Hitokiri no Kokoro
Yoko Hiyama

Capítulo 7 – Recomeço

Kurama largou o lápis na escrivaninha, assim que sentiu o ki de Hiei se aproximando - estremeceu – uma visita completamente inesperada, mas ele não poderia falar que havia detestado a surpresa. Muito pelo contrário...

“Ora essa!” – a raposa pensou alto assim que viu a sombra pequena do seu koorime pendurar-se com agilidade na árvore ao invés de entrar no quarto como sempre fazia depois que os dois se tornaram amantes. Estranhando aquela atitude, Kurama caminhou até a janela, com o intuito de convidá-lo a entrar.

Mas a visão dos olhos vermelhos daquele koorime fez com que ele logo percebesse que havia algum problema.

- Koibito..... – Kurama começou a falar.

Que olhar era esse? Kurama nunca pensou que um dia observaria em Hiei aquele estado de espírito tão agitado e, ao mesmo tempo, aliviado como se tudo que ele quisesse fosse vê-lo respirar.

- A janela está aberta... – Kurama fez o convite, o coração apertado de antecipação.

- Hunf... – Hiei falhou até mesmo em manter a sua tão bem treinada pose de indiferença, mas, mesmo assim, entrou no aconchegante quarto do seu amante raposa.

Os dois se olharam novamente assim que os pés do koorime se estabilizaram no mármore frio, fazendo com que Kurama se adiantasse para abraçar seu pequenino com toda força, na tentativa de lhe passar todo o seu calor e seu carinho. Ele sabia que era tudo que Hiei precisava naquele momento.

Alguns segundos se passaram antes do pequenino se desvencilhar do abraço, ainda claramente agitado.

- Voltou mais cedo, koibito... – Kurama tentou puxar assunto, na tentativa de descobrir o que tanto
incomodava Hiei – acabou a sua ronda mais cedo?

- Não.

- Não?

- Não.

- Aconteceu.... alguma coisa? – Kurama sabia que precisava ter o máximo de cautela se quisesse arrancar a verdade daquele koorime teimoso, conhecia a personalidade arredia daquele pequenino.

- Não, não aconteceu nada. Por que haveria de acontecer alguma coisa?

- Não sei... mas esperava que você me contasse...

- Kurama...

- Tudo bem, eu sei... eu sei... você não quer falar agora. Tudo bem, está tudo bem, viu? – Kurama puxou Hiei para si novamente, sentindo que, desta vez, o koorime havia finalmente relaxado em seus braços.

- Kurama... – Hiei repetiu o nome da raposa, ao mesmo tempo que puxava a blusa do seu uniforme desajeitadamente – Ku...rama....

A raposa humana se deixou despir, de olhos fechados, apenas sentindo as mãos do amante passeando nervosamente pelo seu corpo, como se esta fosse a primeira e a última vez que Hiei o sentia.

- Hiei.... por q.... – um beijo ansioso o calou. A língua quente de Hiei parecia implorar para que não lhe fizesse nenhuma pergunta e Kurama entendeu e respeitou o pedido retribuindo o beijo com a mesma paixão.

Hiei foi empurrando seu amante com o corpo, lentamente, sensualmente, sem parar de beijá-lo, até que este se deu conta da textura suave dos lençóis, gemendo baixinho ao sentir o peso delicioso do seu amor sobre si.

- Meu Kurama... – Hiei sussurrou, enquanto massageava suas bochechas com os polegares, redesenhando os contornos do rosto fino com os dedos como se este fosse algo sagrado para ele – meu Kurama... minha raposa...

Kurama piscou sem compreender direito aquele comportamento tão peculiar por parte do seu koorime negro. Mas um beijo longo lhe tirou a capacidade de pensar em qualquer coisa que não fosse a sensação da ereção quente escondida pela túnica de Hiei roçando em suas coxas nuas.
Compartilhando da ansiedade de Hiei, Kurama puxou a incômoda túnica, juntamente com a blusa, ao mesmo tempo que mordia o lábio inferior do amante com toda a sensualidade. A mão direita de Kurama se encaixou com força junto na região volumosa do seu querido fazendo com que ele tomasse a sua boca novamente, num beijo ainda mais ansioso, quase violento. Hiei então começou a esfregar o quadril na  mão de Kurama de uma forma selvagem, sem se importar com o incômodo da calça, sentindo que ia gozar apenas com aquela esfregação grosseira.

- Eu sei o que você quer, Hiei... faça... – a voz rouca de Kurama se vez ouvir junto ao lóbulo do koorime, acompanhada por um beijo.

- Kurama ....

- Me tome como um animal.... ah.... é o que você quer fazer...

- Não quero te machucar...

- Está tudo bem. Eu também quero... ah...

Hiei grunhiu de excitação ao sentir a mão de Kurama apertando seu sexo ainda mais, ao mesmo tempo que também pressionava sua ereção recém formada junto ao seu corpo. Não foi preciso mais do que isso. Num movimento ágil, Hiei afastou a mão delicada da raposa de si para então abrir a calça e abaixá-la até as coxas, ao mesmo tempo que, com a outra mão, fazia com que Kurama ficasse de quatro na cama.

- Kurama...

- Hiei... AAAH!! – uma estocada firme o fez gritar de dor, quando Hiei entrou nele de uma vez só, até o fim – aaaah... Hiei...

Como se quisesse se desculpar pela invasão tão grosseira, Hiei moveu a bacia circularmente, num
carinho muito íntimo, esperando que sua raposa se acostumasse com a dor e com o volume do seu interior, para só então retomar o ritmo ansioso de antes, rápido, fundo, selvagem, incansável... prensando a ereção do amante junto ao seu corpo, trocando a consciência pelo prazer.

- Ah.... raposa... ah, ah...

- Hum.... Hiei... Hi.... ei... aaah...

O gozo veio rápido, turvando a visão primeiro de Kurama e depois de Hiei fazendo o koorime se atirar sobre o seu companheiro, arfando junto com ele desesperadamente.

Demorou um pouco até as respirações se normalizarem. Kurama se virou de lado, deixando que Hiei descansasse as mãos fortes nas suas nádegas como sabia que ele gostava de fazer depois do amor, e então, sorriu docemente:

- Eu te amo, viu? – Kurama perguntou, beijando a ponta do nariz do koorime de fogo.

- Hunf.... – Hiei balançou o rosto, fingindo o mau humor pelas cócegas que aquele beijinho bobo lhe causara.

- Conta pra mim, vai? – Kurama pediu, sentindo as mãos em suas nádegas se apertando mais devido a ansiedade.

- Você não vai entender...

- Como você pode ter certeza, hein? – Kurama piscou, com a fala mansa.

Hiei largou o amante, sério:

- Foi uma coisa que aconteceu durante a ronda...

- É? Algum problema? Briga?

- Não... não foi isso...

- Então me conta...

- É o que estou tentando fazer raposa estúpida!

- Gomen, gomen... – Kurama riu do mau humor do koibito.

- Eu encontrei um corpo...

- Um corpo?

- Sim... próximo a fronteira.

- Hum... e o que tem?

- Ah... deixa pra lá... você vai achar que eu sou um idiota!

- Não faz assim, koibito... você sabe que eu não vou achar nada disso!

- Bem... acontece.... acontece que aquele corpo... era de um youko...

- Um.. youko?!

- Sim. Ele.... era tão parecido com você.... tão parecido que quando eu o vi... assim, de relance... pensei que era você, sabe?

- Hiei....

- Eu sei, eu sei... foi burrice minha. Não havia nenhum possibilidade de você estar no Makai, na sua forma de youko, ainda por cima morto, mas.... eu não pude evitar.... eu apenas pensei... e... e...

- Veio até aqui...

- É... mas não foi só isso....

- Não?

- O estado daquele youko... a expressão dele... eu nunca vi nada parecido... e eu sou um assassino...

- Como assim, Hiei?

- Não sei explicar... o rosto dele... os músculos da face...

- Hiei... você sabe que no Makai, prevalece a lei do mais forte.

- Eu sei disso, Kurama! Mas aquilo... foi diferente... Sabe? Eu tive a péssima idéia de encostar nele...

- E...

- E eu vi tudo... eu vi como ele morreu... Kurama, ele ainda estava vivo quando aquela coisa comeu os olhos dele e... e... eu não sei... eu pensei que poderia ter sido você... e eu...

Kurama abraçou Hiei com força, fazendo com que ele encostasse a cabeça, junto ao seu peito.

- Shhh... está tudo bem, eu sei que você não se impressiona facilmente, então eu imagino bem o quanto aquele youko deve ter sofrido. Infelizmente essa é a lei do Makai.... você sabe disso e eu sei disso.

- Kurama.... jura pra mim que não vai deixar que isso aconteça com você?

Kurama piscou, perplexo:

- Hiei, eu...

- Jura! Por favor, jura?

Kurama finalmente sorriu e prometeu, após beijar a testa do seu koibito:

- Sim, eu juro... Agora dorme, meu amor... amanhã, você terá esquecido disso...

Hiei apenas se aninhou junto ao peito de Kurama, confiante, e fechou os olhos, se entregando a um sono cansado.

- Isso, meu amor... durma.... – Kurama falou, enquanto acariciava seus cabelos negros, sem entender porque o seu coração doía tanto depois de ter ouvido aquela tão história estranha. – Está tudo bem, Hiei ...
Tudo bem...



Capítulo 8
Hitokiri no Kokoro
 
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