Hitokiri no Kokoro
Yoko Hiyama
 

Capítulo 1 – Pedaço de Céu

Kamiya Dojo- 1886

- Tadaima... – a voz de Kenshin atravessou os portões do enorme dojo onde vivia com a esposa e seu filhinho.

- Oh! Kenshin! Okaeri! – Kaoru logo apareceu para recebê-lo com um belo sorriso.

Kenshin nem podia acreditar. Tinha deixado pra trás todos os obstáculos e, fazia já algum tempo, vivia da forma pacífica que sempre sonhara. Só Deus poderia saber como era bom poder estar ali, naquela casa que agora também era sua e ser recebido de braços abertos pela mulher que ele amava tanto. Tudo isso parecia ser tão simples mas, para Kenshin, era o motivo de uma vida inteira de lutas. Ele tinha andado tanto, procurado tanto, matado tantos em busca do que só agora ele sabia bem o que era. Um cantinho como esse, onde pudesse se aconchegar e ficar, um pedacinho do céu. E agora, ele poderia dizer que era um homem completamente realizado. Em todos os sentidos.

- Kenshin? – Kaoru logo percebeu a doce distração – Não vai entrar?

- Ah? Gomen, Kaoru-Dono! Eu estava apenas pensando..

- Pensando? Pensando no quê?

- Nada de interessante... – Kenshin decidiu guardar seus pensamentos para si – Está tudo bem?

- Tudo normal. – Kaoru respondeu enquanto guiava Kenshin pelos salões do dojo.

- Kenji-Chan...

- Estava doido para te rever... nem consegui fazer a pestinha dormir.

- Eu também estava com muita vontade de revê-lo... – Kenshin não pode evitar um sorriso ao evocar aquele lindo rostinho em sua mente. Onde ele está?

- Lá dentro, te esperando para jantar. – Kaoru informou, mas nem foi preciso porque naquele exato instante, uma linda criança de cabelos vermelhos corria em direção aos braços de Kenshin.

- Papa! Papa!

- Olá, Kenji-Chan! – Kenshin sorriu largo ao pegar o pequenino nos braços e levantá-lo do chão – Como você está? Papai trouxe um presente para você..

- Presente? O que é? O que é?

Kenshin tirou um cata-vento colorido de dentro da roupa e o entregou para o filhote.

- O que é isso? – Kenji pareceu confuso ao ver o pequeno brinquedo – Pra quê serve?

- Eu vou te mostrar... – Kenshin juntou ar e soprou forte, fazendo o cata-vento girar.

Kenji bateu palmas ao ver aquilo, animadíssimo com a novidade e riu daquele jeito que só as crianças sabem fazer.

- Hum.... estou vendo que gostou do presente! – Kenshin sorriu entregando o brinquedinho nas mãos ansiosas do filho. – Aqui está... e agora, vamos jantar...

- Hai! – Kenji correu para a pequena mesa, assim que o pai o colocou no chão – Mamaa!!! Vamos comer!!!

- Hai, pequeninhinho! Aqui está seu prato! Coma tudo!

- ITADAKIMASU!!!!!!

- E não grite! - Kaoru emendou.

- Hai! – o bebê desistiu para dar maior atenção ao novo brinquedo, soprando com toda força para fazê-lo girar o mais rápido possível.

- Come, pestinha! – Kaoru mandou, levando um bolinho de arroz até a pequena boca do filho.

Kenshin não se cansava de olhar para aquela cena. Kenji-Chan era tão parecido com ele próprio! Kenshin podia se ver na infância quando batia os olhos no filho. Era até engraçado... e bonito também. Era bom ver uma parte dele reproduzida daquela forma, mais do que isso, era uma prova de que ele tinha conseguido construir alguma coisa para o futuro e, acima de tudo, um orgulho. Kenshin respirou fundo, de forma sonhadora, e começou a comer. Parecia mentira, mas a comida preparada por Kaoru realmente melhorara depois do nascimento de Kenji-Chan. O que as exigências de um filho chato para comer não faziam com uma mãe?

- Kenshin, por que você está tão calado? – Kaoru perguntou, um tanto preocupada.

- Ah? Não é nada... Nada mesmo. – Kenshin novamente sorriu para Kaoru, tentando demonstrar que ela não tinha realmente nada com que se preocupar.

- Então tá... – Kaoru retribuiu o sorriso, para logo depois voltar a dar atenção ao filho – Coma mais, vai?

O jantar transcorreu de forma bem tranqüila e, depois dele Kaoru tratou de pegar Kenji-Chan no colo para levá-lo pra cama:

- Hora de dormir...

- Mama! Quero que o meu papa-chan me leve pra cama! – Kenji protestou, sacudindo as pernas.

Kaoru olhou para Kenshin com uma expressão divertida no rosto e respondeu:

- OK! Eu desisto!! Kenshin, ele é todinho seu!

- Arigatou, Kaoru-Dono! – Kenshin pegou o filho nos braços e o levou para o quarto lentamente.

- Eêê! Papa-Chan vai me levar! – Kenji fez festa, animado.

Kenshin colocou o filho no pequeno colchão e falou:

- Durma bem, meu filho. Eu vou ficar aqui, segurando sua mão, até que durma.

- Arigatou, papa! – Kenji respondeu, fechando os olhos imediatamente. Em poucos minutos, adormecia.

Kenshin respirou fundo e levantou-se, não antes de desejar "boa-noite" ao filho adormecido, e se dirigiu para o seu quarto e de Kaoru.

- Kenji-Chan já dormiu?

- Hai, Kaoru-Dono. – Kenshin respondeu, se aproximando de Kaoru.

- Sabe, Kenshin? Sempre que você passa o dia fora é a mesma coisa. Kenji-Chan pergunta de você o tempo inteiro, mesmo quando o tempo de ausência é pouco, ele parece sentir tanto a sua falta... Kenji-Chan realmente é muito apegado a você ...

Kenshin sorriu e perguntou com voz rouca:

- E você, Kaoru-Dono? Sente a minha falta quando estou longe?

- A cada minuto! - Kaoru confessou, ruborizada.

Em resposta, Kenshin desatou a fita vermelha que prendia os longos cabelos da esposa e enfiou os dedos por eles, numa pequena carícia e colando seu corpo ao dela, suavemente:

- Consegue sentir as saudades que eu tenho de você, Kaoru-Dono?

Kenshin não esperou uma resposta, deslizou os lábios pelo rosto da esposa, num tímido convite que foi imediatamente aceito. Kaoru ficou mole nos seus braços, deixando que Kenshin desatasse o obi com um simples gesto e a levasse para a cama em meio a beijinhos em seu rosto e pescoço. As mãos dele deslizaram por seu corpo, terminando de despi-la. Kaoru virou o rosto, um pouco constrangida, quando sentiu os olhos de Kenshin passearem por seu corpo num misto de desejo e adoração, mas a fala de Kenshin lhe chamou atenção.

- Você sabe, Kaoru-Dono, quando eu olho para você assim... não posso evitar de pensar que eu não mereço tanto... você é maravilhosa! E eu sou apenas...

- O homem que amo... e que eu vou morrer amando. – Kaoru completou a frase por Kenshin, deslizando a mão pelo peito do marido docemente.

Palavras não foram mais necessárias depois disso, somente a união dos dois corpos apaixonados, o suave compasso do prazer, os gemidos baixos, quase inaudíveis dos dois e a explosão final do orgasmo poderia traduzir todo o sentimento que existia entre eles.

- Kaoru-Dono... você é... a minha vida.... – Kenshin sussurrou no ouvido da esposa, após algumas horas, beijando o lóbulo com delicadeza – Ai shiteru...

- Ai shiterumo. – Kaoru retribuiu a declaração, passando os braços pelo corpo arfante de Kenshin e entregou-se a um doce sono, velado pelo único amor da sua vida.


Capítulo 2

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