Last Land

Primeiro Dia - Transmigrados e Desorientados

Capítulo 2: Terra dos Malignos


Num local obscuro em Zefir, como num tipo de caverna gigante com cristais fincados no teto, paredes e chão, uma mulher bela, mas de aparência sinistra, cabelos avermelhados e tão longos que forram o chão à sua volta, usando roupa repleta de adereços, faz uma oratória a um grupo de pessoas que mal se pode ver devido à escuridão:

- Sinto satisfação em saber que tomaram para si a obediência às minhas ordens. Sei que muitos de vocês já conheceram a morte, felizmente eu sou uma exceção, porém respeito a experiência de vocês e como sabem, lutarei com vocês por um novo mundo, onde nós não conheceremos a morte, o qual nos tornará seus principais governantes nesta terra onde hoje é Zefir.

Um homem interrompe com uma pergunta:

- Mas você nos achou, e quanto aos que não sabem para onde ir nesta terra, senhorita Seikiakko?

Seikiakko:

- Para vocês já lhes passei suas missões, das quais uns já as foram cumprir. Possivelmente durante a realização das missões encontrarão alguns que preferem viver sob as tolas restrições do que eles chamam de justiça, e estes lhes causarão problemas. Nessas pessoas não se encontram as características da vida na nova terra que nascerá da mortalha da velha e tola Zefir; e tais pessoas devem ser derrotadas. Porém também poderão encontrar pessoas de mente aberta como nós e conosco se aliarão.

 

Em uma outra parte de Zefir, está Acalanata, que em alguns momentos foi convocado e fala um pouco preocupado com sua localização:

- Isto não deve ser o mundo Celestial, talvez seja Zefir.

De repente Acalanata fica apreensivo e pára ao ouvir barulho de passos de algum grande ser aproximando-se.

Abrindo espaço, envergando com as mãos duas árvores que estavam em seu caminho, surge Dócrates, que também chegou involuntariamente.

Os dois encaram-se por alguns segundos.

Dócrates:

- De onde é, cavaleiro?

Acalanata:

- Eu, Acalanata, não preciso de apresentações; você que é o desconhecido por aqui.

Dócrates já irritado com sua situação enche-se de intolerância:

- Como ousa falar assim com Dócrates?! Meu poder é capaz de desenvolver o golpe de maior força física dos oitenta e oito cavaleiros. Vou lhe mostrar!

Dócrates arma um soco contra Acalanata, que recua e diz:

- Espere! Sua aparência dá esta impressão, porém ainda não acredito.

Dócrates diz aborrecido:

- Receba o meu golpe e acreditará!

Acalanata:

- Me matar não seria útil, já que se me mostrar seu poder em algum objeto e for suficientemente forte; eu me tornarei seu seguidor.

Dócrates:

- Meu guarda-costas? Ah! Ah! Ah! Pois diga onde devo atirar meu cosmo.

Acalanata olha para os lados, vendo uma grande pedra. Aponta e fala:

- Lá, seria bom.

Dócrates sorri:

- Ótimo, observe.

O imenso cavaleiro levanta os braços e encosta as duas mãos fechadas, com os braços dobrados acima da cabeça; um brilho surge à sua volta.

Acalanata pensa analisando o outro:

- Esse poder!! Não é, mas parece o Somma.

Dócrates grita:

- Pela força de Hércules!

Dá um soco no ar e uma energia sai de sua mão até a pedra, a qual é esmigalhada e no solo onde ela estava em cima é feito um grande buraco.

Acalanata:

- Desculpe por ter duvidado, senhor; eu me ofereço para ajudá-lo.

Dócrates:

- Ah! Ah! Ah! Sempre ficam assim depois que mostro meu poder. Pois bem, indique-me como faço para voltar à Grécia.

Acalanata não sabe a resposta da pergunta, mas segundos depois responde:

- Siga-me. Irei leva-lo lá senhor.

Ele começa a andar, seguido pelo homenzarrão e avista um íngreme declive no solo e repentinamente dá um salto de onde está até o chão abaixo.

Lá de cima, Dócrates o repreende pelo movimento inesperado:

- Covarde! Não fuja!

Acalanata diz tranqüilamente:

- Não diga isso, meu senhor. Eu apenas estou no caminho correto para a Grécia. Venha por aqui.

Dócrates:

- Está? - o grandalhão dá um salto para cair junto a Acalanata. O corpanzil do cavaleiro causa tremor ao tocar o solo e seus enormes joelhos flexionam-se para amortecer o impacto.

Acalanata vê a cabeça de Dócrates baixa o suficiente e ataca com:

- Pela força de Hércules! - pulando em direção a Dócrates.

O cavaleiro ouve a frase e tenta levantar-se rapidamente. Contudo Acalanata foi mais rápido e o atinge diretamente na cabeça com a cópia de seu poder, porém de energia azulada.

A máscara do homenzarrão é despedaçada e sua cabeça é alvejada de tal maneira que não tem mais condições de continuar viva. E Dócrates cai morto fazendo o solo tremer.

Acalanata empolgado:

- Ah! Ah! Ah! Ah! Eu sou Acalanata de Fundoumyo!

Depois de suas comemorações pela vitória traiçoeira, olha para o cadáver e comenta:

- Um poder tão forte e veloz ao mesmo tempo... como ele o conseguiu? Pode ser que existam mais guerreiros por aqui. Eu vou acumular poderes e quando eu tiver o bastante voltarei ao mundo celestial e derrotarei os oito guardiões de Deva.

 

Na floresta, Seiya e Ikki continuam caminhando. Seiya observa o arco de Sagitário e fala:

- Ikki, talvez isto seja um último teste antes de sermos consagrados cavaleiros de ouro.

Ikki:

- Não, Seiya, então Shun, Shiryu e Hyoga teriam que estar aqui também.

Seiya:

- Você tem razão, mas onde chegaremos afinal.

Vê uma aldeia entre as folhagens e diz:

- Olha, uma aldeia.

Ikki:

- Vamos, mas com cuidado. Podem nos atacar também como o outro.

Os dois aproximam-se da aldeia e as pessoas ficam olhando para eles surpresas.

Seiya acena dizendo:

- Somos amigos! Só queremos saber umas coisas. - Seiya acenou com um braço, porém com o outro segura o arco; para aqueles aldeões sugeria-lhes ameaça, o que provocou a reação de alguns que logo empunham armas em suas mãos, e logo os cavaleiros notam que são mais para caça e pesca do que para guerra as armas que apontam para eles.

Ikki:

- Tranqüilizem-se! Não queremos machucar ninguém!

Um dos homens segura uma pedra e berra:

- Seus malditos! Finalmente vieram acabar conosco! Mas vão ter muito trabalho para isso!

Na hora em que o homem põe seu braço para trás para dar impulso e jogar a pedra, seu pulso é agarrado pela mão de alguém que fala:

- Isto que está fazendo é precipitado.

Ao dizer isto este homem que tem o vestuário mais incrementado de todos ali, dando-se notar sua maior posição hierárquica, toma a frente dos outros homens ante os cavaleiros, mas é repreendido por um outro homem que fala:

- Chefe Xarigan, eles chegaram aqui armados; o que mais quereriam?

Xarigan diz aos intrusos:

- Vocês devem ser os enviados dos nossos amigos do castelo de cristal.

Seiya e Ikki olham-se sem saber o que dizer e Pégaso resolve arriscar:

- É, somos sim.

Xarigan sorri e afirma:

- Não são do castelo. Pois saberiam que não temos amigos no maldito castelo de cristal.

 

Enquanto isso no castelo de cristal.

Yusuke todo convencido fala:

- Então quer dizer que só eu aqui posso ajudá-los a trazer as tais guerreiras?

Rafaga:

- Foi o que Clef disse, e então? Está disposto a ajudar?

Yusuke faz manha:

- Não sei... calma aí... tô meio indisposto. Eu também preciso voltar a Tóquio, sacou?

Priscila surpresa:

- A terra das Guerreiras!

Yusuke:

- Ah, é? E vão trazê-las de algum sanatório de lá para este lugar doido? Eu quero é voltar para casa! Droga!

Caldina:

- Ei! Que garoto mal educado você é!

Caldina puxa a orelha de Yusuke que protesta:

- Aaai! Sua imbecil! Por que não vai se vestir direito? Sua manequim de circo!

Kurama acha engraçado e ri baixinho e o resto não entende a gozação.

Clef:

- No momento não sei como envia-lo para casa, mas até lá ofereço um lugar para ficar no castelo.

Priscila:

- Nos ajude, por favor!

Yusuke:

- Está bem.... É chato ser gostoso.

Então Guru Clef, Priscila e Yusuke dão as mãos e começam a concentrar-se.

Em Tóquio Lucy está no meio de uma prova na escola, pensando:

- Ai, preciso tirar oito. Só falta mais uma questão.

De repente ouve a voz de Clef:

- Lucy, lembra-se de mim?

Lucy espantada fala:

- Guru Clef!

Professora:

- O que foi?

Lucy:

- Nada, professora.

Ela volta a olhar para a prova, pensando:

- Deve ter sido impressão minha.

Ouve uma voz:

- Ô garota! Cê tá surda?! Presta atenção no cara falando com você!

Lucy pensa:

- Quem falou?

Clef:

- Depois explico; Lucy, somente peço que vá à Torre de Tóquio e tente voltar a Zefir. Estamos com problemas.

Lucy:

- Ah é...? Estou indo!

E rapidamente faz a última questão da prova, entrega à professora e sai da sala.

A professora lê a última questão:

- Qual a capital dos Estados Unidos?(ajeita os óculos para ler) Nova Iorque!?

Na casa de Marine ela conversa com os pais.

A Mãe lhe diz:

- Vamos filha, quem é seu namoradinho?

Marine responde aborrecida:

- Eu não tenho namorado!

Pai:

- Ora, diga logo. Você ficou meio triste depois que foi aquelas duas vezes na Torre de Tóquio. E isto já tem tempo. Você nunca mais o viu, é isso?

De repente ela ouve Clef:

- Marine, sou eu, Clef.

Marine:

- Eu não acredito! - surpresa.

Os pais ficam intrigados.

Yusuke mete-se na conversa de novo:

- Pois acredita logo! Porque já tô cheio disto!

Marine:

- Hãn?

Clef:

- Escute Marine, venha à Torre de Tóquio. Zefir está precisando de vocês, novamente.

A mãe de Marine não entende a filha, que parece falar com o ar:

- Você ouviu seu pai?

Marine responde à Guru Clef:

- Mas é claro!

Pai:

- E então?

A garota levanta-se da mesa e corre para o quarto.

Depois volta correndo para sair de casa e sua mãe indaga:

- Para onde vai?

Marine:

- Para a Torre de Tóquio! - sai, batendo a porta rapidamente.

Pai diz para a mãe.

- Eu não disse? Vai ver que esse cara é funcionário da Torre.

Na residência de Anne, ela está deitada em sua cama lendo um livro, quando a voz de Guru Clef lhe fala:

- Anne! Sou eu Clef, precisamos que volte para cá.

Anne abaixa o livro e murmura:

- Pensei ter ouvido Guru Clef. - e volta a ler.

Yusuke:

- Mais uma tapada! Ouve logo o baixote, minha filha!

Clef a Yusuke:

- Por favor, pare de se intrometer!

Yusuke:

- Qual é?! Só tô ajudando!

Anne só ouvindo as vozes e surpresa com a confusão pergunta:

- Que voz foi essa?

Clef:

- Esqueça. Por favor, venha à Torre de Tóquio.

Anne:

- Já vou, Guru Clef.

Anne levanta-se e sai do quarto.

 

Na floresta, Leiga ainda espera Kuwabara acordar e reclama:

- Melhor acordá-lo. Se deixar, esse aí vai até amanhã.

Leiga pega outra pena e esfrega no nariz de Kazuma, que começa a torcer o nariz e com um forte espirro acorda e diz:

- Ãhn, o que foi? - fala, com um catarro pendurado no nariz.

Leiga:

- Enfim acordou queridinho! Eu já estava cansado de esperar.

Kuwabara:

- Ué! Quem é você? - Olha para os lados e diz - Isso não é a avenida, caramba! O caminhão me jogou tão longe assim?

Leiga:

- Se refere ao Shakiti? Peço desculpas pelo atropelamento.

Kuwabara:

- É você o motorista? Você é um barbeiro, cara! E isto aqui? É um hospital de medicina alternativa, é?

Leiga:

- Isto aqui é Zefir. Parece que você também surgiu de repente aqui.

Kuwabara coça a cabeça:

- Agora como vou achar o Urameshi? Se eu tenho que ser achado também?

Leiga:

- Talvez eu saiba sair daqui; pode vir junto.

Kuwabara fica contente:

- Valeu! E se aparecer algum problema, vai ver quem é o cara mais forte de Tóquio.

Leiga:

- E quando ele vai chegar?

Kuwabara irrita-se:

- Estou falando de mim mesmo! Está duvidando, é?

Leiga sobe no Shakiti e diz:

- Desculpe queridinho. Pode subir.

Kazuma olha para o Shakiti e pergunta:

- Mas que troço é esse? Isto não cai, não?

Todo atrapalhado ele sobe no veículo.

Leiga:

- Então vamos.

Leiga faz o Shakiti andar e sai com êxito, mas Kuwabara que não segurou-se com êxito cai no chão.

Leiga volta, pára e diz:

- Suba de novo e segure-se. - pensa - Acho que vou me arrepender disto.

 

Na Grécia, os habitantes do Santuário estão desorientados por causa do sumiço inexplicável de Seiya e Ikki. Soldados, cavaleiros e até a própria Atena procuram os desaparecidos. Saori neste momento está a ouvir o que Aioria, o cavaleiro de ouro de Leão diz ajoelhado em frente a ela, na casa de seu respectivo signo.

- Deusa Atena, sinto ter que informar que as coisas ainda são mais complicadas do que imaginava-se, porque a armadura de ouro de Peixes também desapareceu.

Saori:

- A sagrada armadura de Peixes!

Neste instante aproxima-se dos dois, subindo as largas escadarias que interligam as casas zodiacais, Shun, que logo dá nova notícia:

- Atena! Não se desespere! Já foram vasculhar os arredores em busca da armadura de Câncer.

Saori:

- A de Câncer também!? - surpreendida.

Shun:

- Pensei que Shiryu e Hyoga já tinham lhe contado que ela sumiu. Eles subiram as escadas para cá antes que eu.

Aioria surpreso:

- Mas aqui eles não chegaram.

A Deusa já percebe que o mesmo fenômeno atingira também os cavaleiros de Dragão e Cisne, diz entristecida:

- Shiryu e Hyoga, também!

Shun:

- O que estará levando os meus amigos e o meu irmão? - diz segurando a corrente de andrômeda a altura de seu rosto e diz - Diga-me, corrente. Ajude-nos. - contudo nenhum movimento é realizado pela arma.

 

Na floresta de Zefir, assim como seus amigos suspeitavam, Shiryu e Hyoga também estão em Zefir, caminhando a passos cuidadosos e hesitantes, pois o lugar é completamente desconhecido por eles e estão numa área da mata tão fechada que mal se pode enxergar, mesmo sendo dia.

Hyoga:

- O que acha, Shiryu? Seiya e Ikki devem estar aqui?

Shiryu:

- Concordo com você, Hyoga, só que temos que descobrir porque todos nós estamos aqui. Talvez os dois já tenham descoberto.

Hyoga:

- Esta mata é sombria demais. Pode ser algum truque de algum inimigo.

Shiryu:

- Olhe! Uma clareira! - diz, apontando para uma parte da floresta onde o sol consegue penetrar.

Não é pra menos; onde há a clareira existe um belo lago, cuja margem em todo seu redor, é cercada por aquele aglomerado de grandes vegetais. Sua água é cristalina como uma vidraça e pode-se ver o fundo com facilidade, onde peixes exóticos nadam iluminados pelos raios fúlgidos porém suaves do sol de Zefir que traspassa sua superfície, a qual, pela ausência do vento naquele instante é totalmente imóvel, como se lhes tivessem alisado com uma desempenadeira divina.

À vista dos cavaleiros de bronze aquele lago é deslumbrante, mais ainda com a visão no céu de uma ilha voadora ao longe, sentimento que não ocultam e comentam.

Hyoga:

- Seja por bem ou por mal, este lugar para que fomos trazidos é, sem dúvida, um dos mais se não o mais belo lugar que já vi.

Shiryu:

- Depois daquela floresta sombria, este lugar é reanimador.

O cavaleiro de Cisne abaixa-se à beira do lago:

- Para quem viveu tanto tempo na Sibéria não tem muitas chances de tocar águas quentes.

Hyoga prepara uma concha com suas mãos e as desce até a água. Contudo, antes de tocá-la vê surgir uma ondulação na superfície do lago; olha em volta em busca da causa e logo tem o desprazer de localizar na margem do outro lado do lago, uma pata que fora enfiada dentro da água, a qual pertence a um enorme lobo branco, que os olha fixamente.

Hyoga vê e exclama:

- Um animal!

Shiryu aconselha:

- Finja que não o viu e ele também fingirá.

O plano funciona, apesar de ficar olhando os cavaleiros como se esperasse uma reação brusca. Nada houve, e o lobo vira-se e entra na mata, desaparecendo às suas vistas.

Shiryu:

- Hyoga, devemos sair daqui. Ficar neste local pode ser perigoso. Um lobo não caça sozinho.

Hyoga estende a mão para o cavaleiro de dragão que faz o mesmo na intenção de ajudá-lo a levantar-se rapidamente.

Quando repentinamente salta de dentro da mata escura atrás dos cavaleiros o mesmo lobo branco, que, com suas enormes patas empurra o cavaleiro de dragão para dentro do lago.

Hyoga:

- Shiryu! - assusta-se.

Shiryu logo ao cair na água levanta-se com rapidez apoiando o pé na areia do leito. O mesmo que ocorre com o animal, que mantém-se de pé com duas patas, parecendo um urso, e é tão grande que Shiryu tem de olhar para cima para poder encará-lo.

O lobo olha para o cavaleiro, mostrando seus dentes caninos de uns vinte centímetros. Mas Shiryu com água até o tórax, não o teme.

Shiryu:

- Deu a volta no lago para pegar-nos. Lamento por sua fome, criatura, mas nós não seremos sua refeição.

O monstro parece ter entendido a frase de Shiryu, pois rosna assustadoramente e joga seu corpanzil sobre Shiryu, começando uma luta terrível.

Hyoga pensa:

- Não posso usar o pó de diamante. Congelaria os dois.

A luta entre Shiryu e o monstro é corpo a corpo, onde agarrando-se ao cavaleiro, o lobo tenta lhe dar mordidas fatais, enquanto o outro defende-se com seu escudo, batendo-o contra o focinho da criatura.

As cabeças dos dois saem e mergulham várias vezes na água, demonstrando o esforço de ambos, que se movimentam com violência e rapidez, produzindo inúmeras bolhas que emolduram o combate.

A integridade deles não dura muito tempo, pois logo Shiryu tira a transparência da água ao tingi-la com seu sangue que o lobo extraiu de seu pescoço ao agarrar-lhe com suas mandíbulas.

Hyoga ao ver o monstro agarrado ao pescoço do amigo, atira-se na água:

- Largue-o, seu maldito!

O cavaleiro de Cisne na intenção de salvar seu amigo, não teme em pôr os seus dedos entre os afiados dentes do animal e com sua força adquirida em tantas lutas e treinamentos passados, obriga o lobo a escancarar suas mandíbulas, libertando Shiryu. E logo após Hyoga desfere um chute no animal, para que ele se afaste.

A hemorragia de Shiryu é preocupante e para estancá-la Hyoga coloca sua mão sobre a ferida, congelando-a.

O monstro novamente avança; mesmo nadando como um cão ele corta a água velozmente, como um torpedo e lança-se contra Cisne, e ambos começam a engalfinhar-se.

Porém a facilidade de enfrentar Hyoga é maior, pois ele não possui um escudo como Shiryu e logo o lobo com suas garras e dentes enormes causa vários cortes e arranhões no cavaleiro.

A criatura achando que o oponente já estava ferido o bastante, coloca-se sobre duas patas mais uma vez e salta num ataque fatal em direção ao Cisne.

O cavaleiro num lance de experiência adquirida em lutas contra ursos polares na Sibéria, segura as patas dianteiras do lobo branco, o qual continua de pé forçosamente, numa situação que nada pode fazer a não ser esperar a reação inimiga.

Contudo mesmo assim o monstro põe-se a rosnar e baforar aquele hálito canino sobre o rosto de Hyoga, que exclama:

- Eu vou refrescar este mau hálito.

Então o cosmo de Cisne começa a aflorar e um brilho esbranquiçado contorna seu corpo.

O lobo percebe que algo de ruim acontecerá a ele, então começa a debater-se para que o cavaleiro o solte, mas Hyoga segura firme e não permite que escape de suas mãos.

Mãos estas que delas começam a formar cristais de gelo sobre as patas do animal e com rapidez se alastram pelo corpo da criatura, que urra amedrontada.

Em alguns segundos o lobo branco torna-se uma estátua de gelo, na qual esbarram e desmancham-se as pequenas ondas no lago produzidas na luta entre os três como que ondas num rochedo de uma praia.

Hyoga sente-se aliviado com o fim do combate.

Shiryu aproxima-se do amigo e fala:

- Obrigado, Hyoga. Nem os lobos de Fenrir tinham um porte como o deste. - diz com o sangue da ferida já coagulado em seu pescoço.

Hyoga:

- É um lugar completamente estranho. Olhe para o céu; o tempo escureceu em minutos.

Realmente, o tempo passou de ensolarado a chuvoso durante a curta luta entre os três. As nuvens relampejam, as luzes dos raios substituem a luz solar, e descargas violentas de energia passeiam de uma nuvem para outra, emanando trovões ensurdecedores.

Shiryu:

- Vamos procurar um abrigo; a chuva aqui também deve ser anormal.

Hyoga:

- Espere, eu antes vou empurrar o lobo congelado para debaixo de alguma gruta ou coisa parecida. É apenas um animal faminto, não deve morrer.

Shiryu:

- Está certo, eu lhe ajudo.

Hyoga com sua bondade não quis sacrificar a vida da criatura que apenas queria satisfazer suas necessidades biológicas, já saem do lago riscando a areia com a estátua de gelo enquanto a empurram.

Porém um trovão mais monstruoso emana daquelas nuvens negras, e os cavaleiros vêem um raio de proporções gigantescas partir de uma delas e atirar-se no lobo congelado à frente dos dois, e com o incrível impacto o gelo que o envolvia despedaça-se sob o olhar atônito dos cavaleiros.

Hyoga:

- Como o raio pode ter atingido justamente ali?!

O mais impressionante não é isso, e sim que o lobo além de libertar-se do gelo, absorveu a energia do raio, tornando todo seu corpo numa bateria elétrica e brilha como uma lâmpada.

Shiryu:

- Hyoga! - berrou o cavaleiro dragão ao ver o monstro vorazmente atacar Hyoga.

Cisne não consegue defender-se; o lobo toca-o com seu corpo cheio de energia e o eletrocuta barbaramente. Tanto que ouve-se alto o som da eletricidade fulminando o cavaleiro, que berra em dores:

- AAAAAAH!

O lobo ataca com toda essa carga, deixando Cisne inevitavelmente colado nele por quase um minuto. São milhares de volts.

Um estalo é ouvido, pois o impacto da descarga final da eletricidade é tão grande que joga o corpo de Hyoga longe, fazendo-o cair no chão, inconsciente.

É a vez de Shiryu expandir seu cosmo em fúria com um salto:

- Cólera do dragão!

O lobo, já sem sua energia, é atingido pela magia em forma de dragão, fazendo-o ganir, ser arremessado e cair na parte mais profunda do lago, onde afunda. Shiryu volta a cair em pé dentro do lago, olha o monstro entregar-se a força da gravidade como uma pedra. Parece morto.

Shiryu olha para o amigo fora de si na margem, mas quando pensa em ajuda-lo, vê o lobo nadando (por debaixo da água) em direção a ele.

Shiryu diz, sem paciência:

- Não vai desistir? Está bem!

O cavaleiro não espera o monstro chegar. Ele salta para a parte profunda do lago, onde está o lobo.

O animal recupera-se no ânimo ao ver sua vítima próxima de si e apressa seu jeito inovador de natação, com uma vontade incontestável de dilacerar o corpo do inimigo com suas poderosas mandíbulas.

Shiryu não teme aquele "sorriso" canino mostrando-lhe os dentes e cerra seus punhos ao mesmo tempo que invoca seu cosmo.

O monstro aproxima-se o bastante e Shiryu desce um pouco mais fundo e por baixo d'água dá um violento soco na barriga da criatura, que enverga-se pela dor.

Porém não foi simplesmente um soco da mão agressora de Shiryu, pois dela surge instantaneamente um turbilhão de água, que joga-se contra o corpo canino e empurra-o para cima.

O turbilhão apossa-se de toda a água do lago para tornar-se uma só forma: um dragão de água doce, o qual carrega na direção do céu, em suas mandíbulas aguadas, o lobo.

Shiryu encontra-se em pé sobre a úmida areia do fundo do lago, olhando para seu dragão de água que já atinge grandiosa altura. Todavia logo não há mais água para abastecer o comprimento do corpo do dragão, que logo dissolve-se no ar, libertando o animal a uma queda livre e tornando-se chuva, chuva esta que as tais nuvens escuras que cobrem o local ainda não proporcionaram.

Embaixo, o cavaleiro fica aguardando a criatura para desferir-lhe um golpe mortal.

A criatura demonstra medo enquanto cai.

Shiryu fecha o punho mais firmemente:

- Seu animal maldito!

Mas o fenômeno atmosférico age novamente e um novo raio atinge o corpo do lobo branco ainda em queda, transformando-o outra vez num acúmulo de eletricidade em plena queda, como uma bomba que se aproxima.

O cavaleiro de Dragão vê que a vantagem mudou de lado e sabiamente sai da reta da queda do monstro, o qual, com terrível violência abre uma profunda cratera ao atingir o solo do leito seco do lago.

Shiryu estupefato nota que seu inimigo ficou fora do alcance de sua visão no fundo da cratera escura, onde lhe parece que desta vez o lobo morreu.

Repentinamente aquele buraco começa a puxar toda a areia em volta de si, como um buraco negro do espaço.

Mais repentino ainda é o salto que o lobo branco dá lançando-se fora do buraco e usa o corpo de Shiryu como apoio para projetar-se mais longe ainda.

O oportunismo do animal em apoiar-se no cavaleiro desequilibra Shiryu, que acaba caindo sobre a areia em movimento e também é puxado junto para a direção do buraco da cratera junto com os peixes que se debatem pela ausência da água.

O cavaleiro tenta safar-se, mas não tem êxito em sair, pois além de tudo a areia úmida é movediça e vê-se engolido por ela até os joelhos.

O lobo branco apenas olha-o de uma distância segura.

Shiryu:

- Hyoga! Preciso de ajuda! Acorde! - pede ao amigo.

O cavaleiro de Cisne mexe um pouco as pálpebras, mas continua desmaiado.

Shiryu gira seu corpo e olha para todos os lados a procura de algo para que possa agarrar e salvar-se daquela situação. Mas não há nada próximo e ele volta a gritar:

- Hyoga! Por favor amigo, preciso de ajuda! - diz com lama já até seu tórax.

Hyoga parece ter ouvido desta vez e com certa dificuldade apóia suas mãos no chão e com os olhos ainda fechados, lentamente vai separando o rosto do chão; seus braços tremem ainda fracos enquanto tenta erguer-se.

Shiryu:

- Hyoga! - tenta reanimá-lo.

Mas Hyoga desaba novamente sua face ao solo, inconsciente. Ele não resistiu.

O Cavaleiro do Dragão invoca seu cosmo, mas isso repele a areia ao seu redor e o faz afundar ainda mais rápido, pois não há onde apoiar o corpo. Então ele cessa esta tentativa.

Shiryu já está numa situação quase irreversível, coberto até os ombros. O cavaleiro pensa enquanto seus braços inquietos procuram por algo que infelizmente não acha enfiando-os e tirando-os da areia a todo instante.

- Mestre, Shunrei, Seiya, Saori, Ikki, Hyoga, Shun, eu não consigo me salvar, eu terei que morrer e deixar vocês? Apesar de ter vencido tantos inimigos na minha vida, um simples fenômeno natural me leva a derrota! É um oponente do qual meu escudo não pôde defender-me, assim como nenhuma arma feita pelo homem pode salvar-me das armadilhas da natureza. Mas mesmo eu morrendo aqui, eu juro protegê-los de onde eu estiver, mesmo como uma estrela no céu.

O cavaleiro de dragão afunda por completo. Na areia movediça só se vê bolhas de ar do último fôlego de Shiryu estourando na superfície enlamaçada.

Enquanto Hyoga desmaiado está alheio ao que vem acontecendo.


Capítulo 3

Capítulo 1

Index

Hosted by www.Geocities.ws

1