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Compadres, no último artigo escrevi sobre meu retorno
de Portugal ao Brasil e o reli antes de confeccionar o presente.
Apesar de passados mais de quatro meses da minha chegada, ainda me
sinto um pouquinho por lá. De lá cheguei com uma visão diferente da
vida, das pessoas, da civilização e também do vinho. Meu artigo
anterior serviu para relembrar os maravilhosos momentos vividos a
aguçar ainda mais os planos de lá voltar. É bom reviver tais
momentos.
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Por outro lado, aqui chegando apliquei
imediatamente à minha vida um pouquinho do que aprendi naquele país,
seja valorizando minha história, meus antepassados e minha terra,
seja me concedendo um pouco de paz interior nos momentos de
convivência com a família e amigos, lançando-me com prazer a uma
refeição e um bom vinho, aplacando um pouco a correria diária de
todos nós e essa busca incessante por produção.
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Esse afã de fazer tudo de uma só vez e ao
mesmo tempo tem nos levando a esquecer o prazer da boa mesa e da boa
comida. Faço mea culpa, pois contribui bastante para o
crescimento do fast food em detrimento aos almoços e jantares
em família ou com amigos. Mudei!
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Aprendi que comer com calma, acompanhado
de uma ou duas taças de vinho faz muito bem à saúde, física e
mental, pois relaxa nosso corpo e desopila nossa mente das agruras
do dia-a-dia, fazendo com que se veja a vida de uma perspectiva
diferente. Além disso, é equivocada a idéia que quanto mais rápido a
realização de determinadas tarefas, melhor. Muito pelo contrário, às
vezes a calma e a paciência são os elementos que levam à perfeição
dos trabalhos e ao melhor rendimento da máquina mais poderosa que já
vimos: o corpo humano.
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O prazer de degustar uma refeição aliada
a um bom vinho, juntamente com entes queridos, ou até mesmo
sozinho, absorto em seus pensamentos mais íntimos, faz do homem um
ser único, dotado de discernimento para realizar atos antagônicos
entre si, como a vida e a morte.
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Esse ser único, há séculos atrás
inventou o vinho, fruto, provavelmente, de um acidente que levou
uvas armazenadas a fermentarem, gerando essa indefectível bebida,
apreciada e amada nos quatro cantos de nosso globalizado mundo. O
homem deu vida e significado ao vinho e ao prazer...
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Séculos depois, na calejada Europa, mais
especificamente em território francês, à época da Guerra dos cem
anos, quando digladiavam França e Inglaterra por terras e riquezas,
o Monarca francês, não querendo se privar dos prazer da mesa e da
bebida carregava consigo um séqüito de serviçais que traziam a
somma, o conjunto de víveres e de equipamentos necessários para
a manutenção da pompa e circunstância que envolvia a alimentação dos
monarcas e dos seus bajuladores, digo, senhores feudais e demais
privilegiados membros da corte.
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Anos mais tarde, em algum intervalo
dessas batalhas, os serviçais que cuidavam da somma, os
chamados sommeliers, passaram a cuidar também das despesas
dessas empreitadas em relação aos mantimentos fato esse que não
tardou a ingressar nos palácios. Assim, nas guerras, em meio a
mortes e tragédias, nascia uma profissão ligada ao prazer e ao
vinho... O sommelier.
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Com o passar dos anos, tal profissional
se tornou o responsável pelo serviço e administração de tudo que
dizia respeito ao vinho nos restaurantes e exerce até os dias atuais
essa duríssima profissão.
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Dessa forma, passei a degustar uma
refeição e não mais a engolir a refeição, haja vista o bem
que isso faz à minha e à sua saúde. O profissional sommelier
tem me ajudado a harmonizar o vinho e o alimento de forma a criar
momentos sublimes e únicos, os quais tive a oportunidade de
valorizar quando em Portugal. Lá, a cada refeição fiz acompanhar uma
garrafa de vinho indicada pela casa. Não me arrependi! Isso é um
convite ao prazer. E ao vinho.
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