda em sua mente esse registro como um protesto... de medo.

“Omi... o que você quer?”, ele exige num ímpeto, segurando o garoto nos ombros e o sacudindo levemente.

Depois de quase uma eternidade apenas soluçando baixinho, Omi respira fundo e encara Youji nos olhos dizendo, “Eu quero... ficar com você... por favor.”, ele abaixa o rosto e diz choramingando, “Eu quero ficar... por favor, eu quero você...”

“Então por que tem tanto medo de mim?”, Youji perguntou sério

Os olhos de Omi se abriram em surpresa. Com certeza, não pensava que seu medo estivesse tão evidente. Como se uma idéia acabasse de lhe ocorrer, seus olhos se acalmaram e ele suspirou tremendo um pouco menos, “Eu tenho medo de você...”, ele disse fechando os olhos e abraçando Youji mais uma vez, “... de que você não me queira...”

Youji estreitou os olhos em desconfiança quando os braços adolescentes lhe envolveram mais uma vez e quando escutou a última sentença de Omi, uma sensação cortante percorreu todo o seu corpo deixando-o, por alguns segundos, cheio de raiva.

Não estava certo... não era certo... nada disso é certo. Omi não o queria, nem tinha medo de sua rejeição... parecia obrigado a estar ali com ele. Omi não faria isso... não o Omi que ele conhecia.

“Escute, eu...”, Youji tentou falar mas parou calado com a sensação de que lhe bateram muito forte na cabeça. Mas não ouve batida nenhuma... a dor que estava sentindo seria conseqüência de um força que o faria cair para frente desequilibrado, mas continuava em pé, abraçado a Omi.

Omi... o corpo quente e esguio do adolescente o chamava, se insinuava e provocava misteriosamente nos pontos exatos. Omi... as mãos pequenas e delicadas, que nem o trabalho como assassino conseguiu tirar a textura macia dos dedos finos, percorriam as suas costas ávidas explorando e descobrindo cada vez mais. Omi... um botão de rosa era pressionado contra seu peito, trabalhava em uma floricultura, sabia bem como era a sensação, mas dessa vez eram lábios, e não uma rosa, que lhe davam um beijo carinhoso e inocente, mas muito perturbador. Omi... queria essa criança... agora.

Cego de suas atitudes e de qualquer outra coisa a sua volta, Youji começou a despir o garoto com rapidez e brutalidade, machucando-o ao arrancar com força a camisa. Omi gemia e choramingava, parecia que o medo tinha voltado, mas o playboy estava alheio as reações dele, em sua mente tomar ele para si era o que importava. Precisava dele, do corpo dele, estar dentre dele... com urgência.

“Youji... não...!”, Omi gritou quando foi jogado na cama e o corpo pesado de Youji pressionado contra o seu deixando imóvel, “Youji... por favor... não!”, ele chorava agora, sentindo as mãos do assassino buscarem o interior de suas pernas. Esfregado na sua coxa, o sexo de Youji mostrava-se tenso e pronto.

Fechando os olhos e mordendo o lábio inferior, Omi apenas rezou para que tudo isso passasse logo quando sentiu sua entrada ser pressionada. Num instante, um baque surdo e tudo parou. Omi ainda de olhos fechados, percebeu que seu corpo estava livre, que o peso, as mãos e a ligeira dor que sentiu tinham sumido.

Mais um som e Omi abriu os olhos assustado. Youji estava caído no chão, parecia que tinha despertado de um transe, com a mão escondendo uma marca que ficava cada vez mais vermelha em sua face e os olhos arregalados em terror, surpresa e dúvida.

Uma sombra se aproximou e Omi quase deu um pulo assustado com o olhar que viu. Então, aparecendo lentamente sob a luz da lua, Aya apareceu e percorreu com os olhos o corpo nu e encolhido na cama. Tomando-o nos braços como se não tivesse peso, ele o ergueu e caminhou silencioso na direção do próprio quarto deixando pra trás um Youji confuso e assustado.
 
 
 

“Como deixou que isso acontecesse?”, Aya perguntou visivelmente bravo, apenas o silêncio como resposta, “Como foi deixar isso acontecer!!??”, gritando ele fez com que Omi se encolhesse ainda mais sob as cobertas, “Omi... sabe o que eu poderia ter feito lá? Eu poderia... eu quero mata-lo! Ainda quero ma--”

Num ímpeto, Omi se agarrou na cintura de Aya pedindo desculpas repetidamente e pedindo, também, que perdoasse Youji.

Naquela noite, Aya não saiu de casa.
 

Continua...



capítulo 2
Weiss Kreuz
Hosted by www.Geocities.ws

1