Nogueira Batista

Capítulo II

 

Capítulo I

Do mesmo modo que guardei a lembrança dos PEREIRA transmitida por meu avô Alfredo, guardo também as informações de minha avó Hermelina sobre os NOGUEIRA e sobre os BATISTA, de forma mais tênue é verdade, porque datam dos últimos anos da década de trinta (1939, 1940) quando ela foi passar uma longa temporada em São Félix, para onde mudáramos afim de meu pai melhor dirigir a fábrica de bolachas que montara naquela cidade e as padarias de Cachoeira e de Muritiba.
Naquele tempo não havia gravador. Daí..... Minha avó Hermelina, mãe de meu pai, era uma senhora idosa, mais velha que minha avó Adelaide. Forte, fisicamente proporcional a altura, bela! Muito religiosa, passava os dias sentada em cadeira de balanço, rezando o terço, cochilando, contando histórias aos netos. Falava com orgulho dos seus ancestrais e se dizia neta do Barão de Açu da Torre pelo lado materno, e, de portugueses por parte de pai. E era mesmo.
Seu avô, Luiz Antonio Simões de Meireles, primeiro e único Barão de Açu da Torre, era um abastado fazendeiro proprietário de terras em Mata de São João, onde nascera em 15 de agosto de 1862. Filho do major da Guarda Nacional Manuel João dos Reis Meireles, irmão da Baronesa de Monte Santo a qual o criou desde cedo devido a precoce perda dos pais. Casou-se com Adelaide Vaz de Carvalho, filha do coronel Francisco Vaz de Carvalho, e de Virgínia de Castro, proprietários e residentes no Engenho Aratu, em Salvador. com a qual teve numerosa descendência.
Por decreto do Imperador D. Pedro II, em 31.08.1889, foi agraciado com o título de Barão do Açu da Torre. ( Segundo meu pai, avesso à esses "rapapés" o título custou duzentos contos de réis, e nunca foi legalizado, por ter sido proclamada a República ).
Em 1897, o Barão montou no Engenho Bacopari, de sua propriedade, a Usina Pitanga. Tornou-se o grande chefe político de Mata de São João.
Luiz Antonio Simões de Meireles, o Barão do Açu da Torre, faleceu a 20.02.1930, em Nazaré (Ba). O pai de minha avó, José Antonio de Souza Nogueira, descendia de uma família de juizes, notários e funcionários públicos junto a corte de Lisboa e seu avô migrou para o Brasil com a comitiva de D. João VI, e foi por ele nomeado coletor de impostos na Bahia .
No Engenho Aratu do Cel. Francisco Vaz de Carvalho, José Antonio conheceu a mãe de minha avó, Emília dos Reis Meireles, filha caçula do Barão do Açu da Torre, e, para manter as palavras usadas no seu relato, por ela se apaixonou, e, como nos contos de fadas casaram-se e foram felizes pelo resto da vida...Deste enlace nasceram: Antonio (Totonho), Hermelina (minha avó) Mário, Marocas, João, Maria (Mariazinha), Menandro, Izaura, Wanderlino e Francisca.
Os Nogueira constituem o maior ramo da família de meu pai, e quase todos foram funcionários públicos e sua descendência constituída de bacharéis em direito, advogados, escrivãs, juizes e desembargadores. Minha avó falava sobre música, pintura, costuras (pontos ingleses e franceses) fazia tricot e carregava todo o ranço da pequena burguesia, então, economicamente decadente. Jamais transpôs a porta da cozinha ou fez alguma tarefa doméstica. Não tinha aptidão ou foi educada para o exercício destas funções. Mas era uma pessoa encantadora, conviveu com minha mãe de forma harmônica, e nos cobria de mimos.
As fotos anexas me foram presenteadas por Celeste, prima muito querida, hoje residente Rio de Janeiro, e que foram legadas por sua mãe, tia Edith, irmã de meu pai.

Dos BATISTA sei muita coisa. Prometo contar tudo.

Luiz Carlos

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