Primeira edição da Shonen Magazine c/ o 8o. Homem

O 8o. Homem começou a ser publicado na edição nro. 20 da revista semanal Shonen Magazine (vol.38), da Kodansha, em 12/05/1963. Criada e desenhada por Jiro Kuwata e escrita por Kazumasa Hirai, a série logo se tornou um grande sucesso. Jiro Kuwata já era um desenhista conhecido por sua criação Gekko Kamen, e Kazumasa Hirai já era autor de outras histórias, tendo também trabalhado com Shotaro Ishinomori, o criador de Cyborg 009.

Mesclando história policial com ficção científica, as aventuras do 8o. Homem surgiram em um momento de muitas transformações culturais em todo o mundo.

O Japão, país que sempre possuiu tradição na cultura das histórias em quadrinhos, ou mangá como é referenciado, tinha e tem até hoje seu maior autor na pessoa de Osamu Tezuka, criador do genial Tetsuwan Atomu, conhecido também como Astroboy, entre muitos outros personagens.

         Se analogamente pode-se dizer que Tezuka é o Walt Disney japonês, o 8o. Homem é um dos personagens de mangá que mais se assemelha aos personagens criados por Stan Lee, o maior autor de comics americano dos anos 60.

        Serializadas em capítulos pela Shonen Magazine, as histórias do 8o. Homem se iniciam de forma bastante misteriosa, uma vez que não é explicada imediatamente a origem do personagem, apenas sabemos que o detetive Azuma é um robô que secretamente executa missões para o Chefe de Polícia Tanaka.

        A princípio, Azuma se utiliza de artifícios para receber as mensagens do Chefe Tanaka, como por exemplo se disfarçar de mendigo aleijado. Também nas primeiras histórias existe a preocupação de explicar questões lógicas, como por exemplo, o que acontece com a comida que Azuma ingere. Porém, nada do passado de Azuma é revelado tão cedo.

Splash page da primeira história do 8o. Homem

         As duas primeiras aventuras do 8o. Homem, respectivamente Kaijin Geeren (Geeren, o matador) e Satan no Kyodai (Irmãos Satã) também apresentam uma curiosidade quanto a forma com que foram desenhadas: Jiro Kuwata quebra a estrutura comum dos quadros simplesmente seqüenciais, alterando em três momentos o formato destes, sendo a primeira uma substituição das molduras pela forma de balões de diálogo, a segunda a sobreposição da figura do 8o. Homem sobre um quadro menor e a terceira simplesmente a eliminação da moldura.

         Estas quebras de padrão, muito embora trouxessem mais qualidade às histórias, inexplicavelmente foram abolidas e somente retornaram nas últimas páginas da saga, assunto que é abordado mais adiante, no tópico As Histórias, na análise da última aventura da saga.

         A ação nas histórias do 8o. Homem é quase que ininterrupta, tanto que a noção do tempo transcorrido, ou se é dia ou noite, praticamente desaparece. Isso também ocorre porque sendo a história toda em preto e branco, detalhes sobre o período do dia são simplesmente deixados de lado, a não ser que sejam pertinentes para o evento em andamento.

Edição nro.1 da série publicada em 1968 - Sunday Comics

O 8o. Homem teve diversas compilações de suas histórias. A mais popular, além da própria Shonen Magazine, é da Sunday Comics, e tem reedições constantes até hoje, porém essa série em 5 edições peca em três pontos: vários quadros foram "complementados" pela própria editora, para preencherem completamente as páginas; existem cortes nas seqüências (e texto) de algumas histórias, chegando até 30 páginas no pior caso e por último, não faz parte desta compilação a última história, onde Azuma tem sua identidade secreta revelada para Sachiko. O melhor dessas edições é a qualidade de impressão, realmente excelente.

Outras edições trazem uma maior quantidade de histórias, mas não necessariamente possuem uma boa qualidade de impressão. Existe uma coleção lançada em 1989 em sete volumes pela Rimu Shuppan que, embora bastante abrangente, tem muitas páginas com a impressão borrada, o que prejudica o traço de Jiro Kuwata.

O 8o. Homem já teve cerca de dez publicações diferentes, em diversos formatos, variando a quantidade de volumes e o tipo de edição (capa dura).

        As histórias do 8o. Homem, assim como qualquer outro mangá, não possuiam um número de páginas definido, poderiam ter de 25 até 270 páginas, dependendo da trama. Envolviam de gângsteres comuns até naves espaciais, passando por seres sobrenaturais e os mais diversos tipos de robôs e cyborgues. Os roteiros de Kazumasa Hirai eram muito bem construídos e com bastante humor também, mas o grande trunfo da série foi o conflito estabelecido com o próprio personagem do 8o. Homem: sendo um robô com a mente de um homem, Azuma se via impedido de viver como um homem, e assim não poderia amar Sachiko. O desenho de Jiro Kuwata, já definido como "gêlo metálico", muito diferente de Tezuka e Ishinomori, se adapta perfeitamente ao estilo das histórias e guarda todas as características que marcaram o traço dos desenhos japoneses.

Série de 1995, em 6 vols. pela Rimu Shuppan

         Alternando momentos de ação, humor e drama, as histórias do 8o. Homem ainda apresentam mais um aspecto que muito embora bastante discutido em vários sites da internet, não é colocado de forma verdadeiramente elucidativa: as cápsulas de energia, em forma de cigarro. Para os que desconhecem esse detalhe, vai aqui um esclarecimento: durante toda a saga do 8o. Homem no mangá, muitas vezes o robô, devido aos combates ou a algum esforço demasiado, ou porque foi atingido por alguma arma, precisava recarregar suas forças e para isso ingeria energia através de cápsulas que se assemelhavam em tudo a cigarros, inclusive era necessário acendê-los. Mas de forma alguma se tratava de tabaco e o 8o. Homem só os utilizava realmente se fosse preciso, como um medicamento e não um vício.
         Por último é preciso dizer que apesar da derradeira aparição do 8o. Homem ocorrer em fevereiro de 1966 (edição nro. 6, vol. 41 da Shonen Magazine), Jiro Kuwata já havia abandonado a série, e o artista ou artistas que o sucederam procuraram imitar seu estilo de forma quase idêntica, porém alguns detalhes são reveladores: os olhos de Azuma, que nos traços de Kuwata eram firmes e sinceros, eram mal feitos, e os veículos, que sempre se destacaram nas histórias de Kuwata, passaram a ser desenhados de forma extremamente simples.

 

 
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