1452  -  1519   d.C.



 
 
 
 

         "Se não tivesse sido tão volúvel e inconstante, teria feito um grande proveito na erudição e nas letras." A frase é de Giorgio Vasari — pintor menor, mas o maior historiador da arte do Renascimento, em cuja época viveu — e refere-se a um artista daquele tempo, oriundo da localidade de Vinci, perto de Florença, e chamado Leonardo. A crítica é justa: realmente, de tão volúvel e inconstante, Leonardo foi pintor, escultor, matemático, arquiteto, urbanista, físico astrônomo, engenheiro, naturalista, químico, geólogo, cartógrafo, estrategista, criador de engenhos bélicos e inventor de instrumentos musicais. Os estudiosos da Renascença reconhecem nele uma das figuras mais importantes de seu tempo. Sua obra, de uma diversificação assombrosa, é toda marcada pela genialidade. E sua figura humana aproximou-se como nenhuma outra daquele imaginário
Homem Universal o ideal da época renascentista.


O humanismo que modernizou o mundo

          Quando se fala em Renascença, há quem imagine que se trata de um fenômeno súbito: de repente, no século XIV, teria ocorrido na Europa uma ressurreição do interesse pela cultura clássica da Grécia e de Roma moldando a partir de então, durante um longo período, toda a criação filosófica, científica e artística. No entanto, não foi bem assim. O chamado Renascimento resultou de movimentos que começaram muito antes, por volta do século XIII. Foi então que alguns artistas e pensadores, embora ainda tímida e inconscientemente, se tornaram pioneiros da Renascença ao reverenciarem os ideais artísticos da antigüidade. A tendência evoluiu e, embora sem perder as marcas do classicismo do qual surgira, aos poucos foi adquirindo outro espírito e ganhou características próprias. E não ficou restrita apenas as letras, artes e ciências passou a influenciar também a educação, a política e a própria religião, numa ampla revolução cultural que traçou o primeiro esboço do que viria a ser o mundo moderno.

          Em oposição á glorificação do celeste e do extraterreno, que caracterizara a Idade Média, passou a vigorar um acentuado humanismo: o homem surgiu como o centro dos interesses. Viver a vida e conhecê-la tanto quanto possível generalizou-se como atitude. Dessa forma os europeus, que durante séculos se haviam conformado em sonhar com a futura vida eterna, começaram a descobrir o valor da vida no dia-a-dia, ao nível da terra.



 
 
 
 

Bom professor, melhor aluno


          Era esse o clima que existia na Itália no ano de 1452, quando em Vinci, pequena aldeia Toscana perto de Florença, nasceu o menino Leonardo. E foi influenciado por esse espírito que Leonardo da Vinci cresceu e se iniciou em arte, no estúdio de Andrea del Verrocchio. Tão bom mestre era Verrocchio e tão bom aluno saiu-se o rapaz, que aos 25 anos de idade pôde juntar-se aos artistas que trabalhavam para Lourenço de Medici, o famoso mecenas que governava Florença. Já conhecido como pintor, Leonardo deixou a casa de Medici e passou a trabalhar para outras figuras importantes. Era protegido de Ludovico Aforzo, duque de Milão; serviu como estrategista a César Bórgia, e ainda, por encomenda do Papa Leão X, realizou uma série de brilhantes estudos de óptica.

 

          Durante a ocupação da Itália pelos franceses, da Vinci projetou para o governador Carlos d’Ambroise uma residência cujo arrojo lhe valeu um convite do próprio rei francês — Francisco I. Na França, da Vince passou seus últimos anos — os mais tranqüilos. E ali morreu em l519 com 67 anos de idade.

 
 

Artes :


 



 
 
 
 
 
 

Embora genial em diversos campos, foi na pintura que da Vinci mais se distinguiu. Pintou poucos quadros, mas todos eles verdadeiras obras-primas, a "Anunciação", a "Virgem dos Rochedos", o retrato da "Mona Lisa", considerado o quadro mais conhecido do mundo.

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De tempos em tempos, Leonardo dedicava-se à escultura, mas embora fizesse muitos esboços, como o da ilustração, poucas foram as obras que chegou mesmo a completar.

 
 

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Urbanismo :
 
 

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Até o Renascimento, ninguém pensava em urbanismo. As cidades não passavam de insalubres amontoados de casas. Ruas, havia poucas. Esgotos, menos ainda. No projeto que fez para a cidade de Mudo, da Vinci baniu muros, traçou canais de esgoto, previu ruas superpostas para pedestres e pistas livres para veículos. As casas seriam amplas e ventiladas e haveria praças e jardim para todos, como mostram estes esboços, provando o seu gênio como urbanista.

 
 

Aerologia :
 
 

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O domínio dos ares sempre foi uma das paixões de Leonardo da Vinci. Dedicou à aerologia uma grande parte de sua vida. Após estudar a fundo as aves, em busca de conhecimentos sobre o vôo, o inventor idealizou um engenho muito parecido com elas (à esquerda). Mas esse precursor dos planadores levou da Vinci à conclusão de que o homem jamais voaria como os pássaros — batendo asas. De qualquer forma, porém, poderia pousar tranqüilamente como aves, achava Leonardo. E criou um pára-quedas de "12 braças quadradas por 12 de alto" (centro). E já preparava estudos de um engenho voador mecânico (centro, à direita). Além dessas, criou várias outras máquinas aéreas, propelidas mecanicamente. Uma delas, o parafuso aéreo (à direita), constituiu uma antevisão do helicóptero. Nele, quatro homens, à força dos músculos, moviam o eixo ligado a uma hélice.

 

Hidráulica :
 
 



 
 
 
 
 
 
 
 

Baseado no princípio de Arquimedes, Leonardo inventou uma bomba hidráulica para elevar água, criando o primeiro dos dispositivos de elevação — hoje muito em uso. Imaginou também uma bomba de poço e uma roda hidráulica. Esta, por sinal, abriu caminho para as turbinas, que só muito mais tarde o mundo veio a conhecer. Em matéria de hidráulica, assim como em todas as outras ciências, Leonardo discutia qualquer verdade estabelecida. Antes de aceitar uma idéia, fazia questão de testá-la de várias formas, para tirar suas próprias conclusões. Seu empirismo foi, mais tarde, imitado por Galileu Galilei, físico, e Francis Bacon, filósofo.

 

Engenharia :
 
 



 
 
 
 
 
 
 
 

Além de engenheiro aeronáutico e hidráulico, Leonardo foi também engenheiro civil. Já naquela época, previu a futura técnica de construção de pontes metálicas, O esboço ilustrado acima mostra a sua ponte parabólica.

 
 

Guerra :
 
 

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Apesar de fascinado pela vida, o criador de Mona Lisa foi também um entusiasta da guerra e da idealização de máquinas de morte. O carro do alto que imaginou era uma concepção originalíssima: coberto de toras madeira, movia-se por um mecanismo propelido por homens ou animais. parando sobre o inimigo com armas que se deslocavam sobre a abertura superior. Leonardo criou também sistemas defensivos muito eficientes para os que o contrataram como estrategista. Um deles era uma fortificação formada por duas muralhas, separada por fossos e dotada de galerias subterrâneas. A guarnição desses redutos disparava sobre o inimigo com canhões de canos múltiplos, também de sua criação, os quais desfechavam rajadas, como mais tarde as metralhadoras E dispunham ainda de gigantescas catapultas colocadas sobre fortes estruturas de rodas inclinadas.

 

Anatomia :

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Por causa da anatomia, Leonardo da Vinci quase se viu em maus lençóis: foi descoberto dissecando cadáveres, o que era considerado grave crime. Graças às suas dissecações, entretanto, fez descobertas importantíssimas, que registrou em inúmeros desenhos e no Tratado de Anatomia que escreveu. As Proporções do corpo humano, seus diversos sistemas, as leis do seu funcionamento, tudo isso foi estudado e minuciosamente descrito por da Vinci.

 

Náutica :
 
 

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Também em náutica, da Vinci revelou uma visão prodigiosa. Para vencer a resistência da água, estudou novos perfis de casco, a fim de tornar as embarcações mais parecidas com os peixes. E projetou vários modelos de barco, entre os quais este (à esquerda), movido a rodas de pás — como os vapores que surgiriam 300 anos depois. Outro desenho interessante que nos legou foi o de um capacete para escafandrista (à direita).

 
 

Mecânica :

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Projetar engenhos mecânicos, durante a Renascença, não dava prestigio a ninguém. Ao contrário, era visto como atividade indigna de um cientista. Leonardo da Vinci, porém, nunca se preocupou com essa opinião. A grua que inventou (à esquerda) dispunha de cabrestante com freio dentado e equilibrava-se por meio de uma caixa de contrapeso. No isqueiro que projetou para acender canhões (centro, à esquerda), da Vinci criou uma corrente tão sólida, que continua em uso até hoje, nos mecanismos que exercem grandes esforços. Sua draga palustre de pás escavatrizes (centro, à direita) funcionava por um princípio idêntico ao utilizado pelas escavadeiras hidráulicas de hoje. E a tal ponto chegou a capacidade de antecipação de Leonardo, que idealizou, com 500 anos de antecedência, o patriarca dos macacos de automóvel, representado pelo esboço da ilustração à direita.

 
 

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........................................................................................................................................................Idade Moderna
 


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