Resident Evil: Experimento X

Capítulo 1 - Racoon City


Raccoon City, EUA, abril de 1986.

– Vai, vai!

A voz do médico na sala de cirurgia se confundia com os gemidos da mulher na mesa de operação. Ele e mais três enfermeiros do Raccoon Hospital estavam tentando salvar duas vidas: a da mãe e a do bebê que estava nascendo.

– Faça força, senhora! - exclamou um dos enfermeiros, nervoso, testa suada.

Os gemidos da mulher na mesa viraram gritos, gritos frenéticos:

– Ah, ah... Ah!

– Por favor, agüente...

Mas eles não poderiam fazer muito por ela. Subitamente a mulher calou-se, e seu olhar saiu de órbita. Primeiro fitou a forte luz branca sobre a mesa, e depois se virou para a direita, moribundo.

– Oh, não! - desesperou-se o médico.

O marcador ao lado da mesa começou a ficar estável. As oscilações da linha verde na tela viraram uma reta desanimadora. A mulher não dava mais sinal de vida.

 

No bem iluminado corredor do hospital, um homem de jaleco está sentado sozinho num banco, de frente para uma senhora idosa que parece ignorá-lo. O indivíduo tem um cigarro na boca e está com a face toda molhada de suor. Em seu peito é possível ver um crachá com sua foto e o símbolo de um guarda-chuva vermelho e branco.

De repente um enfermeiro vestido de azul ganha o corredor, vindo da sala de cirurgia. Arrancando a máscara do rosto, ele revela um rosto triste e desconsolado, se aproximando do homem que fuma. Parando em sua frente ele diz, trêmulo:

– Senhor Birkin...

A face sem expressão do homem imediatamente vira-se na direção do enfermeiro, com olhar penetrante e indagador.

– Sua mulher... - suspirou o enfermeiro, tentando tomar coragem.

– O que tem ela? - perguntou Birkin, aparentando calma.

– Ela não resistiu...

Birkin continuou fitando o rapaz, que tinha lágrimas nos olhos.

– E o bebê? - indagou o marido, sem demonstrar qualquer mudança de estado emocional.

Antes que o enfermeiro pudesse responder, um outro veio correndo da sala de cirurgia, gritando:

– Venha aqui, Mike! A mulher voltou a dar sinais de vida!

– O quê? - espantou-se o primeiro enfermeiro.

– É isso mesmo! Venha!

Os dois homens vestidos de azul voltaram correndo para a sala de cirurgia, enquanto Birkin voltava a olhar para a senhora idosa, que mais parecia uma estátua. E, sem tirar o cigarro da boca, deixou escapar um sorriso.

 

– Só pode ser um milagre! - disse o médico, enquanto os dois enfermeiros entravam novamente na sala.

A mulher estava viva, e agora mais agitada do que antes, virando a cabeça para os lados sem parar, parecia querer levantar da mesa. A linha verde na tela do aparelho voltava a ter grandes flutuações.

– Ah, ah! - ela voltou a gritar, e seus olhos pareciam querer saltar para fora do rosto.

– Faça força, senhora!

E a mãe obedeceu, cerrando os dentes, enquanto seu rosto voltava a ficar vermelho. Logo um choro de criança ganhou o ambiente.

– Eu não acredito! - berrou um enfermeiro.

O médico pegou o bebê no colo, enquanto um enfermeiro cortava o cordão umbilical. Era uma menina, que chorava enormemente. Sorrindo, o doutor colocou a criança nos braços da mãe, que tomava fôlego.

A mulher abriu grande sorriso ao pegar a filha. Ela olhou para seu rostinho e depois para todos que a cercavam, admirando-a grandemente.

– Foi mesmo um milagre! - exclamou um enfermeiro.

Nesse instante o marido da mulher entrou na sala, caminhando até ela. Esta lhe entregou o bebê, dizendo:

– É a Sherry, William!

E Birkin abraçou a criança, como se fosse a coisa mais importante do mundo. E para ele era, mas não por ser sua filha...

 

– E então, senhores?

Ao redor da mesa estavam reunidos vários homens de branco, a não ser por um de cabelo grisalho numa das extremidades, que usava terno preto. Oposto a ele havia um rapaz de óculos escuros, que ajeitava o cabelo.

– Eu acho que Albert é o mais recomendado para essa tarefa, senhor! - disse um dos homens ao redor da mesa.

– Você acha mesmo, Steve? - indagou o indivíduo de terno.

– Sim. Agora que a filha de William nasceu, Wesker será o único que poderá se comprometer inteiramente com a tarefa.

Todos na mesa olharam para o rapaz de óculos escuros, que logo perguntou:

– Spencer, quem está interessado nessa experiência?

– Não sabemos ao certo - respondeu o homem de terno. - Apenas fui informado que se trata de um tailandês que vem investindo muito na empresa.

– Um tailandês? Tem certeza?

– Creio que sim.

Houve um instante de silêncio. Logo Spencer disse:

– Wesker, prepare suas coisas. Daqui a uma hora o helicóptero que o levará até Chicago estará aqui. De lá você partirá num vôo até o Brasil. Estão dispensados, senhores, exceto você, Wesker!

Todos se levantaram e deixaram a sala, exceto Wesker e Spencer, que continuaram sentados nas extremidades da mesa, se olhando.

– Você vai até Raccoon conhecer a filhinha do Birkin? - perguntou Wesker, sorrindo.

– De modo algum... - murmurou Spencer. - Não sei por que Birkin foi fazer uma besteira dessas! Casar e ter filhos!

– Bem, a vida é dele! Ele faz o que bem entender!

Houve novo silêncio. Spencer disse, olhando para o teto:

– Vá arrumar suas coisas, Wesker! Do Birkin e desta mansão eu cuido!

Albert levantou-se e saiu.

 

Chernobyl, Ucrânia, URSS.

Ao lado da usina nuclear na qual há poucos dias ocorrera uma catástrofe, vários soldados soviéticos se encontravam vestindo roupas de proteção contra radiação, enquanto isolavam a área e faziam análises de contaminação. Nesse instante surge um helicóptero fazendo grande barulho, pousando ao lado da usina nuclear. Rapidamente um soldado se aproxima da aeronave, enquanto dois russos saem de dentro dela, também vestindo roupas especiais.

– Desculpe, mas vocês não podem ficar aqui! - exclama o militar que viera correndo até o helicóptero.

– Eu sou o capitão Nicholai Zinoviev - responde um dos russos que haviam chegado. - Tenho ordens do Kremlin para coletar amostras de formas de vida para análise!

– Perdoe-me, capitão! Quem está com o senhor?

– Este é o cabo Zangief! Ele vai me auxiliar no trabalho!

– OK!

Os recém-chegados se afastaram do helicóptero, caminhando entre os atarefados militares. Chernobyl era a catástrofe da década, mas o Politburo tinha que tirar vantagem dela. Qualquer vantagem que fosse.

Nicholai caminhou até a beirada de um barranco, com o musculoso Zangief ao seu lado, ambos desconfortáveis nas roupas de proteção. Ambos ficaram olhando para baixo, fitando a vegetação contaminada.

– O que nós estamos procurando exatamente, capitão? - perguntou Zangief.

– Algo que possamos cultivar com sucesso em laboratório, Zangief! Armas biológicas! A radiação alterou a estrutura genética de qualquer coisa viva a quilômetros de distância!

Súbito, a terra sob os pés dos russos começou a se mover. O barranco estava desabando, e logo a porção de terra cedeu, fazendo com que Zinoviev e Zangief rolassem pela encosta e caíssem sobre um pequeno curso d’água, ocultado por arbustos espessos.

– Você está bem, senhor? - perguntou Zangief, levantando-se.

– Sim, cabo!

– Hei, o que são essas coisas?

O russo apontou para pegajosas criaturinhas pretas sobre a veste de proteção usada por Nicholai. O capitão apanhou uma delas com as mãos e disse, fitando o ser:

– Sanguessugas!

– Que coisa nojenta!

Nicholai olhou mais atentamente para aquele animal na palma de sua mão. Não era normal, ele liberava um estranho líquido roxo...

– Zangief, colete algumas dessas sanguessugas!

– Sim, senhor!

E Zinoviev fechou a mão onde estava a sanguessuga, esmagando-a.

 

Algum lugar no Arizona, EUA.

Quando Nash entrou na sala de instruções, todos já estavam devidamente acomodados. Até Guile, com seu jeito despreocupado de ser, estava fitando atentamente o amigo e superior, enquanto os demais integrantes da “Operação Cobra” paravam de conversar para rever mais uma vez o plano da missão. Nash disse, após desenrolar um mapa da Colômbia na frente dos ouvintes:

– Vocês estão prontos para que possamos partir para a América do Sul daqui a uma hora?

– Ora, Nash! - exclamou Guile. - Se depender de nós aqueles malditos traficantes vão comer o pão que o diabo amassou!

– Bem, nós estamos lidando com uma rede internacional de tráfico de drogas. Essa organização esteve agindo no Sudeste Asiático por dez anos e agora está operando em todo o planeta. Nosso alvo é um vilarejo na Colômbia, “Los Arcanjos”, ponto de distribuição de cocaína.

Nash desenrolou outro mapa e começou a apontar para ele conforme falava:

– Segundo fotos de satélite, o lugar é vigiado por dez patrulhas de cinco traficantes. São cinqüenta, sem contar os que encontraremos dentro das casas. A cocaína está sendo guardada dentro desta igreja. Limpamos o lugar, nos livramos da droga e então poderemos voltar e dar uma festa!

– É isso aí! - exclamou um militar.

– OK. Somos duas equipes. A primeira é formada por mim, Guile, Kreman, Jones e Feldman. Nós invadiremos pelo sul. O outro time é um destacamento especial do S.T.A.R.S., divisão internacional, e será comandado pelo senhor Barry Burton!

– Pode contar comigo! - sorriu Barry, sentado no fundo da sala, desmontando uma Colt.

– Os outros S.T.A.R.S. são Rent, Willians, Charter e Newman. Eles invadirão pelo norte. Após o objetivo ser pacificado, nosso ponto de extração será atrás da igreja. Mais alguma pergunta?

– Não, cow-boy! - riu Guile.

– OK. Estão dispensados!


Capítulo 2

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