Last Land

Sétimo Dia - Zefir, Vértice do Bem e do Mal

Capítulo 29 - Moldando a Nova Era


No recanto do mundo onde surgiram as mais famosas lendas da Terra, isto é, na Grécia, aquela nova batalha que prossegue no santuário em que um único invasor foi capaz de subir as doze casas Zodiacais e que agora está frente a frente com a deusa Atena, ainda terminando a inesperada risada que soltara, intrigando a todos ali.

- Eu peço que se você tem um mínimo sequer de respeito pelo sangue que você derramou neste lugar sagrado, pare agora mesmo com essa sua risada de zombaria. - diz duramente a deusa Atena.

Surpreendentemente, Karasu obedece, mas com seu rosto fantasmagórico, diz:

- Atena, não se trata realmente de zombaria. Eu estou feliz, compreende isso? Hades ficará muito satisfeito comigo.

Atena:

- Diga o que você quer falar. Você não queria me encontrar?

Karasu:

- Encontrar você seria inevitável, mas não obrigatório para meu objetivo.

Atena, intrigada:

- Como assim?

Karasu:

- Ora, Atena...!

O Youkai começa a ir à frente, novamente. Porém a sua perda de tempo proporcionou mais uma chance para Seika, a qual reaparece à sua frente, gigante novamente, usando de seu poder.

A Amazona agora usa de toda a sua capacidade física em união com seu cosmo, para uma última tentativa de barrar o caminho daquele monstro, e então num veloz golpe, crava seu tridente, de cima para baixo, sobre o elmo da Sapuris, varando-o e ainda no mesmo movimento, atravessa o peitoral da armadura, também rompendo-o. Inclina então a arma e consegue cravar com força as pontas do tridente no chão, deixando as partes citadas da armadura presas no cabo do tridente, numa tentativa de tentar reter os movimentos do youkai.

Todos ficam esperançosos ao verem isso, pois assim ficará “preso” o corpo fantasma de Karasu.

O enviado de Hades realmente tenta mover-se e sente-se preso àquela armadura.

Todavia, mais uma carta estava debaixo da manga de Karasu e, veloz como um raio, a alma de Karasu, toma a forma de um cometa branco e deixa completamente a Sapuris.

Seika usa de toda a sua velocidade para se colocar como um escudo para Atena, na intenção de defendê-la contra a investida.

Porém, a amazona se engana. O espírito de Karasu não lançou-se contra Atena.

Mu imediatamente percebe a intenção real e com toda força que lhe resta coloca-se a frente daquela alma, e estica os braços e põe todo seu poder psíquico para funcionar.

O cometa branco que é o espírito de Karasu, porém, passa por Mu e, como um líquido, contorna seu corpo apesar de Mu conseguir simplesmente desintegrar parte do espírito de Karasu, o qual desmancha-se na mão do cavaleiro de Áries como fumaça. E o inimigo então vai ao seu objetivo, a armadura da deusa.

A alma do demônio começa a rodear, entrar e sair de dentro daquele artefato, como se fosse uma minhoca na maçã podre. Logo, então, a voz de Karasu, alterada, tão assustadora que arrepia os cabelos daqueles que a ouvem, é emitida da alma, tão estranha que quase não se pode compreender:

- Em nome das almas sofridas do império de Hades! Eis-me aqui com o artefato desejado por nosso mestre!

Atena:

-O quê??!! Não!!

Após a frase de Karasu, uma luz ofuscante, vinda da própria alma do demônio, atinge o local onde está a armadura, banhando-a com seu esplendor.

É tarde. O que todos temiam aconteceu. A luz cessou e nem Karasu e menos ainda a armadura de Atena estavam lá.

Atena, gaguejando, com os olhos tremendo nas órbitas:

-E... ela foi r... roubada...!

Todos ali presentes esperavam o básico, um inimigo que queria matar Atena. Mas um que quisesse roubar a armadura de Atena, foi algo que deixou todos ali sem palavras, sem ação, sem comentários, somente Mu consegue pronunciar duas palavras que refletem a necessidade deles de um auxílio superior.

-Meu... Deus...!

 

Em Zefir, naquele campo de batalha onde tornou-se essa terra, todos, inclusive Hades, vêem-se surpreendidos por um facho de luz que cruza a atmosfera dos céus de Zefir e vai até uma das janelas de uma das altas torres do castelo. Justamente onde está, neste momento, Seikiakko, que, olha embevecida a armadura de Atena ser trazida, através do seu poder de convocação, cuja alma de Karasu serviu como ponto de referencia, está sendo carregada pelo facho de luz em direção a janela do salão onde ela está.

-Venha armadura sagrada de Atena! Venha àss minhas habilidosas mãos, para que você possa ter o prazer de ser preparada a servir o seu novo dono. Um real vencedor e eterno!

Abaixo da ilha do castelo, uma cena de desespero.

Abner, soterrado por toneladas de rochas, e ao mesmo tempo sendo ferido por Hades, que está usando a lâmina e o corpo de Xarigan.

Mesmo sob essa desgraça toda, Abner ainda foi capaz de ter feito uma ameaça? A quem estão tentando salvar? Assim pensaram muitos.

Isso intrigou muitos ali, inclusive Yusuke, que parou de tentar ajudar, e recuou.

-O que esse babaca, quer? Se é assim, tô nnem aí se você virar picadinho!

Kurama, que ainda está removendo rochas, puxando com cipós que ele fez surgir, mostra-se irritado. Uma expressão pouco encontrada em sua face. Percebe que alguns, chocados com as palavras de Abner, pararam de ajudar, receosos.

Nesses momentos é que Kurama lamenta de poucas pessoas terem a sua sagacidade de raciocínio. Era óbvio que aquilo não era uma ameaça e esse engano está gerando segundos de atraso, que podem ser fatais para Abner. Portanto, Kurama decide ralhar com seus companheiros.

Porém uma voz adianta-se a dele:

-Vocês não podem parar! Precisam ajudá-lo!! Aquilo não foi uma ameaça! - grita Anne.

- Lógico, só podia ser ela. - Assim pensou Kurama.

-O que ele quer dizer é que a única soluçãão é nos mandar para o mundo onde está o shakiti de Brafma. E só ele pode fazer isso! - berra Kurama.

Para Abner, com suas forças se esvaindo, as palavras de Kurama foram um alívio, pois naquele estado ele está com dores demais para pensar em como usar as palavras corretamente.

-Isso... j... justamente isso. - murmura AAbner.

Vendo tal situação limitada, Lucy ainda continua montada em Rayearth.

Continua montada em Rayearth? Logo ela que sempre foi a primeira a entrar com tudo para ajudar alguém? Ela de fato não é mais a mesma. Tem medo de interferir e piorar as coisas, como o que vêm acontecendo com ela sempre, ultimamente.

-Lucy! - chama Rayearth - Eu não a reconheeço.

Lucy, então muda sua expressão apática para a de choro. Uma lágrima lhe escapa e ela inclina-se no dorso do animal mágico, para abraçar o seu pescoço.

-Rayearth... eu temo errar de novo! Temo mmuito! Cada coisa que faço gera uma cadeia de desgraças!

-Lucy, você não é assim! Você sabe que é o núcleo! Você pode ser o ser mais poderoso de Zefir. Basta crer que é!

-E se eu fizer com que Nova volte? Não quero isso!

-Lucy, vejo que agora as coisas acontecem diferente. Nova surgiu porque você teve remorso pela morte de Esmeralda. E ela era um ser criado por sua revolta e, no fundo, tinha o intuito de consertar os seus erros. Mas agora você está com medo de agir. Acha que uma interferência sua pode só trazer problemas. Você não é assim! Você é o núcleo porque você sempre foi corajosa e ativa, estava disposta a tudo por nós.

Lucy, calada, está apenas a ouvi-lo. Sente sua alma seca, vazia, desobjetivada. Ela vê um horizonte negro pela frente, onde não brilha uma partícula de esperança.

Enquanto isso, Hades, com ainda mais vontade, crava a espada nos escombros.

O pobre ex-Cavaleiro lá embaixo está com a visão turva. Não crê mais que possa ser salvo. Muito menos que possa ajudá-los.

Com um pé na vida e outro na morte, ele começa a enxergar coisas que só os olhos do espírito nos permitem ver. Ele pode ver vultos escuros sobrevoando seu corpo. Provavelmente demônios de Hades prontos a capturar sua alma, assim que o fio de prata que liga o espírito ao corpo se romper.

Dessa vez Hades impedirá de que sua alma vá ao julgamento com o tal Koenma, portanto nada o deus juiz poderá fazer para ajudá-lo.

Abner, apesar de tudo que vê, está pronto a se entregar à morte, afinal nem cavaleiro de ouro ele é mais, suas forças se esvaem a cada segundo, enquanto sente o poder da lâmina mágica dilacerar seu corpo a cada cravada.

Quando então ele sente sua mão ser envolta por outras duas.

Uma gostosa sensação ele sente. São mãos humanas e delicadas.

Obviamente, mãos macias, as quais emanam carinho, calor. Essas mãos só podem ser dela. Sierra.

É mesmo Sierra, que costuma usar o nome de sua irmã falecida Priscila. Ela naquele momento aproximou-se de Abner.

-Abner... você me perdoa?

A voz dela entra lentamente na consciência que ainda resta em Abner, no seu cérebro entorpecido. O som da voz de sua amada serve de âncora para ainda conseguir manter o seu espírito no mundo dos vivos.

Sierra continua a falar, acariciando a mão ensangüentada de Abner:

-Abner, eu sei que agora que você veio, euu recusei o seu amor, mas eu... sei o quanto nós nos gostávamos quando éramos crianças... você foi meu primeiro amor... você é muito importante pra mim! E eu acho ... que eu ainda te amo!

O toque dela é doce e carinhoso, um maravilhoso contraste para o que ele sempre havia sentido na sua vida dura e cruel. Contudo as palavras dela não lhe soam com pura sinceridade. Mesmo assim ele esforça-se para responde-la movendo seu lábios com dificuldade:

-Sierra... só numa ocasião dessa é que vemm dizer isso pra mim? Só por que vocês precisam que eu viva? Você é cruel, Sierra!

Ela sente como se ele tivesse enfiado o dedo dentro do seu subconsciente. Sente-se realmente cruel ao ouvir a dedução dele.

-Abner, perdoe-me... não posso dizer que ssou apaixonada, Abner. Não mando em meu coração... não restou outra chance, a não ser dizer isso.

Abner sente algo como um líquido amargo e escaldante percorrer seu lado esquerdo do peito, um sentimento velho conhecido dele, o ódio, é algo abstrato, mas ele o sente mais concreto do que nunca. Sentimento esse que sempre o acompanhou por toda a vida na Terra, que após o seu renascimento em Zefir ele imaginou poder contornar pois este poderia lhe ser um mundo melhor, mas o ódio sempre foi o seu motor, e pelo jeito não deixará de ser tão cedo. Então ele fala entre os dentes, com uma expressão de raiva.

-Mas você conseguiu o que ... queria Sierrra... ajudou-me a sair...!

Aquele sabor azedo da verdade serviu para dar-lhe forças para resistir ao abraço da morte. Na verdade porque lhe criou um sentimento de revanche. As frases de Sierra foram tão fortes que lhe fizeram cair por terra a esperança dela o amar.

Mas ele então quer uma vingança, mas não uma vingança estúpida, covarde e burra como a de Máscara da Morte, mas uma vingança de prato frio, uma vingança do tipo: tornar-se um grande homem e arrumar uma linda esposa e fazer com que Sierra um dia lamente-se de tê-lo rejeitado, e lamente-se até o último suspiro de seus estúpidos pulmões.

Quem poderia condená-lo por isso? Ele quando decidiu deixar de ser o Máscara da Morte, não disse que se tornaria um santo, mas um homem que tem dentro de si o bem e o mal em porções bem dosadas, ou seja, uma pessoa como qualquer outra.

Ali próximo, Anne ainda muito ferida por causa das batalhas, sabe que tem poder de cura, mas lhe resta pouca magia e só pode ajudar uma pessoa. Ela tem responsabilidade e sabe onde deveria usar seu poder, mas ver sua pobre amiga Marine estirada no chão, arfando de cansaço e dor, lhe corta o coração. Marine está certamente com dores na coluna por causa da queda sobre o pico da montanha.

Anne aproxima-se, agacha-se ao lado dela e ergue sua mão, pronta a dizer as palavras mágicas.

Porém, antes disso, Marine segura a mão de Anne e diz:

- Não, Anne! Não em mim. Nele! - fala, apontando com a cabeça para Abner.

Anne compreende que Marine também sentiu esta responsabilidade. Anne poderia logo ter se aproximado de Abner e lançado sua magia, mas fôra difícil tomar essa decisão rapidamente, pois vê sua grande amiga ali assim e o que poderia lhe acontecer. Quanto tempo vai ter que aguardar até recuperar suas forças sem ao menos poder se curar para descansar?

 

Enfim, na Grécia, finalmente, temos um momento de quietude, mas não de paz, pois aquilo que acabara de ocorrer ali chocou a todos.

Jabu exalta-se e diz:

- Aquele cara veio aqui e roubou a armadura de Atena. Por que? Alguém pode me explicar o significado disso?

Mu:

- Um significado terrível, Jabu. Pode se considerar que isso seria até pior do que a morte de Atena, se for o que imagino.

- O quê??!! - berram vários ali.

Atena:

- Infelizmente é verdade, meus guerreiros, meus amigos. Agora vou lhes explicar o motivo pelo qual a armadura de Atena é tão evitada pela maioria das minhas reencarnações.

Todos se aproximam da grande líder do Santuário. Colocam-se ao seu redor e param, na intenção de ouvi-la.

Atena:

- Primeiro, vamos considerar as conseqüências se eu morresse. Se isso viesse a ocorrer, eu não poderia mais usar meu cosmo para evitar que o cosmo dos deuses malignos se alastrassem pela Terra, o que tornaria muito complicada a atuação de vocês. Mas vocês lembram da luta contra Abel, Lúcifer e Eris?

Shun:

- Como poderíamos esquecer, Atena?

Atena:

- Nessas ocasiões vocês lembram que momentos após derrotarmos esses inimigos, todos os seus templos e todas as suas obras se auto demoliram? Pois isso não aconteceria com o meu Santuário, caso eu fosse destruída.

Marin:

- Entendo. Mas por que isso não aconteceria?

Atena:

- No caso desses deuses citados por mim, suas obras se desmoronaram pois eles tinham o controle e o poder total sobre seus domínios. Eram deuses com poderes absolutos, eram ditadores, os quais poderiam controlar até a queda de cada folha das árvores que estivessem em seu território.

Shun:

- Deuses Absolutos?

Atena:

- Sim, queriam ser deuses no mais amplo significado da palavra. Nos tempos mitológicos, porém, quando Zeus repartiu os céus para seu domínio, os mares para Poseidon , o mundo do Inferno para Hades e a Terra pra mim. Poseidon, por exemplo, pôs a sustentação do seu mundo baseado no pilar principal, que sustentava o mundo dos mares não pela força física mas pelo poder que Poseidon concentrou neste pilar. Desta forma o mundo do Deus dos mares continuou existindo desde os tempos mitológicos até o dia em que Seiya destruiu o Pilar principal.

Shun lembra-se desta ocasião. Achava que a luta contra Poseidon seria a maior de sua vida, mas como pôde ver hoje, estava enganado.

Atena continua:

- Quanto a mim, eu também decidi não ter poder absoluto sobre a Terra, e coloquei na armadura o poder sobre o meu mundo. A qual eu só usaria em caso de extrema necessidade.

Marin:

- Isto significa que quem vestir a armadura de Atena terá poder sobre a Terra?

Atena hesita em responder, mas a resposta é óbvia demais.

- Isto mesmo - confirma ela.

 

Os olhos de Seiya, bem como os de Hyoga e Shurato prendem-se à imagem daquele objeto dourado que plana em direção da janela do castelo.

- Uma armadura de ouro...! Mas esta eu nunca vi! – diz Seiya.

Hyoga:

- Ela parece ser... a lendária Armadura de Atena!

Seiya:

- O quê...?!

Hades:

- Exatamente.

Seiya:

- Não é possível! E o que você quer fazer com ela?

Hades:

- O que se faz com armaduras, Cavaleiro de Atena? – ironiza o deus.

Seiya:

- Você jamais conseguirá vestir a armadura. O poder de Atena sobre ela não permitirá.

Hades dá uma curta risada:

- Tolo! Você acha que o poder de uma garotinha como Atena se compara ao meu poder? Eu sou irmão do pai dela. Seikiakko é uma ferreira de Zefir e o poder da armadura de Brafma, como vocês acertadamente deduziram, está a meu serviço! Acha que eu não poderei colocá-la ao meu favor?

Hyoga revoltado:

- Jamais permitiremos!

Tirando vantagem da conversa entre o deus e os Cavaleiros, os aliados conseguem libertar Abner mais um pouco; ele está praticamente saindo do meio do entulho.

- Pensam realmente que sou algum amador?! – berra Hades, agora dirigindo as palavras àqueles que tentam soltar Abner dos escombros.

Após a advertência o deus salta de cima dos escombros, empunhando sua espada e cai rente aos entulhos, pondo então sua lâmina em posição para cortar a cabeça do ex-Cavaleiro de Câncer, que agora, com parte do corpo saindo, já facilita para tal ação.

Ao notarem o ato do deus, os que auxiliam Abner, fazem toda força possível para extraí-lo dos escombros, em milésimos de segundos. Mas estão lidando com um deus, portanto não conseguem impedir que a lâmina de Hades rompa a carne do pescoço do ex-Cavaleiro.

Ver a cabeça de Abner rolar pelo chão não seria realmente algo agradável de se ver, por isso alguns até fecham os olhos para evitar ver este momento.

Contudo, Hades olha para sua lâmina, a qual estranhamente não ainda partiu o osso do pescoço do ex-Cavaleiro.

O pescoço parece resistir, estranhamente, e parece se regenerar numa velocidade tal, que supera a velocidade com que Hades parte a sua carne. Uma disputa macabra da carne que se regenera mais rápido do que a espada que a corta.

Absurdo tamanho que faz com que Hades procure uma razão para tal coisa, e logo ele olha e vê que um brilho como minúsculas estrelas rodeiam o ferimento do pescoço, brilho este vindo do poder de Anne, que já no fim de suas forças, usa o seu Sopro da Cura numa intensidade nunca usada por ela antes, de maneira que ela transfere até a própria saúde a fim de evitar a morte de Abner, resultando que na própria pele da guerreira começam a surgir feridas, como se ela transferisse os ferimentos do ex-cavaleiro para ela própria.

Lucy, que assistia inerte tudo isso, fica aterrorizada com o extremo alcançado por Anne.

- Minha amiga! – diz ela com voz de lamento.

Rayearth servindo de montaria para Lucy, esbraveja:

- Lucy, ela precisa de você!!

Lucy:

- Mas eu ...posso piorar tudo!

Rayearth com raiva na voz:

- Você não é a Guerreira Mágica que conheci!

Lucy apenas o olha com tristeza.

- Seja apenas você mesma, Lucy! Seja você! – diz Rayearth.

Apesar da lentidão de Lucy, Anne não fica desamparada, pois ao ver a Guerreira do Vento sendo coberta por feridas que se abrem do nada no seu próprio corpo, todos se apressam e com força arrancam, enfim, Abner dos escombros, deixando Hades a ver navios, tendo seu objetivo sido frustrado.

Abner, por sua vez, é amparado por alguns, inclusive Yusuke, o qual o adverte:

- Tá legal, cara; espero que tenha valido a pena o esforço feito pela Anne pra salvar tua carcaça. Se não valer, eu te espanco até te deixar pior do que tava.

O ex-Cavaleiro não responde à grosseria, não agradece também, mas enfim, sente-se, de fato, obrigado a colaborar para salvar Zefir das mãos de Hades.

Abner se esforça para se por de pé, estufando o peito e diz:

- Não vamos perder tempo. Eu preciso de voluntários. Mandarei um grupo de vocês ao inferno, mas vivos, para encontrar o Shakiti de Brafma.

Todos ficam calados por alguns instantes, mas o primeiro voluntário já se oferece. É Kurama, que dá um passo à frente e fala:

- Eu vou!

- Pra mim também não é problema! – diz Yusuke.

- Eu também vou! – fala Seiya.

Hyoga:

- O que está dizendo, Seiya...?! Você nunca foi a um lugar como esse!

Seiya:

- Por isso mesmo, Hyoga. Todos vocês já perderam a vida em batalhas; acho que está na hora do meu sacrifício.

Quase invisível no céu escurecido, quatro objetos voadores riscam o espaço de Zefir, logo sendo notados por crianças do povo, pois são os únicos que não mantém cem por cento da sua atenção na luta de Hades com os outros. - Veja mamãe, tem uma coisa voando lá no céu! – diz, apontando, enquanto puxa a barra da saia de sua genitora – Tem mais um ali também e mais dois – diz e aponta as coisas que vê.

Logo, os objetos chamam a atenção de todos ali, que passam a observá-los.

Hades parece inerte nesse momento, o que permite os seus rivais dispararem o olhar por um instante para observar as coisas que passam a grande altura.

Kuwabara, coçando a cabeça:

- Mas o que serão essas coisas?!

Yusuke:

- Nem quero saber, porque coisa boa não deve ser.

A curiosidade é saciada quando um raio corta uma nuvem próxima a um deles. É um neo mashim retornando para lá.

Yusuke irritado:

- Tinha que ser mesmo! Ô terrinha desgraçada essa!

Logo, na imensidão do céu, os quatro gênios criados por Seikiakko encontram-se em pleno ar e agrupados, lentamente, começam a descer próximo ao seu mestre.

Oddbeast, Quitame, Dwheel e Upain, apesar da derrota sofrida anteriormente, estão todos ali outra vez diante dos seus inimigos e dispostos ao redor de Hades, como quatro colunas erigidas em sua proteção.

Shurato:

- Não é possível! Não foram todos derrotados?! Opa! Tem um ali, que não conheço.

Kurama:

- Sendo Suzako, mesmo tendo sido derrotado, ele pode ter se remultiplicado para voltar a pilotar os gênios de novo.

Porém, ao contrário do imaginado pela maioria, os neomashins não estão com seus respectivos pilotos, portanto estão com seus poderes reduzidos.

Hades:

- Saibam que não agirei como muitos que de vocês me desafiaram nos tempos de batalhas. Não vou subestimá-los só porque sou um deus, pelo contrário, não pouparei forças para subjugá-los permanentemente. Como prêmio por chegarem até aqui neste momento tão importante para minha pessoa. Aquele que apenas administrou o grande calabouço, que na verdade é o meu império, se torna agora um deus de categoria superior, um deus criador, capaz de criar mundos e criaturas. Contemplem agora o nascimento da pedra fundamental da criação do novo mundo que surgirá em breve.

Sem nem ao menos precisar de uma ordem de Hades, os neo mashins dão um ao outro suas patas, mãos ou seja lá o que se possa chamar o que eles possuem, como se fossem fazer uma dança ou orar.

Hades, então, com autoridade, dirige seu olhar para o alto, a fim de observar os quatro gigantes que o rodeiam.

Ergue, então, um braço e depois logo o outro e começa a gesticular com as mãos, gestos estes observados por todos; são gestos que, a princípio, ninguém entende.

Vê-se, logo que os pares de mãos dadas de todos aqueles gênios começam a se iluminar, como se fossem fluorescentes.

As mãos dos gênios se fundem, como se fossem feitas de massa e não demora para o mesmo vir a ocorrer com seus pulsos e antebraços.

As criaturas parecem sentir dor, mas contém seus gritos. Logo os braços todos das criaturas se fundem, tornando-se algo disforme.

Os gigantes estão agora unidos unicamente por seus ombros, parecendo que o circulo em torno de Hades se torna ainda menor, pela fusão de todos os braços e a aproximação dos troncos.

Fica claro neste momento que os gestos feitos por Hades tratam-se de movimentos como de um escultor que trabalha o barro e os neo mashins são esse barro.

Yusuke chama a atenção de todos:

- Qual é, pessoal?! Já deu pra notar o que ele tá fazendo! Vocês querem esperar ele terminar pra ver o que acontece?! Eu não tô curioso, não.

O afobado Uramesh não tarda em atirar o seu Reigun contra aquela cena bestial; contudo as criaturas já estavam se unindo de maneira tal que as grandes pernas que possuem já estão próximas o suficiente para servir de proteção ao deus.

Abner grita:

- Vamos! Não percamos tempo. Eu preciso invocar o Yomotsu, agora!

O ex-Cavaleiro ergue o braço num gesto bem corriqueiro, que era em sua vida da época do Máscara da Morte; só que agora, por ironia do destino, seria por uma boa causa.

Perfeita teria sido a invocação do poder, contudo algo cortou o ar próximo a ele. Um dragão. Um dragão chinês. Na verdade um poder mágico, em formato da tal criatura, o qual atinge Abner na cabeça, sem ao menos ele ter visto o ataque se aproximando. O Cólera do dragão mais uma vez o havia atingido e ele cai como uma árvore serrada, ao chão.

Tal magia surpreende a todos. Uns nunca a viram e se admiraram do fantástico poder. Outros já a conhecem e, com surpresa, dirigem seu olhar para o homem capaz de usar essa magia: Shiryu.

Seiya:

- O que você fez, Shiryu...?!

Shurato, desesperado:

- Tá doido cara!? Você pode ter matado ele! E agora? Como vamos resgatar o shakiti de Brafma?

Surpreso com todos os olhares de acusação sobre ele e com as palavras que lhe dirigem está Shiryu, que, sem jeito, responde:

- Do que vocês estão falando?!

Hyoga:

- Shiryu, você nunca foi chegado a brincadeiras...!

Shiryu:

- Vocês acham que fui eu quem atacou ele? Não fui eu!

Um silêncio toma conta da voz dos amigos de Shiryu. Ele não costuma mentir; ao mesmo tempo ele não parece estar possuído ou algo assim.

Enquanto isso, Shurato tenta reanimar Abner, quase que o sacudindo:

- Ei, não vai desistir agora, vai? – fala o guardião celestial.

Próximo dali, Caldina sentada no chão, com uma das mãos acaricia a cabeça de seu amado Rafaga que acabara de acordar, ainda tonto, pela grande perda de sangue que tivera.

- O que está acontecendo?- reclama ele, nem sabendo direito onde se encontra agora.

- Calma meu amor, eu to aqui com você, tudo vai dar certo.

- Caldina. Ugh! Perdemos o Castelo?!

- Tudo vai dar certo, meu amor.

Rafaga, abraça sua esposa com carinho:

- Você é meu refúgio, eu te amo demais, queria passar a eternidade imerso em seu abraço. Mas agora... me atualize dos acontecimentos. – diz ele já demonstrando sua prestatividade em relação ao seu posto em Zefir.

Sua esposa carrega um pote de barro ornamentado, em seu outro braço, cuja tampa ela vai retirando.

- Pode sair daí fadinha. Você não pretende ficar aí pra sempre, não é? – diz ela simpática.

- Fecha isso!! Me deixa quieta!! – diz a irritante voz, vindo de dentro do recipiente.

- Primera, por favor.

A fadinha está escondida no pote, em posição fetal, numa espécie de depressão.

- Não quero mais saber de nada. Os únicos que me interessavam na vida era o Lantis e o Leiga. Se os dois morreram, eu não preciso mais viver também.

- Não é assim, Primera...!

- Fecha a tampa!! Me deixa!! – berra, estridentemente.

Caldina obedece, mas não larga o pote.

- Puuu...?! – diz Mokona, com suas longas orelhas caídas para baixo, indicando tristeza.

- É, amiguinho... – responde Caldina - ... ela não quer conversa mesmo. Se você não nos avisa que ela estava aqui dentro, poderíamos ter deixado ela no castelo.

Ainda próximo a Caldina, está o pobre Ascot, ainda inconsciente após o que havia sofrido, e alheio a tudo que vem ocorrendo agora.

De repente Shurato apresenta uma expressão muito séria, bem adversa do que ele costuma ser normalmente. Ele, neste momento, olha fixamente para um grupo de aldeões de Zefir.

Hyoga:

- O que foi, Shurato?

Shurato não responde, mas uma sensação conhecida lhe toca a alma. Ele voa com seu shakiti em direção àquele aglomerado de pessoas.

- O que foi, Shurato? – insiste em querer saber Hyoga.

A única coisa que ele responde é simplesmente:

- Somma Negro! De...

O Guardião Celestial sente que alguém se misturou àquele grupo de pessoas.

Essas pessoas o olham enquanto ele, praticamente, força passagem com seu shakiti entre o povo. Mas não tarda o momento que seu olhar se detém num velhinho que, com o movimento dos seus olhos indica o homem desconhecido entre eles.

Shurato entende o sinal e olha para um homem que estava sentado sobre uma pedra, com o rosto levemente abaixado, contudo com o olhar insistente do Rei Shura, sentiu que não valia a pena perder mais tempo e ergue o rosto devagar, com um sorriso cínico na face. O rosto de Shurato se transforma ao ver o sujeito: é alguém conhecido e indesejável, que estranhamente está sem sua armadura.

- Não é possível!! Acalanata!!

Acalanata:

- Não tinha como esquecer do seu pior pesadelo, não é, Shurato?

Shurato:

- Existiam caras piores do que você!

Acalanata:

- Duvido muito, Guardião Celestial.

Shurato:

- Até você se aliou a esse Hades?

Acalanata:

- Hades é o deus mais justo que tenho conhecimento.

Shurato fala em alta voz para os amigos:

- Ei, pessoal!! Se querem saber quem atirou o poder igual ao do seu amigo, tá aqui! Esse cara aqui pode copiar poderes das pessoas!

Seiya:

- O quê...?!

Hyoga:

- Mas isso é ...surpreendente!

Shurato:

- Foi um desprazer te ver, Acalanata! Não quero perder mais tempo com você! – e invocando seu poder, em menos de um segundo ataca – O poder de Shuraaaaaa!!

A magia de Shurato em forma de leão vai diretamente contra a cabeça de Acalanata, porém...

- Escudo de Vento!!

Uma barreira de ventania se ergue à frente de Acalanata, protegendo-o do inimigo, a qual espanta a todos que ali estão.

- Mas é o Poder da Anne!! – pensam, praticamente todos ali.

- Eu adoro isso... todos com cara de impressionados...! – diz Acalanata – Isso!! Temam-me!

Acalanata, confiante então, põe-se a encarar Shurato.

Acalanata:

- Shurato, nem você, nem ninguém dos seus amiguinhos podem fazer nada mais contra mim.

Uma criatura muito pequena, meio estranha, parecendo uma mariposa sem graça com cores nada chamativas, algo que não é tão feio a ponto de causar repulsa, tampouco é capaz de causar alguma atração a quem a vê, de maneira que, simplesmente passaria despercebido em qualquer lugar em que não seria estranho a presença de um simples inseto.

A tal criatura pousa na mão de Acalanata, que volta a discursar:

- Pensam que Seikiakko somente criou os imensos Neo Mashins? Obviamente que não! Ela criou varias destas criaturinhas que estiveram com vocês durante dias e vocês nem repararam.

Acalanata então coloca a criaturinha na sua boca e a mastiga, como se fosse uma fina pastilha. Ouve-se o estalar do seu fino exoesqueleto quebrando-se sob a ação dos dentes do demônio.

Shurato faz cara de nojo:

- Argh! Pra que isso?! Quer fazer nojo na gente?

Acalanata:

- Era o último que faltava. Cada inseto desses foi incumbido de, à distância, presenciar as batalhas de vocês e guardar em sua memória, para que eu, ao comê-los, pudesse conhecer ou copiar os poderes de todos vocês!

Yusuke, com ironia, aplaude o inimigo:

- Legal tua idéia! Só que... seguinte: você é um só, otário! Nós somos um monte. Seu mestre tá meio ocupado pra te ajudar!

Acalanata:

- Desvantagem...? Veremos.

Dentro do castelo, Seikiakko voltou a fazer seu ofício de ferreira em Zefir. Neste instante ela está com a armadura de Atena sob seu poder.

Com seus longuíssimos cabelos avermelhados que se colocam flutuando em torno do contorno da armadura, ela usa o poder que lhe foi concedido para modificar o objeto sagrado. Alguns pontos da armadura neste momento começam a tomar a cor alaranjada de metal incandescente e levemente começam a mudar a forma de acordo com o interesse da ferreira.

Contudo, repentinamente, a força própria da armadura tenta repelir a influência da mulher; uma energia é expelida da armadura. E os cabelos de Seikiakko, bem como seu corpo são empurrados para trás alguns metros.

Seikiakko fita o objeto com seu olhar apático de zumbi, contudo seu espírito está em fúria.

- Você é apenas uma reles armadura de uma deusa. Eu porto o poder de um deus olímpico ainda maior; tenho a energia do criador deste mundo! Não vai ser uma coisa tão simples como você, que vai suplantar toda essa força!

- Você não tem poder sobre esta armadura! Esta armadura pertence a mim para servir ao povo da Terra.

Percebendo de quem se trata a voz que vem da armadura, a ex-núcleo de Zefir responde:

- Ah, enfim falo com a tão famosa Atena. Lamento deusa da Terra, mas nem você vai poder fazer nada contra meu intuito aqui no meu mundo!

Seikiakko novamente coloca-se na sua posição. Estica os braços. Os seus cabelos absurdamente longos colocam-se em torno da armadura, que tenta resistir outra vez, expelindo ondas de força douradas, mas é insuficiente, pois a mulher, desta vez, parece aproveitar ao máximo o poder que lhe cederam, e enfim, parece ter subordinado a poderosa armadura de Atena.

A alma de Seikiako sorri, ao perceber que está conseguindo modificar a armadura, muito vagarosamente, mas está.

Do lado de fora, Seiya se vê a quase todo momento olhando para o castelo, parecendo até um cacoete. Uma sensação muito estranha lhe preenche ao ver as luzes que saem de uma das janelas, na qual ele havia visto entrar a armadura de Atena. Isso o deixa especialmente preocupado.

- Será que vão conseguir transformar a armadura de Atena? Eu não posso deixar que isso aconteça. Não sei o que isso pode causar. Preciso ir lá! Preciso!

Seiya aproxima-se de Kurama:

- Kurama, você tem como me ajudar? Eu preciso entrar no castelo de qualquer jeito. Eu tenho que resgatar a armadura de Atena. Eu sei que precisam de ajuda contra Hades, mas algo de pior pode ocorrer se eu não...

Kurama:

- Entendo. Eu Acho que posso ajudar sim.

Kurama pega um punhado de sementes em sua mão e o atira naquele feio solo avermelhado e destituído de vegetação. Como é de praxe, numa velocidade incrível, um caule surge da terra e começa a crescer, indo logo em direção do castelo.

- Obrigado, Kurama. – agradece Seiya, que pula e agarra-se ao caule, sendo assim levado para o castelo.

Lucy que havia descido do seu gênio, está sentada agora, abraçada às suas amigas Marine e Anne no chão, as quais estão terrivelmente feridas.

- Marine, Anne...! Que horrível ver vocês assim...!

Sandhye, neste instante, ajoelha-se ao lado de Lucy e pega nas mangas de sua camisa.

- Lucy, você é o núcleo de Zefir, não é? Você não pode fazer algo por elas? – diz a nova Guerreira, cheia de ansiedade.

- Eu não sei, Sandhye. – diz, olhando-a nos olhos, mas com muita dúvida e insegurança.

Rayearth observando a cena, pensa:

- Lucy está se transformando em Sandhye e Sandhye está se transformando em Lucy! O que mais poderia acontecer numa batalha como essa?!

Acalanata conversa com todos eles da maneira básica com que faz qualquer vilão, o que leva muitos deles à ruína; contudo ele está observando a movimentação discreta ao seu redor; percebe Hyoga, Kurama e outros aos poucos formando um círculo ao seu redor, a fim de pegá-lo num cerco.

O ex-membro da tríade do demônio percebe que a verdadeira vantagem que possui não são os múltiplos poderes que pode imitar, mas sim o que está em volta dele neste momento. O frágil povo de Zefir. Não leva mais de um segundo para Acalanata agarrar uma bela criança com uma das mãos.

- Mamãaae!!- berra a criança, assustada.

Shurato, irado:

- Não se atreva a fazer isso, Acalanata!

Acalanata:

- Tragam Abner aqui aos meus pés, agora! Eu quero lhe dar o golpe de misericórdia! – exige ele agora, sem mais perder tempo com conversas infrutíferas.

Yusuke:

- Seu covarde! Deixa a criança fora disso!

A mãe fica desesperada. Aproxima-se para tentar puxar a criança do sujeito desconhecido, mas a única coisa que consegue é levar um tapa que a derruba no chão. O agressor apenas a olha com satisfação sádica, enquanto ela chora, caída ao solo sujo.

- Tragam Abner! Agora!! – exige, o inimigo, aos brados – Caso contrário será o fim desta tão bela criança!

Hyoga:

- Escória! Covarde!

Acalanata:

- E quero que todos vocês metidos a heróis permaneçam na minha frente. Nem tentem me surpreender ou acabo com mais dessas formiguinhas insignificantes.

Os que, aos poucos, estavam formando um círculo ao redor dele relutam a obedecer, mas a situação acaba os forçando a aceitar sua ordem.

- Eu quero Abner!! – exclama outra vez – Não estou vendo vocês me trazendo ele!

Um dos simpatizantes de Xarigan e Abner exclama:

- Não, não o mestre! Ofereço minha vida no lugar!

- Eu quero Abner aqui no chão, na minha frente! Já!! – insiste o demônio.

Tanta gente poderosa ali e não sabendo o que fazer.

Abner é uma chave importante para tudo. Se ele morrer todo o resto do povo de Zefir vai morrer também.

Marine, muito ferida, observado tudo:

- Que covarde!! Covarde!!

Clef abraça o corpo do seu filho desacordado:

- Me perdoa, filho, por tudo isso que tem passado...!

Priscila, com lágrimas nos olhos:

- Não podemos entregar o Abner! Não podemos! – murmura, ela também, deixando-se levar pelas lembranças da infância.

Rafaga também aproxima-se do seu amigo de infância e murmura:

- Abner, lamento por tudo o que você teve que passar.

Acalanata:

- Vocês não estão me levando a sério, não é? Então qual de vocês vai querer ter a honra de destruir esta criança?

Hyoga:

- O quê...?!

Acalanata:

- Deixem-me escolher o poder de quem irei usar pra dar fim a esta criança...! Que tal o seu, Shurato ou o seu Hyoga?

Shurato:

- Seu maldito!!

Farto de tal situação covarde, Ikki decide tomar a dianteira do problema; aproxima-se, na medida do possível do inimigo; e com um grito de fúria faz surgir as chamas características do seu poder ao redor do seu próprio corpo.

- Deixe a criança sair agora ou vai enfrentar a fúria de Fênix!!

Acalanata responde à ameaça de Ikki, imitando o seu poder, ou seja, criando chamas em torno do seu corpo. Mal surpreendeu Ikki, tampouco afetou ele próprio, mas a criança segura como refém é totalmente vulnerável àquele poder, tendo seu corpinho lambido pelas chamas, gerando gritos de agonia tão grandes, que dispensa-se detalhes.

Logo ao perceber a situação, Ikki “apaga” seu cosmo num instante e o mesmo faz Acalanata.

Imerso em praguejos advindos dos heróis, castelões e até do povo, vendo que dezenas de pés rebeldes dão passos à frente, a fim de tentar aproximar-se de sua pessoa para linchá-lo, na melhor das hipóteses, o inimigo berra:

- Afastem-se, idiotas! – diz, mostrando a criança segura em suas mãos - Tragam Abner agora!

Enfim, todos se olham entre si. Não sabem o que fazer nessa situação.

Rafaga olha para Clef e para Priscila esperando uma palavra, mas eles não demonstram negar nem consentir que ele faça alguma coisa.

Rafaga então ergue o amigo de infância sobre seu ombro e, carrega-o em direção do demônio.

- Aí mesmo! – ordena e depois adverte, Acalanata – Não precisa se aproximar mais do que isso!

Rafaga, com movimentos lentos, deixa o amigo de infância deitado com o ventre voltado para cima, à mercê do maligno Acalanata.

Rafaga exige:

- Agora solta a criança! Ela precisa de socorro!

Acalanata:

- Pobre criança...! Ela não precisava sofrer...! – diz com voz irônica. - Mas o que chamam de Fênix, foi estúpido..

Descumprindo a sua palavra o demônio ainda com a criança em mãos aproxima-se de Abner e pretende pôr um fim imediato ao que resta de sua vida, imitando o poderoso:

- CHAMAS NEGRAS M...

Contudo, antes que ele pudesse completar o golpe, uma força estranha o arrastara para o lado.

Ele olha para Abner, que agora demonstra estar acordado. O ex-cavaleiro havia invocado o Yomotsu, que está sugando Acalanata como um buraco negro.

- Maldição!! – berra o demônio.

Abner grita:

- Salvem a criança!

Kurama sabendo que não podia se aproximar, lança suas plantas, as quais enrolam-se no corpo da criança e a puxam para longe do poder terrível do aliado, antes que sua alma fosse sugada. Obviamente Abner conseguia de certa forma manter a força do Yomotsu num nível mais baixo até o momento que alguém resgatasse a criança.

Priscila logo segura a criança ferida a fim de socorrê-la.

Abner:

- Agora!! Quem pretende ir ao tártaro em busca do shakiti de Brafma, esta é a chance! Mas fiquem cientes que provavelmente não voltarão!

Um instante de surpresa toma conta de todos ali, com exceção de Rafaga, que havia discretamente combinado tudo com Abner, sem ninguém ter ao menos percebido que ele não estava mais desacordado.

Shurato toma a dianteira:

- Eu vou, eu sou sucessor de Brafma! Tenho que cumprir minha missão!

Ikki vira-se para Hyoga e diz:

- Diga ao Shun que seja forte!

Logo após vai em direção ao portal criado por Abner, sem ao menos esperar que Hyoga responda alguma coisa.

Yusuke e Kurama se olham e decidem ir também, e caminham na direção do portal.

Kuwabara porém protesta:

- Ei! Peraí! Meus velhos amigos vão me abandonar? Eu vou também.

Ele avança, mas Yusuke põe a mão em seu tórax para barrá-lo.

- Não seja idiota Kuwabara! Se você não foi ao Makai, acha que pode ir ao Inferno?

- Não vejo problema nisso. – responde o outro.

- É claro que não vê. Seu tapado! De qualquer jeito alguém tem que ficar pra dar notícias sobre nós caso a gente não volte.

Kuwabara:

- O Hiei fica e dá noticias por nós três.

Yusuke dá uma risada falsa de zombaria:

- Rá rá rá! Até parece que o Hiei vai se preocupar em fazer um negócio desse!

Yusuke então pega e aperta a mão do amigo, demonstrando enfim sua amizade para com ele:

-Kuwabara. Cara, eu nunca esquecerei sua amizade. Mesmo que eu fique no Inferno pra sempre. Você é um cara legal Kuwabara, e pode até encontrar um amigo melhor do que eu fui pra você.

Kuwabara:

-Deixa disso Uramesh! Você é meu melhor amigo. Cê sabe disso.

Yusuke:

-Acho que não fui bom o suficiente. Você merece amizade melhor. Até mais Kuwabara. Mande um beijo para Keiko.

Kuwabara fica emocionado, lágrimas brotam em seus olhos e seu beiço inferior começa a tremer.

Yusuke:

-Essa não! Ninguém merece ver um marmanjão desse assim. Vamos logo Kurama.

Mas antes disso Yusuke se estica um pouco e observa Marine caída ao longe, e para ela gesticula com a mão mandando um beijo e berra:

- Adeus, gata!

Mas ela apenas pensa como resposta:

- Eu sei que ainda vou te ver de novo.

Todos notam que, ao entrar na onda da força criada pelo Yomotsu, fugir é impossível. Acalanata está imobilizado por esse motivo.

Kuwabara apesar de não ter seu sentimento de amizade e bravura compreendido ergue-se e insiste em ir com os outros para o Yomotsu.

- Não me importa o que você acha Yusuke, eu vou também!

Mas ao Kazuma caminhar para lá, surge mais um disposto a penetrar no Yomotsu: vindo do nada, Hiei, que andava sumido, chega correndo em alta velocidade, derrubando Kuwabara novamente.

- Você só iria atrapalhar! – ralha o demônio.

Ele entra na onda de força, sendo logo o primeiro a ter sua alma sugada, logo em seguida Acalanata também tem. Logo após as almas de Ikki, Kurama, Yusuke e Shurato também entram no caminho para o tártaro.

Em seguida a tal feito, Abner cessa sua magia, esgotado. Se não já estivesse estirado no chão, cairia com certeza.

Kuwabara realmente havia ficado de fora.

Os corpos dos seis que tiveram a alma sugada, jazem no solo estéril de Zefir.

Todos que vêem ficam com a sensação de:

“O que fazer agora?”

Por poucos segundos há tal inércia, pois notam neste momento que Hades, que estava ausente da luta nesse período, finalmente parece misturar-se à coisa que estava criando: os quatro neo mashins foram fundidos em apenas um só.

Um gênio quatro vezes maior que o normal, e não com uma aparência robótica como geralmente são, mas algo mais orgânico. Um ser com forma humana, assim como as estátuas gregas, despidas de vestes. O lado direito tem a forma de um corpo masculino, o lado esquerdo a forma de um corpo feminino.

Sua pele é dividida em dois tipos; a metade da direita é luminosa, como uma luz branca leitosa e a metade da esquerda é negra, como ébano, assim como diz a lenda, que é a cor do trono de Plutão (o Hades romano);

Cada mão porta uma gigantesca espada. O lado luminoso, chamado Alfa, possui uma espada e ela, como todo o lado direito da criatura, é luminosa. Seu cabo além da empunhadura, diferente do normal das espadas que, em geral, tem no mínimo algo no cabo junto a lâmina para proteger o punho de quem a porta, duas pontas por exemplo, nesta arma só há uma ponta. Tal ponta é do lado direito e é comprida e reta, dando a impressão de querer abranger muito mais do que somente o cabo da espada. É algo que dá até uma aparência disforme à arma.

A mão esquerda possui uma arma cor de ébano, como a pele deste lado do corpo. O cabo da espada também possui somente uma ponta como a outra, mas esta, ao contrário da arma da mão direita, curva-se sobre si mesma, formando praticamente um anel, inclusive a lâmina desta espada é curvilínea, arqueada. A espada da esquerda, bem como esse lado do corpo, chamam-se Ômega.

E eis que Hades demonstra o nível de seu poder alcançado em Zefir, ao criar um gênio de tal magnitude. Num feito só permitido ao próprio Brafma ou ao núcleo, o seu representante.

- Estes são Alfa e Ômega, são gêmeos e opostos, são masculino e feminino, são luz e trevas, são início e fim, são o desequilíbrio e a harmonia. E são o símbolo da nova era que neste planeta agora crio. – diz Hades já inserido no magnífico neomashim.

Alfa-Ômega inclina seu colossal corpo para observar os pequenos heróis ali abaixo.

Até mesmo os mais valentes, daquele grande grupo de pessoas lá embaixo, não tem como negarem o pavor que sentem naquele instante.

CONTINUA....


Agradeço a ajuda dos meus amigos Wagner e Josué que fizeram a pré-leitura deste capitulo.

Agradeço também a todos os leitores da Last Land. Em especial aqueles que por tanto tempo tiveram paciência para esperar a continuação desde que foi lançado o último cap.

Obrigado a todos

Wlad

Capítulo 30

Capítulo 28

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