Sete Gatos e uma Louca!

Capítulo 22 - Nas Mãos de Aoshi Shinomori


Enquanto isso, as meninas estavam todas alvoroçadas, pois tinham levado o material necessário para uma festa àquela noite.

Shiryu, Mulder, Jack e Hotohori só olhavam elas falarem e rirem alto.

- O que vocês acharam desse negócio de festa? - Shiryu perguntou aos demais.

- Vai ser ótimo! - Jack manifestou-se logo.

- Só porque foi idéia sua elas virem... - Mulder rebate, carrancudo.

- Isso mesmo! E vocês deviam me agradecer por isso!

- Eu gosto de festas. Sou uma pessoa sociável - Hotohori disse, já tranqüilo.

- E sei que também gosta de mulheres! - Jack se antecipou em falar.

- Mas é claro! - Hotohori sorriu, satisfeito.

- Você nem sabe quem o escolheu pra ser seu par... - Jack decidiu não dizer que o imperador havia ficado por último nas escolhas.

- Quem?

- Tá vendo a loirinha de vestido curto meio esverdeado? E que belo decote, hein?

- Ela?

- Isso mesmo! Maior gata, não achou?

- É bem bonita mesmo... independente do decote e do comprimento do vestido - concordou Shiryu.

- Sim, ela é linda! - Hotohori falou.

- Já que você contou sobre o Hotohori, vai ter de nos dizer também quem foi que nos escolheu - Mulder exigiu.

E Jack começou a por os amigos presentes a par das escolhas femininas.

 

Quando tia Nastácia voltou para a cozinha, encontrou ainda Vegeta, Lex e Aoshi sentados à mesa e calados.

- O que foi? - ela perguntou de testa franzida.

- Nada... - Lex respondeu. - Estamos aqui por não haver outro lugar para estar...

- Ou porque estão com medo de enfrentar a mulherada?

- Um bando de pirralhas zuadentas, isso sim! - manifestou-se Vegeta com um leve soco na mesa.

Aoshi continuava calado. Havia dentro dele uma pequena batalha. Só ele sabia que a mulher que os seqüestrara estava ali ao alcance deles. Deveria contar aos outros? Ou talvez esperar pelos próximos acontecimentos? Talvez devesse contar a Shiryu e que ele decidisse o que fazer, afinal se ele soube de Lenore foi graças ao cavaleiro de Dragão.

Lenore surgiu outra vez na cozinha, fazendo Aoshi levantar-se automaticamente enquanto a fitava. Lex e Vegeta não entenderam aquilo, mas não deram importância.

- Olá de novo... - ela sorriu. - Estão esperando o jantar a postos?

- Não é isso... - Lex sorriu também. - Estamos aqui à toa...

- Então está bem. Tia, volto mais tarde!

- Aonde você vai?! - Aoshi se antecipou em perguntar de forma quase nervosa.

- Eu? Vou dar uma volta... Caminhar na praia...

- Mas já está escurecendo! - insistiu Aoshi.

- Se quiser, eu posso acompanhá-la - Lex levantou-se.

- Não entendo a preocupação, mas tudo bem... Se quiser vir comigo, Lex, não tem problema.

- Mas é que... - Aoshi não esperava o oferecimento de Lex.

- Você também quer vir, Aoshi? - Lenore perguntou, sorrindo.

- Eu? Não... Não quero...

- Tudo bem, então - ela seguiu o caminho da saída.

Lex passou pelos outros.

- Se me dão licença, tenho uma dama para acompanhar.

Aoshi estranhamente o segurou pelo braço e falou baixinho:

- Cuidado com o que vai fazer e dizer.

- Não vou fazer nada! E se gostou tanto dela assim, devia insistir para ir no meu lugar!

- Como é? Entendeu tudo errado! Não estou preocupado com ela... E sim, com você, Lex.

- Não tenho espadas e muito menos força sobrenatural, mas ainda assim, sei me defender... Se é que é preciso... - e saiu em seguida.

Após a saída de Lex, Vegeta puxou Aoshi para perto de si.

- Ok, espadachim... Diga o que sabe.

- O que acha que eu posso saber além do que todos sabemos?

- Se eu soubesse, não estaria perguntando. Acontece que você está muito estranho. Não acredito que você esteja interessado na piloto, então diga o que é!

- Como pode saber se eu estou ou não interessado na garota?

- Se não quer dizer, então não diga! Eu descobrirei por minha própria conta!

 

Lenore passou longe de onde as meninas estavam e seguiu para a praia. Lex estava logo atrás dela, caminhando devagar e calado. Ela caminhou ainda por uns dez minutos após alcançar a beira da praia e depois sentou-se na areia para acompanhar o pôr-do-sol.

- O pôr-do-sol aqui é mais bonito do que em qualquer outro lugar - disse ela com o olhar fixo no crepúsculo.

- Já esteve aqui outras vezes?

- S-sim... trabalho como piloto há muito tempo.

- Imagino que a tal Éli sempre traga convidados como nós a este lugar.

- Engana-se! - ela falou firmemente. - O intuito dessa ilha, para Éli, sempre foi o de fugir de tudo... Aqui... é o refúgio dela. Um lugar que era somente conhecido por ela... e por mim, naturalmente, já que sou sua piloto.

- Interessante. Fale mais sobre a Éli.

- Não posso imaginar o que queira saber e, além do mais, não me parece ético.

- Está bem. Então fale mais sobre você... Isso não é antiético. Ou é?

- Não... - Lenore respondeu com um sorriso - Só que não há muito o que falar...

- Então me fale o pouco que há. Tem família? Esposo? Namorado?

- Não tenho esposo nem namorado, mas tenho uma família que amo muito.

- E quando vou pilotar? - perguntou ele, olhando-a de soslaio com um sorriso maroto.

- Em breve, não se preocupe.

- Eu ouvi a tia dizer que ia preparar o quarto dela para você ficar...

- Sim. A casa tem mais de quinze quartos, mas não estão mobiliados.

- Ah... Então é isso. Meu quarto, isto é, o quarto que eu durmo é bem aconchegante e tem uma cama muito confortável... - Lex foi dizendo tranqüilamente, mas tratou de se explicar de forma rápida ao ver a cara que Lenore começara a fazer: - Se você quiser ficar lá, eu durmo na sala ou na varanda!

- Obrigada, Lex. Mas eu sou só a piloto. Tenho certeza de que as convidadas vão precisar do seu quarto mais que eu...

- Tinha esquecido delas - ele baixou os olhos. - Realmente elas não tem onde dormir.

- Você parece tranqüilo agora... - Lenore mudou de assunto. - Fiquei sabendo que era o mais revoltado com toda essa situação.

- Sim, é verdade. Mas resolvi pagar pra ver...

- O que espera?

- Conhecê-la e depois voltar para minha vida.

- O que sente com relação a ela?

- Como assim?

- Tem raiva, gosta ou é indiferente?

- Estou começando a achar que ela pode ser uma boa pessoa... Pelo menos bom gosto para empregados já vi que ela tem... - ele sorriu ao ver Lenore revirando os olhos. - Respondendo a sua pergunta, já não tenho raiva, mas também não sou indiferente... Por eliminação, acho que gosto dela.

Lenore não disse nada, apenas desviou seus olhos de Lex para o mar. Ele fez o mesmo e assim permaneceram por alguns minutos ainda até que Lex levantou-se e estendeu a mão para ela.

- Venha! Vamos voltar... Daqui a pouco isso aqui vai se transformar num breu terrível.

- E frio... - Lenore envoltou-se com os próprios braços.

- Queria estar de casaco para poder dá-lo a você - Lex disse sem jeito.

- Seria cavalheiro a esse ponto? - Lenore gracejou.

- Isso seria o mínimo... - ele, contudo, respondeu sério.

No caminho para a casa, Lex não resistiu e passou o braço sobre os ombros de Lenore.

- Você ainda está com frio? - sussurrou ele ao trazê-la mais para perto de si.

- Não muito... - ela respondeu sem graça, mas não reclamou da atitude do rapaz.

Enquanto se aproximavam da casa, perceberam a movimentação do início da festa.

- O que está acontecendo?

- Festa - respondeu Lenore. - Aproveite o momento, Lex! - disse, afastando-se dele.

- Aonde você vai? - Lex perguntou, confuso.

- Empregados não devem participar.

- Que bobagem! Quem criou essa regra ridícula?

- Não é uma regra... Eu só acho justo que seja assim.

Jesse, acabando de notar a presença de Lex, veio ao encontro dos dois.

- Lex, querido! Estou procurando você a horas!

- E para quê? - perguntou ele, tentando se sair dela, mas era tarde; Jesse já havia passado o braço em volta do dele.

- Para dançar comigo! Olha lá! A Botan, a Mina, a Kate e a Naru estão dançando!

- Estou vendo... umas com as outras...

- Sim, mas eu não quero dançar com nenhuma mulher! Eu quero dançar com você! Venha! - e saiu puxando Lex pelo braço.

Lenore só sorriu e seguiu para dentro da casa, rumo à cozinha. Ela sentou-se e deitou a cabeça sobre os baços cruzados sob a mesa.

- Por que a menina trouxe essa mulherada pra cá? - tia Nastácia falou por trás dela.

- Porque o Jack pediu... - Lenore limitou-se a responder sem sequer mudar de posição.

- E quanto tempo elas vão ficar aqui?

- Não sei, mas quando elas forem, eu terei de ir também...

- E você não quer ir, não é?

- O Lex foi tão gentil comigo, tia. Não quero nem imaginar quando ele souber.

- Menina Lenore, tem uma coisa sobre Shiryu que a tia precisa lhe contar...

- Espera um pouco, tia...

Lenore abaixou-se para olhar embaixo da mesa.

- Olá! - Lenore cumprimentou com um sorriso. - Está se divertindo?

- Sim! - Tomoyo respondeu de debaixo da mesa. - Tou adorando, tia Lê!

- Ótimo! E pretende ficar aí embaixo por muito tempo?

- Ah, sim! Eu estou brincando com a gatinha! - disse, levantando um pouco a gata para que Lenore a pudesse ver.

- Ah! Está brincando com ela! Muito bem!

Gatinha, ao ver Lenore, quis se desvencilhar dos braços de Tomoyo para ir até ela, mas foi uma tentativa fracassada. A única coisa que recebeu da jovem foi um afago de leve no alto da cabeça.

- Bem... brinquem direitinho, meninas... - depois disso, Lenore ergueu-se para encontrar mais uma vez o olhar preocupado de tia Nastácia. Ela entendeu que algo precisava ser dito - Sim, tia. Diga-me, o que precisa contar sobre Shiryu?

- Sobre Shiryu? - Hotohori vinha entrando na cozinha nesse instante.

- Boa noite, imperador! - Lenore virou-se para ele automaticamente.

- Boa noite - ele respondeu. - Você é...?

- A piloto! A piloto do helicóptero que trouxe as meninas...

- Que você dirige aquela máquina que nem o sargento Ibuki e sua noiva eu já sabia. O que não sei é seu nome... ainda.

Lenore olhou para tia Nastácia que balançou discretamente a cabeça em sentido negativo.

- Lenore... - respondeu mesmo assim.

- E eu me chamo Hotohori.

- Eu já sabia... - ela sorriu para ele.

- Claro! Que estúpido estou sendo! Você deve saber tudo ao nosso respeito!

- Nem tudo... - Lenore baixou os olhos.

- Por exemplo?

- Você gosta daqui?

- Desse lugar? - Hotohori franziu as sobrancelhas.

- Sim. Desse lugar...

- Digamos que está sendo uma experiência fascinante, mas não vou negar que sinto um certo receio quando penso num possível preço no final de tudo isso. Essa pessoa que nos trouxe até aqui, você a conhece, não?

- Sim, eu a conheço... - Lenore respondeu.

- O que poderia me dizer sobre ela?

- O que gostaria de saber?

- Como ela me conheceu?

- Boa pergunta, imperador... boa pergunta...

- Temos uma boa resposta? - Hotohori indagou quase com um sorriso.

- Ela já esteve em seu mundo, em seu império... Além de você, ela conheceu Miaka e também Tamahome...

- E-ela conheceu essas pessoas? - Hotohori engoliu em seco. - Miaka e Tamahome?

- Sim. E nunca no mundo inteiro conheceu alguém tão lindo e especial como você... Lindo! - enfatizou. - lindo... por dentro e por fora... - os olhos de Lenore brilharam, mas não tanto quanto os de Hotohori nessa hora.

- Senhorita... essas foram mesmo palavras sinceras? Pergunto porque, no fundo, eu não entendo... Cheguei a pensar em paixão, mas... por sete? Não faz sentido...

- Se paixão não coube como explicação plausível em sua mente, já tentou dar uma chance para amor?

- Amor? - Hotohori repetiu. - Eu já não sei, senhorita. A única coisa que sei é que existe uma razão e francamente não sei se se trata de amor pura e simplesmente...

Lenore ficou calada por alguns instantes, depois voltou os olhos na direção dele.

- Precisa de algo, imperador? - perguntou, mudando o assunto.

- Como? - Hotohori piscou, saindo assim do transe de suas dúvidas.

- Veio até a cozinha no momento em que ocorre uma festa lá fora. Deve estar precisando de algo.

- Ah, sim! Sim! A senhorita Kate pediu para eu vir aqui e ver se as guloseimas que ela trouxe já estão prontas.

- Traduzindo, os salgadinhos congelados... - tia Nastácia, que até então só ouvia a conversa, comentou. - Diga a ela que estão quase, menino Hotohori.

- Certo. Já que me fizeram lembrar os motivos pelos quais vim até aqui, lembrei-me de uma outra coisa também... Quando entrei, falavam algo sobre Shiryu. Algum problema com ele?

- Não é nada - Lenore sorriu. - Só conversávamos sobre todos vocês... E você chegou bem na hora que iríamos comentar sobre Shiryu.

- Conversavam sobre nós? - Hotohori ergueu uma sobrancelha.

- Que tal um passeio em volta da casa até os salgados ficarem prontos? - Lenore ofereceu o braço ao imperador.

- Um passeio? Acho que... seria ótimo... - Hotohori aceitou o convite e passou um dos braços em volta do dela.

Os dois saíram lado a lado da cozinha, deixando tia Nastácia muito pensativa e preocupada. "Agora não tem jeito... o que está feito, está feito...", pensou com angústia por não ter tido tempo de pedir a Lenore para não dizer seu nome a ninguém; mal sabendo ela que essa não tinha sido a primeira vez que Lenore havia feito isso. "Falou pra um, falou pra todos...", concluiu sem saber o que fazer a partir de agora. "E é tudo culpa minha!".


Capítulo 23

Capítulo 21

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