Biografia da Amargura
Yoko Hiyama
 

Capítulo 12 - Invenções (In)úteis

- Kanashiro, você tem problema de insônia? Parece que não dorme a dias.

- Confesso que não ando dormindo bem ultimamente.

- O quarto não está confortável, Kanashiro-Sama? – Hiren perguntou- Se for isso, posso lhe instalar em outro quarto de sua escolha.

- Não se preocupe, Hiren. O meu quarto é ótimo. É que eu tenho o costume de trabalhar a noite e acabo esquecendo que preciso dormir...

- Tem que parar com esse hábito, rapaz. Isso faz um mal a saúde....

- Eu não consigo, não, Kurama-Sama. É melhor até não pensar nisso.

- Você é quem sabe. Vamos tomar nosso café da manhã e voltar ao trabalho.

Depois da refeição, Kurama reiniciou seus depoimentos.
 

******

- Com isso, cerca de três anos tinham passado e mais três anos se foram nessa rotina. Todo esse tempo e eu consegui fazer apenas alguns ataques inexpressivos. Até que eu finalmente desisti, vi que aquilo, além de perigoso para todos, era uma perda de tempo e, com isso, passei a me dedicar mais aos meus estudos e pesquisas. Katsui também tinha se cansado daquilo e abandonou a subchefia do grupo ao mesmo tempo que eu e passou a treinar luta. Foi nessa época que eu fiz algumas descobertas novas.

. . .

- Minamino Shuuichi-Sama? Encomenda para o senhor...

- Ah, que maravilha! Me dê aqui.

- De quem é? – Katsui se forçou a perguntar.

- De Yomi.

- Yomi-Sama? – Katsui levantou-se da cama , agora sim, realmente interessado. – O que é?

- Veja você mesmo.

Kurama abriu a caixa e o interesse de Katsui acabou no mesmo minuto.

- Ah... são só sementes.

- Lamento decepcioná-lo, Katsui-Kun. Eu pedi que Yomi me mandasse umas sementes.

- E o que vai fazer com isso?

- Não muita coisa... sem meu ki, não posso desenvolver as plantas rapidamente. O que me resta a fazer é plantar, regar e esperar... Bom, mas tempo é que eu mais tenho, ne?

- Tem também umas plantinhas...

- Isso? São umas ervas que eu quero estudar melhor, pedi para que Yomi me arranjasse, já que elas só crescem no Makai.

- Ele deve ter tido um trabalho considerável pra arranjar tudo isso, né?

- Sim. E eu quero agradecer muito a ele por isso.

- Sabe? As vezes eu fico me perguntando porque um cara como ele se arrisca tanto pra ajudar você.

- Fidelidade a um amigo. Eu faria o mesmo por ele.

- Faria? – Katsui voltou pra cama sem esperar pela resposta.

"Katsui está começando a me conhecer melhor do que eu gostaria... "

******

- Espere um pouco! Katsui desconfiou dos sentimentos de Yomi?

- Não sei. Nós nunca conversamos sobre isso e se essa hipótese surgiu na mente de Katsui, tenho certeza de que ele a afastou rapidamente dos seus pensamentos.

- E o senhor não se arriscaria por Yomi?

- Da forma que ele se arriscou por mim? Não. Esse tipo de coisa só se faz por quem a gente ama.

- Talvez o senhor tenha razão... Mas, continue, por favor.

- Depois de receber as ervas eu comecei a estudar dia e noite... Alguns dos resultados da minha pesquisa estão no livro que eu te dei.

- Sim.

- Mas outros eu preferi manter na cabeça por segurança...

******

- Eu odeio ler, Cabeça Vermelha! – Katsui jogou o livro longe, com raiva.

- Continue recolhendo os dados que eu pedi, Katsui. – Kurama falou, indiferente ao ataque do inimigo.

- Não! Isso é muito chato! Você não entende? Eu gosto da luta, tripas, sangue! Não gosto de livros!

Kurama suspirou:

- Desde o primeiro momento que eu te vi pensei que você fosse ignorante....

- O que disse?

- Ah? Não... nada... Pare de resmungar e trabalhe. De outra forma, você não vai aprender os segredos das plantas.

- Eu não quero aprender mais nada. Isso é muito chato.

- Katsui, eu esto terminando uma experiência nova, anote os dados que eu te pedi porque eu preciso deles.

- Tá! Falta pouco mesmo... – Katsui recolheu o livro jogado e anotou os últimos dados, jogando o caderno em cima de Kurama. – Toma essa merda!

- Obrigado... Nossa! Que milagre! Você fez tudo certo!

- Você quer levar porrada, Cabeça Vermelha?

- Como você é mal humorado... Hum... é isso! RÊ! RÊ! Deu certo! Aprecie as minhas novas invenções!

- O quê? Você tá maluco? É só um pó brilhante e um líquido nojento. O que isso tem de importante?

- Na verdade nada.

- Então por que está tão empolgado, baka?

- Mesmo que isso não tenha muito uso no momento, é a primeira coisa que consiga criar sem usar o meu ki. Um pequeno, mas importante passo.

- Baka...

- Posso mostrar como funciona?

- Vá em frente! Só não me faça de cobaia!

- Não era a minha intenção. Você me mataria se eu fizesse isso com você... vamos procurar alguém para testar...

- Hum... quem sabe aquele idiota ali? Eu o odeio! Só porque ele estuda o tempo todo e tem mais cultura do que a maioria, se acha o superior!

- Qual é o nome dele?

- Koreo....

- Koreo? Que nome horroroso... eu concordo, vou chamá-lo. KOREO-SAN ?

- Hai?

- Você pode vir aqui um minuto?

- Hai.

Koreo largou seus livros e correu até a mesma onde estavam Kurama e Katsui.

- O novo líder do grupo de resistência me disse que você estava fazendo um grande trabalho...

- Ele disse isso? Eu faço o que posso....

- Eu fiquei muito feliz com o seu trabalho e resolvi lhe dar um presente.

- Um presente, Kurama-Sama?

- Isso! – Kurama estendeu um frasquinho de perfume.

- Perfume? – O youkai abriu o frasquinho e cheirou – Que aroma delicioso!

- Por que não experimenta agora?

- Vou fazer isso. Depois do banho usarei. Obrigado, Kurama-Sama!

- Ora, não foi nada.

Koreo se afastou, levantou o precioso frasquinho nas mãos enquanto Katsui dava a Kurama o seu pior olhar.

- O que foi agora, Katsui?

- Seu imbecil! Você fez um perfume? Eu deveria te matar por isso!

- Katsui, sua impaciência ainda te levará para o túmulo...

- O quer dizer?

- Espere! Esse não é um perfume comum... a propósito, depois da hora do banho, faça o favor de usar isso.

- Um pregador?

- É. Ponha no nariz.

Kurama sorriu em resposta ao olhar interrogativo de Katsui e começou a arrumar suas coisas.

- Acho que eu vou tirar uma soneca...

- Espere! E esse pó brilhante?

- Depois eu mostro pra quê serve...
 

******

- No dia seguinte, Katsui entendeu bem o poder daquele perfume.

******

- Maldito!!!

Koreo entrou na biblioteca, furioso e jogou o frasco na mesa.

- O que aconteceu? Por que está tão nervoso?

- O que tem nessa porcaria que você me deu?

- Nada demais!

- O quê? Depois que eu coloquei essa droga, os outros ficaram me olhando de uma forma esquisita, alguns começaram a passar a mão em mim, eu recebi propostas, declarações! Até o meu companheiro de quarto tentou me agarrar, dizendo que o meu cheiro o deixava louco. Você estava querendo me sacanear?

- De forma alguma, Koreo-San! Eu devo Ter errado na fórmula. Era pra ser algo inofensivo! Não entendo mesmo porquê isso aconteceu. Gomen, ne?

Koreo deu a Kurama um olhar frio e saiu da Biblioteca, batendo a porta. Foi o suficiente para que Katsui, que até agora só observava aquilo espantadíssimo caísse na gargalhada descontroladamente...

- Aquele imbecil!!!! QUÁ! QUÁ! QUÁ! QUÁ!

Kurama colocou a mão sobre a boca, controlando a risada:

- Eu lhe asseguro que esse não vai se fazer de superior nunca mais.

- Muito bem feito, Cabeça Vermelha!

- Agora entendeu? Esse perfume tem um aroma capaz de atrair sexualmente qualquer youkai, seja ele, macho, ou fêmea. É simplesmente irresistível.

- Fantástico!

- No momento, não tem muito uso, mas não é pouca coisa...

- E o pó? E o pó?

- Eu vou te mostrar. Quando formos na nossa última reunião da resistência. Quero ver se as coisas estão indo bem por lá.

- Não é tão fácil deixar um movimento tão importante, né?

- Você tem toda razão. Mas hoje, Kurama-Sama estará ainda mais esplêndido! Com a ajuda disso!

- Só quero ver...

* * *

- Afinal, o que era aquele pó?

- Eu vou lhe explicar...

* * *

- Fazer reunião só de toalha é um inconveniente... – Kurama se queixou.

- Hunf! Principalmente quando esses malditos homossexuais ficam de olho no meu corpo!

- Posso ser um maldito homossexual, mas nunca me ocorreu olhar para o seu corpo...

Katsui apertou o pescoço de Kurama:

- O que está querendo insinuar?

- Nada! Ou você quer que eu olhe pro seu corpo? Hum... a sua toalha caiu... que interessante!

Foi o suficiente para Katsui afundar o crânio de Kurama:

- Ai, seu estúpido!

- Engraçadinho! Ponha logo essa purpurina, sua bicha!

- Isso não é purpurina! E coloque sua toalha antes que eu fique hipnotizado... AI!

Katsui enrolou a toalha na cintura enquanto Kurama jogou um pouco de pó sobre sua cabeça.

- Pronto...

- Incrível! Você está brilhando! Parece mais alto, mais poderoso! Ei! Que merda é essa que eu estou falando?

- A mais pura verdade... esse pó faz com que sem pessoas te confundam com um semideus.

- Uau! Mas isso é simplesmente fantástico!

- Vamos entrar nesse banheiro de uma vez.

- Ei! Cuidado para que ninguém te agarre!

- Você é mesmo pouco inteligente, não é? Esse pó não é pra isso! As pessoas vão me adorar como se eu fosse um Deus! E ninguém agarra um Deus!!!

- Você é Maquiavélico, Kurama!

- Vamos entrar de uma vez.

* * *

- E como é que foi?

- Deu certo! Aqueles youkais quase ajoelharam quando me viram...

- Que invenções incríveis! Se eu tivesse isso, poderia ganhar todas as gatas da cidade!!! – Hitsuke divagou.

- Lamento, mas nenhuma das duas funcionam com humanos...eu não podia correr o risco de cair na minha própria armadilha.

- Que pena!

- Aquilo foi apenas uma diversão! Depois daquele dia, eu nunca mais usei aquilo na cadeia.

- O senhor nunca precisou disso pra chamar atenção. – Hiren não controlou o comentário.

Kurama se voltou pra Hiren e sorriu:

- Obrigado, criança. Me leva pro quarto?

- Claro...

"Um baba pelo outro de uma forma quase descarada." – Kanashiro pensou.

* * *

- O senhor está pronto pra ir pra cama, feiticeiro?

- Hiren... eu não sou feiticeiro.

- Cama... itoshii!

Hiren colocou Kurama na cama e o cobriu, deitando-se ao seu lado. a raposa o beijou e passou os braços pela cintura do companheiro que sussurrou no seu ouvido:

- Que pena que aquele perfume não serve para humanos.

Kurama beijou o pescoço de Hiren com sensualidade:

- Precisa?

- Claro que não...



Capítulo 13
Biografia da Amargura
Yu yu Hakusho
 
 
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