1989 - O Ano Áureo

O ano de 1989 foi muito significativo para mim: o curso de Eletrotécnica seguia com força total e em plenos 16 anos, e vivendo em Florianópolis, o circuito das praias era percorrido religiosamente!  E a Astronomia finalmente surgiu de maneira mais prática e fácil.
De início adquiro um binóculos Flagra 4x50. Apesar de não possuir uma boa ótica, ele foi útil para o reconhecimento das constelações. A leitura da Superinteressante continua sendo a fonte de muitas informações científicas. E o fenômeno que deu o pontapé inicial foi o eclipse total da Lua em 16/17 de agosto - o primeiro não se esquece nunca!  O céu estava lindo por volta das 20:00 até que 1 (uma) hora depois as nuvens encobrem todo o céu. Desistir? Não dessa vez! Só no meio do eclipse é que as nuvens falharam um pouco e pude observar a Lua eclipsada, toda avermelhada. Uma linda visão!!!
No mesmo mês a Superinteressante lança a edição especial  "Astronomia". Leio a edição de capa a capa! Era tudo o que precisava, vinha até com uma carta celeste. Aprendo a reconhecer as estrelas mais brilhantes: Spica, Rigel, Antares, Achernar, Fomalhaut, a Centauri,  b Centauri, Betelgeuse, Sírius, Aldebaran, etc... Construo um astrolábio (dica da edição especial) e efetuo algumas medições de azimute e altura.
Em setembro identifico as constelações de Escorpião, Sagitário e Centauro. E em outubro é a vez dos planetas Júpiter e Saturno.
Consigo por empréstimo um binóculos Zenith 20x50 (de Orestes Melo Jr) e faço uma varredura no céu. Por meio desse binóculos é que observo melhor as luas jupiterianas e o formato alongado de Saturno devido aos anéis. Outra excelente visão é de Vênus em plena luz do dia. Pelo binóculos é possível discernir um pequeno crescente. No dia 2 de novembro ocorreu uma belíssima conjunção entre a Lua e Vênus, quase uma ocultação rasante, porém só acompanhei a olho nu. A partir de então o aumento de informações segue as observações.
 

1990 - 1991 :  Mais descobertas e previsões.

No ano de 1990 consigo observar pela primeira vez a Galáxia de Andrômeda. Depois é a vez do planeta Marte: era madrugada e o planeta se encontrava em Ofiúco. Um grande momento foi acompanhar Marte pelo binóculo 20x50; o disco planetário era bem discernível por ocasião de sua oposição em novembro, além de ser possível notar a diferença de brilho durante a aproximação e distanciamento do planeta em relação a Terra.
Também detectei Mercúrio ao anoitecer. Identifico também as Nuvens de Magalhães e os famosos aglomerados globulares Ômega Centauri e 47 Tucanae.
Dois destaques posso citar neste ano, além dos acima citados:

1º) Observação do Eclipse Parcial do Sol em 26 de janeiro, às 17:30 hora de verão. Desta vez utilizei a projeção do disco solar para acompanhar o evento.

2º) Confecciono minha carta celeste, baseada numa carta publicada na Enciclopédia Mirador. A carta continha estrelas até magnitude 5 e foi muito útil na localização e conhecimento das constelações austrais.

Já em 1991, a mídia batia em cima do eclipse total do sol de 11 de julho. Resolvi fazer uma previsão das condições de visibilidade em Florianópolis: o eclipse seria parcial e iniciaria às 17:00 tempo local e o sol se poria às 17:30. Mesmo com pouca precisão nas observações, os tempos medidos confirmaram os cálculos! Pena que em fevereiro deste ano eu já havia devolvido o binóculo 20x50 ao seu proprietário.
Mesmo com dois anos de observação e leitura astronômica, em agosto/setembro resolvi escrever um folheto intitulado "O Céu de Florianópolis'' com 42 páginas: o folheto incluía desenhos e fotos, explicando diversos fenômenos astronômicos e como localizar estrelas e planetas. Incluía também duas cartas celestes: uma centralizada no Pólo Celeste Sul (Dec -30º-90º) e outra Equatorial (-45º- +60º).
Identifico também alguns meteoros e seu enxame: em 21 de outubro observo alguns orionídeos.
 

Aproxima-se o 5º ano de Astronomia

Em 1992 hove dois eclipses lunares, um parcial em 15 de junho (observado) e outro em 9 de dezembro (céu nublado). O céu também estava nublado em 30 de junho quando ocorreu um eclipse parcial do sol (em Florianópolis).
Com a leitura do livro ''Cometa'' de Carl Sagan, elaboro uma tabela de cometas periódicos para tentar observá-los - mas não hove sucesso.
A leitura do livro ''Da Terra às Galáxias'' de Ronaldo Mourão também foi útil pois ele trazia uma tabela de diversos fenômenos astronômicos até 2000 - de modo que serviu de guia para futuras observações.
Em janeiro de 1993 acompanho visualmente a oposição de Marte em Câncer e em novembro do mesmo ano houve um belo eclipse total da Lua - só não fiz um registro porque estava de serviço naquela madrugada.

Mas algo estava reservado para o 5º ano de Astronomia:

Em julho de 1994 assino definitivamente a revista Superinteressante, que tantas vezes me ajudou nos conhecimentos. Em agosto adquiro um refrator Tasco #57T. Com 50mm de objetiva e distância focal de 630mm, a luneta proporcionava belas visões de diversos astros: resolvi fazer uma varredura nos astros conhecidos até então.
A leitura da revista ''Astronomy'' também foi de valor muito apreciável.

E o eclipse total do Sol em 3 de novembro?
Bem, em Florianópolis o eclipse foi parcial (96%). Até que tentei ir até Criciúma, mas o serviço me impediu. De qualquer jeito preparei uma série de ''instrumentos'' para acompanhar o eclipse: a luneta devidamente protegida, um espelho para projetar a imagem do Sol num anteparo e uma máquina fotográfica também protegida com filtro solar. Tirei várias fotos mas apenas uma foi revelada! O ponto alto do eclipse foi na verdade a observação do planeta Vênus pela luneta: um fino crescente 4% iluminado com um tamanho angular de 1' de arco!

Chega 1995 e adquiro o binóculo 7x50 Vanguard. Observo a conjunção entre a Lua e Vênus em 27 de janeiro. Em fevereiro acompanho a oposição de Marte usando a luneta.
Outro eclipse parcial do Sol ocorre em 29 de abril - mas a partir do meio do eclipse o céu fica encoberto.
Durante todo o ano de 1995 acompanhei pela luneta a dança dos anéis de Saturno: o planeta estava em posição privilegiada de modo que seus anéis ficaram exatamente de perfil em duas ocasiões no ano.
E pela primeira vez identifico o planeta Urano, em Sagitário.

Mas após várias tentativas de observar algum cometa, o próximo ano reservava algumas surpresas!
 

(continua)

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