Por
máxima entendo que o melhor amigo é aquele que não nos incomoda.
Quando faço as minhas reflexões sinto como isto soa falso. E quando
a gente incomoda os amigos? Ah! como é bom se ter amigos disponíveis,
prontos para nos ajudar, servir, aconselhar e confortar. Tive a
sorte de ser filho de uma irmã de JOAQUIM PEREIRA DE SOUZA,
portanto, meu tio. Quando vim para Salvador fazer o ginásio em 1944
meu pai o nomeou seu representante junto ao colégio, representação
que ele assumiu com responsabilidade e especial atenção. Embora
cheio de obrigações no Tribunal de Contas da União onde ele era
funcionário, no Exército Brasileiro onde ele servia em tempo de
guerra com muito patriotismo, e ainda na Escola de Medicina onde
ele estava brigando com as aulas de anatomia, ainda sobrava tempo
para tio Juca ir me visitar todos os domingos no Colégio Salesiano.
Inicialmente sozinho, depois acompanhado de Lourdes, ele chegava
com um pacote de doces e salgados da Padaria Águia Central para
completar a minha merenda as vezes acompanhado de um dinheirinho
para outras despesas. Surgiu daí um relacionamento muito estreito,
respeitoso como o de meu pai, livre como o de meus irmãos. Logo
ele foi meu padrinho de crisma. Depois padrinho do meu casamento.
Em seguida padrinho da minha primeira filha. E, sobre tudo, meu
amigo. Amigo de verdade. Daquele que torce pelo nosso sucesso. Que
acompanha a nossa trajetória. Aconselha. Opina. Intervem. Quanto
eu lhe devo tio Juca! Ao médico devo consultas, cirurgias, acompanhamento
hospitalar e até a medicação, não somente para mim, mas para todos
os meus familiares. Como oficial da reserva do Exército Brasileiro
lhe devo a carteira de reservista. Como amigo lhe devo o apoio em
todos os momentos em que precisei e o compartilhamento das alegrias.
Tenho saudades das viagens que juntos fazíamos para a fazenda quando
realizávamos tarefas de peão, bebíamos um uisquinho, falávamos mal
dos políticos e bebíamos leite cru no curral. Tenho muitas saudades!
Não vou lhe pedir desculpas pelo trabalho que lhe dei. Da vez que
tentei faze-lo recebi uma bronca inesquecível. No próximo dia 29
de julho não vou poder lhe dar um abraço como fiz todos os anos,
mas vou lhe pedir favores, você no céu, vai me atender, com certeza.
Luiz
Carlos Batista