Curso de Administração de Empresas

Disciplina de Gestão Internacional 

 

   

Aula introdutória (pg 3/4)

 

A historia da Independência e a nova dependência

Infelizmente a versão da história que nos interessa não é apresentada de forma sempre verdadeira. Pressões em cima do historiador fazem com que se omita ou se distorça os fatos. A história sempre é contada pelo vencedor ou pelo detentor do poder econômico em função de seus interesses. Assim só se sabe uma versão dos fatos que normalmente prejudica um dos lados, se ela é tendenciosa.

Essa desinformação tem importante impacto na formação do gestor internacional como veremos abaixo.

Os fatos mais importantes envolvem os acordos financeiros para reconhecer a independência do Brasil.

Poucos entendem o que estava atrás dos bastidores por ocasião da Abertura dos Portos para as Nações Amigas e seu verdadeiro significado. A Inglaterra não só financiou a fuga da família real de Portugal, com medo da invasão napoleônica, como exigiu a abertura das importações, onde se dava preferência a compra de produtos ingleses ao invés dos produtos portugueses. Isto pode ser compreendido melhor no livro Visconde de Mauá.

Por ocasião do reconhecimento da Independência da República este acordo teve de ser ratificado.

Por sua vez o reconhecimento da independência do Brasil por Portugal, custou-nos £$ 2.000.000. Quanto significa este valor hoje em dia, corrigidos 180 anos, sem considerar toda a riqueza extraída do país, durante todo o regime da monarquia ?

Na Guerra do Paraguai.a Inglaterra teve outra fundamental importância. Tinha-se como objetivo aniquilar a nascente indústria têxtil paraguaia, que ameaçava o interesse da indústria inglesa. Num interessante livro, chamado Genocídio na América, aprende-se como os brasileiros foram instigados a dizimar famílias inteiras. Claro que o financiamento das despesas militares deste empreendimento bélico também foi lançado na nossa divida externa. 

O Brasil antes sob o regime de um colonialismo predador sob a tutela do Império, passou para um regime republicano, com um colonialismo econômico e financeiro de total dependência de outros países. De Portugal para Inglaterra e depois para os EUA. Basta ver o fabuloso consumo de ferro inglês em todas ferrovias brasileiras, em energia elétrica e telefonia. A atual participação americana em informática, telecomunicações, na industria automobilística, alimentícia, do petróleo e química, confirmam este neo-colonialismo. 

É importante observar que muitos destes investimentos estrangeiros foram feitos com equipamentos já depreciados em suas matrizes.

A falta desta visão histórica, ainda que justificada para não imprimir em alunos do ensino fundamental uma atitude hostil contra outros países é omitida na formação do estudante de comércio exterior e tem um impacto nefasto.

Sem estes fatos da forma como aqui estão, o gestor de negócios internacionais, sempre terá atitude profissional, fraca sem a firmeza necessária e sem estar alerta para o que acontece nos bastidores políticos e como se geram as entrelinhas dos contratos. Em qualquer mesa de negociação ou mesmo fazendo planos de importar ou exportar para determinado país, deve conhecer os acontecimentos pregressos ficando mais preparado para as negociações necessárias.

Atualmente o guardião de nossa tutela mudou de nome. É de certa forma mais leve, não feita por um país, mas pelos seus importantes países fundadores. É porém muito mais firme, de mais imposição, de regras econômicas ortodoxas. Chama-se Fundo Monetário Internacional - FMI. Este funciona como uma fonte de recursos para não só socorrer países em dificuldade, mas também como um fiscal permanente para os governos e bancos internacionais, no sentido de se fixar metas de pagamento de juros, retorno de empréstimos, etc, pois a ajuda só vem se estiver dentro de um plano de cartas de intenção, que são exigidas para liberação dos créditos. 

Com isto evita-se inadimplências e moratórias o que colocaria em risco os bancos e investidores internacionais, dos próprios países controladores do FMI. Logo o sistema de crédito internacional, leia-se bancos americanos e europeus permanecem sadios.  

As cartas de intenções brasileiras, podem ser obtidas no site do Fundo Monetário Internacional. Lá tem-se a informação do que o governo pretende, sempre no interesse da comunidade internacional.

Quando é o caso de serem feitos cortes em orçamentos, para  atender as exigências do FMI, muitas vezes cortam-se principalmente os gastos sociais, com profundo impacto nos benefícios que devem ser transferidos a população.

Finalmente outro importante fato que acontecerá daqui para a frente, além do efeito MERCOSUL, é a pressão americana para o Brasil ingressar na ALCA, Associação do Livre Comércio das Américas. Face as já comentadas barreiras alfandegárias impostas pelos EUA, ficamos sempre na posição mais fraca. É como se os EUA aumentasse seu mercado consumidor, aonde interessa a sua poderosa indústria quase sem atender as necessidades brasileiras.

Argumentos importantes são e serão usados, como por exemplo o ingresso do México no Nafta, que representou um enorme crescimento de exportações. Os economistas precisam enxergar também que a importação mexicana cresceu em iguais proporções e que aparentemente o desemprego e os problemas sociais também aumentaram.

O efeito da globalização e da nova logística no fluxo de produtos, migra como o dinheiro. Dizem os banqueiros, que o dinheiro, não tem cor nem pátria. Migra, com a tecnologia hoje disponível, em questão de horas de um país para outro. As multinacionais fabricam seus produtos desde automóveis, peças e equipamentos onde conseguirem um maior lucro e encerram ou abrem indústrias com a mesma facilidade, muitas vezes com financiamento de governos.

No Paraná o exemplo mais interessante é a fábrica da Chrysler em Campo Largo, financiada com recursos paranaenses e logo desativada.

Outro financiamento interessante foi o de uma operação liderada pelo Bank Boston e Citibank no valor de US$ 150,000,000.00 para a COPEL, noticia em dezembro de 2.002, em tombstone na Gazeta Mercantil, considerada uma das maiores operações da América Latina.

Assim como sugerimos na página anterior, habitue-se a entender da leitura dos jornais o efeito das políticas econômicas abaixo indicadas:

  Reflexões Críticas

1- Em que termos a implantação do MERCOSUL foi benéfica para o Brasil e para a Argentina ?

2- O que representa o NAFTA para o México ? Como é o seu índice de desemprego ?  

3- Qual seria na sua visão o impacto da ALCA para o Brasil ?

4- O que sua empresa ganharia ou perderia com a implantação da ALCA no país ?

5- Quais são as barreiras tarifárias impostas pelos EUA para exportação dos produtos fabricados pela sua empresa e quais são as barreiras praticadas no Brasil para estes produtos ? 

6- Quais os preços de venda ao mercado consumidor aqui no Brasil e lá ? Para pesquisa use as vitrines virtuais do site www.yahoo.com.

7- Qual seria o preço de atacado (para o lojista / distribuidor / revendedor) praticado lá e aqui. Qual são as margens e volumes de venda, dos produtos de sua empresa ?

8- Incluindo-se os custos de transferência, ou seja frete marítimo, seguro e frete rodoviário até o mercado consumidor onde você tem clientes, etc de lotes econômicos (containers fechados), como ficariam os preços de uma forma comparativa?    

9- Como as flutuações da taxa de cambio influenciam sua empresa ?

10- O que sua empresa usa como matéria prima básica que é importada ? 

11- Pesquise sobre a maior operação de financiamento feito na America Latina, no valor de US$ 150,000,000.00 feita para a COPEL, seu endividamento em moeda estrangeira e o impacto da taxa de cambio em seus resultados.

 

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