Capítulo 13 - Misteriosas Faixas
- Muito bom-dia, Kurama-Sama!
- Eu quero dormir!
- Já está tarde! Acorde, preguiçoso!
- Eu estou cansado! Não dormi a noite toda graças a você... Hiren, retribua e me deixe dormir.
- Graças a mim? Raposa hentai, a culpa foi sua.
- Eu não tenho culpa nenhuma! Olhe pra mim! Eu sou apenas um velho!
- Um velho youko!
- E você? Que nem parece um humano? NÃO ABRA A CORTINA!!!
- O senhor me acostumou assim... gomen ne, pela cortina, mas só assim pra te arrancar dessa cama.
- NÃÃOO!!!! Me deixa dormir!
- Acorde!
- Você vai me pagar, Hiren!
- Vamos logo! Seu banho está esperando!
Kurama sentou-se na cama, desistindo.
- Está certo. Vamos lá.
Hiren segurou Kurama no colo e o levou para a cadeira de rodas .
- Acho que estou velho demais... – Kurama reclamou .
- Não fale assim... – Kurama ajoelhou-se e deitou a cabeça nos joelhos do youkai/humano que o acariciou.
- Você mantém um ar de inocência até hoje. Acho que a sua pureza nunca vai lhe deixar.
Hiren sorriu timidamente.
- Eu te amo, itoshii...
- Volta pra cama, koibito. Vem fazer amor com a sua kitsune...
- O quê? Novamente?!!
- Acha que eu não tenho fôlego?
- Eu? Não ...
* * *
- Os dois se atrasaram umas quatro horas... o que aconteceu?
Hiren corou violentamente e abaixou a cabeça, mas Kurama segurou as mãos do seu koibito e respondeu.
- Nós perdemos a hora. Acho que não vai dar nem pra tomar café da manhã...
- Eu... vou preparar alguma coisa pro senhor comer.. é... é isso que eu vou fazer. Com licença...
Hiren foi pra cozinha e Kurama sorriu.
- O que há com ele?
- Acho que ele teve bons sonhos.... está feliz...
Hitsuke deu de ombros e perguntou:
- Vamos continuar?
- Claro! Vamos lá. Bom, eu estava falando do eu trabalho. Eu estava pensando e cheguei a conclusão de que tem algumas invenções minhas fora do caderno que te dei... eu bolei uns remédios, umas armadilhas para youkais.... nada de muito fantástico.
- Durante esse tempo o senhor continuava a ter aulas com Katsui?
- Sim. Ele tinha muito para me ensinar.
E eu também ensinei muito a ele. Nós nos tornamos cada vez
mais poderosos, mesmo sem usar o ki. Vencíamos qualquer um que se
atrevesse a nos desafiar. E assim, íamos levando a vida, bem longe
das causas políticas mas, nem por isso, desistindo de lutar. Daí,
não há muito o que dizer, pulo alguns meses para te contar
sobre um dia muito especial. Quando eu recebi uma visita muito especial
de Yomi.
***
- Olá, Kurama! Como vai indo?
- Bem, Yomi. Obrigado. E você?
- Estou ótimo e trago grandes notícias. Como vai, Katsui?
- Bem, Yomi-Sama! Obrigado.
- Mas, fale! Quais são as novidades?
- Shura e Shuichi conseguiram fugir!
Kurama sorriu:
- Que bom! Como conseguiu isso, Yomi?
- Aí está! Eu não fiz nada. Eles fizeram por conta própria. Parece que eles são amigos...
- E você sabe se eles estão bem?
- Provavelmente. Com a minha influência, impedi que eles fossem caçados e dei tempo a eles de fugir. Além disso, mandei um mensageiro de confiança que conseguiu encontrá-los próximos a fronteira com o Makai. Ele os ajudou a entrarem no Makai e deu a eles alimentos e roupas para mais de um ano. Eles vão conseguir sobreviver em segurança por um bom tempo, eu lhe asseguro.
- Isso me deixa muito tranqüilo... e Manabu? O que falou a respeito?
- Nada. Eu continuo servindo a ele com uma fidelidade ainda maior. E eu aconselho que você finja que não sabe que Shuichi fugiu. É mais seguro. Não contrarie Manabu mais do que já contrariou.
- O que você queria? Que eu casasse com aquele nojento?
- Sabe que ele tem muito prestígio com os youkais fêmeas e machos? Acham que ele é o mais bonitos de todos...
- Que nojo! – Katsui quase cuspiu.
- É inegável que ele é bonito... mas a idéia de encostar nele me dá muito asco! – Kurama respondeu.
- Você é quem sabe...
- Vamos mudar de assunto, amigo?
- Tudo bem..
- Eu reparei que os seus chifres estão crescendo.
- Estou me esforçando para ficar mais poderoso. Mas, acho que o meu corpo não vai suportar se eu continuar nessa tentativa de aumentar o meu ki.
- Yomi... por que está fazendo isso?
- Não há outra saída, Kurama. Eu sei que o último estágio da força é a morte. Mas eu tenho que agüentar firme e me fortalecer enquanto o meu corpo consegue suportar o meu ki.
- Isso é loucura! Você quer atingir o nível Super S?
- Se Manabu e seus amigos conseguiram, eu também posso.
- Mas...
- Deixe, Kurama. – Katsui interrompeu – Yomi-Sama tem toda razão. Todos temos que dar tudo, mesmo correndo o risco de morrer. Só assim venceremos Manabu.
- Está bem. – Kurama concordou a contragosto.
- Yomi-Sama, eu quero lhe dar um presente.
- Um presente?
Katsui pegou dois pedaços de papel e estendeu a Yomi.
- Contenções de energia? – Yomi se admirou.
- Não são contenções comuns, são poderosíssimas! Quando a sua pele começar a rasgar por causa do poder, use isso nos pulsos e só tire quando precisar lutar e sua vida realmente estiver correndo perigo.
- Obrigado, Katsui.
- Não é nada. O senhor merece porque é um lutador. Além disso, eu não vou precisar mais delas. Katsui apontou para o próprio pescoço, onde estava coleira.
- Yomi-Sama! – um guarda se aproximou da cela- o tempo acabou.
- Eu entendo. – Kurama, cuide-se. Vou manter a minha promessa e o tirarei deste lugar. Eu prometo! Katsui, obrigado. Isso vai me ajudar muito.
- Adeus, Yomi-Sama. Sou eu que devo tudo ao senhor.
Yomi se retirou e Kurama voltou-se para Katsui.
- Vai dar certo?
- Claro que vai.
***
- A partir daquele dia, novas perguntas surgiram na minha mente. Eu simplesmente não entendia o motivo de Katsui conservar consigo contenções de energia tão raras e poderosas. O passado dele me intrigava. Cada vez mais eu queria saber sobre o papel dele na Resistência do Makai, qual era o real poder daquele cara e porquê ele nunca apareceu em nenhum tornei antes da guerra.
- E o senhor fez essas perguntas pra ele?
- Não... ele guardava muito bem o seu passado. Até hoje, eu pouco sei sobre ele e olha que eu tentei pesquisar mas não encontrei absolutamente nada. Katsui, que antes não passava de um tremendo idiota, passou a se mostrar como um verdadeiro ponto de interrogação na minha mente. E no final de tantas indagações, eu me peguei admirando aquele youkai.
***
- Cabeça Vermelha, você está calado... tá doente?
Kurama riu e respondeu:
- Eu andei pensando... Nosso ódio acabou se tornando uma grande amizade.
- Iiih... não venha com esse papo suspeito ou eu lhe dou uns tapas.
- Pára com isso! Eu estou falando sério! Você sabe bem que pode contar com a minha ajuda, não é?
- Não estou entendendo esse seu monte de besteiras, Cabeça Vermelha!
- E sabe o que eu também estava pensando? Que você me lembra o Hiei.
Por instantes, Kurama pensou que Katsui interpretaria da pior forma aquela frase e considerou a hipótese de apanhar... mas Katsui não se moveu e, para seu espanto, sorriu:
- Você é muito esquisito, Cabeça Vermelha. Mas eu não sou estúpido. Entendo os seus sentimentos, afinal, acho, agora só temos um ao outro, ne?
- Obrigado, Katsui.
- Não agradeça, baka! E eu vou me lembrar que posso contar com você sempre. Ajoelhou, tem que rezar!
Kurama riu:
- Vamos dormir.
- É. Quando falamos besteiras demais, sempre vemos que passou da hora de dormir.
***
- Está abafado aqui... – Kurama se interrompeu- acho que amanha vai fazer um tremendo calor.
- O senhor tem razão.
- O lanche está servido! – Hiren entrou na sala para anunciar.
- Obrigado, Hiren. – Kurama respondeu – e, por favor, abra mais um pouco essas janelas, está muito quente aqui.
- Sim, Kurama-Sama.
Hiren abriu as janelas para deixar uma brisa perfumada entrar e aliviar um pouco o calor. Kurama se aproximou da mesa e provou alguns quitutes feitos por Hiren.
- Está uma delícia. – Kurama aprovou sorrindo.
- Obrigado.
- Hiren-San, posso lhe fazer uma pergunta? – Kanashiro quis saber.
- Claro.
- Como consegue usar camisas de mangas compridas nesse calor? Eu tenho reparado que nos últimos dias você não usou mangas curtas nenhuma vez.
- O senhor é muito observador, Kanashiro-Sama. Bem, eu não uso mangas curtas...
- Porque é teimoso! – Kurama interrompeu.
- Eu não me sinto a vontade com blusas assim. – Hiren completou – Eu já me acostumei.
- Teimoso! – Kurama resmungou – Eu nunca consegui que ele usasse blusas fresquinhas. Não tem jeito.
- Está bem, então. Se você se sente melhor assim... – Hitsuke deu de ombros e continuou a comer.
- Hiren, me ajude com esse bule, senão eu vou acabar me queimando todo com esse chá...
- Ah... gomen. – Hiren correu para ajudar Kurama a se servir.
- Hiren, amanha eu quero ir à piscina. Faz tempo que eu não dou um mergulho. Você vai me ajudar?
- Claro, Kurama-Sama.
- Kanashiro vai nos acompanhar?
- Hñ? Bem, acho que não.
- Por que não? – Hiren quis saber.
- Não trouxe roupa de banho.
- Se o senhor quiser, eu peço para um criado ir na cidade comprar.
- Não é necessário, Hiren. Muito obrigado.
- O senhor é quem sabe.
- Não se preocupe comigo.
- Hiren, sabe o que eu vou fazer depois desse lanche delicioso? – Kurama mudou de assunto.
- O quê?
- Voltar pra cama.
- Kurama-Sama!!
- Eu estou morrendo de sono, Hiren. Estou sem disposição para falar e nem para fazer nada.
- Tudo bem, Kurama-Sama. O senhor venceu.
- Kanashiro, lamento, mas eu não vou mais falar por hoje.
- Por mim, está ótimo. Eu ia pedir mesmo uma pausa... estou com uma dor de cabeça...
- Bom, eu terminei. Pode me levar para o quarto agora.
Hiren empurrou a cadeira de rodas até o quarto e então começou a trocar a roupa de Kurama depois de deitá-lo na cama.
- Ai... me cobre, Hiren?
- Claro. – Hiren cobriu Kurama e o beijou com suavidade – Durma bem.
- Hiren?
- Hñ?
- Se você quiser as faixas, eu as coloquei na segunda gaveta da escrivaninha.
- Obrigado, Kurama-Sama. Eu vou pegá-las.
- Mas eu ainda acho que você não precisa delas.
- Não quero assustar Kanashiro-Sama.
- Como um anjo como você pode assustar alguém?
Os dedos de Kurama deslizaram pela face de Hiren.
- Eu prefiro assim.
- Está bem então. – Kurama fechou os olhos e adormeceu rapidamente.
- Obrigado, Kurama-Sama. – Hiren falou, mesmo sabendo que a raposa já estava adormecida.