Boletim Mensal * Ano V * Novembro de 2006 * Número 45

           

COLUNA DOS VINHOS

Ivo Amaral Junior

 

 

                Compadres, consoante delineei em artigo anterior, participei de uma excelente degustação de vinhos mês passado e, em comemoração ao sucesso do evento, tivemos um petit comité de degustação do Champagne Pommery sobre  o qual já discorri. Ocorre que, logo após esse encontro tivemos uma comemoração privé – após eu já ter escrito a coluna do mês passado – quando tivemos a oportunidade de provar um dos melhores vinhos que já tomei: o espanhol da região vitivinícola de Castilla y Leon, cognominado Abadia Retuerta, além do vinho Protos, da mesma nacionalidade, que é sensacional. Como não poderia deixar de mencionar esse vinho (Abadia), deixo aqui o registro que o mesmo foi eleito o melhor vinho tinto do mundo no Challenge Internacional Wine Fair, em Londres, esse ano – um dos certames internacionais mais prestigiados no mundo. Só para respirar o vinho levou uma hora no decanter, o que fez com que nossos paladares ficassem aguçados ao extremo e a prova tivesse um ingrediente mais empolgante. Ele já chegou em Recife por um preço muito bom, vale a pena ter em sua adega para uma ocasião especial.

                Mas o presente artigo não se encerra nessa prova que fiz. Calcado na idéia de tomar mais uma garrafa desse vinho, parti para a Espanha. Sim, caros compadres, fui para Espanha, onde passei cinco maravilhosos dias entre Madri e região e mais dez dias em terras d´além mar, no nosso querido Portugal.

                Apenas para deixar meus incautos leitores com um gostinho de quero mais, tive a “ousadia” de passar dez maravilhosos dias, ao lado de Celinha (é claro! Senão não seriam dias maravilhosos, talvez apenas bons), visitando Porto, V. N de Gaia, Vila do Conde, Povoa do Varzim, Viana do Castelo, Braga, Barcelos, Fátima, Guimarães, Batalha, Leiria, Cantanhede, Mealhada, Coimbra, Fátima, Nazaré, Alfeizarão, Óbidos, Cascais, Estoril, Cabo da Roca, Sintra e Lisboa, ufa! 

Assim, na próxima edição farei um apurado desse período, narrando meu périplo terrestre e aéreo em terras portuguesas, inclusive porque gostaria de compartilhar o que posso chamar de uma viagem eno-gastronômica-cultural com os compadres. Foi a melhor viagem da minha vida, seja pelos sentimentos religiosos, seja pela gastronomia, seja pela cultura, seja pelas raízes, seja porque me senti carregando todos os compadres junto comigo nessa viagem, relembrando momentos únicos e inesquecíveis, seja porque me senti em casa...junto aos meus compadres da Academia do Bacalhau do Recife...apesar do oceano a nos separar.

                Apesar desse oceano, não me senti tão distante, já que a pouco mais de quinhentos anos um navegador português, com coragem igual a tantos outros patrícios, partiu naquele mar bravio, sem saber o que o destino lhe reservara, chegando ao Brasil e fincando o marco português nas praias que hoje habitamos. Tão longe, tão perto... Tantas coisas parecidas. Lá me senti um luso descendente que retornava ao lar e vivenciava vívida intensamente a história.

                Vou parar de querer dar uma de filósofo, pois o único com bagagem para tal é nosso compadre acadêmico, professor Alfredo Antunes, o qual me citou em artigo anterior, a quem agradeço a lembrança, mas não perdôo o gracejo que soltou ao dizer que falo de vinho com bastante propriedade; menos professor... Sou apenas um curioso tomador de vinhos que se empenha em partilhar momentos agradáveis. Pode ter certeza que são momentos aprazíveis assim que partilhamos juntos na Academia... Obrigado.

                Deixando um pouco de tergiversar e divagar sobre esse estupendo assunto que é Portugal, passarei a comentar sobre a viagem à Espanha, terra que nosso compadre Diego conhece como  a palma da mão, onde tive a oportunidade de comer uma paella valenciana. Compadre! A sua é melhor (acho)! Podemos provar novamente para tirar a dúvida? Além desse maravilhoso prato fui ao restaurante mais antigo do mundo (segundo o Guiness), o Botin e fui às “tapas”. Não meus caros, ainda não foi dessa vez que fui às vias de fato com alguém. Ir às tapas significa ir de bar em bar, tomando vinho e provando as delícias da culinária espanhola, em petiscos. Foi muito bom!

                A Espanha está numa evolução crescente no cultivo de uvas e feitura do vinho. Sua produção é enorme e suas regiões demarcadas estão ficando famosas no mundo inteiro. Provei, além do Abadia Retuerta (duas garrafas), outros vinhos da Ribeira Del Duero (do qual o Abadia também faz parte), da Rioja (que faz excelentes vinhos e bons preços, lembro os marqueses – Cáceres e Riscal) e da região Catalã de Penedès e, por fim, de Valdepeñas.

                Para acompanhar um cabrito assado somente com sal, o leitão no forno a lenha, um jamon serrano ou jamon ibérico belota (onde o animal se alimento quase que exclusivamente de bellotas), uma paella, um queijo de ovelha, um bocadillo de jamon e queijo, champignon recheado, morcela, entre tantos outros. Maravilhoso! Até a próxima! Portugal vem aí!

 

 

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