Estação  Costeira1 - Crônicas

Introdução

Meia noite de 2 de dezembro de 1995, ouço minha tia contando a seus parentes sobre as Três Marias e os Três Reis Magos, a época de Natal que, segundo a tradição, é retratada nos céus. Isto me lembra de tantos anos atrás quando era um menino de 6 anos: ela estava me contando as mesmas coisas. Era o meu primeiro contato com o céu - o que nos coloca no ano de 1980.
Aquelas três estrelas de igual brilho pareciam ser o ponto de partida para um vasto conhecimento:  ASTRONOMIA.


Depois disso, lembro-me das ocasiões em que meu pai falava sobre o tal "Cruzeiro do Sul", mas ainda não sabia encontrar as estrelas. Meu pai, por sua vez, sabia "ler" o céu, pois era pescador desde os seus 8 anos - os pescadores são observadores perspicazes!

Mas onde iria encontrar informações para saciar essa sede astronômica?
Poderia um menino de apenas 6 anos progredir no conhecimento científico?
 

Iniciação Científica

Em 1982 surge a 1ª Enciclopédia em casa. O que mais me chamou a  atenção são as gravuras de Ciências, principalmente Geografia. Havia algumas fotos da Terra, estrelas, galáxias e eu gostava dos textos - apesar de não compreendê-los muito bem. Mas havia CURIOSIDADE!
Pelo menos em 1983 eu já sabia o nome de todos os planetas de nosso sistema solar. Nesse ano minha irmã Silvana cursava a 5ª série e estudava tais coisas. Isso me animou ao ser aprovado para a mesma série.
Mas chega 1984 e a 5ª série; aprendi muito pouco sobre astronomia nas aulas de Geografia.
Grandezas de estrelas, movimentos da Terra, coordenadas geográficas eram muito úteis, mas não haviam muitos detalhes. Eu queria saber QUAIS as estrelas de 1ª grandeza? COMO encontrá-las? COMO perceber a translação da Terra por olhar para o céu? COMO saber a latitude e longitude por "ler"o céu? Se nas aulas não se aprendia isso, o jeito era recorrer a Enciclopédia - e li sobre o Cometa Halley: será que iria vê-lo dentro de dois anos?
Ainda em 1984 observei Vênus pela 1ª vez. Eram 18:30, e o pai me disse que dava para ver a Estrela D'Alva até durante o dia! Vênus estava mergulhado no crepúsculo. Cálculos atuais apontam essa época para agosto e o planeta se encontrava em Leão.
De muita importância foi o apoio do Professor Sylvio Fernandes na iniciação científica. Passei a estudar com muito gosto qualquer livro de Ciências que aparecesse pela frente. Se bem que nessa época a Biologia chamava mais a minha atenção. A Astronomia só voltou em 1986, a ano do Halley.
A imprensa divulgava exaustivamente sobre o cometa, sobre o melhor dia para observá-lo: 11 de abril. Neste dia estava pescando com o pai em um "baixio" (grande banco de areia na localidade da Costeira do Pirajubaé em Florianópolis. Essa areia serviu para duas dragagens: uma para o aterro da Baía Sul e a última para a Via-Expressa Sul). Quando se está pescando a oportunidade de ver o céu é simplesmente magnífica! Tentei achar o cometa mas foi frustante! Apesar de algumas nuvens atrapalharem a visão, não tinha nem idéia de como era o cometa. Além disso eu olhava para a direção errada, pois nem sabia ONDE ancontrar o cometa. (Enquanto o cometa estava em Lobo, eu observava Virgem).
Na época é reprisado o seriado Cosmos de Carl Sagan. E o binóculos 3x40 emprestado do meu tio Joel foi útil para observar o Cruzeiro, a Lua e as Plêiades. Mas ainda não reconhecia as constelações.
Em 1987 observo meu 1º eclipse do Sol. Foi no dia 29 de março, parcial em Florianópolis. Por volta das 9:00 observei 30% do disco solar ser encoberto pela Lua, utilizando um vidro velado. A cada 15 minutos acompanhava o movomento da Lua na frente do Sol - é inesquecível!
A leitura do livro "Cosmos" foi fundamental nesse ano. Mas o melhor ainda estava para vir!

Foi em 1988 que copiei uma carta celeste baseado no Atlas Reader's Digest na tentativa de localizar as constelações, mas não houve sucesso.

A leitura de alguns artigos de Superinteressante (em especial artigos de Ronaldo Mourão) são de grande valia e prenunciam o que viria no ano seguinte: 1989.

 1989 - A Astronomia Inicia-se de Vez!

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