Até o Dia Raiar e as Sombras Fugirem
Kaoru-Dono
 
 

Capítulo 9

Poucas estrelas brilhavam no céu azul escuro aquela noite , apenas o silêncio e a sua respiração gelada como companhia.

Nabiki estava naquele lugar deserto, completamente imóvel , tentando um treino mental e meditação por quase seis dias inteiros. Sentia-se pequeno, solitário e friorento sentado alí, e a sensação de não conseguir se lembrar de nada era desesperadora.Embora muitos nomes de lugares e pessoas lhe fossem familiares , escapavam de sua memória antes mesmo que se formassem vagas imagens sobre eles. Tinha se lembrado de apenas um nome alguns dias antes...

Riuray...– pensou ele , e uma voz de homem lhe respondeu quase que imediatamente ecoando dentro da sua cabeça - Um planetinha de merda, nos quintos dos infernos da galáxia do Sul.

Eu tenho uma missão para lá hoje. – resmungou uma outra voz que não era a dele, mas de uma pessoa que ele conhecia tão bem como a sí próprio; as outras lembranças lhe eram vagas mas esta estava resoluta e clara em sua memória como a luz do sol , considerou Nabiki em alívio.

A lembrança veio tão subitamente que trouxe lágrimas aos seus olhos – não via essa pessoa à muito tempo.

Neechan... Asuka.
 
 
 
 

Vejiitasei , 737

Thoma tinha obedecido sem discutir às ordens do monarca sayadin. Se ele queria Nabiki morto, teria-o morto. O jovem guerreiro tinha lhe dado mais trabalho do que imaginara, mas a luta estava prestes a terminar.

- Me desculpe, Nabiki. - murmurou ele , uma pequena bola de energia crescendo na ponta do dedo enquanto ele se aproximava – Eu falei, mas ele não quis me ouvir...

Pronto. Nabiki estava completamente desacordado. Ou talvez não, porque ainda podia perceber vozes à sua volta.

- Te deu trabalho, hein? – um outro guerreiro se aproximou, rindo.

- Um pouco. Mas só por causa dessa malditas habilidades psíquicas que ele tem...

- O Rei também pensa como você... Vamos colocá-lo logo na nave.

- Vão exilá-lo em qual planeta ? – perguntou uma voz jovem, feminina e familiar. Nabiki a reconheceu quase que imediatamente.

- Em nenhum. O Rei ordenou que ele fosse mandado para o espaço em uma rota aleatória.

- Sem destino? Quem lhe falou tamanha idiotice ? Acabo de chegar da Sala do Trono e o Rei deu ordens para que o exilassem no planeta Riuray.

- Riuray...- repetiu Thoma , pensativo - Um planetinha de merda , nos quintos dos infernos da galáxia do Sul.

- Planetinha de merda ? Kuso! Eu tenho uma missão para lá hoje. – resmungou ela com uma careta.

- Honto?! Desde quando o Grande Freeza tem interesse naquele lugar?

- Eu não sei, e também não me interessa. Serei obrigada a ir para lá sem discutir . O Rei Vejiita está furioso porque considerou uma insolência eu entrar em sua sala para perguntar aonde Nabiki estava...

- Bem, o Rei falou diretamente comigo e ordenou que ele fosse mantido afastado. Você deve ter se confundido com essa história de mandá-lo pra Riuray... – explicou Thoma, ajeitando Nabiki dentro da nave.

- Mas não pode ser – repetiu Asuka – Ele é um bom lutador para ser desperdiçado assim! Se precisarmos dele em uma conquista, como vamos fazer?! Por acaso não pensaram nisso, quando deram essa ordem?

- Esta nave tem um dispositivo que permite localizá-la. Se precisarmos dele – o que eu acho difícil, já que estão nascendo saiyajins cada vez mais poderosos para substituir os anteriores– podemos localizá-lo e trazê-lo de volta.

- Anh – disse ela calmamente, um contraste com o nervosismo anterior – Entendo.

Thoma observou-a se afastar com seus passinhos curtos e seguros , em busca de uma nave para partir imediatamente de Vejiitasei em direção a Riuray e um pensamento não pôde deixar de passar pela sua cabeça:

" Kuso...! Acho que falei demais... "

Duas pequenas naves gêmeas deixaram Vejiitasei aquela manhã, distanciando–se rapidamente do seu planeta de partida. Alguns minutos depois, já bem longe , um clarão de luz esfuziante brilhou no canto dos olhos dela ; Asuka grudou o nariz no painel da nave, tentando ver da onde vinha tanta luz, que tão rapidamente desaparecera. Então ela percebeu, chocada, que Vejiitasei simplesmente não estava mais lá.
 
 

Terra, 770

Bulma observou Vejiita levantar-se , resoluto para ir de encontro ao poder que tinha sentido, e sua mente voltou vagarosamente a alguns anos atrás. Para o tempo em que Goku ainda estava entre eles.

Son-kun... desde muito tempo atrás, era ele quem a tinha protegido e aos outros.

Ela o tinha visto crescer , de uma ingênua e tola criança com cauda de macaco que estava descobrindo a força surpreendente encerrada dentro dele , até um ingênuo e tolo homem que encarava o seu imenso poder com comovente humildade e dignidade. E agora ele não estava mais lá para protegê-la , como sempre estivera antes...

Bulma teve um pequeno sobressalto ao sentir o braço de Vejiita segurando-a pela cintura; ela envolveu o pescoço dele com ambos os braços, encostando a cabeça em seus ombros.

O vento estava tão forte que cortava as suas pálpebras, e ela mal conseguia abrir os olhos com a velocidade, apesar de saber que ele podia voar muito mais rápido do que estava naquele momento. E então ela apertou os braços em volta dele , porque se sentia perdida e ele era tudo em que ela acreditava naquele momento, tudo o que tinha restado para ela acreditar.

* * *

Assim que tinha sentido o ki de Nabiki, ela preparou-se para a viagem com seus subordinados do planeta Riuray. Ela partiria primeiro para encontrá-lo, eles viriam logo depois para conquistar o planeta. Tinha colhido informações antes de partir e sabia que era um excelente planeta, que valia a pena ser invadido, mas este realmente não era seu objetivo principal. Finalmente a maldita nave tinha pousado...finalmente ela o localizou e sentiu o seu ki, certificando-se de que ele sobrevivera...finalmente, depois de estar como morto por quase trinta anos , ele podia se lembrar de como era viver novamente.

Mas ela realmente não contava com aquilo – com aquela outra pessoa que estava ali, como se tivesse pulado do seu passado para o presente e apenas a estivesse esperando sair da nave. O rosto e o ki eram familiares, e ela apenas não o tinha sentido antes porque estava muito baixo, e não sabia o porquê.

Ele tinha ganhado mais corpo, mais músculos e um pouco mais de altura . Estava mais bonito. Ainda assim, ela podia reconhecer nele a criança – o príncipe saiyajin que fora seu companheiro de infância por algum tempo.

Asuka olhou por um instante o rosto moreno de feições aquilinas e ar severo, e percebeu o brilho de reconhecimento e depois de perplexidade nos olhos dele; mas estes logo desapareceram para dar lugar ao seu comum ar indiferente. Mesmo quando criança ele nunca teve um ar ingênuo e bondoso. Como ela já tinha lhe dito uma vez, Vejiita era uma criança que tinha nascido com alma adulta.

Ela viu quando ele se inclinou para sussurrar alguma coisa à uma mulher junto dele. Pelo ki ela percebeu de imediato que não era uma mulher saiyajin. Era uma beldade frágil, com os olhos muito claros ornados por densos cílios escuros e uma pele de porcelana, os lábios finos de aparência rosada e macia. Toda ela parecia delicada, longe de ser uma guerreira.

"Quem é ela? " – foi a primeira pergunta que lhe veio a cabeça, seguida por uma enxurrada de outras dúvidas idiotas e momentâneas: o que ela estava fazendo ali naquele lugar deserto, o que o próprio Vejiita estava fazendo ali naquele planeta e afinal, por que o príncipe se permitiu ser tocado por alguém que não conhecia, e que nem ao menos era saiyajin, mas uma estúpida terráquea? A menos que...

Asuka não teve tempo de considerar aquelas perguntas. Sentiu o ki dele aproximando-se cada vez mais, um borrão luminoso que desceu do céu para parar em frente à ela.

Niichan...

A mão desceu suavemente pelo rosto dele. Não tinha envelhecido nada...Estava exatamente como se lembrava dele, exatamente como estivera naquele dia em Vejiitasei, exceto pelos ferimentos que agora estavam curados. A atenção de Nabiki voltou-se dela para o estranho barulho que crescia perto deles.

Ruidosamente as naves vindas de Riuray aterrissaram a uma distância razoável deles, como ela já esperava, uma após a outra . Vejiita, a mulher junto dele e mesmo Nabiki olharam–nas com espanto.

Asuka viu com o canto dos olhos Vejiita estreitar os olhos dele em hostilidade. Já tinha invadido muitos planetas, assim como ela, e já imaginava por que aquelas naves estavam lá ; a mudança de perplexidade para ódio nele foi tão rápida que o fez se sentir ferver por dentro.

Asuka sentiu a torrente de pensamentos furiosos vinda de Vejiita, tão palpáveis que era como se ela pudesse sentir a raiva inquieta crescendo dentro dele. Como explicar que aquilo aconteceu por acaso, que ela veio atrás de Nabiki e não dele, que ambos não tinham planejado coisa alguma?

"Nabiki... Maldito!"

Instintivamente Nabiki ergueu as mãos até os ouvidos, tapando-os. Foi apenas um pensamento transmitido por telepatia, sem som algum, mas o ódio transmitido por ele era ensurdecedor.

Com relutância ele considerou a possibilidade de Vejiita o atacar. Teria alguma chance de vencer contra ele?

Quase como uma resposta, sentiu o ki de Vejiita explodir com violência. Ele cruzou os braços sobre o peito e inutilmente tentou permanecer no mesmo lugar, mas o impacto vinha todo em sua direção. Então foi arrancado do chão e voou até bater com violência no paredão de pedras, sentindo a dor se espalhar rapidamente em milhares de ramificações pelo seu corpo fazendo-o perder completamente a sensação dos pés e das mãos.

Viu uma energia avançar para ele brilhando branca na escuridão, e seu corpo dormente pelo choque não conseguiu se mexer. Escutou alguém gritar – Asuka; e se sentiu cair no chão quando a energia o atingiu com outro choque de dor pelo corpo, o gosto de sangue tão conhecido em sua boca mais uma vez. Apesar do seu empenho desesperado para manter os olhos abertos a escuridão veio à tona, tragando-o, sua mente ainda reclamando pela lembrança da garota que o chamava de Niichan.

Continua...



Epílogo
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