Boletim Mensal * Ano VII * Junho de 2009  *  N.º 71

            Lemos num jornal diário de nossa cidade que iriam ser formados “guias Mirins” para mostrarem aos turistas o Recife Antigo e dizerem que aqueles restos de fundações são de uma construção flamenga.

Para que, como sucede na Fortaleza de Santa Cruz, na Ilha de Itamaracá, os professores daquele curso não ensinem errado, aconselho-os a lerem o livro “Um mascate e o Recife”, de José Antonio Gonsalves de Mello, um dos maiores historiadores brasileiros e o Pernambucano que mais pesquisou, estudou e escreveu sobre a invasão de Pernambuco pelo mercenário exercito da Companhia das Índias Ocidentais, II edição, Prefeitura da Cidade do Recife, Secretaria de Educação e Cultura, Recife 1981.

Na página 38 mostra a planta do Forte Madre de Deus e São Pedro, mais conhecido pelo nome de Forte do Matos, por ter sido construído pelo mascate António Fernandes de Matos, em 1729, a única fortaleza construída em semi-circulo em todo o Estado. Essa forma circular pode ver-se facilmente nas ruínas do Museu a Céu Aberto e mostramos na foto que acompanha esta crônica.

            O site da Faculdade de Arqueologia da UFPE diz ainda que, bem perto daquelas fundações, foram encontrados restos da paliçada mandada construir por Nassau para defesa do Porto do Recife.

No livro “João Fernandes Vieira”, (2 volumes), de José António Gonsalves de Mello, Imprensa Universitária, Recife, 1967, podem ser lidos todos os detalhes da construção e as medidas do Forte do Matos.

            Nos 24 anos que permaneceram em Pernambuco, de 1630 a 1654, o invasor flamengo não construiu qualquer forte ou reduto de pedra e cal.

            Só espero é que as autoridades do Recife não cometam a mesma gafe diplomática que fizeram em Itamaracá e levem o Príncipe Herdeiro, a Rainha  e o Embaixador da Holanda a visitar o Museu a Céu Aberto e lhes digam que são restos de construções flamengas.