Aula introdutória (pg 4/4) |
O que pode ser feito
No mundo bancário existe uma técnica conhecida
como casamento de fundos. Isto é se determinado banco capta
dinheiro em moeda americana ele deve emprestá-la na mesma moeda,
pois assim tanto seus ativos (valores a receber) como passivos
(valores a pagar) sofrem as mesmas variações. Isto significa que
as mesmas pressões cambiais ou inflacionárias atuam dos 2 lados
do balanço ( ativos e passivos ) e das contas de resultado (
rentabilidade da operação ) o que dá o necessário
equilíbrio econômico-financeiro.
Isto pode parecer estranho, mas é perfeitamente
possível captar depósitos ou empréstimos (até mesmo de outros
bancos) em dólares ou em qualquer outra moeda e repassá-los em
reais, assumindo-se ou não o risco cambial. Claro que é uma
operação de alto risco.
Aqui apenas interessa entendermos o conceito de
casamento de fundos na empresa como forma de protegê-la das
pressões externas.
Uma empresa tem sempre parte de seus pagamentos
atrelados a outras moedas, ainda que de forma imperceptível. Por
exemplo, se estamos no negócio de alimentação e transporte,
compramos trigo ou combustível que são mais fáceis de saber
suas oscilações de preço, porque eles são diretamente ligados
a variação cambial. Subiu a cotação do dólar, vai subir o
preço de nosso insumo.
Já existem outras necessidades de insumos ou
serviços com um ou mais componentes importados, que muitas vezes
não são tão fáceis de identificar.
Além do problema de falta de um elemento
explícito para nossa identificação existe um agravante, que
esta variação se inicia na compra do insumo, ou seja ele vem com
seu preço alterado antes que possamos repassá-los ao mercado,
caso você não tenha condições de mercado de aumentar seu
preço de venda antes. Assim esta defasagem tem que aguardar o
ciclo produtivo de nosso produto, isto é até o insumo comprado e
elaborado virar caixa novamente, depois de recebermos a venda,
também conhecido como ciclo operacional - financeiro, tempo este
que pode levar várias semanas para se efetivar.
No gráfico abaixo, você tem uma idéia mais
precisa do ciclo operacional - financeiro.
A empresa pode se defender dos efeitos das
dependências externas, tendo receitas em moeda forte, ou seja
exportando. Isto é muito importante pois como ela pode ter
comprado equipamentos e feito financiamentos em dólar, quando
aumentar o valor das prestações por causa do aumento do dólar,
aumentará também o valor de suas contas a receber em dólares.
Assim com qualquer variação cambial ela estará
protegida contra as flutuações monetárias que tanto atrapalham
os resultados.
Exportando ela também se integra a um mundo
consumidor exigente, que prima pela qualidade, pela pontualidade
na entrega e começa então a ter condições de observar o que e
como seus concorrentes estão fazendo em outros países.
Essa concorrência torna-se muito salutar pois
nossa empresas, ficando alerta, detectará sempre as inovações
tecnológicas que precisam ser incorporadas ao nosso produto.
Quando for o caso da empresa não ter condições
de exportar, para se prevenir contra estes riscos externos, ela
pode procurar outras alternativas como seguro cambial, em
operação de hedge cambial, feita por bancos.
Também existe o mercado de operações futuras na
Bolsa de Mercadorias & Futuros e operações de derivativos.
São operações complexas, mas protegem igualmente a empresa.
Digamos que nossa empresa não exporta mas
trabalha com algum sub produto de soja. Digamos que fazemos
ração para animais domésticos. Mesmo não tendo componentes
importados, nos podemos acompanhar o mercado da soja e fazer
operações no mercado futuro.
Finalizando. Pudemos aqui ver nesta aula
introdutória a importância
que a gestão internacional tem na empresa. Toda empresa é como o
ser humano. Ela é também um ser eminentemente social,
feita e administrada pelo homem e como tal tem que se integrar ao
mundo exterior e defender-se com dos eventuais maus contágios,
para preservar-se e ter um crescimento permanente.
Cases
Yahoo - 150.000.000 de usuários no mundo. Pense
globalmente, aja localmente. A maior história de sucesso da
internet. Serviços de todos os tipos para um sem fim de
usuários. http://www.fastcompany.com/online/40/wf_killen.html.
Este é um importante caso da empresa que mais se destacou
nos últimos anos em serviços virtuais na nova economia.
IKEA - Industria de móveis Sueca, operando
lojas em 33 países, com fornecedores em 55 países. Exemplo de um
padrão financeiro de controles. http://www.cio.com/archive/090101/passport_ikea.html.
Este é um caso interessante no Paraná, pois como se sabe
Curitiba é tida como a capital da madeira no país, face ao
antigo Pinheiro. O Brasil não exporta mais do que US$
100,000,000. / ano em madeira, seja ela manufaturada ou
não.
A China (antigo país comunista!) exporta para os
EUA, mais de US$ 1 bilhão / ano em móveis de madeira, meta
atingida em um trabalho de 10 anos. O pior e muito curioso é que
na China não existe a madeira que é aceita no mercado americano.
Ela usa madeira brasileira, extraída de Mato Grosso, Rondônia e
da Amazônia, muita desta madeira embarcada em Paranaguá,
Antonina, S. Francisco do Sul, Itajaí e logicamente Santos.
sOliver - Empresa de moda, na
Alemanha com 20 lojas na Europa, que disponibilizou vitrine
virtual para clientes, recuperando vendas perdidadas de mais de
US$ 9 milhões. É um caso IBM. Pode ser acessada no site: http://www-3.ibm.com/software/success/cssdb.nsf/CS/NAVO-4ZUQ2S?OpenDocument&Site=default.
Aqui o mais interessante exemplo de como deve ser disponibilizado
na internet uma vitrine virtual, para seus clientes acessarem seu
show room virtual.
A indústria da moda tem um fluxo produtivo
complexo. A cada estação tem que se começar tudo de novo, com o
design apropriado, produção, etc. Ao fim desta estação não
pode sobrar estoque de peças acabadas, pois não servirão para
as próximas estações. Além disso ela trabalha por
antecipação. Ou seja no inverno anterior ela está produzindo o
próximo verão e tem que vender antecipadamente. Toda a
indústria tem muito o que aprender neste delicado fluxo
produtivo.
|