Hitokiri no Kokoro
Yoko Hiyama

Capítulo 3 – Descobertas Indesejadas

Saitou Hajime apagou mais um cigarro com um seco pisão, olhando para o seu interlocutor, friamente:

- Por que eu fui chamado até aqui? Crimes domésticos não são da minha alçada.

- Mas parece que este não é um simples crime, Saitou.

Saitou nada respondeu, pouco convencido com a resposta que lhe foi dada. O policial ao seu lado o conduziu para dentro do dojo Kamiya, que ele conhecia tão bem. No caminho, o outro foi lhe explicando o ocorrido:

- Bom, você conheceu Himura Kenshin e sua família, não?

- De passagem. – mentiu com indiferença.

- Bom, parece que o cara matou a mulher e o filho e fugiu.

Saitou olhou para o outro como se este lhe tivesse contado a pior das piadas.

- Isso é ridículo! Aquele idiota resolveu ficar inofensivo como uma mosca nos últimos tempos... essa informação é falsa. Você esteve lá dentro?

- Não, senhor. Só os membros da polícia especial podem entrar aí.

- Hum...

Saitou já estava achando aquilo tudo mais do que estranho. Não lhe parecia que Kenshin fosse capaz de Ter um acesso de loucura depois de tudo que já tinha passado.

- Bom, o único jeito é entrar aí e ver. – Saitou pensou alto e, unindo o gesto à palavra, entrou pelo salão principal do dojo.

As lembranças o invadiram assim que pôs os pés ali e ele se viu lutando com Kenshin naquele mesmo lugar a anos atrás. Uma luta feroz. Se não tivessem sido impedidos, um dos dois teria sido morto naquela batalha, impreterivelmente. Quase sorriu com essas memórias. Mas a visão que teve ao adentrar pelo salão um pouco mais lhe fez se esquecer de todo o resto.

Mas será possível que não era mentira?

Os corpos de Kaoru e Kenji estavam mesmo ali, estendidos no chão e rodeados de sangue. O cheiro já se tornava um incomodo. Saitou fez um movimento para se aproximar mais dos corpos mas uma voz dura lhe fez parar.

- Saitou Hajime!

Saitou se voltou e deu com um dos principais chefes de segurança do país e então franziu a testa, começando a Ter certeza de alguma coisa muito errada estava acontecendo. Do contrário, aquele homem não estaria ali.

- O que está acontecendo aqui? – Saitou perguntou sem muita paciência para cumprimentos.

- Estamos em meio a uma situação muito delicada. – informou o homem.

- Que espécie de situação?

- Melhor você mesmo ver. Venha.

Saitou foi levado até o corpos de Kaoru e Kenji e o que viu o obrigou a acender mais um cigarro.

- A quem acham que vão convencer de que Kenshin Himura foi o assassino desses dois?

- Mesmo assim, é o que ficará nos relatórios.

- Por que? O que estão tentando esconder?

- Bom, Saitou. Eu acho que já está na hora de você tomar ciência de algumas coisas.

- Que coisas? Vai me contar que espécie de bicho atacou esses dois?

- Não foi bem um bicho.

Saitou deu uma tragada impaciente no cigarro e completou:

- Não tente me convencer de que foi algo humano.

- Venha comigo. Eu vou te mostrar quem fez isso com eles.

- Conseguiram prender o verdadeiro criminoso?

- Bem, eu não usaria esse termo, mas...

- Já está morto?

- Oh, sim! Bem morto!

Saitou foi levado até um dos quartos da casa, passando por Três sentinelas que guardavam a porta.

- Qual é o motivo de tanta segurança se o que quer que tenha feito aquilo já está morto?

- Você logo vai entender. Por favor, entre.

Saitou se calou, conformado e entrou no quarto e escuro. A primeira coisa que reparou, além do mesmo cheiro desagradável do salão principal da casa, foi na presença de mais cinco policiais dentro do quarto que Saitou logo reconheceu como sendo também da polícia secreta.

- Por que esses homens estão aqui sem o meu consentimento?

- Porque eu pedi a presença de reforços especiais.

Saitou olhou para seu interlocutor, dessa vez realmente furioso.

- Eu sou o comandante da polícia secreta deste país e deveria estar sabendo do recrutamento desses homens.

- Está sabendo agora.

O olhar de Saitou tornou-se ainda mais terrível.

- Detesto quando me desafiam dessa forma.

- Não se esqueça de que eu ainda sou seu superior.

- Não se esqueça de que eu posso matá-lo nesse minuto. – Saitou segurou firme na bainha da espada, em ameaça.

- Acalme-se! Não há necessidade de confrontos inúteis. Logo você verá que eu tive razão em agir dessa forma.

- Eu espero que veja mesmo.- Saitou foi direto.

O outro balançou a cabeça e apenas ordenou a um dos policiais que levantasse o pano que cobria o corpo ali estava escondido, deixando a mostra o verdadeiro motivo de tudo aquilo.

- O que é isso?

- Agora me entende?

- Não, absolutamente. Que coisa é essa?

- Saitou-Kun, você tem alguma religião?

- Naturalmente que não.

- Pois deveria Ter. Lhe ajudaria a entender o quê é isso.

- Pare de me enrolar e diga logo o que é essa coisa?

- É um demônio. Vindo do Makai.

Saitou inclinou a cabeça, como se lhe tivessem contado a coisa mais patética do mundo.

- Você não espera que eu acredite em toda essa besteira, não é?

- Só se for cego e não estiver vendo o que está a sua frente.

Saitou olhou novamente para aquele corpo, sentindo que sua racionalidade estava sendo derrotada pela primeira vez na vida. Sua mente gritava que aquele tipo de coisa não podia existir mas seus olhos não podiam estar lhe pregando uma peça tão grotesca. Ele estava vendo aquilo. Não havia como se convencer de que era uma mentira. De repente, sua mente bem treinada se deparou com uma obstáculo que ele não sabia como ultrapassar.

Deu uma profunda baforada no cigarro, enquanto observava melhor aquele demônio, reparando nos seus mínimos detalhes. Puxou a fumaça... orelhas de raposa... soltou.... uma cauda... puxou de novo, resquícios de uma energia completamente desconhecida para os seus sentidos, soltou... corte profundo na barriga.... e o coração arrancado, fumou o filtro.

- Droga! – ele soltou o cigarro, irritado.

- Parece impressionado.

- Onde está o outro?

- Não tem outro.

- Como não? E quem fez isso com essa coisa?

- Himura Kenshin.

- Ridículo!

- Real! Só um homem como ele seria capaz de derrotar um youkai desse nível. Além disso, você ainda não sabe de toda a história.

- Estou ouvindo.

- Bem, três horas depois de tomarmos conhecimento desses assassinatos, ficamos sabendo de mais alguns pela cidade.

- Mais vítimas desse bicho?

- Não é um bicho, eu já lhe falei. É uma raça de youkai chamada youko.

- Que seja...

- E não... estas pessoas de que estou falando não foram mortas por esse daí. Simplesmente porque suas mortes são bem recentes, diferentemente do caso dele. E os corpos se encontram num estado semelhante ao que você vê agora. Coração arrancado, escoriações, marcas de mordidas...

- Espera aí. Você está tentando me dizer que Batousai Himura saiu por aí para matar e comer pessoas, depois de Ter feito o mesmo com esse troço aqui?

- Exatamente...

- Tem alguma noção do tamanho do absurdo que você está falando.

- Ao contrário. Não estou dizendo absurdo nenhum. Tenho testemunhas que o descrevem perfeitamente. Cabelos ruivos, cicatriz em forma de X na face...

- Mentiras! Pura invenção de gente que não te nada melhor pra fazer. Imaginação popular!

- Por que simplesmente não aceita os fatos, Saitou Hajime?

- Porque tudo isso é ridículo!

- Eu sei que você conheceu Himura Kenshin e que lutaram lado a lado, mas...

- Não se trata disso.

- Então por que não investiga? Já que tem tantas dúvidas...

- É exatamente isso que vou fazer.

- Está certo. Quando chegar a conclusão que tudo que eu disse é verdade, me procure e eu te passarei minhas ordens.

- Hñ! – foi a única resposta que Saitou deu antes de se retirar, não sem reparar na imediata ordem dada ao mesmo policial que havia levantado o pano sobre o cadáver.

- Queime isso. E se assegure de que ninguém te veja.

- Sim, senhor.
 
 

* * *

- Eu juro, senhor! É verdade! É tudo verdade! Por favor, não me mate!

Saitou soltou o homem com um gesto de desdém e respirou fundo.

- Espero que tenha realmente dito a verdade. Porque se eu descobrir que mentiu...

- Não, senhor! Eu não menti, não, senhor! Eu vi com meus próprios olhos. Ele arrancou o coração do meu vizinho com os dentes e o comeu! Foi horrível... ele gritava como um bicho! Parecia um bicho! Não podia ser humano... e aquela cicatriz em forma de X, era horrenda, dava medo! Não, senhor! Eu não menti nem me enganei! Se tenho certeza de alguma coisa na vida, essa coisa é o que vi naqueles poucos minutos.

- Onde está o corpo do seu vizinho?

- Foi queimado a algumas horas, senhor. Uns policiais estiveram aqui e queimaram tudo, o corpo, a casa dele... tudo! Eu tava escondido ali perto e vi! Juro isso pro senhor!

Saitou finalmente guardou sua espada e deu as costas para aquele homem. Realmente, não havia mais dúvidas. O assassino tinha sido mesmo Batousai Himura. E ele não estava tendo a mínima preocupação em esconder seus ataques. Matava a luz do dia e diante de todos e depois arrancava e devorava o coração das vítimas, numa espécie de ritual macabro.

- Enlouqueceu. Finalmente, enlouqueceu.... mas eu nunca pensei que o faria dessa forma.- Saitou comentou consigo mesmo – Você mereceu isso, Batousai! Seus instintos de assassino renasceram quando viu seus queridos mortos e agora você não pode mais controlá-los. Idiota! Eu avisei que seria assim. Bom, pelo menos agora poderemos ter uma luta de verdade...


Capítulo 4

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