Smallville - Reunião

Epílogo


Assim como quando deixara Nova York com destino a Pequenópolis, Peter simplesmente não conseguia acreditar naquela situação. Poucos dias após ter se mudado para o Kansas, estava agora auxiliando os tios a fazer as malas, pois voltariam a morar na costa leste.

Quando chegara àquele lugar, o maior desejo do rapaz era retornar à cidade grande, pois não se conformava com a idéia de viver no interior. Porém, durante o pouco tempo em que permanecera ali, Peter acabou se apegando à terra, e não queria mais deixá-la. Em Pequenópolis as pessoas o haviam aceitado do jeito que ele era, não o excluindo por ser um “nerd”. Naquele local o jovem fizera grandes amizades, arranjara um trabalho fazendo o que mais gostava, dera seu primeiro beijo... Quem diria, até ajudara a desmantelar uma gangue de assaltantes!

Mas agora tudo desmoronava diante de seus olhos. O encanto fora quebrado. Peter voltaria a ser uma pessoa isolada, introvertida, sem amigos, que sonhava em namorar a garota mais popular do colégio, mas não tinha coragem de sequer lhe falar “Oi!”. Tudo voltaria a ser como antes, infelizmente...

Suspirando, Parker colocou mais uma mala dentro do carro dos tios, apanhando em seguida sua estimada câmera. Se antes o rapaz repudiava a idéia de fotografar a paisagem rural do Kansas, ele agora percebera que registrar aquele cenário através da lente da máquina seria um meio de ter algo para recordar os bons momentos que passara ali. Triste e inconformado, o jovem tirou uma foto da planície envolvida pelo pôr-do-sol, quando ouviu uma voz conhecida:

– Peter!

Virando-se, o nova-iorquino viu Clark, Chloe e Lois perto do carro, e se aproximou num sorriso. Com certeza aquelas eram as pessoas que ele mais desejava ver naquele momento.

– Nós viemos nos despedir! - disse Kent.

– Valeu, cara! - agradeceu Parker, abraçando o amigo. - Espero que tenha uma grande carreira no futebol!

– Pelo que ele fez ontem com aqueles assaltantes, acho que estaria melhor num ringue de luta livre! - exclamou Lane.

Foi a vez de Lois abraçar o fotógrafo, murmurando:

– Eu realmente não sei o que há de triste em deixar este fim de mundo, mas...

Peter riu. Viu-se então de frente para Chloe, e seu coração disparou. Ambos não sabiam o que falar. Fechando os olhos, a jovem o abraçou fortemente, dizendo num suspiro:

– Estou perdendo um fotógrafo e um amigo!

Os dois sorriram envergonhados, e Sullivan complementou:

– Perdoe-me se feri seus sentimentos...

– Não se preocupe! - respondeu Peter, beijando-a na testa. - Você foi muito especial para mim, Chloe! Eu nunca a esquecerei!

Nisso, Tio Ben disse, depois de colocar mais algumas malas no automóvel:

– Juntem-se, vou tirar uma foto de vocês!

Parker entregou sua câmera ao tio, que exclamou, após os jovens terem se posicionado:

– Sorriam!

E assim aquele momento de despedida foi registrado tanto na máquina quanto na mente de cada um dos presentes, não apenas como uma ocasião de tristeza e separação, mas também, e principalmente, como um instante de alegria, confraternização e certeza de boas lembranças.

O fotógrafo abraçou novamente seus três amigos, enquanto o carro dos Parker terminava de ser carregado com as malas. Quando Clark estava prestes a se afastar junto com as duas garotas, Peter disse:

– Clark, obrigado por tudo, você foi um grande amigo!

– Igualmente, você é um cara muito legal! - riu Kent, dando um tapinha no ombro do rapaz. - O “amigão da vizinhança”!

– Sabe, acho que esse seria um bom apelido para mim!

Em seguida Peter diminuiu o tom de voz, acrescentando:

– Ah, mais uma coisa: preste atenção à sua volta! Sei de uma garota que é perdidamente apaixonada por você!

Dizendo isso, Parker trocou breve olhar com Chloe.

– Eu também sei... - respondeu Clark num leve sorriso.

Em seguida se distanciaram, trocando acenos. Certo de que Pequenópolis era um lugar mágico, Peter entrou então no carro dos tios, que logo partiu, iluminado pelos últimos raios de sol daquele fim de tarde.

 

Nova York, alguns dias depois.

Peter Parker podia ser visto sentado sobre a pequena escada que levava à porta de sua casa, tendo em mãos a fotografia tirada por Tio Ben, a qual retratava o jovem junto com seus amigos do interior. Suspirando demoradamente, o rapaz começou a recordar todos os momentos felizes que passara na cidadezinha... Seria capaz de viver algo parecido em sua cidade natal? Quando voltaria a beijar uma garota?

– E aí, Peter?

– Olá, Harry! - respondeu Parker, vendo o filho de Norman Osborn diante de si.

– Cara, você parece triste desde quando voltou à cidade! - afirmou o recém-chegado, sentando-se ao lado do amigo. - O que há? Está com saudades do Kansas?

– É...

– Ânimo, rapaz! Tenho boas notícias!

– Do que se trata? - perguntou Peter, pouco interessado.

– Eu vou estudar no seu colégio!

– Quê? - surpreendeu-se o fotógrafo. - Harry Osborn estudando numa escola pública? Isso parece ficção científica!

– Ficção científica são os experimentos que meu pai e aquele tal doutor Stromm estão realizando com algumas pedras de meteoro que conseguiram em Pequenópolis... Mas a verdade é que vou sim estudar no seu colégio, Peter! Pode acreditar! E daqui a alguns dias faremos uma excursão! Parece ser algo sobre aranhas, soa interessante...

Parker sorriu. Estava em casa, afinal. Peter concluiu que a felicidade está dentro de cada um de nós, e com certeza o jovem a encontraria novamente, como em Pequenópolis. Era apenas uma questão de tempo, mesmo se antes lhe sobreviessem mágoas e incertezas...

Naquele momento o rapaz tinha apenas uma dúvida: que teria acontecido a Bruce Wayne?

 

Algum lugar no Tibet.

Bruce acordou zonzo, com o corpo todo dolorido. A viagem na traseira daquele caminhão, em meio a inúmeros outros prisioneiros, fora longa, exaustiva e com certeza nem um pouco confortável. O jovem milionário mal teve tempo de abrir os olhos e ouviu os gritos furiosos dos guardas chineses. A golpes de cassetete, eles retiraram todos os criminosos de dentro do veículo, inclusive Wayne, que tremia de frio.

Algemado, o rapaz começou a caminhar pela neve, enxergando com dificuldade o que havia logo em frente. Aos poucos uma grande e insalubre construção tomou forma diante de Bruce, e os detentos ganhavam o interior do lugar através de um grande portão. Tratava-se de uma prisão isolada do mundo, como o órfão logo concluiu. Ofegante, ele veio ao chão quando um dos guardas o atingiu novamente com uma forte pancada nas costas, rindo sadicamente. Enquanto se erguia, corpo coberto de flocos brancos, Wayne tinha apenas uma certeza: as respostas que tanto buscava estavam ali.

FIM


Capítulo 8

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