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   HIDROGEOLOGIA     

Mantida por Carlos Eduardo Sobreira Leite - Geólogo / Hidrogeólogo (M.Sc.)

 

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 Fortaleza  / Ceará / Brasil 2009

 

PROJETO DE POÇO TUBULAR


O projeto de um poço tubular profundo envolve a seleção dos fatores mais adequados a sua estrutura, bem como a seleção dos materiais a serem utilizados na sua construção. Um bom projeto, tem por finalidade a combinação do desempenho, de uma longa duração e do custo razoável, em conjunto.

Não é razoável, por exemplo, se projetar um poço para alta produção quando pequenas vazões são satisfatórias, como abastecimento de residências, e da mesma forma, não é inteligente o uso de materiais de qualidade inferior simplesmente para diminuição dos custos da obra, o que implica na sobrecarga de custos com bombeamentos e despesas de manutenção mais elevados, além da diminuição da vida útil do poço. Investimentos adicionais, que visem a melhoria e eficiência de um poço refletem-se, no final, em maior economia.

Os fatores básicos a serem analisados em um projeto de poço são:

 

1. Diâmetro do poço

 

A escolha adequada do diâmetro de um poço tubular, que pode variar do topo até a base, afeta diretamente o custo da obra.

Para escolha do diâmetro devem ser considerados os seguintes aspectos:

  • o revestimento do poço deve ter uma seção suficientemente ampla para acomodar o sistema de bombeamento, permitindo espaço livre para sua instalação e funcionamento, e
  • o diâmetro da seção de entrada da água deve ser tal que assegure uma boa eficiência hidráulica.

O diâmetro do revestimento deve ser o de dois tamanhos a mais do diâmetro nominal da bomba e em nenhuma circunstância pode ser menor que o de um tamanho nominal a mais do da carcaça da bomba.


Em poços instalados em aqüíferos sob condição de pressão razoável, cujos níveis estáticos e de bombeamento são elevados, o seu diâmetro pode ser reduzido em uma profundidade abaixo da mais baixa colocação prevista para a bomba.

 

 

2. Profundidade do poço

 

A estimativa da profundidade de um poço pode ser definida por um "furo-teste" ou por informações de perfis de poços próximos, no mesmo aqüífero.

Se possível, é interessante que a sua profundidade coincida com a espessura do aqüífero, em função de se poder usar uma porção bem maior do reservatório, implicando em uma maior capacidade específica e maior rebaixamento, e conseqüentemente uma maior produção do poço.

 

 

3. Filtro do poço

 

Sem dúvida alguma, o filtro é o ponto mais importante no projeto de um poço tubular, visto que este será o responsável pela sua eficiência e produção. O seu papel é o de captar água de um aqüífero em material não consolidado, tal como a areia, permitindo o livre fluxo de água para o poço.

As principais características desejáveis de um filtro bem projetado são:

 

·    Abertura em forma de ranhuras contínuas e ininterruptas ao redor da circunferência do filtro,

·    Pequeno espaçamento das aberturas, objetivando a máxima percentagem de área aberta,

·    Aberturas em forma de V, alargando-se internamente,

·    Construção com um só metal para prevenção da corrosão galvânica,

·    Adaptabilidade a diferentes condições, em ordem a ser usado em materiais diversos,

·    máxima área aberta, consistente, com resistência adequada,

·    Ampla resistência para suportar os esforços aos quais o filtro está sujeito, durante e após a sua instalação.

 

 

Comprimento do filtro

 

A definição do comprimento do filtro é função da espessura do aqüífero, de sua estratificação e do rebaixamento viável;

 

Abertura do filtro

 

Para poços de desenvolvimento natural, as aberturas do filtro são determinadas através da análise dos dados de granulometria das amostras representativas do aqüífero.

Para uma formação homogênea constituída de areia fina uniforme, deve se optar por um filtro que possa reter de 40% (nos casos em que a água subterrânea não tem caráter corrosivo e quando não existem dúvidas sobre a confiabilidade das amostras) a 50% do material (quando a água é muito corrosiva ou se existem suspeitas com relação ao material amostrado). Essa última observação deve-se ao fato de que o contato com águas corrosivas provoca um alargamento nas aberturas do filtro, permitindo a entrada de material mais fino no interior do poço.

Para uma formação homogênea constituída de areia e cascalho, pode-se escolher a abertura do filtro para retenção de 30% a 50% do material, sendo que, no caso de retenção de 30%, mais material é carreado para o poço, acarretando em um tempo maior para o seu desenvolvimento, entretanto, no final, uma área mais aberta irá resultar para o filtro.

Nos casos em que há desconfiança das amostras, quando o aqüífero é delgado e recoberto por material solto de granulação fina, ou quando o tempo para o desenvolvimento deve ir além do normal, recomenda-se tamanhos de aberturas de filtros que retenham de 40% a 50% do material do aqüífero.

Para formações não homogêneas ou aqüíferos estratificados, as aberturas do filtro devem respeitar as diversas porções do aqüífero, sendo que cada seção deve ajustar-se ao material correspondente. Nesses casos devem ser levadas em consideração, duas regras básicas:

1ª quando um material de granulação fina encontra-se sobreposto a um material de granulação grosseira, deve-se prolongar, no mínimo, 0,60m do filtro com a mesma abertura utilizada na seção do material fino, na seção relativa ao material grosseiro da base.

2ª se um material de granulação fina encontra-se sobre um material de granulação grosseira, o tamanho das aberturas da porção do filtro a ser instalado na camada grosseira não deve ser mais que o dobro do tamanho das adotadas para o material fino.

A observação dessas duas regras, reduz a possibilidade de se bombear areia do poço no caso de não terem sido determinadas com exatidão as profundidades entre o topo e a base de cada camada.

Diâmetro do filtro

 

Testes de laboratório e evidências de campo mostram que, se a velocidade de entrada da água no filtro não for superior a 3cm/s, as perdas por atrito nas aberturas do filtro serão desprezíveis, a intensidade da incrustação será mínima e a intensidade da corrosão será insignificante.

A velocidade de entrada da água no poço é obtida pela razão entre a vazão pretendida, ou esperada, do poço e a área total aberta do filtro. No caso de velocidades encontradas, maiores que 3cm/s, o diâmetro do filtro deverá ser aumentado, ou diminuído no caso de velocidades inferiores a 3cm/s, lembrando-se que o diâmetro de um filtro deve ser o maior possível, respeitando-se a velocidade permissível de entrada da água no poço.

Para escolha de filtros, deve-se, portanto, serem consultadas as suas características técnicas, fornecidas pelos fabricantes, que informam a área aberta por unidade de comprimento para cada diâmetro específico.

Material do filtro

 

A escolha do material do filtro leva em consideração os seguintes fatores:

  • teor mineral da água,
  • presença de lodos bacterianos,
  • esforços a que o filtro será submetido.

Na presença de águas corrosivas, pode ocorrer o alargamento das aberturas do filtro, permitindo a entrada não desejável de material fino, devendo-se, portanto, optar-se por materiais não corrosivos.

Quando a água é incrustante, pode haver a deposição de minerais sobre a superfície do filtro e nos poros da formação envolvente, que obstruem as aberturas do filtro e os interstícios da formação, havendo a necessidade de tratamento com ácidos para sua recuperação; nestes casos é aconselhável, então, o uso de material não corrosivo.

Em algumas águas podem ser encontradas bactérias de ferro, que apesar de não patogênicos, são indesejáveis em função de obstruírem os interstícios da formação aqüífera e as aberturas do filtro, em conseqüência de acúmulo de material limoso que produzem, e da oxidação e precipitação do ferro e do manganês dissolvidos. Neste caso, são injetadas no poço soluções fortes de cloro para eliminação dos microorganismos e ácido clorídrico para dissolução dos precipitados de ferro e manganês, sendo prudente, portanto, o uso de filtros de metal ou liga metálica resistentes a corrosão.

Com relação a resistência, os filtros devem estar aptos a suportar esforços em função da carga da coluna de água e a pressão ou empuxos.

 

 

4. Proteção sanitária do poço

 

Todo poço a ser instalado e completado em um aqüífero arenoso deve ter o seu revestimento impermeável até uma profundidade de 1,50m, ou mais, sob o mais baixo nível de bombeamento, e no caso desse nível se situar a menos que 7,5m da superfície, o revestimento deve estender-se 3,0m abaixo do nível de bombeamento, com exceções nos casos em que um aqüífero arenoso, de espessura limitada, estiver confinado sob uma razoável camada de argila ou de outros materiais sobrepostos.

Poços em rochas fraturadas devem ser projetados com impermeabilização do revestimento, até uma profundidade considerável abaixo da superfície do solo. Nesses casos, o poço deve ser perfurado inicialmente, com um diâmetro maior que o definitivo, para que seja possível a aplicação de uma carga de cimento vedando toda e qualquer entrada de água da superfície para o interior do poço.

Sugere-se que o diâmetro inicial de poços que serão protegidos sanitariamente, devem ter um alargamento de cerca de 15cm em relação ao revestimento final, para aplicação de pastas de cimento através de tubos introduzidos no espaço anular entre a parede do poço e o revestimento; no caso de não utilização deste método, alargamentos da ordem de 5cm são suficientes.


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Página de Referência : http://www.geocities.com/cesol999/ProjetoDePoco.htm

Autor: Carlos Eduardo Sobreira Leite

Citação do autor em bibliografia : LEITE, C.E.S.


 

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