Samurai X-Men

Capítulo 1 - Assassinato Sob Encomenda


30 de Setembro do ano 11 da Era Meiji (1878).

As ruas de um distrito nos arredores de Tókio estavam desertas, o que seria normal naquela hora da noite. Mas o silêncio era grande demais até para aquele horário. O bairro em questão é considerado como uma “zona perigosa” na grande metrópole, ele abriga uma das mais antigas e temidas famílias mafiosas de Tókio. No seu território os Yoshioka se consideram senhores, regulando tudo desde as mais triviais atividades até a polícia. A influência dos Yoshioka, porém, se estende muito além, monopolizando uma boa parte dos “negócios” da capital. A sede ancestral do clã ocupa um quarteirão inteiro. Além da majestosa mansão o complexo abriga uma série de armazéns e entrepostos comerciais que são a fachada legal dos negócios. Mas a característica que mais chama a atenção é a semelhança que a propriedade guarda de um castelo feudal. Cada geração da família Yoshioka contribuiu com uma melhoria, e ao longo de 200 anos a mansão se tornou uma fortaleza inexpugnável, não perdendo em nada para as grandes mansões dos Daymio[1].

Mas nem toda essa imponência pode esconder o clima tenso que se abateu sobre o clã Yoshioka. Tensão que se faz evidente no número incomum de sentinelas postadas dentro e fora da mansão nesta noite. Além das tradicionais espadas e lanças portavam um grande número de armas de fogo. Todos os homens, sem exceção, se mantinham em muda vigilância, atentos ao mais leve som. A expectativa e o medo claramente estampados nos rostos.

Se do lado de fora tudo é silêncio o mesmo não se pode dizer do salão principal da mansão. O salão, assim como toda a mansão, tinha paredes de pedra e piso de madeira revestido com tatame, a decoração era sóbria, mas de bom gosto. Dentre os poucos móveis se destacava a grande mesa de reuniões ao estilo japonês, onde quatro homens discutiam e esperavam já há algumas horas.

- Eu volto a insistir Matsuo oyabum[2]. Ainda é tempo de voltar atrás e impedir a nossa total destruição

- Cale-se. Você deveria se envergonhar de demonstrar tanta covardia, Gion.

Matsuo Yoshioka dirigiu um olhar cheio de desprezo para Gion Yoshioka e não pode deixar de pensar “Se não fosse o fato de ser meu irmão eu já teria te degolado há muito tempo” A seguir passeou o mesmo olhar pelos outros três homens sentados sobre almofadas em torno da mesa, “são todos uns poltrões’. Apesar de já ter passado dos 50 Matsuo Yoshioka tinha uma compleição robusta, a altura de 1,90m e a energia com que comandava os negócios da família faziam dele um homem respeitado e principalmente temido tanto pelos empregados quanto pelos familiares mas especialmente pelos inimigos. Não é de se espantar o fato deste homem ainda carregar uma espada em plena era Meiji. Hábil espadachim, nunca perdeu um duelo e ainda é considerado um dos maiores mestres de kenjutsu da região de Kantô[3]. Mesmo agora mantinha a arma ao alcance da mão no seu lado esquerdo.

Além de Gion estavam presentes seus outros irmãos Ito, Shinnosuke e Naga que juntos formavam o alto comando do clã. Todos exceto Gion, compartilhavam da opinião de Matsuo, mas não compartilhavam de sua confiança. A tensão das últimas horas estava evidente em seus rostos cansados. Apesar de serem tidos como homens violentos e corajosos estavam muito longe do irmão mais velho em matéria de força, habilidade e coragem, pela primeira vez sentiam que mesmo lançando mão de todos os seus recursos, o clã estava em perigo. Nesse momento Naga, o mais jovem, falou:

- Matsuo está certo Gion. Apesar de ter sido uma decisão arriscada, uma vez que a tomamos temos de sustentá-la. Voltar atrás agora seria vergonhoso.

- Isso mesmo. – Concordou Shinnosuke - Além do mais, não temos motivo para tanta preocupação. Temos total capacidade de rechaçar qualquer ataque.

- Vão precisar de um exército para entrar aqui. – Ito parecia convicto - E não há como enviarem um agente infiltrado, cuidei para que todos os possíveis espiões fossem eliminados, e nesse momento nossos próprios espiões estão investigando todos os funcionários.

A despeito de todos os argumentos Gion não se deixava convencer:

- Você sabe muito bem que eles vão mandar o seu novo assassino. Aquele que todos estão chamando de Tigre. E contra ele não há defesa suficiente nem no palácio do Imperador. Desde que ele apareceu, todos os que se opuseram ao Tentáculo foram eliminados. Vejam o Clã Ogami, por exemplo, dominavam toda a zona portuária, eram quase tão fortes quanto nós. Ao recusarem a proposta do Tentáculo todos os chefes da família foram assassinados numa única noite. O Tigre apareceu do nada e os fez em pedaços. Os remanescentes da família não tiveram outra alternativa a não ser entregar o controle de suas atividades ao Tentáculo.

Sem mais poder se conter Matsuo esmurrou a mesa fazendo pular as garrafas e cálices de sakê e falou quase gritando.

- Por isso mesmo é que devemos resistir. Se esses malditos ninjas tomarem o controle do nosso clã, nada poderá se opor a eles.

Todos se encolheram ante a ira do Oyabum principalmente Gion que preferiu guardar para si as próximas palavras que já tinha na ponta da língua. Tão rápido como veio a súbita explosão de Matsuo deu lugar ao seu usual semblante calmo, enquanto se servia de sakê continuou com a palavra.

- Há seis meses atrás esse Tentáculo não passava de uma pequena organização independente, cuja existência era conhecida por muito poucos. Eles não tinham pessoal e nem recursos suficientes para fazer frente a nós, grandes famílias yakuza[4]. Mas, como disse Gion, desde que este novo assassino apareceu, eles tem crescido aos poucos, primeiro dominaram as pequenas organizações criminosas e o jogo ilegal da zona oeste de Tókio. Em pouco tempo, fazendo uso deste assassino e dos demais ninjas, conseguiram se impor cobrando porcentagens sobre todos os negócios. Com espiões espalhados por todo lugar não há como fazer nada sem que eles saibam. Eles estão cada vez mais poderosos, se não forem barrados agora vão monopolizar todo o submundo.

Neste momento a porta se abre e um guarda-costas ostentando as tatuagens do clã entra e se curva respeitosamente antes de falar:

- Perdoe a intromissão Matsuo oyabum. O mensageiro enviado ao clã Akamatsu acaba de chegar.

- Faça-o entrar.

A atenção de todos na sala se voltou ao homem que entrou e se curvou humildemente antes de sentar sobre os joelhos de maneira formal se mantendo a uma distância respeitável. Com alguma dificuldade Matsuo e os demais conseguiram segurar a vontade de cobrir o recém chegado de perguntas. Depois de um pequeno intervalo o Chefe tomou a palavra.

- E então Toguro, o que tem para me dizer?

O homem chamado Toguro hesitou alguns segundos e então sem mais nem menos se curvou até tocar a testa no tatame e de cara no chão respondeu com um fio de voz:

- Lamento ser portador de más notícias senhor. Mas Akamatsu oyabum se recusa terminantemente em atender o seu pedido.

Matsuo cruzou os braços e fechou os olhos ponderando sobre o significado e as conseqüências contidas nas palavras de seu mensageiro. Um silêncio agourento preencheu o ambiente até que Naga quebrou o encanto dando vazão a sua revolta.

- AQUELES DESGRAÇADOS!!! - A explosão foi acompanhada de outro forte murro na mesa. Seguindo o exemplo do irmão, porém com menos intensidade, Ito ponderou.

- Isso é péssimo. O único modo de fazermos frente ao Tentáculo era através dessa aliança, pelo visto os Akamatsu também já foram assediados por eles.

- Sozinhos contra o Tentáculo, nossas chances são mínimas. – Shinnosuke limpava o já abundante suor de sua testa com um lenço enquanto falava – Aposto que eles estavam só esperando essa notícia para atacar.

- Tem razão. – falou Gion - São como cães carniceiros que só esperam um momento de fragilidade da presa para atacar, podemos muito bem estar cercados neste exato momento.

O caos tomou conta do salão, todos falando ao mesmo tempo, dando ordens, fazendo suposições e até trocando acusações. Naga e Gion eram os mais exaltados e estavam prestes a chegar as vias de fato quando Matsuo, que a todas estas continuava de braços cruzados e em silêncio, pôs fim à baderna:

- YAME[5]!!! – bradou, se pondo em pé num salto tão violento que quase virou a mesa. O Kiai surtiu efeito imediato deixando todos paralisados, Gion que se encontrava mais próximo caiu para trás como se tivesse sido atingido por um golpe. Como se não bastasse, Matsuo segurava agourentamente a espada ainda embainhada na sua mão esquerda, pronta pra ser sacada. – Vocês parecem um bando de mulheres histéricas, controlem-se.

Todos se quedaram em silêncio, envergonhados pelo recente comportamento. Assim que Matsuo concluiu ter conseguido restabelecer um pouco de ordem, dirigiu o olhar para Toguro, o mensageiro, que ainda estava na mesma posição tremendo dos pés à cabeça.

- Toguro.

- Há-hai Oyabum.

- Quais foram as justificativas de Akamatsu?

- Akamatsu Oyabum disse que era tarde demais para deter o avanço do Tentáculo e portanto, seria muito imprudente se colocar claramente contra eles neste momento. Ele também disse esperar entrar em um acordo para tentar reter pelo menos parte do controle dos negócios e sugere que o senhor faça o mesmo.

- Idiota - falou Matsuo enquanto sentava novamente - só tarde demais ele vai perceber o erro que está cometendo.

- Talvez ainda não seja tarde demais para nós irmão – Gion tornou a falar de modo persuasivo – Se mandarmos um mensageiro até a meia noite aceitando os termos do Tentáculo poderemos salvar nossas vidas.

- De que vale a vida sem honra?- Matsuo dirigiu um olhar gelado para o irmão - Se nos sujeitarmos àquela corja vamos jogar no lixo tudo que construímos ao longo de mais de 200 anos. Gion, se voltar a mencionar esta idéia covarde novamente eu juro pelos nossos ancestrais que corto você ao meio. Entendeu?

Alguma coisa na voz e no olhar do irmão mais velho fez Gion ter certeza de que este cumpriria a ameaça e tudo que pôde fazer foi engolir em seco. Enquanto isso, Matsuo se dirigiu aos demais.

- Escutem. Estamos por nossa conta agora. Por isso, acima de tudo, devemos demonstrar calma. Atitudes como a de agora a pouco só vão servir para espalhar o medo entre nossos homens. Como chefes devemos dar o exemplo. A minha decisão é irrevogável, lutaremos até o fim e se morrermos será com honra. – Fez uma pausa enquanto encarava cada um, só Gion desviou o olhar. A seguir recomeçou a falar.

- Muito bem, vamos rever o plano de defesa... que barulho é esse?

O som parecia vir do andar inferior, o estrépito de dezenas de pés correndo ao mesmo tempo mesclado com uma gritaria confusa. Todos ficaram em silêncio incapazes de qualquer reação, a atenção toda voltada para o barulho cada vez mais intenso. Até que um grito medonho os despertou para a realidade. Todos ficaram em pé no mesmo instante em que dez seguranças que estavam postados fora do recinto entraram de armas em punho se agrupando de forma a se interpor entre os chefes e a porta.

- O que está acontecendo lá embaixo? – perguntou Matsuo ao que parecia ser o líder dos capangas.

- Ainda não sabemos ao certo senhor. Mandei um dos meus homens verificar.

- Naga! – chamou Matsuo, apontando para o irmão. – Vá chamar reforços do lado de fora da mansão, os canalhas de algum jeito se infiltraram aqui.

- Hai - respondeu Naga, saindo em disparada pela porta.

- Precisamos ficar calmos. – Falou Shinnosuke sacando um revólver do kimono – Nada pode nos alcançar aqui.

Ito, seguindo o exemplo do irmão, pegou uma lança de um dos guardas e se posicionou a frente de Matsuo. Durante um tempo, que pareceu durar uma eternidade, eles esperaram. Enquanto isso, só podiam imaginar o que acontecia nos andares abaixo pelos sons, que a essa altura já eram de uma verdadeira batalha. Uma mistura assustadora de som de tiros e o ruído inconfundível de metal rasgando carne, o cheiro de sangue já infestando o ar.

“Eles são muitos” Disse Matsuo para si mesmo “como foi possível passarem por nossas defesas sem serem notados?” A maioria dos homens a sua volta apesar do nervosismo estavam firmes e prontos para lutar, exceto Gion, que discretamente recuou para um canto da sala “Será que...”

Neste momento notaram um movimento do outro lado da porta. Sem ser necessária nenhuma ordem todos os que estavam portando armas de fogo fizeram pontaria, prontos para fuzilar qualquer coisa que se parecesse com um ninja. Shinnosuke se adiantou:

- Quem é? Identifique-se.

Demorou alguns segundos para uma fraca resposta se fazer ouvir:

- S-sou eu, abram a porta.

Foi a vez de Matsuo se adiantar e falar aos demais homens:

- É Naga. Abram a porta, depressa.

A porta foi aberta com violência. Naga entrou aos tropeços. Matsuo estava prestes a admoestar o irmão por sua entrada nada sensata quando ele caiu de cara no chão. Matsuo abriu caminho e se ajoelhou perto de Naga. A essa altura, um outro guarda já tinha barrado novamente a porta com uma pesada trave enquanto outro acudiu o ferido, virando-o e apoiando a sua cabeça. Ele ainda estava vivo, mas inconsciente, no entanto pela quantidade de sangue que rapidamente se acumulava no chão a sua volta, não seria por muito tempo. Matsuo retirou a mão que Naga ainda tinha apertada contra o abdome e viu que havia quatro cortes paralelos na diagonal que iam do quadril até as costelas, os dois do meio ligeiramente mais profundos, de onde uma boa porção dos intestinos estava à mostra. Alguns quando viram o ferimento deram um passo atrás. Matsuo ordenou que outro homem tirasse o kimono para amarrar firmemente o tórax do ferido, isso com certeza não iria salvá-lo, Matsuo sabia muito bem que apenas um daqueles cortes era o suficiente para matar qualquer um em questão de minutos, quanto mais quatro, mas precisava saber o que o irmão tinha para contar antes que morresse.

- Vamos, acorde. – chamou Matsuo, sacudindo-o pelos ombros. - Você não pode morrer ainda.

- Não adianta, já perdeu muito sangue.- Argumentou Shinnosuke com lágrimas nos olhos.

- Não pedi sua opinião – rosnou Matsuo, em seguida começou novamente a sacudi-lo com mais força – Naga, sou eu, Matsuo, fale comigo.

Com um acesso de tosse estertorosa acompanhada de uma boa quantidade de sangue Naga acordou. O olhar já embaçado e respiração curta e fraca indicavam que ele ia morrer a qualquer momento. Matsuo não perdeu mais tempo.

- Escute, quantos estão nos atacando? O que houve com os reforços? Você conseguiu chamá-los?

- M-muit-to g-grande........ g-garras. - balbuciou Naga que agora tinha uma expressão de puro terror no rosto.

- Do que está falando? O que está acontecendo lá embaixo?  – Para dar mais ênfase à pergunta o Oyabum dá mais uma sacudidela.

- Go-gomen Oyambum. – respondeu Naga com um fio de voz. – N-não é-é possível.....ninjas o Tentáculo está nos atacando ......... l-lado de fora .... e–eles nos cercaram.

- Nós temos que sair daqui. – falou Matsuo - Se nos encurralarem neste aposento será o fim. Vamos usar umas das passagens secretas.

- Na-não é possível....ninjas bloqueando ...... saídas.

Ao ouvir isso todos no salão empalideceram. O que parecia impossível aconteceu, se tornaram prisioneiros na sua própria fortaleza.

- Um ataque no lado de fora da nossa fortaleza simultâneo a um assalto do lado de dentro. Nossa própria casa se tornou uma armadilha. Quantos conseguiram entrar? – Perguntou Matsuo.

- Ce-cerca de trinta... m-mas um deles é m-muito forte.

- O-o que você disse? – o rosto de Ito, que acabara de fazer o torniquete improvisado, subitamente perdendo a cor.

- P-parece um de-demônio. Surgiu do n-nada..... matando todos....... g-garras ........nem b-balas n-nem espadas ..........detê-lo.

Naga balbuciou mais algumas coisas sem sentido até que com um último solavanco foi se juntar aos seus ancestrais. Matsuo fechou os olhos do irmão mais novo e se ergueu com uma expressão muito cansada no rosto.

- É ele! – A voz de Shinnozuke saiu esganiçada – Mandaram o Tigre. Ele está vindo pra cá. Está cada vez mais perto.

De fato, os sons de luta estavam bem mais próximos agora. Mas o que mais chamava a atenção era a intensidade cada vez menor, como se a resistência estivesse por um fio.

- Cale a boca. – falou Matsuo com uma voz assustadoramente calma olhando para Shinnozuke do mesmo modo que uma cobra, prestes a dar o bote, olharia para um rato – Sim, é o Tigre, disso não há dúvida. Na verdade, o que me intriga é como ele conseguiu entrar na fortaleza sem ser visto mesmo com toda nossa vigilância. Por mais forte que seja ele nunca poderia chegar tão perto, e mesmo que chegasse, em último caso poderíamos fugir por uma das passagens secretas que existem no subsolo. – Nesse momento Matsuo dirigiu o mesmo olhar gelado para Gion que continuava em um canto de braços cruzados. – Passagens essas só conhecidas por nós quatro... porque você insistiu em realizar a reunião neste aposento.

Todos voltaram um olhar incrédulo na direção de Gion, ao mesmo tempo em que saíam vagarosamente do espaço que o separava de Matsuo, como se estivessem abrindo caminho. Gion por sua vez começou a suar em abundância enquanto a cor da sua pele assumia uma tonalidade amarela esverdeada.

- O que você está insinuando? – Gion tentou soar ofendido, mas não obteve muito sucesso. – Eu não sou traidor.

- Eu devia ter desconfiado – falou Matsuo enquanto caminhava calmamente na direção do irmão com a espada balançando de forma sinistra na mão esquerda. – Há semanas você vem insistindo para que eu entregue o nosso clã para o Tentáculo. Há quanto tempo você vem nos traindo? É por isso que eles conseguiram desbaratar quase todos os nossos negócios. E no final, se não conseguisse me convencer, daria a eles a chave para me eliminar, não é?

Nesse momento Gion sacou um revólver de dentro do casaco (era o único no recinto vestindo roupas ocidentais) e apontou para Matsuo, que estava a menos de quatro metros dele. Matsuo ao ver a arma parou e sorriu.

- Então é verdade. Realmente eu devo estar ficando velho. Um traidor bem debaixo do meu nariz e eu não percebi.

- Não se aproxime. E vocês, se tentarem qualquer coisa eu atiro – os demais na sala estavam tão surpresos que nem se quisessem poderiam esboçar alguma reação – Eu tentei fazer isso de um modo limpo – continuou Gion ainda apontando a arma para Matsuo. – Mas você, seu velho esclerosado, tinha que fincar pé nesses seus estúpidos princípios. Agora é tarde demais. Não há como se opor ao Tentáculo, o único jeito de sobreviver é se unindo a eles, se sujeitando. O seu orgulho idiota decretou o fim do nosso clã, mas eu não sou obrigado a ter o mesmo destino de idiotas como você.

- Hunf. E quanto tempo um verme traidor como você sobreviveria no meio deles? Assim que for possível vão se livrar de você também. Mas me diga uma coisa......você acha que pode atirar antes de eu sacar a minha espada?

Tudo aconteceu muito rápido. Gion percebeu que a arma não estava engatilhada. Quando fez menção de erguer o polegar para engatilhá-la sentiu um deslocamento de ar a sua frente, a visão chegou a registrar um lampejo prateado descrevendo um semicírculo antes da sua mão direita cair decepada, ainda segurando a arma. Só então veio a dor, acompanha de um jorro de sangue. Com a boca escancarada e os olhos quase saltando das órbitas Gion caiu sobre os joelhos olhando o toco do seu braço.

- É, eu achei que não poderia. – Matsuo se aproximou e limpou a lâmina manchada de sangue no ombro do irmão e logo em seguida se abaixou e pegou a arma ainda empunhada pela mão decepada, examinando-a – Eu nunca vou confiar nesses brinquedos ridículos. Agora, antes de eu aliviar você do peso de sua cabeça, gostaria de dizer alguma coisa.

- I- isso foi magnífico irmão, mas nem mesmo você é páreo para ele. - Agora Gion tinha um sorriso demente na cara enquanto tentava deter a hemorragia enfiando o toco do braço debaixo do outro. – Pode me matar se quiser, mas o resultado será o mesmo. Está ouvindo, a luta acabou, seus homens estão mortos. Ele está vindo.

De fato no curto intervalo de tempo em que se deu o embate entre Matsuo e Gion, todos na sala, momentaneamente esqueceram da ameaça que vinha dos andares abaixo. Só agora se davam conta da ausência dos sons de batalha que até a pouco enchiam os seus ouvidos. E todos ao mesmo tempo viraram as cabeças na direção da porta quando ouviram nitidamente o som de passos no corredor contíguo.

- Cuido de você depois. – Falou Matsuo, jogando o revólver para o outro canto do aposento e sinalizando silenciosamente a seguir para que o restante dos homens se posicionasse de modo a recepcionar adequadamente o visitante, que a esta altura tinha parado em frente à porta do salão.

Matsuo se colocou logo atrás do grupo empunhando firmemente a espada com ambas as mãos. O que quer que venha a passar pela porta, para alcança-lo terá que passar por seus homens, dando a ele a oportunidade de explorar possíveis brechas em sua guarda. Aquela era a única entrada, uma pesada porta dupla feita de cedro duríssimo. As paredes por sua vez eram feitas de blocos de granito com meio metro de espessura. Um único homem nunca seria capaz de arrombar as portas. A esperança de Matsuo era de que elas detivessem o assassino tempo suficiente até que uma parte do contingente que estava lutando do lado de fora pudesse vir em seu socorro.

Mas sua esperança se desvaneceu assim que o primeiro golpe atingiu as portas. Foi um impacto tão violento que conseguiu arrancar uma das grossas dobradiças que as encaixavam nos umbrais. Todos recuaram ao mesmo tempo tentando colocar o maior espaço possível entre eles e o responsável pelos já sucessivos golpes que ameaçavam arrancar as portas de uma vez só. A coragem que demonstraram até aquele momento foi fraquejando ante a perspectiva de enfrentar aquele poder descomunal, o único que permanecia calmo era Matsuo, até certo ponto ele se sentia contente, afinal se fosse o seu karma morrer ali, pelo menos teria a oportunidade de testar suas habilidades contra um adversário formidável.

- Conto com vocês – Matsuo tinha de gritar para se fazer ouvir. – Apesar de forte, ele é só um homem de carne e osso como qualquer um de nós. Fiquem firmes.

Com um último estrondo as dobradiças restantes arrebentaram. Os cinco seguranças portando rifles estavam ajoelhados formando a primeira linha de defesa, prontos para descarregar suas armas assim que as portas cedessem . Mas para espanto de todos ao invés de tombar, as portas, agora soltas, permaneceram de pé. Só tarde demais Matsuo percebeu as pontas das garras que estavam segurando as pesadas portas e as intenções do inimigo.

- Saiam da frente ele vai.... – Não houve tempo para terminar a frase, só para saltar para o lado no momento em que as portas foram arremessadas como se fossem feitas de cortiça. Os atiradores por estarem mais perto e ajoelhados foram atingidos sem esboçar nenhuma reação. Com um único golpe o assassino tirou de combate quase a metade dos homens.

Matsuo se ergueu o mais rápido que pode e instintivamente se pôs em guarda com a espada em punho e as costas protegidas por uma parede, mas a cena que viu tolheu qualquer outra reação. O assassino, um gigante de mais de dois metros de altura e usando trajes negros com um capuz ao estilo ninja, se movia com a agilidade de um felino. Mal arremessou as portas e saltou na direção dos homens que tinham pulado para o lado contrário que Matsuo usou para escapar. Toguro, o mensageiro foi o primeiro a morrer com a cabeça separada do corpo com um golpe só. Os homens mais próximos mal tiveram tempo de se erguer quando o assassino partiu pra cima deles. Um combate feroz teve início.

Aproveitando a cobertura dos capangas Ito e Shinnosuke se juntaram a Matsuo que observava o combate sem nem ao menos piscar. Ao que parecia o assassino estava usando alguma espécie de garras metálicas com as mãos e astutamente se colocou de modo a barrar a passagem de qualquer um que tentasse fugir. A força e velocidade de seus golpes rapidamente reduziram a guarda de Matsuo a apenas três homens armados com lanças. Vendo que ataques frontais não surtiam efeito tentaram cerca-lo para explorar os flancos e retaguarda. Se vendo cercado, o assassino ficou imóvel numa posição relaxada, como se os estivesse convidando para tentar um ataque. O capanga posicionado a suas costas não perdeu tempo e arremeteu com a lança em riste tencionando atravessa-lo de lado a lado. Com uma esquiva rápida o gigante não só evitou o golpe como tomou a lança, e aproveitando o impulso do adversário o arremessou na direção da ponta da lança do seu companheiro que não pode fazer nada enquanto o colega era empalado pela própria arma. Fazendo uso da lança em suas mãos o assassino a arremessou contra o homem que desesperadamente tentava se livrar do corpo do colega. O golpe foi tão certeiro e violento o capanga foi arremessado a uma boa distância antes de cair no chão com a arma enterrada no peito. Aproveitando a brecha na guarda do inimigo, o terceiro homem atacou visando o flanco esquerdo. A estocada, acompanhada de um forte Kiai, teve êxito em atingir o adversário debaixo do braço, direto no coração.

Com um urro inumano o assassino cambaleou, todos na sala tinham por certa a sua morte e Matsuo já tencionava em se aproximar para dar o golpe de misericórdia. Mas para o espanto de todos o gigante vestido de negro agarrou com as duas mãos a lança e a puxou de uma vez só. Em seguida largou a arma no chão e se voltou lentamente para o homem que o golpeou, este por sua vez parecia não acreditar no que estava vendo. O assassino saltou sobre a vítima e o rasgou de cima abaixo com suas garras, não satisfeito ainda desferiu um golpe lateral com ambas as mãos que terminou por dividi-lo em dois pela cintura.

No curto intervalo em que durou este embate os três irmãos elaboraram um plano para atacar o adversário, pois se não tomassem a iniciativa certamente não teriam chance alguma. O plano simples consistia em Shinnozuke usar seu revólver para se não matar pelo menos atordoar o gigante, dando uma oportunidade para Matsuo e Ito atacarem com tudo. Tomando posição de tiro ajoelhado Shinnozuke que era um excelente atirador aproveitou o exato momento em que o assassino liquidava o último segurança para acertar um tiro certeiro na sua cabeça. Por um instante a estratégia parecia ter dado resultado, o gigante cambaleou e levou a mão à região da têmpora esquerda. Matsuo e Ito atacaram ao mesmo tempo, mas apenas Matsuo registrou o fato da bala ter provocado um estranho som metálico ao acertar seu alvo, o pensamento se perdeu tão rápido quanto veio no momento em que concentrou toda sua atenção no próximo golpe.

Por estar um pouco mais à frente e portando uma arma mais longa Ito foi o primeiro a atacar o aparentemente atordoado assassino. Mas para sua surpresa o golpe que tinha o endereço do fígado do adversário foi aparado, e quase instantaneamente depois Ito recebeu um pontapé tão violento o fez voar como um pássaro até se chocar de cabeça na parede oposta, só o chute já poderia mata-lo, mas se havia alguma dúvida quanto a isso, a mancha de sangue misturada com massa encefálica que ainda escorria da parede era o suficiente para desfazê-la.

Matsuo foi obrigado interromper seu próprio ataque para se desviar do corpo do irmão com um hábil rolamento. No momento em que ouviu o estrondo do choque, teve por certa a morte de Ito, assim como teve certeza que logo se juntaria a ele, mas pelo menos tentaria salvar Shinnozuke:

- Shinnozuke, escute. Vou tentar distraí-lo. Aproveite e fuja.

Mas já era tarde demais para isso. Gritando como um louco Shinnozuke começou a atirar no assassino que rapidamente se voltou e começou a correr na sua direção. Matsuo vendo o desfecho inevitável da cena gritou.

- PARE. Eu sou o seu alvo. Deixe ele em paz.

Foi como gritar com o vento. Num piscar de olhos o gigante ninja atravessou o aposento sem ser atingido nenhuma vez pelos tiros desesperados de Shinnozuke e com dois golpes fulminantes deu fim a sua vida. Em seguida, se voltou calmamente na direção de Matsuo e com uma voz rouca e gutural falou:

- Na verdade todos são o meu alvo. A única instrução específica é te deixar por último velho. – o gigante falava um japonês péssimo, quase inteligível.

Matsuo teve de fazer uso de todo o seu autocontrole para conter seu ódio. Se não se deixasse levar pela fúria e o desespero que ameaçavam romper do seu peito, talvez houvesse uma chance. E respirando profundamente, encarou mais uma vez o seu algoz.

- É claro. Antes de morrer eu teria que ver tudo o que construí ser destruído, assim como minha família. Venha terminar o seu trabalho, mas saiba que eu não morrerei sem lutar, quero partir para outra vida sem arrependimentos.

- He he. Tá com pressa pra morrer, é? Calma, eu disse que tu seria o último, e ainda falta um. – e olhou na direção do canto onde estava Gion que desde o início da batalha tinha se encolhido mal ousando respirar. Assim que ouviu o assassino e percebeu suas intenções disparou como um coelho em direção à porta, mas teve sua saída bloqueada por várias figuras vestidas de negro que até aquele momento tinham permanecido fora de vista.

- O que significa isso? – falou Gion desesperadamente – Nós tínhamos um acordo. Eu cumpri a minha parte.

- É, tu fez tudo direitinho, sem tua ajuda nós nunca teríamos encurralado o teu irmão. Mas os chefes acharam melhor te eliminar de uma vez “uma vez traidor, sempre traidor”, e eu assino embaixo.

- N-não espere. Talvez pudéssemos fazer um novo arranjo eu e você, agora sou muito rico. - enquanto balbuciava Gion olhava de um lado para o outro na tentativa inútil de encontrar um meio de fugir.

O gigante parecia se divertir com as súplicas patéticas de Gion até que viu algo no chão que chamou sua atenção:

- Olha só. – disse enquanto se agachava e pegava um objeto – Pelo jeito isso aqui te pertence. Uma Colt-Walker calibre .45 cromada, acompanhada de uma mão decepada. Aposto que isso foi obra do teu irmão né? Toma. – arrancou a mão da empunhadura e a atirou na direção de Gion – Pode ficar com isso, mas pode me dar o revólver? Eu sempre quis ter um destes.

- C-claro. É todo seu.

- Valeu.

BLAM

O tiro acertou Gion entre os olhos, Fazendo a parte de trás da cabeça explodir como uma romã madura. Rindo para si de puro contentamento o assassino arremessou a arma para um dos ninjas que aguardavam na porta e em seguida voltou sua atenção para Matsuo Yoshioka que aguardava pacientemente apoiando a ponta da espada no chão.

- Belo tiro, hein velho?

- Sim. Ele teve o fim que merecia. Um homem covarde merece morrer por meio de uma arma covarde.

- Falou bonito. Vamos ver agora se luta tão bem quanto fala.

- Tudo bem. Mas é de praxe o desafiante declinar seu nome antes de iniciar um duelo.

Dizendo isto Matsuo empunhou a espada em posição baixa, aparentemente deixando sua guarda aberta. O assassino soltou uma risadinha zombeteira antes de responder:

- De que adianta falar o meu nome pra alguém que vai morrer?

Quase juntando os atos às palavras o assassino saltou sobre Matsuo como se fosse um tigre. Mas este, revelando uma agilidade muito maior que se poderia esperar de alguém de sua idade, se esquivou, no lugar do corpo de Matsuo o assassino encontrou apenas ar. Matsuo por sua vez mal executou a esquiva e arremeteu contra o inimigo saltando a uma grande altura para desferir um golpe descendente. O assassino com certeza não esperava que um velho como aquele pudesse se esquivar do seu ataque e muito menos que ele pudesse contra atacar com tamanha velocidade, assim quando se virou tudo o que pode pensar antes de ser atingido foi “Não acredito”.

Com um grito estrondoso que representava a concentração e explosão de todo o seu Ki, Matsuo desferiu o Karatake-wari, o golpe do bambu fendido sobre a cabeça do adversário, certo de que iria parti-lo em dois.

Mas ao invés disso, ele sentiu um impacto tremendo acompanhado do som de sua espada se partindo. A parte que se partiu voou longe indo parar do outro lado do aposento. Quando Matsuo tocou o solo tudo o que pode fazer foi olhar atônito do que sobrou da sua espada para o gigante que cambaleava, levando as duas mãos à cabeça.

- N-não pode ser. Ninguém poderia sobreviver a um golpe destes, nem mesmo com um elmo, v-você realmente é um monstro.

- Ahg....urrrrr, s-seu filho da puta. Essa doeu pra valer.

Em seguida o assassino agarrou Matsuo pela gola do kimono e o ergueu facilmente até ficarem cara a cara.

- Tu me pegou de jeito velho, se fosse há alguns meses atrás esse golpe teria me mandado pro inferno. Se tiverem mais espadachins como tu por aqui, vou ter de ficar mais esperto. Como prêmio, antes de te matar vou te dizer quem sou e mostrar a minha cara, desde que eu cheguei por estas bandas pouca gente me viu e viveu pra contar depois.

Com a mão livre o gigante começou a desfazer os laços que prendiam o capuz, Matsuo então notou um detalhe que não tinha percebido antes, as garras não eram armas móveis como ele tinha imaginado antes disso, elas saíam diretamente da ponta dos dedos como se fizessem parte do corpo dele. Assim que tirou o capuz teve a visão de um rosto nitidamente ocidental, cabelo loiro e espessas costeletas, assustadores olhos cor de âmbar com pupilas fendidas, e no alto da testa um profundo corte onde o golpe de Matsuo o atingira. Chamou a atenção do oyabum o pouquíssimo sangue que brotava da ferida e que escorria em dois filetes cara abaixo. Mas, olhado com mais atenção, Matsuo pode entrever pela ferida parte do crânio que para sua surpresa parecia feito de... metal!? E como se não fosse o suficiente, a ferida começou a se fechar bem diante dos seus olhos, e em poucos segundos desapareceu como se nunca tivesse existido.

- Afinal quem... O quê é você?

- Creed. – com um sorriso demoníaco encostou uma das garras junto à jugular de Matsuo – Victor Creed. Mas tu pode me chamar de Dentes de Sabre.


Última revisão: 11/04/04

Comentários do autor:

Em primeiro lugar eu gostaria de esclarecer que este é o meu primeiro fanfic, por isso peço uma boa dose de tolerância e paciência por parte de vocês. Dito isso vamos ao que interessa.

A idéia inicial para escrever essa estória surgiu enquanto eu estava folheando uma revista do Wolverine em que ele viaja até o Japão feudal. Recentemente eu tinha lido o último volume de Rurouni Kenshin e sem mais nem menos comecei a imaginar uma hipotética cena de luta entre os dois personagens. Um dos meus passatempos favoritos é o de ler fanfics, mas nunca tive coragem de tentar escrever algum. Mas aí eu pensei “e se eu colocasse esses dois na mesma estória”. Eu sou um fã inveterado de ambos os personagens, também achei que os dois tinham alguns pontos em comum, como por exemplo a temática do “demônio interior”. E além disto seria interessante tentar reunir na mesma narrativa um personagem das Comix americanas com um dos Mangás japoneses, sem contar que seria algo inédito(eu acho). O fic, A criação (In)humana do Willian Peixoto (valeu pela força) que narra um crossover entre personagens de DBZ e EVA me deu a inspiração final para começar.

O título “Samurai X-Men” era para ser provisório, mas depois de quebrar muito a cabeça atrás de coisa melhor acabei optando por esse mesmo. O enredo vai girar basicamente em torno da caçada de Wolverine ao seu pior rival Dentes-de-Sabre que de um jeito misterioso acaba indo parar no Japão em plena era Meiji. O capítulo 1 deveria ser o prólogo da estória e foi escrito depois do capítulo 1 original. Mas ele ficou tão grande que eu achei melhor transforma-lo no capítulo 1 definitivo. Este capítulo foi bem trabalhoso de escrever, tentei criar um clima de intriga e suspense com um final bem violento, preferi concentrar a atenção na reação que um elemento estranho como o Dentes de Sabre causaria na Tókio de 1878.

Para efeito de referência estou usando a fase atual dos X-Men escrita pelo Grant Morrinson que está sendo publicada aqui no Brasil, mais exatamente pouco antes do início da saga E de Extinção. E em Samurai X o intervalo entre a saga de Kioto e a de Enishi Yukishiro foi digamos “espichada” em alguns meses.

Eu preferi escrever os nomes dos personagens japoneses do modo ocidental, ou seja, primeiro nome e depois sobrenome.

Para encerrar eu só gostaria de avisar aos chatos de plantão que os direitos sobre os personagens tanto de Samurai X quanto de X-Men pertencem aos seus respectivos criadores, e como não estou faturando absolutamente nada com isso, não venham me encher o saco.

Notas:

[1] Daymio – Senhor feudal

[2] Oyabum – Forma de tratamento usada para designar os chefes da yakusa

[3] kantô – Região que fica na porção Oeste do Japão

[4] Yakuza – Máfia japonesa

[5] Yame – “Parem” ou “parar”

P.S: A todos que tiveram a santa paciência de ler toda essa lenga lenga até aqui: meu e-mail para comentários, críticas, sugestões e inevitáveis insultos é: [email protected]

Capítulo 2

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