Na manhã seguinte, Ibuki e Sayaka levantaram-se bem cedo e encontraram tia Nastácia na cozinha.
- Bom dia, tia! - foi Sayaka quem cumprimentou primeiro, seguida de Ibuki.
- Bom dia! - ela respondeu - Então vocês vão embora hoje?
- Daqui a pouquinho... - Ibuki confirmou sentando-se à mesa - Assim que o senhor Luthor acordar.
- Humm... Sabe que a tia tá com um pressentimento que o menino Lex não vai mais embora não.
- Por quê, tia?
- O porquê, menina Sayaka, eu não sei... Como eu disse, é só pressentimento.
- Será? - Ibuki e Sayaka se olharam com um sorriso de cumplicidade.
O casal tomou café e se dirigiu para o helicóptero. Quando todos já estavam à mesa tomando café, eles voltaram.
- Bom dia a todos! - Sayaka os cumprimentou.
- Bom dia! - a maior parte deles respondeu.
- Sr. Luthor, já estamos prontos para partir. - Ibuki avisou.
- É uma pena que não possam ficar mais tempo conosco. - Lex disse seguramente enquanto levantava-se de sua cadeira para ir até eles.
- Então, não vai com a gente?
- Não. Decidi ficar mais um pouco.
Tia Nastácia levou as mãos à boca surpreendida com a veracidade de seu pressentimento. Ibuki e Sayaka se olharam de novo e depois olharam para ela como se perguntassem "como sabia?".
- Eu quase ia esquecendo! - Jack gritou de repente também levantando-se - Se alguém quiser mandar alguma mensagem para a família ou qualquer outra pessoa, podem escrever que o sargento e sua esposa as levarão e as entregarão!
- Como conseguiu isso, Jack? - Lex indagou franzindo o cenho.
- É que eu falei com mademoseille Éli ontem e ela permitiu. - ele se virou para o casal - Falo sério! Ela disse que vocês levariam!
- Já sabemos, Sr. Bauer. - Ibuki concordou balançando a cabeça afirmativamente - É verdade. Vocês podem escrever suas mensagens que nós levaremos.
- Sim, isso mesmo! - Sayaka confirmou.
- Se você conversou isso com ela ontem, como é que eles já estão sabendo? - Mulder cochichou com Jack.
- Sei lá! Só sei que vou escrever para a Kim.
- Hummmm.... Quem é Kim, hein, Jack?
- Ora, é a minha... - Jack começou a responder com tranqüilidade, mas depois lembrou-se do comentário de Éli sobre os rapazes darem encima de sua filha - É a minha filha, por quê? - já de cara fechada.
- Por nada... Pensei que fosse sua mulher ou namorada, só isso...
- Minha mulher morreu numa de minhas missões. - Jack mudou o semblante ao comentar isso e no mesmo instante percebeu que todos voltaram seus olhares para ele e um silêncio se formou no ambiente - Não se preocupem com isso. - ele disse com um sorriso amarelo, quase angustiado - Certas lembranças a gente leva para o resto da vida e às vezes se pega falando nelas... mas a gente também aprende a conviver com elas. Voltem às suas caras normais! Vamos! - gritou ele batendo as mãos uma na outra na tentativa de afastar tais lembranças - Alguém mais vai escrever? Tiaaaa! Eu quero Papel! Caneta! Lápis! Lapiseira! Carvão! Qualquer coisa que escreva!
- Ai, calma, menino Jack... A tia já traz, espera um pouquinho!
- Eu vou escrever também. - Lex se pronunciou.
- Hunf! Acho que também vou escrever qualquer coisa para Bulma... Não que eu esteja preocupado, é só para evitar zoada no meu ouvido quando eu voltar.
- Tá aqui! - tia Nastácia voltou com papel e caneta. Todos pegaram, menos Aoshi que ficou apenas olhando todos procurarem um local para sentar e começar a escrever.
Hotohori, percebendo isso, foi até a mesa e pegou mais uma folha em branco e caneta, seguiu em direção a Aoshi e ofereceu-lhe o material para escrever.
- Sei que deve ter alguém para quem você gostaria de dizer que está vivo e que não se preocupe.
Aoshi ficou olhando para a mão de Hotohori estendida em sua direção por vários segundos.
- É.. - ele enfim respondeu pegando o papel - Acho que se eu não escrever, uma certa menina que acha que já cresceu vai sair pelo mundo me procurando.
Todas as mensagens escritas foram entregues à Sayaka.
- Sayaka! - Ibuki gritou por sua esposa - Já está na hora, vamos!
- Ibuki... o presente... esqueceu?
- Ah é! Senhores Mulder, Shiryu e Bauer, poderiam me ajudar indo comigo até o helicóptero?
Os quatro então seguiram para o helicóptero e voltaram trazendo algo.
- Onde nós vamos colocar isso, sargento? - Mulder perguntou ao chegar na entrada da casa.
- Vamos deixar aqui na varanda mesmo! Tem muito espaço aqui. Não vai atrapalhar nada. - Ibuki sugeriu.
E assim eles fizeram. Lex e os outros apenas acompanhavam com os olhos a entrega do "presente", desde que os quatro o tiraram do helicóptero até chegarem na casa. Sayaka vinha logo atrás com uma sacola cheia de bolas. Lex a viu e correu ao seu encontro.
- Você não devia carregar isso. Deixa que eu levo.
- Sim, senhor Luthor. - ela sorriu agradecida.
- Que idéia foi essa? - Lex perguntou enquanto os dois caminhavam na direção da casa.
- A Éli mandou para o senhor, caso desistisse de ir embora. Ficou feliz?
Lex não respondeu. Eles alcançaram a varanda e Lex colocou a sacola de bolas sobre seu presente. Ele passou as mãos sobre a mesa de bilhar já sendo montada por Ibuki e os outros e retirou as fitas adesivas que prendiam os tacos sobre a base.
"Agora você foi grande...", pensou pressionando os lábios um contra o outro.
Mais cinco minutos e a mesa já estava totalmente montada.
- Alguém quer jogar? - Lex perguntou com um sorriso de satisfação - Quem não souber como é, eu ensino!
Com isso todos se animaram para chegar mais perto de Lex e ouvi-lo dissertar sobre as regras do jogo; apesar da maioria já saber basicamente como se jogava.
Após explicações, Lex iniciou uma partida com Shiryu e os outros ficaram assistindo.
Nesse momento, Gatinha veio correndo de dentro da casa, deu um salto enorme e caiu bem encima da mesa para afiar as unhas no tecido azul.
- Mas que Gatinha mais sem graça! - Lex gritou com a gata - Passa já daí! Vai afiar as unhas nas árvores, vai! Passa!!!
A gata deu outro salto e caiu no chão, correndo muito rápido na direção da piscina. Quando Gatinha percebeu, estava deslizando sem controle pelo piso liso que rodeava a piscina e caiu nela. A reação de todos foi rir da cena engraçada. Quando eles olharam, Gatinha estava apenas com a cabeça para o lado de fora da água, boiando e miando alto.
- Nada! - Jack gritou com ela, mas Gatinha não saia do lugar.
- Alguém vai ter que ir buscar ela. - Mulder disse olhando para os outros.
- Por que ela não nada? - Jack continuou insistindo em ver a gata nadar - Os gatos nadam!
- Então avisa pra ela, por que tou achando que ela não sabe disso não! - Mulder respondeu com um risinho.
- Bom... Acho então que alguém vai ter que tirar ela de lá mesmo...
- U-hum! Vai lá, Jack!
- Vai lá você, Mulder!
- Você, Jack!
- Não, não! Você, Mulder! Foi você que trouxe ela pra cá, tá lembrado?
- Pois é! Já fiz algo por ela! Sua vez!
Enquanto Jack e Mulder discutiam para ver quem não ia salvar Gatinha, Aoshi percebeu uma rede com um grande cabo próximo deles, provavelmente uma rede para limpeza da piscina. Ele chamou a atenção de Hotohori com um sinal e depois apontou para a rede, pegando-a ele mesmo em seguida e retirando Gatinha da água.
A gata saiu da rede correndo e depois balançou-se toda de um lado para o outro na tentativa de se secar e saiu correndo para longe de novo.
- Hum... Essa gata deve ser da Éli mesmo... - Jack disse coçando a cabeça - Ela é tão...
- Doida? - Mulder indagou também estonteado.
- Pobre animal... - Lex completou, balançando a cabeça num sinal de lamento.
- Deixem a Gatinha em paz! - Shiryu reclamou com eles - Vamos, Lex, vamos terminar esse jogo!
Lex e Shiryu então voltaram a jogar. Jack, Mulder e Hotohori acompanharam Ibuki e Sayaka até o helicóptero.
- Não tenham raiva dela. - Sayaka pediu aos três antes de entrar no helicóptero.
- Não. Acha que se tivéssemos raiva dela, não estaríamos indo com vocês?
- Sim, é verdade. - Jack confirmou as palavras de Mulder - Acho até que nós três aqui somos os mais conformados com nossas férias forçadas. Mas tenho que admitir, pelo menos eu estava precisando muito de algo assim.
- Então está bem! Agora nós já vamos! Boa sorte a todos! Ela virá em breve! - Sayaka entrou no helicóptero e este partiu.
- Ela virá em breve? - Jack ergueu uma sobrancelha.
- Foi o que ela disse! - Mulder olhou para os dois.
- Temos que protege-la do Vegeta! - Hotohori afirmou preocupado.
- É... do Aoshi também!
- Não se esqueçam do Lex! - Jack falou com cara assombrada, olhos arregalados - Os três vão querer matar ela!
- Se eu tenho forças para proteger Suzaku-No-Miko, também terei forças para proteger a jovem Éli!
- Ok! Então está combinado! Não vamos deixar nenhum desses três se aproximar dela quando ela chegar aqui! - Mulder disse decididamente.
***
Vegeta se aproximou de Lex que ainda jogava.
- E aí? - ele perguntou - Vai deixar a estratégia pra lá, agora que ganhou um presentinho?
- Claro que não! - Lex respondeu imediatamente após uma tacada de mestre que o levou à vitória - O plano continua!
- É, mas o presentinho te agradou bastante, não? - Vegeta insistiu.
- Sim, me agradou, mas não o suficiente para desistir. É que só agora percebi que ela realmente me conhece, assim como deve conhecer todos aqui. Estranho isso, não?
- Bobagem! Mas o plano é bom! Vamos começar agora mesmo!
- Que plano é esse a que vocês estão se referindo tanto, hã? - Shiryu que só ouvia, resolveu perguntar.
- Uma estratégia de defesa, Shiryu! - Lex explicou - Mas vamos primeiro reunir todos na sala e então eu a apresentarei.
- Ok! Deixa que eu chamo todo mundo. - Shiryu se afastou dos dois.
Cinco minutos depois, todos estavam reunidos na sala. Shiryu e Jack sentados no sofá maior; Mulder no sofá menor; Hotohori numa cadeira individual; Vegeta, Lex e Aoshi em pé.
- E então? - Shiryu olhou para Lex - Todos estamos reunidos como você queria. Fale da estratégia.
- Simples! - Lex começou a andar de um lado para o outro - Vamos destruir as câmeras e os transmissores!
- Mas a gente não sabe onde eles estão! - Shiryu falou levantando-se do sofá.
- Procuramos... - Mulder, que já sabia sobre a estratégia, tomou a palavra - Em algum lugar eles estão!
- Eu acho uma boa! - Jack interferiu - A gente consegue achar, sim! Eu e Mulder temos prática nisso!
- Isso mesmo! - Mulder apoiou as palavras do outro - O negócio é o seguinte, as micro-câmeras com certeza estão embutidas nas paredes juntamente com os transmissores.
- Como assim? - Hotohori se manifestou com um olhar confuso - Como podem estar embutidas nas paredes?
- Só podem estar! Não conseguimos vê-las em parte alguma da casa e elas também não podem estar escondidas nos móveis ou no piso senão não pegaria as imagens da forma correta! Foi a conclusão a qual chegamos ontem à noite. - Lex voltou a falar.
- Ainda não entendo. - Hotohori continuava confuso.
- Eu também não. - Aoshi também se pronunciou.
- Sabem os buracos que se fazem para colocar um ar-condicionado numa parede? - Mulder começou a tentar explicar a toodos - É mais ou menos isso, claro que estamos usando apenas a mesma lógica, já que o retângulo utilizado é imensamente menos significativo. Então depois de acomodar a micro-câmera neste pequeno retângulo, este é recoberto por um tipo de material que faz parecer que a parede está inteira e intacta... Esse material, é claro, não atrapalha na captura das imagens.
- Minha teoria das câmeras nas paredes parava justamente nesse ponto - Lex retomou a palavra - Eu não sabia que existia um material assim, daí minhas idéias iam por terra. Até discutir o assunto com o Mulder.
- Isso por que esse material especial é muito restrito! - Mulder disse - Poucos o conhecem ou sabem como ter acesso a ele. Agentes do FBI tem suas vantagens! - e sorriu.
- Nossa "Louca" parece ter lá os seus poderes, não? - Shiryu, até então calado só ouvindo, disse em tom brincalhão.
- Você ainda tem alguma dúvida quanto a isso, meu caro Shiryu de dragão? - Lex falou enquanto com uma das mãos mostrava de forma ampla os sete homens, incluindo a si próprio, na sala.
- Eu só tenho uma dúvida! - Hotohori levantou a mão.
- E qual é? - Mulder virou-se para ele e indagou.
- O que é um ar-condicionado?
Mulder levantou uma sobrancelha e ficou olhando seriamente para Hotohori. Depois começou a rir. Todos fizeram o mesmo, inclusive o próprio Hotohori.
- Eu falava sério... - Hotohori disse parando de rir e voltando a ficar sério.
- Continuaaaaaando! - Mulder entonou bem o "continuando" enquanto olhava diretamente para Hotohori - Vamos ao exemplo prático!
Mulder arrastou uma cadeira e a deixou rente à parede. Ele subiu nela e ficou batendo em vários pontos da parede com as costas do dedo indicador, até que achou um ponto onde o barulho da batida era diferente.
- Ahá! Parece que achei a primeira! Prestem atenção! - ele agora bateu diretamente no local com a ponta do dedo e foi como se furasse a parede - Viram? Parece que eu furei a parede com um dedo, mas isso aqui não é parede de verdade, é só a película especial da qual falamos. E dentro, temos.... - ele puxou uma câmera pequenina - Tam! Tam! Tamtam!
- É isso aí! - Jack manifestou-se permanecendo no mesmo lugar de braços cruzados.
Mulder jogou a câmera na direção de Jack e este a pegou.
- O que acha, Jack? Modelo surpreendente, não?
- Sim, transmissores acoplados! - disse examinando a peça - Circuitos integrados de última geração, alta tecnologia de transmissão de som e imagem! Deve ter custado uma nota!
- É, mas todas vão ser destruídas agora! Custando uma nota ou não! - Lex sorriu satisfeito com sua idéia - O que estamos esperando? - ele arrastou outra cadeira para perto da parede - Vamos acabar com todas essas espiãs!
E todos fizeram o mesmo. Até Aoshi aceitou participar da tarefa.
Por causa do barulho, tia Nastácia veio correndo da cozinha para saber o que estava acontecendo.
- O que vocês estão fazendo, meninos? - ela perguntou assim que chegou na sala.
- Estamos destruindo as câmeras dessa casa! - Vegeta respondeu antes de todo mundo.
- Ah sim... - ela disse sem parecer surpresa.
- E não tente nos impedir, está ouvindo?! - Vegeta completou.
Tia Nastácia apenas deu de ombros, virou-se e voltou para a cozinha calmamente. Alguns pararam e observaram a cena.
- Ela se conformou rápido demais, não acha? - Lex perguntou a Mulder.
- Ah, vai ver ela também não gostava de ser vigiada e outra coisa... O que ela poderia fazer para nos impedir?
- É.. pode ser...
Os sete passaram a manhã inteira abrindo buracos e destruindo câmeras tanto na sala, quanto nos quartos e na cozinha. Como tia Nastácia havia afirmado, não havia nenhuma nos banheiros.
- Que horas devem ser? - Shiryu indagou pensativo ao concluírem o trabalho.
- Pela altura do Sol, deve passar do meio-dia. - Aoshi respondeu olhando pela janela.
- É claro que já passou do meio-dia! - Vegeta gritou - E já deve fazer muito tempo! Senão eu não estaria com tanta fome! Onde está aquela mulher para anunciar que o almoço está pronto?
- É mesmo... Também estou com fome. - Jack levantou-se da cadeira onde desabara após a conclusão do trabalho -Acho que vou até lá perguntar.
- Isso! Vai lá, Jack!
- Você devia era vir comigo, Mulder.
- Eeeeeu? Por quê? Já tou dando apoio moral! Vai lá, Jack! Vai lá, Jack! - Mulder gritou como se estivesse num ccoro de torcida - Vai lá, Jack! Vai, lá...
- Tá bem! Tá bem! Pode parar com a palhaçada! Tou indo!
Jack foi falar com tia Nastácia. Cinco minutos depois ele voltou. Cabeça baixa... Mãos nos bolsos... Tristeza pura...
- E aí? - Mulder foi o primeiro a perguntar.
- Não tem almoço...
Nota: Sabem a "Gatinha"? É uma homenagem à minha gata que se chama Bulma. Hoje ela tem quase cinco anos e não faz mais essas presepadas... Mas quando era nova, era cheia dessas correrias, desses pulos nas coisas, hehehhe.... Ela é a melhor gata que uma pessoa que ama gatos pode ter.... Ela é linda!