Boletim Mensal * Ano VII * Junho de 2009  *  N.º 71

           

 

COLUNA DOS VINHOS

 

Ivo Amaral Junior

 

   

 

Ainda não chegou o momento de escrever a fundo sobre azeites, pois como disse no artigo anterior, ainda estou tomando pé da situação e do tema, apesar de ter prometido a uns bons meses teclar alguma coisa. Mas vamos lá, acho que já dá para abordar superficialmente o assunto! E quem sabe será útil neste inverno!

Bem, primeiramente senti-me na obrigação de discorrer um pouco sobre os efeitos desse líquido em nossa saúde e acho que todos já ouviram falar sobre os benefícios da chamada dieta mediterrânea, talvez pelos efeitos propalados pelos médicos e estudiosos acerca dos vinhos, peixes, vegetais, legumes, queijos brancos e, sobretudo, pelos litros de azeite consumido pela população da região e, hoje, do mundo...

Antes de me tornar anti-didático e querer dar uma de especialista – sem o ser – apenas ressalto, pelo que tenho lido da dieta mediterrânea, apesar dos efeitos semi-miraculosos, só traz o efeito desejado se combinado com um estilo de vida muito difícil hoje no mundo moderno – um estilo mais soft e não-sedentário, ou seja, além da alimentação bem regulada e moderada, não devemos ter estresse e fazer exercícios físicos regularmente.

É caros compadres... Sei que é um pouco complicada essa situação, inclusive porque temos visto um efeito contrário nos países onde supostamente esse tipo de alimentação deveria fazer o efeito desejado. Portugal tem se destacado negativamente por ter a população com índices de doenças cardiovasculares altíssimos. A Grécia está se tornando conhecida por ser uma das populações mais obesas e menos saudáveis da Europa, igualmente a vizinha Itália, que tem o agravante das massas e queijos mais gordurosos na alimentação.

Isso se deve ao nosso atual estilo de vida, o qual já não é o mesmo do passado. Pastores subindo terrenos montanhosos, pessoas se deslocando a pé ou de bicicleta por quilômetros, almoços em família nos finais de semana, refeições feitas em casa com produtos frescos - comprados no mercadinho da esquina - são cenas cada vez mais raras e, por vezes, apenas gravuras em livros de história.

É uma pena que o mundo atual tenha defenestrado de nossos cardápios os alimentos recém-adquiridos e frescos (trocados por industrializados, de origem desconhecida, de cor e sabor idênticos) e as refeições tranquilas, com tempo para uma pequena siesta e uma conversa amena (hoje as refeições são feitas em frente ao aparelho de TV, com a família cada vez mais distante, cada um com um horário diferente); mas existem movimentos contrários que querem trazer de volta os prazeres da boa mesa e dos valores familiares. Luto por isso!

            Na casa da minha família, nos fins de semana, foi sempre assim! Permanecemos por horas à mesa (sempre juntos), tomando vinho, muito azeite, alimentação saudável, um vinho do Porto ao final, e – claro – aquela soneca gostosa! Espero imbuir nas pessoas a prática desse tipo de relação família-comida-estilo de vida.

Mas, deixando de lado o portuguese/brasilian way of life que quero implementar, estamos em pleno inverno aqui no hemisfério sul, época dos fondues, das carnes, dos molhos, das conservas e dos tintos mais potentes, por isso, todo cuidado é pouco na alimentação, pois ao final desse período alguns indesejados quilos a mais certamente surgirão. Basta um descuido.

Por isso, nesse clima, uma opção barata, saudável e gostosa são as sopas.         

Legumes, verduras, grãos e principalmente azeite são excelentes nesse período invernal, seja para manter a forma, seja porque harmonizam muito bem com vinhos (que o digam os portuguesíssimos caldo verde e a canja de galinha).       

Para dar um gostinho especial nas saladas sem ter que recorrer às conservas mais fortes, que tal queijo de cabra e tomates secos conservados no azeite? E os patês mais leves, com o toque de azeite ao invés das maioneses mais gordurosas? São pratos genuinamente portugueses feitos para o inverno...

Ainda sobre o azeite, é válido falar um pouco de sua história. Ele surgiu milênios atrás, na Mesopotâmia, já iluminou caminhos e ruas (entre os romanos), é citado na Bíblia como comida e medicamento e permanece icônico em muitas civilizações. Os romanos, inclusive os que estiveram em Portugal, utilizaram-no como ungento, bálsamo, perfume, combustível, lubrificante, impermeabilizante e, principalmente, na culinária.

            Além disso, foi moeda de troca em muitas civilizações, e na época dos descobrimentos portugueses fez a fortuna de muita gente – juntamente com o vinho. Hoje Portugal é um dos maiores produtores mundiais de azeite e foi um dos seus primeiros exportadores.

            O método de extração do azeite (que não tem nenhuma outra substância que não seja o óleo das azeitonas) é baseado em pressão e temperatura e é classificado em refinado, virgem, extra-virgem e comum.

            Finalizando, nos próximos textos explorarei mais a fundo o azeite, por enquanto, vamos nos contentar em utilizá-lo na culinária neste inverno, seja normal, trufado ou temperado com ervas. Que tal experimentar puro, com um bom pão e uma taça de vinho?

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