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"não...não...não"
- meu Deus! Diga que está bem!
"por quê...e agora?"
- você vai ficar bem! por favor, aguente!
"não...eu quero dizer, mas não posso! o que eu faria com ela??"
- Ai, não feche os olhos, olhe pra mim! Fale comigo!
"se eu disser, se ela acabar sentindo uma dor maior do que a que 
sinto agora?"
- Alguém chama uma ambulância! - Fala comigo! 
"O rosto dela...sua mão segurando a minha...a outra me acariciando 
a face, como que segurando minha alma, num afago para sentir minha
vida...não posso dizer que amo ela...não agora...se eu dissesse...
queria ter dito antes..."
- Ai...não faça isso comigo...você é importante para mim!
"ela disse isso? será que...? não...não depois de todo esse tempo,
será que ela me ama? Ou o que sinto é...a dor...não me deixa pensar
direito! eu...a amo?" 
          A multidão começa a se acalmar...quase todos em silêncio...
como se soubessem o que estava acontecendo...não a respeito do acidente,
mas sobre aquilo por que eu estava passando...
"por muito tempo, imaginei se amava ela, se eu tivesse falado com ela,
se eu conseguisse saber se ela também me amava, se eu..."
- Chegou a ambulância - diz alguém.
- Por favor, resista!
"sua voz...eu não queria que ela estivesse passando por isso...por nenhum
sofrimento...a sua voz não deveria estar trêmula e sofrida."
- Eu vou com você! Deixem-me ir junto!
- Certo, você pode vir - Vamos Rápido! - diz um dos paramédicos.
- (tosse) Tati - o sangue,em minha garganta, não me permitia falar - 
eu...eu...
- Sim! O que foi? diga! diga!
- Estamos perdendo ele!
- Cuide da hemorragia, faça uma mass* 
           As vozes deles se perdiam no
ar...naquele momento...apenas nós dois sentiamos um ao outro...
-...
-Não!!!
- ...eu queria ter dito isso antes a você Tati...eu sempre...te...

           Silêncio... 

-Eu também...

Fim

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