Até o Dia Raiar e as Sombras Fugirem
Kaoru-Dono

Capítulo 3
Goten se apoiou debruçou por cima do irmão, tentando ver o que ele estava fazendo.

- Um livro? Sobre o quê que é?

- É um livro sobre as diferentes espécies de borboletas e outros insetos – respondeu- Alguns a gente pode ver aqui mesmo nas montanhas Paozu.

- É ? Lê pra mim uma parte... – pediu.

- Tá... – Gohan virou a página e começou a ler um parágrafo que ele julgava ser um dos mais interessantes.

- “ As borboletas tem hábitos de vôo  singulares e únicos em cada família. A maioria continua a bater suas asas mesmo depois de pousar em algum galho, e isto é característico em insetos da ordem dos lepidópteros...”

- Nãonãonão!!- disse Goten, batendo os pés no chão e tampando ambos os ouvidos – Esse livro é MUITO CHATO! Vamos fazer alguma coisa mais legal...

- Mas esse livro É BOM. – Gohan fechou o livro, com uma expressão contrariada.- E você deveria tentar começar a  aprender a ler! Na sua idade eu já sabia...

- .... Vamos voltar pra casa? –  pediu Goten, e Gohan teve a súbita sensação de que o irmão não tinha escutado nenhuma palavra anterior sua – É  que eu estou com fome...

Voltaram correndo, com o vento frio de inverno praticamente empurrando-os para dentro de casa.

- Tirem os sapatos do lado de fora se estiverem sujos !– escutaram Chichi gritar da sala.
Ela estava sentada em frente à máquina de costura, perto de uma das janelas para aproveitar a claridade natural do dia. O ar enchia-se com o zumbido da máquina, enquanto ela cortava com cuidado o tecido amarelo claro que seria o seu próximo vestido de Natal. Era uma cor típica para se usar no verão, mas ela nem ligava; adorava todas as cores e tons pastéis.

Os dois entraram correndo na sala, usando apenas as meias de lã.

- Sujaram os sapatos? – Chichi levantou a cabeça para olhá-los com reprovação.

- Hai. É porque está começando a nevar um pouco no alto das montanhas, e nós estivemos lá...
- Entendo... – respondeu ela distraídamente, bordando uma fina faixa de renda nas bordas do tecido.

- Mamãe – Gohan  tirou as meias e estendeu as pernas para o calor do fogão a lenha que cozinhava o almoço – Por que está fazendo um novo vestido? Alguma festa?

- Hai... Bulma ligou ontem nos chamando para passar o Natal na casa dela.- ela sorriu para o filho mais velho. -  Acho que você deve gostar, Gohan. Todos os amigos do seu pai devem estar lá.

“ Goku... Esta hora deveria estar chegando em casa, morto de fome...”

                                                * * *

Uma semana se passou. Bulma estava sentada na mesa da sala embrulhando com fitas e papel laminado os presentes de Natal que tinha comprado aquela tarde, enquanto Trunks os empilhava embaixo do enorme pinheiro natural, com pelo menos quatro metros de altura e inúmeras e
pequeninas lâmpadas douradas piscando entre os galhos e folhas verdes. Dezenas de empregados contratados para a ocasião percorriam os cômodos e os jardins, armando mesas de jantar, polindo os pequenos chafarizes e estátuas espalhados pelo jardim, enfeitando com bolas douradas, fitas e guirlandas natalinas os jardins internos da Corp. Capsula e cortando as plantas e arbustos dos
jardins externos na forma de animais, de modo que quando a neve os cobrisse novamente se transformassem em magníficas esculturas cintilantes cobertas de cristais de gelo.

Bulma riu dos bilhetinhos que Trunks tinha escrito e colado nos presentes. Sua letra era completamente torta e deveria ter pelo menos uns cinco centímetros de altura, com algumas letras trocadas; mas depois olhou para os próprios pés, envergonhada: seu filho mal sabia escrever direito e já tinha quatro anos. O Gohan já estudava livros de matemática com essa idade e provavelmente o filho mais novo de Chichi já deveria saber escrever melhor. “ Pelo menos, - pensou para se consolar- o Trunks passa mais tempo treinando com o Vejiita do que os filhos dela passaram com o Goku a vida toda.”

- Mãe – Trunks veio correndo para se pendurar no seu pescoço – Não comprou nada pro meu pai?

- O presente dele está comigo. Não embrulhei e não coloquei debaixo da arvore porque ele  nunca participa das festas...

“ Mas esse ano eu vou convencê-lo..” pensou ela com firme convicção. Há cinco anos tentava a mesma coisa, fazê-lo participar de alguma festa ou evento familiar, mas sem nenhum sucesso.  Ele fugia até mesmo dos empregados e de toda a bagunça que a casa havia se transformado nos últimos quatro dias, trancado na máquina de gravidade treinando o dia inteiro.

******

* Tinha frio. E fome . As roupas molhadas faziam sua pele arder incomodamente.

- Já examinou ele? – disse uma voz áspera e masculina ao seu lado.

- Sim. Como quase todos os bebês saiyajins nascidos nos últimos meses, ele tem uma capacidade de luta razoável, que talvez poderá se desenvolver mais com o treino.

- Tem certeza? Se ele tiver o poder muito baixo é melhor mandá-lo a outro planeta.

Uma mão morna lhe acariciou a barriga, provocando-lhe cócegas. A dona da mão falou com uma voz mais suave que a primeira:

- Use o seu rastreador se quiser conferir.

- Hai. – disse o outro, aproximando o próprio rastreador para medir o poder dele. A mulher afastou-se para permitir que ele se aproximasse mais, e o barulho estridente do rastreador medindo o seu poder incomodou-o.

- Trezentos e oiten...Kuso! – rosnou o saiyadin levando a mão até o rosto. O  rastreador tinha explodido perto do seu olho esquerdo, onde estava colocado. –Deve estar com defeito.

O Doutor observou , intrigado. Tinha visto a expressão de desagrado do bebê pouco antes do rastreador explodir.

- Não o levem ainda, por favor... Quero fazer mais alguns exames nele.*

“Tenho que sair daqui ” pensou o saiyajin no laboratório da Corp. Capsula, ainda de olhos fechados.

*****

- Baka!- grunhiu Vejiita puxando-a para cima, ao mesmo tempo em que mantinha o braço em torno da sua cintura – Avise antes de entrar para eu poder desligar a gravidade.

- Eu sei! – replicou ela , esfregando o nariz que tinha ido diretamente ao encontro do chão poucos segundos atrás. – Só esqueci...

- Como pôde se esquecer se foi você mesmo quem construiu essa máquina?- disse ele mal-humorado, enquanto dirigia a ela um olhar que revelava preocupação.- Poderia ter quebrado um braço, uma perna, ou ambos e mais alguma coisa

- Vejiita, ao contrário do que você parece pensar, meus ossos não são feitos de gesso! –reclamou ela com certa indignação, se sentando de pernas cruzadas no piso.- Porque demorou tanto? Faz tampo tempo que não sai daqui que resolvi vir vê-lo.

- Eu já ia sair pra comer. – disse ele, catando as luvas que estavam jogadas em qualquer canto.

- Ah, então você ia sair SÓ POR ISSO? Que bom para mim, não é? Eu que vim aqui procurar por você, e não por comida!

Ele olhou para seu rosto delicado e os olhos azuis ansiosos que demostravam toda a sua insegurança, e ofereceu a ela um sorrisinho perverso:

- Hah, cala a boca! Odeio quando você começa a falar essas demências.

- Quê ?!

Vejiita jogou-a por cima dos ombros como se ela não pesasse mais do que algumas gramas.

- Jante comigo. E não se atreva a ficar remexendo sua comida e mordiscando como se não tivesse dentes ou então bebendo chá como se fosse veneno; porque se fizer isso desta vez eu empurrarei PESSOALMENTE toda a comida pela sua garganta abaixo, e então você terá feito pelo menos
uma refeição decente em toda a sua vida... – acrescentou ele, quase rindo da cara que ela estava fazendo.

Quando entrou na cozinha duas pessoas já estavam lá, encarando-se mutuamente com olhos frios alheios à todo o resto. Vejiita reconheceu em uma delas o rosto do saiyajin que estava no laboratório desde a semana passada sem dar qualquer sinal de que ia despertar.

- Bulma, porque você não me disse que...

Mas Bulma não estava mais do seu lado.

- Ah...! Então agora você resolveu lutar à sério? – disse um dos dois guerreiros com sarcasmo. Uma cauda ondulante agitava-se atrás dele. Também era um saiyajin.

- Hai. Mas primeiro – respondeu ele, fixando os olhos no adversário- Um pouco de diversão.

Assim que acabou de pronunciar essas palavras, fixou seu olhar na cauda do outro, que imediatamente se desenrolou da cintura e começou a subir como uma serpente, alcançando o seu pescoço e enrolando-se nele.

- E então, Thoma... O que você acha.? Sua morte não vai ser muito bonita... O ar vai faltar, irá sufocar com a própria saliva , e talvez seu o pescoço se quebre... Acho que se isso acontecer você não sentirá mais muita dor. Mas eu não posso afirmar isso – acrescentou sorrindo – porque nunca morri...

“Thoma...? Era um soldado de classe baixa, que invadia planetas junto com Bardack, o pai de Kakarotto. – pensou Vejiita - Já morreu faz mais de trinta anos... O que ele está fazendo aquí?!”

Ele estava de joelhos no chão da cozinha se sufocando com a própria cauda atrás de Vejiita; o saiyajin que ele acreditava estar há oito dias tranquilamente desacordado no laboratório estava na sua frente, olhando para Thoma como se não visse Vejiita na frente dele.

“É como se eu fosse um mero espectador dessa luta... e parece que eles não me vêem aquí.”

- Você é inconveniente, Thoma. – disse monotonamente, uma absoluta falta de expressão lhe velando os olhos. – Está demorando muito para morrer. Então eu o farei mais rapidamente por você. – disse, estendendo um dos braços para frente; um ponto de luz vermelha começou a brotar
da palma da sua mão. – Morra.

- Ainda não... Não tão rápido. – grunhiu ele, a cauda se desenrolando lentamente do seu pescoço e caindo inerte ao seu lado, balançando. Tinha conseguido quebrar a espécie de feitiço que lhe fora lançado e ela voltara ao normal.

- Bom ! Muito bom mesmo. – disse admirado, o ataque morrendo na palma da sua mão. - Achei que você nunca conseguiria quebrar este ataque; ia ser divertido ver você morrer asfixiado pela própria cauda...Talvez  eu me divirta de verdade esta noite.

- A hora de falar acabou! – disse Thoma se levantando – Lute sem truquezinhos dessa vez!

Sem advertir, ele estendeu os dois braços unidos para frente e um jorro de luz amarela saiu de suas mãos na mesma hora que um jorro de luz vermelha saiu das mãos de Nabiki – que era o nome do outro saiyajin .Os dois poderes avançaram um contra o outro e atravessaram o corpo de Vejiita como se ele não estivesse alí , para logo depois se chocarem num encontro de forças, unindo-
se  em um só.Thoma aumentou o seu ki de maneira considerável , aumentando também a intensidade do seu ataque. Lentamente, o jorro de luz amarela cobria o de luz vermelha, encurralando Nabiki contra a parede . Seus olhos fixos e seu rosto determinado diziam claramente que ele não estava disposto a perder, mas suas mãos tremiam demais por não conseguirem suportar tamanha carga de energia lançada por Thoma e esquentaram tanto que pareciam prestes a queimar. Num ultimo esforço, conseguiu desviar o ataque para o alto e caiu de joelhos no chão, ofegante.

Vejiita tinha saído do caminho e se mantinha afastado, olhando como se não pudesse ser real. O ataque desviado passou suave e silenciosamente pelo teto, quando deveria destruí-lo completamente.

- Essa é a minha chance – Thoma pensou alto, e sorrindo, avançou para cima de Nabiki, aplicando-lhe uma série de golpes do estômago que o fizeram cuspir sangue, dobrando-
se em dois no chão. Nabiki levantou o rosto e um brilho de ódio insano lhe passou momentaneamente pelos olhos, fazendo Thoma ser levantado no ar como se estivesse sendo suspenso por fios invisíveis e se chocar contra a parede violentamente, um fio de sangue escorrendo entre seus cabelos negros.

- Baka!!- rosnou Thoma furiosamente– Pare de usar estas suas técnicas covardes de poderes psíquicos!

- Esta é a MINHA técnica – ofegou Nabiki – Se você acha ela covarde, só lamento por você . Pode até ser covarde, mas é minha!!

- O Rei Vegeta me deu ordens para destruir você e é o que eu vou fazer. –disse Thoma, correndo para cima dele, levantando-o pela gola do uniforme.

“ Meu PAI ?! ” Vejiita começou achar aquilo definitivamente estranho.

- O Rei Vegeta ?! – os olhos de Nabiki se arregalaram, incrédulos, mas logo se fecharam novamente quando ele recebeu uma cabeçada de Thoma no supercílio. – Eu não acredito em uma palavra do que você diz! – gritou ele, se levantando do chão e sentindo o gosto amargo do sangue que escorria pelo seu nariz e pelos seus olhos, fazendo-o enxergar quase nada.

Thoma se aproximou com o dedo indicador apontado para sua cabeça, e falou com certo pesar:

- Me desculpe, Nabiki. -  uma pequena bola de energia crescia na ponta do seu dedo, enquanto ele se aproximava – Eu falei, mas ele não quis me ouvir...

*- Mas ele poderia tornar-se um magnífico guerreiro ....- começou a dizer Thoma timidamente ao  lado do trono.

- Chikusho! – rosnou ele, se virando para encarar Thoma furiosamente . – EU sou o Rei! Como ousa contestar minhas decisões? Apenas limite-se a cumprir cegamente as ordens! Será que é tão estúpido que não percebe que para continuar entre nós ele deveria ter uma lealdade muito
superior aos seus poderes? *

“... É uma pena. Você se tornou mesmo um guerreiro de verdade...” pensou Thoma, ao mesmo tempo que Nabiki recebia seu ataque e perdia momentaneamente a consciência.

- Te deu trabalho, hein? – um outro guerreiro se aproximou, rindo.

- Um pouco. Mas só por causa dessa malditas habilidades psíquicas que ele tem...

- O Rei também pensa como você... Vamos colocá-lo logo na nave.

****

- Vejiita !

- .....Hmn ?

Bulma sacudia seu braço com uma cara assustada. Quando ele se voltou para olhar para frente.
Não havia mais ninguém lá.

Continua...



Capítulo 4
Dragon Ball
 
 
Hosted by www.Geocities.ws

1