O MUNDO EM GUERRA
    O estopim do primeiro conflito mundial é o assassinato, em 28 de junho de 1914, do arquiduque Francisco Ferdinando, herdeiro do trono austríaco.

 Assassinato de Francisco Ferdinando
     Francisco José, imperador da Áustria-Hungria, chega aos 84 anos de idade e sua morte não causaria impacto na vida política do império, pois seu filho, o arquiduque Francisco Ferdinando, está pronto para assumir o poder. Por essa razão, o assassinato do arquiduque austríaco, em Sarajevo, na Bósnia-Herzegóvina, pelo estudante bósnio Gavrilo Princip é encarado como um ataque contra o império e a causa imediata da 1a Guerra Mundial.

 Objetivo dos conspiradores
     O assassinato do herdeiro do trono austro-húngaro começa a ser preparado na capital da Sérvia, Belgrado, por militantes de uma sociedade secreta chamada Unidade ou Morte, mas conhecida popularmente como Mão Negra. O principal objetivo do grupo nacionalista sérvio é impedir a execução do plano de reorganização do Império planejado, segundo voz corrente nos meios políticos e diplomáticos, por Francisco Ferdinando.

 Sérvia na parede
     Aberto um inquérito para apurar as responsabilidades pelo atentado contra o arquiduque Francisco Ferdinando, as autoridades austríacas comprovam a existência de uma conspiração sérvia na orientação do crime. Em represália, no dia 23 de julho seguinte a Áustria envia documento ao governo sérvio exigindo duras providências oficiais. O governo austríaco pede o imediato fechamento dos jornais empenhados em propaganda contra a Áustria, a proscrição das sociedades secretas, a exclusão do governo e das Forças Armadas dos acusados de campanha anti-austríaca e a aceitação da cooperação de funcionários e militares austríacos no combate ao movimento contrário ao império dos Habsburgo.

 Virtual rendição
     A resposta do governo sérvio, a 25 de julho, representa praticamente a rendição da Sérvia, pois aceita quase integralmente as exigências austríacas. Nos meios diplomáticos, acredita-se no afastamento da ameaça de guerra. A Áustria, surpreendentemente, não aceita a resposta sérvia, rompendo as relações diplomáticas entre os dois países e mobilizando seu Exército. Os sérvios, entretanto, estão preparados para a intransigência austríaca e, junto com a resposta de 25 de julho, mobilizam suas Forças Armadas. A atitude austríaca é um sintoma do precário equilíbrio político europeu que antecede o assassinato de Francisco Ferdinando. Pouco antes do atentado, a Rússia, com a concordância da França, deixa claro à Áustria que não aceita qualquer medida de agressão à Sérvia. O governo alemão concorda com a necessidade de providências contra a Sérvia, como forma de limitar as desavenças na região, mas se coloca ao lado da Áustria, acreditando na neutralidade final da Rússia.

 Declaração de guerra
     Em 28 de julho de 1914 a Áustria declara guerra à Sérvia. A situação se agrava com a decisão russa de mobilizar suas tropas não apenas contra a Áustria, mas também contra a Alemanha. O kaiser alemão, Guilherme II, apela ao czar russo Nicolau II em favor da paz européia, mas a facção militarista russa convence o soberano a manter a mobilização. Diante da decisão do governo russo, a Alemanha envia um ultimato ao czar Nicolau II exigindo o cancelamento da ordem de mobilização. Em 1o de agosto o embaixador da Alemanha pede ao ministro das Relações Exteriores da Rússia que interceda a favor do atendimento do ultimato alemão, mas não encontra eco para sua proposta. Em resposta às negativas do ministro russo, o embaixador entrega uma declaração de guerra à Rússia . Enquanto isso, os emissários do kaiser também procuram as autoridades francesas, na tentativa de deter o conflito. O governo francês dá uma resposta dúbia ao governo alemão e, em seguida, ordena a mobilização de suas tropas. No dia 3 de agosto a Alemanha declara guerra à França.

 Participação inglesa
     No início das hostilidades, o Reino Unido parece neutro, mesmo com os dois outros integrantes da Tríplice Entente em estado de guerra. Mas a invasão da Bélgica pelos alemães, que não tinham outra forma de atingir a França, serve como pretexto para sua entrada no conflito. O governo inglês entra na guerra à meia-noite de 4 de agosto, alegando ser signatário de um tratado que garante a neutralidade do território belga.

 Japão, Turquia e Itália
     A guerra imediatamente envolve outras nações. Os montenegrinos socorrem os sérvios contra a Áustria, pois têm a mesma origem étnica. O Japão, de olho nas possessões alemãs no Extremo Oriente e escudado em uma aliança com o Reino Unido, alinha-se contra a Alemanha. A Turquia entra ao lado dos alemães e ataca os portos russos no mar Negro. A Itália mantém-se neutra, sob diversos subterfúgios, até maio de 1915, quando entra no conflito ao lado da Tríplice Entente, sob a promessa de receber parte de territórios da Áustria e da Turquia.

 Propaganda da guerra
     Líderes dos países envolvidos nos dois lados da conflagração se dizem movidos por motivos nobres. A Inglaterra fala na defesa das nações mais fracas. A França diz lutar pelos valores eternos do humanismo. O presidente norte-americano Woodrow Wilson garante que a Entente tem como missão salvar o mundo do militarismo. Até os socialistas europeus, que juram lutar contra as guerras promovidas pelos países capitalistas, se transformam em ardorosos patriotas guerreiros. No outro lado do campo de batalha, o kaiser diz que a guerra contra a Entente é a luta do bem contra o mal, sendo o bem a defesa de uma cultura superior, a alemã. Os socialistas alemães também são seduzidos pelos argumentos dos militaristas, acreditando que a guerra da Alemanha contra a Rússia vai contribuir para derrubar o czar.

 Estratégia e técnicas de guerra
     Na Frente Ocidental, da França ao mar do Norte, passando pela Suíça, a guerra estaciona por quatro anos. A Alemanha avança sobre a França, mas é contida nessa frente e os exércitos inimigos ocupam uma extensa malha de trincheiras, protegida por arame farpado, dedicando-se a ataques violentos e de efeitos locais.

 Batalhas terrestres
     O grosso da guerra é travado em combates terrestres, com o uso da artilharia e de tropas armadas de fuzis, baionetas e granadas. São também empregados lança-chamas e gases letais.

 Novas armas
     Desenvolvida em 1718 pelo inglês James Puckle, a metralhadora original disparava cerca de 10 tiros por minuto mas é aprimorada e chega ao século XX como uma das armas mais mortíferas da 1a Guerra. Os tanques são empregados apenas a partir de 1916, sob a desconfiança dos chefes militares, ainda adeptos das armas e estratégias tradicionais. O avião também estréia, mas limitado a missões de reconhecimento e poucos, embora haja alguns combates aéreos.

 Entrada dos Estados Unidos
     Os Estados Unidos declaram guerra à Alemanha em abril de 1917, alegando lutar contra o autoritarismo e o militarismo. O pretexto para entrar no conflito ao lado da Entente é a declaração das autoridades da Alemanha reafirmando o uso generalizado de submarinos, inclusive ameaçando afundar sem aviso prévio os navios neutros a caminho dos portos britânicos. Os EUA também defendem a criação de uma liga das nações para regular as relações entre os povos, com o estabelecimento de um fórum capaz de substituir as maquinações diplomáticas. Mas o principal objetivo norte-americano é preservar o equilíbrio de poder na Europa e evitar uma possível hegemonia alemã.


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