<BGSOUND SRC="Jesus.mid" LOOP=INFINITE>
HER�I
O DESEJO DE ESTAR ACIMA DA REALIDADE
Ant�nio Roberto Soares
Em nosso relacionamento com o mundo, podemos nos colocar numa postura, que eu chamaria de Postura do Her�i. Muitas vezes, num esfor�o para sair da postura de v�tima, ca�mos no extremo oposto. Somos v�timas quando nos sentimos determinados cem por cento pela realidade, e bancamos o her�i quando sentimos que a realidade �cem por cento determinada por n�s. O her�i � o dominador, o controlador, aquele que se julga senhor e dono das outras pessoas, � aquele que cria a vis�o da realidade como resultado de sua pr�pria vontade, � aquele que acha que s� existem duas alternativas no relacionamento: ou ser dominado ou ser dominador, ou ser escravo ou ser o senhor, ser menos ou ser mais, ser perfeito ou ser a pior coisa que existe. � a postura do oito ou oitenta. O her�i extrai alegria da tristeza do outro, ele se sente bem se provar que o outro � mau. O her�i, deste modo, peca por excesso, sente-se o �nico respons�vel pelo que est� ocorrendo � sua volta e, por isso, assume mais do que pode cumprir. Ele se insurge contra a realidade e vai al�m do que lhe � poss�vel. Se na postura de v�tima nos negamos, na postura de her�i n�s negamos o outro, sentimo-nos o �nico sujeito da rela��o humana e consideramos as outras pessoas como objetos.
O her�i se coloca em n�vel superior ao das outras pessoas, escondendo um profundo sentimento de inferioridade. � o todo poderoso, o que sabe tudo, o que sempre tem raz�o, o imbat�vel, o melhor. � aquele que perdeu a simplicidade de estar no mundo, � o que n�o sabe e n�o sabe que n�o sabe; da�, a sua dificuldade em aprender. Sup�e saber tudo e perde com isso a capacidade de perguntar, a capacidade espont�nea de fazer perguntas, de perguntar o que n�o sabe. Em contrapartida, seu comportamento � sempre o de ensinar, de julgar, de analisar e de orientar os outros. � o dono da verdade. Por isso, nunca diz: Eu n�o sei. Nunca pede ajuda. Ele se julga como padr�o dos outros e se relaciona com o mundo atrav�s de uma avassaladora programa��o de dogmas, de verdades feitas, porque as pessoas ser�o boas, honestas, verdadeiras, inteligentes, se coincidirem com o seu modo de pensar, de sentir e de agir.
Internamente, o her�i raciocina que as pessoas devem ser feitas � sua imagem e semelhan�a, as pessoas devem ser da maneira que ele quer que elas sejam, os pensamentos das outras pessoas ter�o de ser como os seus pr�prios pensamentos, o comportamento dos outros tem que ser como ele acha que deve ser. O her�i � semelhante aProskrusts na lenda antiga, que punha todas as pessoas numa cama do mesmo tamanho. Se as pessoas fossem compridas, ele cortava-lhes as pernas; se fossem muito curtas, esticava-as at� que coubessem na cama.
H� pessoas que querem enquadrar os outros no seu moralismo, nos seus dogmas, nas suas verdades, e isto � a pior forma de tortura. Por isso, o her�i � aquele que sofre, esconde ao m�ximo o seu sofrimento e gosta de fazer os outros sofrerem. As suas cr�ticas s�o tentativas de enquadrar algu�m nos seus padr�es. O her�i � a pessoa que n�o suporta as diferen�as, ignorando que aquilo que faz o mundo ser mundo � a uni�o das diferen�as, ignorando tamb�m que s� podemos amar outra pessoa por suas diferen�as em rela��o a n�s, porque naquilo em que ela � igual estamos amando n�o a ela, mas a n�s mesmos.
S� podemos crescer a partir da diferen�a. A fun��o da diferen�a � o crescimento. S� podemos aprender com o outro naquilo que ele pensa diferentemente de n�s, porque naquilo em que ele pensa igualmente n�o h� nenhuma descoberta, mas apenas confirma��o do que j� sab�amos. O her�i, na sua vis�o de onipot�ncia, evita ver e aceitar os limites do mundo. Para ele n�o existem limita��es de tempo, de espa�o, de cor, normas, sa�de e condi��es. H� nele a cren�a na possibilidade de ser super: super-homem, super-profissional, supercapaz, superpai, superm�e, super-inteligente. � o del�rio da onipot�ncia, � a interioriza��o de um ideal de vida baseado na possibilidade de ser um super-her�i; � a cren�a de que podemos ser mais do que n�s somos. E sempre que bancamos o her�i em nosso encontro com o mundo, depois nos sentimos v�timas. A toda aten��o excessiva corresponde depois uma depress�o, a todo excesso segue-se naturalmente um recesso. Os nossos malogros e nossas frustra��es adv�m de termos procurado ser e realizar mais do que �ramos humanamente capazes.
Essa lei � a mesma lei f�sica de Newton: A toda a��o corresponde uma rea��o igual e contr�ria. Se n�o levarmos em conta os limites das situa��es e agirmos como se elas n�o existissem, teremos em nossa vida, mais tarde, a resposta deste exagero sob a forma de sofrimento, seja ele f�sico, psicol�gico ou social. Quando nos sentimos humilhados e ofendidos, melhor ser� nos perguntarmos onde, como e quando quisemos ser mais do que somos, perguntar a quem quisemos dominar, controlar, e n�o conseguimos, pois s� estamos sofrendo as conseq��ncias de querermos ser mais do que a pr�pria realidade.
O her�i, na sua tentativa de manipular os outros, torna-se obcecado por controle, por poder, e usa todo tipo de truques. Assim, ele banca o autorit�rio, o dur�o, o frio, o mach�o, o est�pido, o teimoso, o corajoso, o desafiador, aquele que quebra mas n�o verga. Her�i � o que esconde o medo sob a capa da coragem e depois de frustrada a sua tentativa de controlar os acontecimentos, vai bancar o desamparado, o desprotegido, o humilhado, o ofendido, o magoado, o injusti�ado. E � assim que perdemos a nossa liberdade individual. O mais interessante a respeito de uma pessoa obcecada pelo desejo de controlar o semelhante, � que ela sempre acaba por ser controlada, ela se prende na pr�pria teia, tecida para prender os outros.
Quando aprisionamos algu�m, n�s tamb�m nos aprisionamos. O policial que monta guarda � porta da cela para que o marginal n�o fuja, est� t�o preso quanto ele. O her�i � como o diamante, fere todo mundo e n�o quer ser ferido por ningu�m. � o dur�o inflex�vel e, em nome da personalidade, ele quer ser um s�, igual em todos os lugares com todas as pessoas e em todas as circunst�ncias. As pessoas e o mundo que se modifiquem para se adaptarem a ele. Ele � o centro do universo, ele � um ponto fixo em torno do qual devem girar todas as outras pessoas. E nessa fantasia de ser permanente, de ocupar uma posi��o fixa na vida, ele se agarra a ela com unhas e dentes. Com o inabal�vel prop�sito de n�o arredar p� dali, vai tendendo, pouco a pouco, a se confundir com os seus pap�is na vida, as suas categorias, os seus adjetivos. Ele j� n�o � ele, � apenas o chefe, o pai, o ocupante de um cargo, o rico, o inteligente, o famoso, o amado, o sensato. E assim, vai abdicando do seu universo interior, da sua humanidade, da sua vida verdadeira, da sua origem simples e alegre, abdicando do seu Ser, que � parte de um universo. Passa mecanicamente a ser uma pe�a sofredora, escrava e escravizante.
Setenta por cento do nosso organismo � �gua e isto deveria nos mostrar o quanto o organismo � flex�vel, mut�vel, adapt�vel �s situa��es. A autoridade n�o vem das pessoas, mas dos fatos, da realidade da situa��o. Ter personalidade humana � ser capaz de fazer uma s�ntese com o ambiente que nos cerca, n�o ser mais ou menos adaptado �s circunst�ncias, mas estar com elas em harmonia, em liga��o, em reciprocidade e integra��o.
O her�i se revolta contra a realidade, ele est� sempre em desequil�brio com rela��o ao mundo. Na postura de her�i, somos resistentes �s mudan�as, �s muta��es do mundo, porque no her�i existe a cren�a e o desejo de ser imut�vel. E a principal causa dessa rea��o �s mudan�as se encontra no fato de que qualquer altera��o significativa nos faz lembrar que tudo evolui, que esta vida passa e que um dia n�s vamos morrer. Para n�o olharmos de frente o inevit�vel, aprendemos a fingir que controlamos a nossa exist�ncia e a dos outros e vamos acreditando falsamente que � poss�vel permanecer sempre os mesmos num mundo cuja caracter�stica b�sica � a muta��o. E neste af� de impedir que a vida flua como um rio, pretendendo controlar o futuro, o desconhecido, o que ainda n�o aconteceu, transformamos nossa vida numa competi��o, numa luta extenuante contra o tempo e ent�o agimos como um cavalo de corrida.
Isto aparece na forma de pressa e de preocupa��o. A pressa e a preocupa��o prov�m do fato de fazermos nossa felicidade depender sempre da expectativa de alguma coisa no futuro. Viver sempre em fun��o do futuro, do que vem, deixa-nos sem contato com a fonte ou centro da vida, porque o amanh� nada significa, a n�o ser que esteja em completa liga��o com a realidade do presente que se vive. N�s nos preocupamos porque nos sentimos inseguros e desejamos seguran�a, e porque ainda n�o compreendemos que n�o existe seguran�a na vida humana. Ponderemos, como � contradit�rio desejarmos ser est�veis e seguros num universo cuja pr�pria natureza se caracteriza pela fluidez e pela instantaneidade. N�o h� absolutos para algo t�o relativo como a vida. Os nossos desejos voltados para o futuro s�o empecilhos que nos dificultam assumir agora a responsabilidade por eles, e assim preocupamo-nos para n�o nos ocuparmos com o que � poss�vel fazer agora. A pressa e a preocupa��o s�o um desejo de ter certeza de um futuro brilhante e tranq�ilo. O poder de usufruir as coisas agrad�veis que nos est�o acontecendo �-nos negado pela preocupa��o constante. Nossa mente est� preocupada com algo que ainda n�o est� presente. O dom da previs�o de pensar sobre o futuro, constitui a principal realiza��o do c�rebro humano. Entretanto, o modo pelo qual geralmente usamos este poder pode destruir todas as suas vantagens, pois � de pequena utilidade para n�s prever poss�veis acontecimentos no futuro, se isto nos tortura, se nos torna incapazes de viver plenamente o presente.
Somos her�is quando estamos sempre nos preparando para viver, ao inv�s de viver. Se para termos um presente agrad�vel, precisamos da certeza de um futuro feliz, podemos desistir da felicidade. Tal certeza � imposs�vel de se obter. Sempre haver� o desconhecido, jamais conseguiremos controlar o imprevisto. N�o � que n�o tenhamos motivo para as nossas preocupa��es - apenas elas s�o in�teis. A vida s� se vive de improviso, � sempre de repente, no rascunho, n�o se pode passar a limpo. N�o apressemos o rio, ele corre sozinho.
Bem-aventurados aqueles que conseguem deixar a vida fluir e harmonizar-se com ela, sejam quais forem as circunst�ncias. O nosso caminho de felicidade � o caminho da adapta��o. N�o confundamos adapta��o com acomoda��o. A adapta��o � uma mudan�a harm�nica dentro da realidade, levando em conta as nossas possibilidades e as possibilidades dos outros. N�s somos n�s e o mundo � o mundo e n�s somos um com o mundo. Fazemos parte de um universo, fazemos parte de uma sociedade, fazemos parte de uma fam�lia, fazemos parte de uma empresa e s� haver� dor psicol�gica quando, ao inv�s de aceitarmos o nosso papel de parte, n�s quisermos ser o Todo.
S�bio � aquele que desistiu de enquadrar as pessoas, o mundo e o futuro nas suas concep��es. S�bio � aquele que, atrav�s de uma harmonia pessoal, consegue sentir o seguinte: Fa�o parte e quero cada vez mais integrar-me e adaptar-me � vida que canta e cai, a vida que sofre e festeja em volta de mim. S�bio � aquele que desistiu de ser o universo e resolveu apenas viver com o universo.
�(Texto retirado da fita Rosacruz (AMORC - http://www.amorc.org.br/) - Desenvolvimento Comportamental)
Visite outros endere�os de nosso trabalho de aux�lio espiritual e divulgue para quem esteja necessitando de ajuda:
Grupo Auxilio Espiritual Luz no Yahoo
Comunidade Auxilio Espiritual Luz  no Orkut
Grupo Auxilio Espiritual Luz no MSN
Comunidade Auxilio Espiritual Luz  no Gazzag
Mensagens do Grupo
HOME
Hosted by www.Geocities.ws

1