Smallville - Reunião

Capítulo 4 - Susto no Talon.


Alegre e sorridente, Peter Parker saiu pela porta da frente do Colégio Pequenópolis, contemplando o belo céu daquele final de tarde. Era agora oficialmente o fotógrafo do jornal “A Tocha”, e para completar estava perdidamente apaixonado por Chloe Sullivan, possuindo intensas chances de conquistá-la, ao contrário de Mary Jane. Quem diria que sua vida melhoraria tanto ao se mudar de Nova York?

Nesse instante, ao olhar para um grupo de alunos que se afastava, Peter viu surgir entre eles uma pessoa totalmente inesperada. De início Parker achou ser apenas alguém parecido com seu velho amigo, mas assim que o jovem se aproximou o suficiente do fotógrafo, este percebeu que aquele era realmente Harry Osborn.

– E aí, Peter? - saudou o recém-chegado, dando um tapinha no ombro de Parker.

– Harry! - exclamou o outro rapaz, surpreso. - O que faz aqui?

– Meu pai veio tratar de alguns negócios aqui na cidade, e resolvi aproveitar a oportunidade para revê-lo, velho amigo! E então, está gostando de Pequenópolis? Ouvi falar que coisas estranhas acontecem neste lugar!

Coisas estranhas? Talvez isso explicasse a inesperada maré de sorte que atingira Peter. Achando engraçada tal suposição, o fotógrafo respondeu:

– Já estou me adaptando, o pessoal daqui é muito legal!

– Só não vá se esquecer de seus amigos de Nova York!

Os dois riram. Nisso, uma bela animadora de torcida passou por eles, sendo fitada por Harry com grande interesse. Percebendo isso, a jovem sorriu para o rapaz, que murmurou, enquanto ela se afastava:

– Acho que já sei o que está fazendo com que você se adapte tão bem, Peter!

Novas risadas. Realmente, aquela cidadezinha tornara-se um paraíso para Parker. Em seguida o filho de Norman Osborn disse:

– Descobri que há um café maneiro aqui na cidade, chamado Talon. Não quer ir até lá mais tarde para botarmos a conversa em dia?

– Boa idéia, Harry!

– Certo, nos encontramos às oito!

Dizendo isso, Harry se afastou, deixando Peter imerso em seus pensamentos. Tendo em mente Chloe e seu novo trabalho como fotógrafo, Parker abriu um amplo sorriso. Seria algo capaz de perturbar aquele sonho tão doce e prazeroso?

 

Anoitece.

Norman Osborn encontrava-se acomodado no confortável assento situado na traseira de sua grande e cara limusine. O motorista do veículo perguntou ao patrão:

– Para onde, senhor Osborn?

– Siga até o hotel, James - respondeu o milionário num suspiro. - Estou exausto e preciso descansar um pouco!

O empregado assentiu com a cabeça, enquanto o ostentoso carro percorria as pacatas ruas de Pequenópolis, bem diferentes das engarrafadas e caóticas vias de Nova York. Depois de observar a cidadezinha através de uma das janelas por alguns minutos, Norman apanhou sua maleta preta, onde carregava importantes documentos. De dentro dela retirou uma pasta contendo vários papéis. Abrindo-a, percorreu alguns deles rapidamente com os olhos, parando ao encontrar os esboços de algo que lembrava uma armadura.

– Aquelas pedras... - murmurou Osborn, fitando fixamente os desenhos repletos de cálculos e termos técnicos. - São o que preciso para tornar viável meu projeto de exoesqueleto!

Súbito, o pai de Harry fecha a pasta bruscamente, olhando para o vazio com um estranho sorriso no rosto. De uma forma ou de outra, Lex Luthor teria que ceder...

 

Oito da noite.

Clark Kent entra no Talon. O estabelecimento encontra-se quase vazio de fregueses, com apenas um ou outro jovem acomodado em alguma mesa. Carrega a bolsa da mãe, a qual Martha esquecera em casa. Jonathan pedira que seu filho a levasse até o trabalho da esposa. Mas o rapaz sentia que havia algum outro motivo desconhecido que exigia sua presença ali...

Enquanto caminhava até o balcão, Clark viu Peter Parker e um outro jovem sentados numa das mesas, conversando de forma descontraída. Aproximando-se, o filho dos Kent cumprimentou seu novo vizinho:

– Olá, Peter!

– E aí, Clark? - sorriu o fotógrafo. - Já conhece meu amigo Harry, de Nova York?

– Ainda não, muito prazer! - cumprimentou Clark, apertando uma das mãos do filho de Norman Osborn.

– Um amigo do Peter também é meu amigo! - exclamou Harry.

Em seguida Kent voltou a seguir na direção do balcão. Lá estava sua mãe, mas o rapaz viu também uma cena que provocou um intenso aperto em seu coração: ao lado de Martha encontravam-se Lana e Jason, aos beijos. Um casal verdadeiramente apaixonado. Clark amava Lang, e no fundo não suportava vê-la nos braços de outro homem.

– Oi, mãe! - saudou o recém-chegado, voz baixa, tentando não ser notado pelos namorados.

– Oi, filho! - respondeu Martha, percebendo o constrangimento do filho. - O que faz aqui?

– Você esqueceu sua bolsa no rancho, e o pai pediu que eu a trouxesse até aqui! - explicou o jovem, colocando o objeto que carregava sobre o balcão.

– Oh, obrigada!

Nesse momento Lana notou a presença de Clark, voltando-se para ele. Num sorriso quase inexpressivo, ela o cumprimentou:

– Olá, Clark!

– Oi, Lana! - respondeu o filho de Martha, sem jeito.

– Como vai, Clark? - saudou Jason com certa frieza.

Teriam ficado naquela incômoda situação por vários instantes, se não fosse a porta do Talon ter se aberto logo que o namorado de Lana terminou de falar. Sob os olhares intrigados dos funcionários e fregueses, seis homens de vestes negras entraram no estabelecimento, ocultando algo embaixo de suas jaquetas com uma das mãos. Após alguns passos, aquele que aparentava ser o líder do grupo sacou uma espingarda calibre 12, engatilhou-a e disparou contra o teto. Um tanto de poeira caiu sobre os recém-chegados, enquanto as mulheres ali presentes gritavam de horror.

Os demais criminosos revelaram suas armas, e o chefe do bando, depois de aterrorizante gargalhada, exclamou num tom sádico:

– Muito bem, isto é um assalto! Entreguem-nos seus pertences e prometo que pensarei duas vezes antes de ferir alguém!

– Ah, meu Deus! - gritou Lana, incrivelmente assustada.

Sem poder fazer nada, Clark viu um dos meliantes apanhar a bolsa de sua mãe, que ainda se encontrava sobre o balcão. O rapaz não poderia usar seus poderes na frente daquelas pessoas. Naquele momento, infelizmente, o filho dos Kent estava de mãos atadas.

– Rápido, passe o dinheiro do caixa, mocinha! - ordenou o líder dos meliantes, apontando a espingarda para Lana.

– Seu desgraçado! - exclamou Jason, totalmente enfurecido.

Num ato inconseqüente, o namorado de Lang tentou imobilizar o chefe dos criminosos com um golpe mal-sucedido, e acabou atingido num dos braços por um disparo da arma de um dos bandidos. Jason veio ao chão segurando o membro ferido, enquanto Lana, desesperada, abaixava-se ao lado do amado, prestes a romper em lágrimas.

– Jason, não! - gritou ela, desnorteada.

– Que idiota... - murmurou o líder do bando num sorriso, enquanto limpava o caixa rapidamente.

Clark, transtornado, apenas observava os assaltantes recolhendo o dinheiro e os objetos de valor dos presentes. O jovem percebeu que um dos meliantes encontrava-se à parte dos demais, rosto amedrontado, alheio a tudo aquilo. Parecia não concordar com o que seus colegas faziam...

Enquanto isso, na mesa onde estavam sentados Parker e Osborn, Peter retirou sua máquina fotográfica de dentro da mochila que carregava, segurando-a discretamente, longe dos olhares ameaçadores dos criminosos. Harry, percebendo o que o amigo tinha em mãos, perguntou em voz baixa:

– O que pensa que está fazendo?

– Esses caras não podem sair impunes... Preciso fazer alguma coisa...

Dizendo isso, Peter, sem causar qualquer ruído, fotografou o rosto daquele que comandava o assalto, não sendo percebido por ninguém exceto Harry. Em seguida, com um sorriso de satisfação, Parker guardou a câmera, certo de que fizera sua parte para que aqueles bandidos fossem punidos.

Nisso, o chefe do grupo exclamou, olhando para as faces aterrorizadas das vítimas do assalto:

– Vamos, pessoal! Não queremos ter problemas com os tiras!

Seguido pelos demais criminosos, o líder saiu pelos fundos do Talon, deixando para trás um ambiente de medo e desolação. Lana, com lágrimas escorrendo por seu rosto, amparava o namorado baleado, enquanto Martha chamava uma ambulância por telefone.

Ao mesmo tempo, Clark sentia que precisava agir. Em momentos como aquele percebia que seu dever naquele planeta era usar seus poderes para defender os oprimidos. Determinado, o filho dos Kent correu na direção da porta dos fundos, observado por sua mãe.

– Clark, o que vai fazer? - gritou ela, desesperada. - Clark!

Mas o filho não lhe deu ouvidos. Ganhando um escuro beco, o rapaz viu os criminosos se distanciando. Respirando fundo, gritou em tom desafiador:

– Esperem, seus covardes!

Os bandidos voltaram-se para o jovem. O chefe do grupo, com um gesto, ordenou que não reagissem. Sorrindo, caminhou até Clark, tendo em mãos a espingarda calibre 12. A poucos passos de Kent, o meliante apontou-a para o rapaz, exclamando soturnamente:

– Quer morrer, imbecil?

Uma gota de suor escorreu pelo rosto de Clark, enquanto o criminoso engatilhava a arma. Se ele disparasse, os poderes do jovem seriam revelados e ele não teria outra opção a não ser enfrentar aqueles homens. Porém, no momento em que o marginal estava prestes a apertar o gatilho, alguém gritou:

– Pare, Cletus!

O assaltante virou-se para trás. Lá estava o novato, que agora desafiava seu próprio chefe, apontando-lhe uma pistola. Cletus encarou seu comandado por alguns segundos, olhar ameaçador, mas o jovem criminoso não se abalou, dizendo:

– Você não precisa matá-lo! Já tem o que quer! Vamos embora!

O líder dos bandidos cerrou os dentes e murmurou:

– Sorte sua eu o respeitar por ter atirado em Lex Luthor, novato...

Diante de tal afirmação, Clark estremeceu. Após olhar uma última vez para o filho de Martha, Cletus abaixou a espingarda e afastou-se. O novato, porém, permaneceu imóvel, fitando Kent fixamente.

– Quem é você? - perguntou Clark sem demora, vendo que não poderia perder aquela oportunidade de obter respostas sobre o atentado a Lex.

– Bruce... - respondeu o jovem friamente, caminhando pelo beco. - Bruce Wayne...

E desapareceu na escuridão.


Capítulo 5

Capítulo 3

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