Martinho da Vila

Agradeço a vida

Vou viver a vida, sempre amando tanto
com estes dois olhos, e quando os abro
defeitos extingo do negro e do branco,
e nos altos céus seu fundo estrelado,
e nas multidões vejo a mulher que eu amo.

Gracias a la vida, que me ha dado tanto
Tenho dois ouvidos, o que quero escuto,
gravo noite e dias, grilos e canários,
martelos, turbinas, ruídos, chocalhos
e a voz tão eterna de um amor amado.

Gracias a la vida, que me ha dado tanto,
tenho o sentido do abecedario
Com simples palavras eu penso e declaro
ao amigo, à mãe e a os que estou criando,
a botando n'alma do que estou amando.

Agradeço a vida, que me tem dado tanto
Me dá sempre força p'ros meus pés cansados
Com eles descubro cidades e charcos,
praias e desertos, montanhas e lagos,
e na sua casa, a sala e o quarto.

Gracias a lá vida, que sempre fez tanto:
Fez um coração que agita o sangue
p'ra regar as flores do cérebro humano,
cérebros fecundos que dão frutos raros,
que eu vejo no fundo dos teus olhos claros.

Gracias a la vida, que sempre deu tanto,
da panos p'ra vista, enxugar os prantos
E assim é, distingo feitiços, quebrantos,
descubro as coisas que foram meu canto,
o canto do povo é o soberano canto,
e o canto dos povos, lamentosos prantos,
é o canto de todos, é o meu próprio canto!

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