Sete Gatos e uma Louca!

Capítulo 4 – Misturando Chuva, Vento e Amizade


- Quem é você?! Vamos, diga!!

- Ei, calma... Eu sou a tia Nastácia...

- Eu não tenho nenhuma tia chamada Nastácia... Eu nem tenho tia!!

- Não, seu Vegeta... As crianças me chamam de tia Nastácia e aí eu me acostumei.

- Comovente... Foi você que nos seqüestrou, velha?!

- Euuuu??? Eu não.... E não me chame assim, senão vai ficar sem comer.

- Como assim? - pergunta Vegeta franzindo a testa.

- É que eu fui trazida pra cá pra cozinhar pra vocês... Eu fui con-tra-ta-da....

- Contratada? E quem te contratou? Responda!

- Ah... Isso eu num sei, não senhor....

- É mesmo? Vamos ver se você não sabe... - e dizendo isso Vegeta sai arrastando tia Nastácia pelo braço.

- O que o senhor tá fazendo, seu Vegeta?

- Te levando para que os outros te vejam!

- Ah... O senhor tá falando dos meninos Mulder, Jack, Lex, Hotohori e Shiryu? Eu já avisei pra eles que o jantar tava na mesa... Acho que eles já estão por lá...

- O quê?!!! Como? Então eles sabiam que você estava aqui, velha?

- Eu num sou velha não senhor...E se continuar me chamando assim, vai ficar sem jantar pra valer.

Vegeta a solta bruscamente.

- Acontece, seu Vegeta, que eu passei pelos quartos deles primeiro... E eu avisei eles primeiro.

- E o que eles disseram?

- Acho que os coitadinhos tavam com tanta fome que nem perguntaram muita coisa... foram correndo pro salão de jantar.

Nesse momento, Vegeta lembra que também não tinha comido praticamente nada o dia inteiro.

- O senhor também deve estar com muita fome, não é?

- Humpf! Onde é esse tal salão de janta?

- É só seguir o corredor da direita e dobrar a esquerda no próximo, mas vamos lá que eu também vou...

Quando Vegeta chegou, todos já estavam na mesa jantando.

- Ei, Vegeta! Achamos que você não estava com fome! Você não aparecia... - grita Jack.

- Junte-se a nós, Vegeta! - grita Hotohori. - A comida está deliciosa!

- É verdade... Está muito gostosa... - concorda Shiryu.

Mulder de boca cheia apenas fez sinal de positivo com o polegar. Vegeta olha em volta e percebe que havia dois lugares vazios. Ele supôs ser um dele e o outro de Aoshi.

- Pode se sentar, seu Vegeta... Ainda tem bastante comida. - fala tia Nastácia.

Vegeta não se faz de rogado. Senta-se e começa a comer feito um típico saiyajin. Todos pararam de comer para observar Vegeta que estava chamando muita atenção.

- O que é que foi? - ele grita de boca cheia.

- Ei, Jack! - Mulder dá uma cotovelada em Jack. - Onde é que esse baixinho vai colocar tanta comida? - diz apontando para o prato de Vegeta. - No estômago é que não é...

- Bom, meninos.. - fala tia Nastácia. - Parece que todo mundo está servido. A tia vai lá para a cozinha. Se precisarem de alguma coisa, é só chamar.

- Obrigado, tia! Pode ir... A gente está muito bem... - diz Shiryu.

Vegeta que estava comendo, quase engasgou na tentativa de rir e comer ao mesmo tempo.

- Shiryu, você chamou a velhota de "tia"? - ele pergunta depois de se recompor do engasgo.

- Sim, Vegeta... A tia Nastácia é muito legal, você não achou?

- A única coisa que eu sei é que ela pode ser a chave para vocês saírem desse lugar. - diz Vegeta enfatizando o "vocês", excluindo assim a si próprio de depender de qualquer informação de tia Nastácia para deixar o lugar. - Será que só eu percebi isso?

- Claro que não, Vegeta... - foi Lex quem disse após respirar fundo no intuito de tentar conter a impaciência que aumentava cada vez. - Essa é uma idéia óbvia demais para ser mentalizada unicamente por você. Mas a senhora Nastácia me garantiu que não faz idéia de quem a tenha contratado. Todo contato foi feito com a dona do Sítio onde ela trabalha. Ela mesma não sabe de nada... Pra você ter uma idéia, ela veio para cá da mesma forma de nós. De helicóptero e vendada... A única diferença é que ela sabe muito bem para que veio... Ela veio para... Digamos, tomar conta de nós... Ela não tem culpa do que está acontecendo...

- Ainda acho que ela pode saber mais do que diz... Como ela vai embora? - pergunta Vegeta.

- Quando terminarmos de jantar, a gente a procura para conversar... Quem sabe ela nos ajude de algum modo? - diz Mulder.

Enquanto isso, na cozinha, tia Nastácia estava preparando um prato para viagem. Ela arruma tudo cuidadosamente e sai pela porta dos fundos. Alguns passos depois, chega no ponto onde estaria Aoshi.

- Menino Aoshi.... Menino Aoshi... Onde você está, menino? - ela chamava por Aoshi deixando que a vista percorresse por todos os locais onde elas poderiam alcançar por causa da escuridão.

- Quem é você e o que quer? - Aoshi surge em sua frente, assustando-a por um instante.

- Ai... Que susto. - ela diz levando uma das mãos à altura do coração. - Eu sou a tia Nastácia... A cozinheira... Antes que você pergunte, menino, eu não sei quem trouxe você pra cá e nem sei como sair daqui, mas eu trouxe um pouco de comida pra você... - diz mostrando-lhe o prato feito e sorrindo.

- Eu não quero... - ele diz dando-lhe as costas. - Leve de volta.

- Mas menino Aoshi...

- Pare de me chamar assim! Eu não sou menino!!

- É que... - tia Nastácia deixa seu sorriso morrer. - É que... Eu já sou uma velha senhora, sabe, meu filho... Uma pessoa da sua idade pra mim ainda é um menino com uma vida inteira pela frente... Não tou aqui pra ofender ninguém... Eu só pensei que estivesse com fome... Desde que chegou aqui esta manhã você não comeu nada ainda. Meu trabalho aqui é cozinhar pros visitantes como foi dito, mas eu me preocupo muito com as pessoas de uma maneira geral... Vou deixar o prato aqui, tá certo? Se não quiser comer, jogue no mar... A tia espera que você passe uma boa noite, apesar de não querer entrar na casa e no quarto reservado pra você... Está tão bonito... - e ela volta a sorrir.

Depois de deixar o prato lá próximo de Aoshi, ela vai embora. Aoshi sentiu que ela era uma boa pessoa, talvez a única boa pessoa de todo aquele lugar.

Aoshi tinha ficado todo aquele tempo ali sozinho imaginando o que era aquilo tudo. O que poderiam estar querendo com sete pessoas tão diferentes como ele e aqueles outros. Ele imaginara que a casa com tudo o que havia lá era na verdade uma grande armadilha... Não que ele estivesse com medo, não era nada disso... No fundo, Aoshi sabia muito bem que a questão principal era essa sua dificuldade de se relacionar com as pessoas...

"Seja lá o que aconteça, não devo me aproximar deles...", pensa ele se aproximando do prato que tia Nastácia havia deixado. Aoshi, assim como todos os outros, estava faminto. Ele leva o prato para a beira da praia e lá come apressadamente. Ao terminar, joga o prato vazio no mar.

Já devia passar da meia-noite... Aoshi procurou um outro lugar na ilha para ficar, um lugar que não fosse tão óbvio como o que ele estava... Em sua procura, ele achou uma pequena gruta onde se acomodou para descansar um pouco, mas sem saber que na madrugada, a gruta era invadida pela água do mar.

Ele desperta num susto sentindo a água gelada em seu rosto e percebendo num segundo instante as roupas totalmente molhadas.

- Droga! - ele grunhiu, saindo rapidamente do local que, por causa da maré alta, ficou inundado.

Como ainda estava com muito sono e sentindo-se estranhamente cansado, Aoshi dá apenas alguns passos fora da gruta e cai adormecido a poucos metros do lugar. Ventava muito e o frio habitual da brisa do mar em conjunto com as gotas geladas da chuva que começava a cair faziam dali, um lugar insuportável de se permanecer por muito tempo.

Cerca de cinco horas da manhã. Shiryu acorda e olha para o tempo pela janela. Ainda estava escuro e chovia forte. Ele levanta-se, sai de seu quarto e vai até a porta do quarto de Aoshi, percebendo que a chave ainda estava no mesmo lugar o que significava que Aoshi continuava lá fora.

- Esse cara é muito teimoso...

Nesse momento Hotohori também sai de seu quarto.

- Ei Shiryu! - ele chama. - Algum problema?

- Hã? Ah não, Hotohori, pelo menos nenhum a mais do que o que já temos...

- O tal Aoshi apareceu? - Hotohori perguntou percebendo que Shiryu encontrava-se em frente ao quarto de Aoshi.

- Não... E eu estou um pouco preocupado com ele... Está vendo essa chuva? Faz horas que chove..... e forte...

- Você está levando esse negócio de líder um pouco mais a sério do que deveria, não acha?

- Não é por isso, Hotohori... Eu realmente estou preocupado... Não acha que pode ter acontecido algo a ele? O rapaz não tem culpa por estar aqui nesse lugar, sem amigos, sem pessoas conhecidas... Cada um reage de maneira diferente, Hotohori...

- E o que vai fazer?

- Acho que vou dar uma olhada por aí.... Talvez esteja precisando de alguma coisa...

- Nessa chuva?

- Qual é o problema? Eu vou e volto num instante.

- Ok... Eu vou com você.

- Não, Hotohori... Não precisa...

- Mesmo assim, eu gostaria de ir.... Amigo...

Shiryu sorriu, pois sabia que não poderia impedi-lo.

- Claro... - Shiryu disse. - Vamos lá.... Amigo...

Os dois saíram pelo lugar. Pelo horário, já não deveria estar mais tão escuro, mas estava por causa das nuvens nubladas. Ao longe, Hotohori avista alguma coisa.

- Ei, Shiryu.. não é ele ali? - ele aponta.

- Parece que sim... - concorda Shiryu. - Vamos lá!

Os dois correram na direção de Aoshi e o encontraram no mesmo lugar que tinha tombado sem forças ao sair da caverna. A chuva caia sobre seu corpo, mas Aoshi parecia não se importar com isso.

- Como ele consegue dormir com essa chuva toda caindo sobre ele? E esse terrível frio então? - Hotohori pergunta franzindo a testa.

- Não sei, vamos acordar ele... - fala Shiryu. - Aoshi! Aoshi!! Aoshi! - Shiryu o chama insistentemente.

- Ele pode estar morto? - Hotohori pergunta preocupado ao perceber que ele não respondia.

- Não... mas ele não está bem, Hotohori! Está respirando com muita dificuldade e.... - Shiryu o tocou no pescoço. - Minha nossa! Está completamente gelado e quase sem pulsação! Vamos levar ele para dentro de casa!!

- O que foi, Shiryu?!

Shiryu pega Aoshi nos braços e sai caminhando com ele rapidamente.

- A temperatura do corpo dele! Deve estar em torno de 30 graus ou menos, Hotohori!

Hotohori coloca sua mão sobre a face de Aoshi.

- Parece um cadáver! Tem certeza que está respirando?

- Sim, mas com muita dificuldade, por isso você não percebeu!

Shiryu adentra a casa gritando por tia Nastácia. Conseqüentemente, seus gritos acordaram todos os outros.


Nota: Quando eu era pequena (já faz tempo, eu sei.. ¬¬), eu simplesmente amava a tia Nastácia do Sítio do Pica-Pau Amarelo. Sei que depois disso já houveram várias e várias versões, mas a única que tenho em mente é a que conheci nessa época da minha infância. Sempre quis ter uma tia Nastácia aqui em casa ^_^. Quando me deparei com a necessidade de alguém para cozinhar e cuidar da casa, só consegui pensar nela... Daí, a louca da fanfic a contratou, hehe...

 

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