Biografia da Amargura

 Yoko Hiyama
 

Capítulo 5: A condenação

- Hiren, esse mingau está uma delícia. Por favor, me dê um pouco mais.

- Claro! - Hiren quase deu uma risada de tanta felicidade - que bom que o senhor recuperou seu apetite.

- Com aquela vitamina que você me deu... não tenho muita opção...

- Agora o senhor sabe como era ruim eu ter que tomar aquela vitamina quando não tinha fome.

- Não reclame! Você já come que nem um passarinho. Eu não podia permitir que você emagrecesse ainda mais.

Kanashiro entrou na sala naquele momento.

- Me desculpem, acho que dormi um pouco demais.

- Não se preocupe com isso, Kanashiro. Sente-se aí e coma com calma... Nós temos todo o tempo do mundo.

Um criado entrou na sala e anunciou:

- Kurama-sama, trago um recado.

- Pode falar.

- O grupo da Restauração está aqui e quer ser recebido pelo senhor.

-Hiren, você já não tinha desmarcado com eles?

- Sim, Kurama-sama. Mas parece que eles vieram mesmo assim.

- Que pena! Andaram toda essa distância por nada.

- O senhor vai recebê-los?

- Vou. Agora é tarde. Mande eles entrarem.

- Sim, Kurama-sama.

- Hiren, acho que o mingau fica para depois.

- Sim senhor. Eu vou servir o café do senhor Kanashiro.

- Não, obrigado, Hiren. Se Kurama-sama permitir, eu gostaria muito de ouvir essa conversa.

- Fique à vontade, Kanashiro.

Um grupo de seis homens entrou na sala e se ajoelhou perante Kurama.

-Kurama-sama, é uma honra falar com Vossa Senhoria.

- Levantem-se, rapazes, já não sou mais seu imperador, portanto não precisam ficar de joelhos.

- O senhor sempre será nosso imperador. - um deles respondeu ainda ajoelhado.

- Estamos aqui para mostrar nossa nova proposta para Vossa Senhoria.

- Eu já lhe disse que não tenho interesse em voltar ao trono. Muito menos por meio de golpe.

- Não faremos por golpe, Kurama-sama. Pretendemos lançá-lo na próxima eleição geral para imperador. Temos certeza que o senhor vai ganhar.

- Sim, e governará até sua morte, e depois dela seu filho adotivo Hiren-sama tomará o poder no seu lugar.

- O quê?

- Exatamente! Pretendemos fazer uma dinastia dos Minamino.

Hiren segurou o riso ao ouvir aquela idéia absurda.

- Hiren, me diga, você tem algum interesse em governar os Três Mundos por toda a sua vida? A decisão é sua.

- Não, Kurama-sama! Como o senhor, eu quero distância daquele ambiente de ambição e poder.

- Bom, eu sou da mesma opinião. Por favor, se convençam de uma vez que eu não vou voltar pro poder.

- O senhor não entende. Durante o seu governo o povo viveu da melhor forma, com todos os direitos. O senhor foi o melhor imperador da História!

- Sabe qual foi o meu melhor ato? Instituir novamente a democracia. Agora vocês podem escolher o melhor governantes para vocês...

- Nós queremos o senhor.

- Olha, por que vocês não se preocupam em auxiliar o governo do atual imperador ao invés de pressioná-lo com movimentos insustentáveis?

- Kurama-sama, como pode dizer uma coisa dessas? Nós serviremos apenas ao senhor.

- Senhores, por favor, não insistam. - Hiren interrompeu - acho que Kurama-sama foi bem claro.

- Sim, perdoe nossa insistência. Nós vamos embora.

- Não precisam ir tão cedo. Vocês devem estar cansados e com fome. Tomem café da manhã conosco.

- Nós podemos?

- Lógico... Kanashiro-san, eles vão poder ver o estímulo mais terrível para mudar essa idéia de me colocar no trono. Hiren-san me dando mingau na boca.

Kanashiro riu enquanto ajudava Hiren a acomodar os convidados à mesa.
 


* * * * *

- Depois do mingau, acho que eles não voltam mais. - Kurama arriscou o palpite.

- Eu não apostaria nisso se fosse o senhor... Essa idéia está muito fixa na mente de todos.

- Pois eu acho tudo isso uma perda de tempo.

- Eu não posso dizer o mesmo, Kurama-sama. - Kanashiro balançou a cabeça. - porque eu sou um restaurador.

- Por favor, não fale essa palavra. Lamento decepcioná-lo mas o senhor é a favor de uma causa perdida.

- A esperança é a última que morre.

- Vocês não desistem mesmo. Bom, vamos encerrar o assunto por aqui. Continuemos os depoimentos.

- Certo... o que aconteceu depois da visita de Manabu?

- Ah... eles colocaram no meu pescoço a coleira de contenção de energia e eu passei a ser oficialmente um criminoso. Também fiquei sabendo que seria formada uma comissão julgadora que decidiria se eu era culpado ou inocente por ter matado Hiei... Logo eu percebi que estava metido numa perfeita enrascada...

- Mas como pode uma coisa dessas? Era evidente que o senhor não tinha matado Hiei.

- Com as testemunhas e provas plantadas por Manabu, deixou de ser tão evidente. Fora que a comissão já foi formada com o objetivo de me condenar e não de me julgar seriamente.

- Tudo isso foi para te pressionar.

- Sim, mas naquela época eu preferia ser condenado à morte a me casar com ele.

- E depois... esse pensamento mudou?

- Mudou... a vida muda muito a gente. Ainda mais quando é a vida que eu tive. Mas eu vou te explicar tudo isso mais tarde.

- Tudo bem, vá em frente.

- A minha comissão julgadora foi composta por três youkais. Mukuro, Hokushin e Yomi. Desses, o único interessado em descobrir a verdade era Yomi. Os demais foram instruídos a me condenar à morte.

- Manabu deixaria que você morresse?

- Acho que sim. Ele é bem do tipo que pensa que seria melhor que eu realmente morresse ao não ficar com ele. Também existia a possibilidade de que Manabu tivesse tanta certeza de que eu me renderia a ele que jogou tudo.

- Que personalidade doentia.

- Que me perseguiu durante toda a vida.

- E como o senhor conseguiu se livrar da pena de morte?

- Foi por causa de uma articulação muito inteligente de Yomi-sama. Ele salvou minha vida. Mas eu vou te explicar isso um pouco melhor.
 

* * * * *
 

- Visita pra você, Kurama!

- Visita?

Yomi entrou na sala.

- Você está bem?

- Não.

- Eu soube de toda a história. Kurama, eu não consigo acreditar que você tenha matado Hiei.

- Que bom! Pelo menos alguém consegue ver que essa história é absurda.

- Kurama, pode ficar tranqüilo. Eu faço parte da comissão julgadora e farei de tudo para provar sua inocência.

- Não é necessário. Eu quero morrer.

- O quê?

- Hiei está morto... Não há razão para que eu permaneça vivo.

- Não? E a sua mãe? Vai abandoná-la?

- Ela está bem. Segura com Yukina, num lugar onde os monstros e demônios não as atacarão. Por favor, eu peço que você avise a ela que Hiei está morto e sobre minha situação... Minha pobre mãe terá que agüentar mais essa tristeza.

- Kurama... se você é inocente, deve lutar pela sua liberdade.

- Manabu quer a minha cabeça, Yomi. Não há jeito de resolver isso.

- Kurama, eu quero te ajudar... mas você terá que tomar outra posição.

- Pra que você quer me ajudar?

- Para vê-lo livre, oras.

- E depois? Você também vai exigir que eu me case com você?

Yomi levantou-se da cadeira, revoltado.

- Ora... Então é isso que está pensando de mim?

- É... Não esqueci da época que você implorava para transar comigo.

- Isso porque eu te amava.

- E não ama mais?

- ...Não!

- Você mente com muita dignidade, Yomi.

- Olha, eu não estou aqui para que você faça pouco de mim, Shuichi Minamino. - Yomi citou as duas últimas palavras com desprezo.

- Então vá embora e vote pela minha morte.

- Não! Eu sei que você é a única esperança viva de que o Reino de Manabu seja destruído. Eu não vou deixar que você morra tão facilmente.

- Por que? Eu sei que você ocupa um importante cargo no Reino, que desempenha com perfeição. Qual é o seu interesse em acabar com isso?

- Eles levaram o meu filho Shura. Não sei o que estão fazendo com ele. Eu... preciso impedir que ele morra.

- Yomi... me perdoe. Meu irmão também foi levado por eles, sei o que é isso.

- Kurama, você precisa sair dessa cadeia. Eu quero te preparar para que, no futuro, você possa vencer Manabu e libertar meu filho e o seu irmão. Você precisa sobreviver. Entenda que o meu interesse em você é bem diferente do que levá-lo para a cama.

- Yomi, agradeço pela sua preocupação e prometo me empenhar ao máximo em te ajudar.

- Obrigado. Por entender isso.
 


* * * * *



- Yomi era uma pessoa admirável.

- Não é bem assim. Ele se importava daquela forma apenas comigo.

- E ele realmente te ajudou em tudo?

- Sim. Na verdade, ele me ajudou mais do que eu merecia.

- O senhor acha?

- Tenho certeza. Eu fui muito malcriado com ele. Mas, apesar disso, ele me visitava todos os dias e procurava uma saída com desespero.
 

* * * * *
 

- Kurama... devo confessar, a situação está muito difícil. Todos os vestígios foram apagados, existem dezenas de pessoas que alegam terem visto você e Hiei brigando pouco antes do assassinato. A única coisa boa que eu encontrei foi que, como você falou, um grupo de soldados recebeu ordem para atuar na mesma área em que vocês moravam.

- Só que isso não prova que eles invadiram a minha casa. Muito menos quando todos os meus vizinhos dizem que não viram nenhum soldado entrando em minha casa.

- Logicamente, foram todos chantageados. Eu fui checar, a grande maioria tem parentes que foram levados como escravos.

- Não convenceremos ninguém a desmascarar Manabu... Acabou, Yomi. Não há jeito de provarmos nossa inocência. E mesmo que provemos, duvido que adiantará de alguma coisa.

- Calma, Kurama. Eu tenho uma idéia.

- Que idéia?

- Uma idéia que vai servir para convencer uma pessoa a contar a verdade. Dos seus vizinhos, qual era o mais próximo de você?

- Uma velhinha que era muito minha amiga. O filho dela tinha sido levado escravo e ela dizia que eu era muito parecido com ele. Então, ela fazia docinhos para mim todos os dias e nós conversávamos.

- Uma velhinha? Isso é perfeito! Eu vou resolver tudo em uma semana, pode deixar.
 

* * * * *
 

- E, de fato, durante o julgamento, aquela velhinha apareceu e contou toda a verdade a respeito das chantagens de Manabu.

- Como Yomi conseguiu aquilo?

- Naquela época, eu mesmo não entendia. E, sinceramente, eu gostaria de ter morrido sem entender. Mas isso não aconteceu. No dia seguinte do depoimento dela, seu filho foi executado em praça pública, como exemplo do que acontecia quando alguém contrariava Manabu, mesmo nas idéias mais absurdas, mais despropositadas. Logicamente, ela se matou depois de ver seu filho morto.

- Não entendi. Se a idéia de ver seu filho morto era tão terrível para ela, porque ela depôs ao seu favor, sabendo o que ia acontecer?

- Ela não sabia.

- Como?

- Yomi garantiu a ela que protegeria seu filho se ela falasse a verdade no tribunal. Falou também que conseguiria fazer com que ele voltasse para ela.

- Então ele mentiu para ela.

- Sim. E não foi difícil pra ele. Aquela velhinha gostava de mim e não queria que eu fosse condenado, e, com as palavras doces e seguras de Yomi, ela inocentemente caiu nessa.

- Como Yomi teve coragem de enganá-la?

- Yomi aprendeu comigo que não existem barreiras para os objetivos. E o objetivo dele era me livrar da morte, então ele não hesitou em condenar o filho daquela mulher para conseguir o que queria.

- O que quer dizer com "aprendeu comigo"?

- Eu fui o responsável pela cegueira de Yomi. Se tivesse dependido de mim, ele já estaria morto.

- O quê?

- Quando eu ainda era o chefe dele, Yomi começou a atrapalhar meus planos, então, eu mandei matá-lo. Só que o mercenário que eu contratei se contentou em apenas cegá-lo.

- E Yomi sabia disso?

- Sabia... Ele descobriu muitos anos depois da verdade. E mesmo assim, continuou me ajudando. Mas naquela época eu ainda não sabia reconhecer isso e fiquei furioso quando descobri a verdade sobre a velhinha.
 

* * * * *
 

- Bom-dia, Kurama. Como lhe prometi, eu consegui desmascarar Manabu. Amanhã, começa a nova etapa para te livrar definitivamente da pena de morte.

- Amanhã, eu vou confessar minha culpa.

- O que disse?

- Você ouviu!

- Você está doido. Não pode jogar todo o meu trabalho fora dessa maneira.

- Eu descobri como você conseguiu que aquela pobre mulher denunciasse Manabu. Sabia que ela se suicidou? Eu soube... e não vou perdoá-lo por isso.

- Eu tive que fazer isso para te salvar da morte!

- Acontece que não me interessa viver nessas condições.

- Não estou te reconhecendo. Desde quando você cultiva esse modo estúpido de pensar?

- Estúpido? Ela era minha amiga! Ela e o filho dela não tinham nada com isso!

- Não? Ela estava pronta para testemunhar contra você no tribunal! Sua "amiga" ia ajudá-lo a ser condenado à morte!

- A vida do filho dela estava em jogo!

- A sua vida está em jogo!

Kurama levantou-se e segurou Yomi pela gola da camisa e o puxou com violência.

- Eu não concordo com seus métodos!

- Eu estou vendo isso!

Kurama abaixou a cabeça e o soltou, envergonhado com a lembrança do passado.

- Me perdoe, Yomi. Eu perdi o controle.

- Eu entendo. Sinto muito, Kurama. Mas eu não vou medir esforços para te livrar da morte. Mesmo que você não concorde. Eu não brinco mais em serviço. E foi você que me ensinou isso!

- Você acha... que vai dar certo?

- Não sei... Mas eu vou tentar.
 

* * * * *
 

- Yomi foi espetacular. No dia seguinte, dianta da comissão julgadora, ele fez um discurso que era minha última esperança de liberdade.

- Sim? E como foi?

- Foi mais ou menos assim...
 

* * * * *
 

- Mukuro-sama, Hokushin-sama, estamos diante de uma situação clara. Todos vimos que Kurama foi incriminado injustamente. Ele e Hiei se amavam verdadeiramente. Kurama jamais mataria seu próprio marido. Aprensentei uma testemunha que comprovou que essa acusação contra Kurama é injusta. O caso está mais do que resolvido.

Mukuro tomou a palavra, aparentando estar extremamente aborrecida.

- Vamos nos falar em particular para tomar nossas decisões. Venha, Yomi.

Yomi seguiu Mukuro e Hokushin para uma pequena sala.
 

* * * * *
 

- Eles ficaram lá dentro durante meia hora ou até mais.

- E...

- E eu tive o desgosto de ver Yomi sair daquela sala com a pior cara do mundo.

- Ué? Mas Yomi não tinha provado a sua inocência?

- Tinha. Mas mesmo assim, eu fui condenado à prisão perpétua.

- Isso é um absurdo! Todas as suas biografias dizem que você tinha assassinado Hiei. Algumas, que te exaltavam, chegavam a dizer que Hiei foi um traidor de Manabu. Eu não imaginava que a história fosse assim.

- Manabu manteve sua versão para fazer da minha imagem a de um traidor. O povo, para não ter que acreditar nisso, passou a considerar a possibilidade de Hiei ter sido o traidor. E a lenda acabou ganhando força.

- Por que o senhor nunca deu uma entrevista para desmentir os boatos?

- Eu não tinha tempo para isso. Passei quinze anos em estado de emergência. Não dava tempo de me preocupar com boatos inúteis.

- Sei... E imagino que Yomi tenha ficado muito decepcionado com isso.

- Ele ficou um pouco porque achou que ia conseguir a liberdade. Mas ele não se deixou abater e começou a arquitetar seus planos para conseguir me libertar. Sempre arriscando ser descoberto por Manabu.

- E o senhor?

- Eu fui para a Penitenciária naquele mesmo dia.

- Antes do senhor continuar, posso lhe fazer uma pergunta?

- Claro.

- O senhor não pensou em fazer o Luto Eterno?

- Pensei. Mas junto com a minha condenação aconteceu outro fato... O meu casamento com Hiei foi anulado. Oficialmente, eu não era mais marido dele, portanto, não poderia fazer o Luto Eterno por ele.

- Por que fizeram isso?

- Foi uma jogada de Yomi para evitar que Manabu anulasse o julgamento. Foi uma espécie de compensação que acabou dando certo, porque ele não se pronunciou contra a decisão da comissão. Desnecessário dizer que foi uma tremenda punição para mim.

- E a sua mãe, qual foi a reação dela? O senhor ainda não me falou nada sobre ela.

- Eu queria abrir um capítulo especial para ela. Bom... desde que soube da minha prisão, minha mãe me visitava todos os dias me dando conforto e força. Ela sempre acreditou que eu seria libertado. Digo mais: Foi ela que me encorajou a lutar pela minha liberdade. Eu canalizei todas as minhas forças nela.

- Sempre li sobre a importância da sua mãe para o senhor. Muitas atitudes suas estão voltadas para ela.

- Todo mundo precisa de uma razão para viver, Kanashiro. As minhas razões eram meus amigos, Hiei e minha mãe. Deles, restou apenas minha mãe.

- Pelo menos o senhor pôde contar com ela.

- É... mas até parece mentira que até isso foi arrancado de mim.

- Como assim?

- Minha condenação abateu demais minha mãe, e, paralelamente, Yukina pegou uma doença grave que a levou à morte, e infelizmente, minha mãe também foi contaminada. Eu só soube de tudo quando ela faleceu. Yomi me contou tudo.

- Que coisa triste...

- Você acredita que Yomi cuidou dela até o fim? Minha pobre mãe... Não pude fazer nada por ela...

- Eu lamento muito, Kurama-sama.

- Está tudo bem.

- Deseja fazer uma pausa?

- Não... Vamos continuar, eu ainda quero lhe contar como foi a minha vida na penitenciária e como eu reagi à morte de minha mãe.

- Kurama-sama, eu lhe peço que pare por hoje. - Hiren pediu - Esses relatos cansam muito o senhor.

- Está bem, Hiren. Amanhã nós continuamos.

- Eu concordo. - Kanashiro falou enquanto recolhia seu material.

- É bom que tenhamos parado, porque eu tenho que comunicar algo ao senhor. - Hiren começou a falar.

- Lá vem coisa. Fale, Hiren.

- Amanhã é dia de compras.

- Eu sabia. Não dá para adiar?

- Não mesmo. O senhor sabe que eu só vou para o mercado quando está tudo acabando mesmo.

- Mande criados no seu lugar.

- Kurama-sama, nós já cansamos de discutir sobre isso. Eu já lhe disse que faço questão de tratar das compras pessoalmente. Além disso, só eu sei o que o senhor e essa casa precisam.

- Mas eu não quero dar esses depoimentos sem você, Hiren.

- Aposto que Kanashiro-sama não se importará de fazer uma pausa amanhã.

- Eu não me importo, mesmo.

- Hiren... eu...

- Os argumentos acabaram, Kurama-sama. Amanhã eu vou às compras.

- Maldição... Faça o que quiser.

Kurama foi para o quarto e trancou a porta. Hiren voltou-se para Kanashiro.

- Amanhã, reúna toda a sua paciência. Kurama-sama estará de péssimo humor.

- Como sabe?

- Eu sei...

Hiren foi para a cozinha preparar o almoço enquanto Hitsuke continuou trabalhando.


Capítulo 6
Biografia da Amargura
 
 
 

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