Manifesto Poético

 

  A grande maioria diria que em uma época tão marcada pelas crises e pelas dificuldades sociais, as preocupações deveriam estar dirigidas a problemas mais sérios e situações muito mais emergentes.

 

  Esse é, verdadeiramente, o grande engano.

 

  A grande verdade de nossos dias é que existe um imenso e inexpugnável abismo social, onde a grande maioria de nossa população, carente e depauperada, já não encontra tempo, nem espaço para dedicar-se à cultura e, com isso, sentencia-se à mais profunda ignorância, transformando-se em juiz e algoz de sua própria condenação.

 

  De outro lado, uma pequena minoria mais abastada delicia-se na luxúria dos polpudos ganhos, extraídos à custa da grande miséria nacional, locupletando-se na corrupção e considerando como cultura nada mais do que um imenso salão de vaidades, banalidades e futilidades.

 

  A poesia, para mim, não é, de maneira nenhuma, uma forma de alienação. O poeta não é um ser extra-terrestre e nem se encontra à margem dos problemas econômicos, sociais e políticos de seu tempo.

 

  A poesia é, pelo contrário, uma forma válida de engajamento na realidade social que circunda o poeta. É sua forma legítima e autêntica de interagir com o seu próprio ambiente. É, portanto, um autêntico meio de transformação da realidade social.

 

  Por isso tento dirigir-me, exatamente, tanto àqueles que, cansados, buscam insistente mente escapar da mediocridade de uma "pseudo-cultura" vazia e elitista, quanto àqueles que procuram, através da verdadeira cultura, romper as barreiras de uma ignorância imposta por um sistema econômico,social e político injusto, cujo único objetivo é limitá-las e confiná-las aos porões e às masmorras do saber.

 

  Não me importam, portanto, os refinamentos dos "pseudos-conceitos" estéticos ou morais. Não me importam aqueles que insistem em ignorar as verdades, como único pressuposto para a afirmação de seus próprios interesses mesquinhos e egoístas e que teimam em fazer vistas grossas às enormes evidências de nosso dia-a-dia que, a todo momento, ferem e maculam seus conceitos sagrados e seus dogmas intocáveis.

 

  Dirijo-me àqueles que acreditam no compromisso com a Verdade como pilar de sustentação de uma estrutura social mais equânime e mais justa, capaz de prover a Justiça Social como princípio e base de toda uma nova ordem política e econômica, sem matanças, sem torturas, e sem terrorismo de qualquer espécie.

 

  E, acredito, piamente, que a Cultura é o único e legítimo caminho para se atingir esse fim. A única arma verdadeiramente revolucionária, capaz de modificar o Destino do Homem.

 

  Somente depois de varrida a ignorância é que podemos almejar a construção de um país digno e civilizado, de uma sociedade justa e estável e de uma vida próspera e tranquila, para nós mesmos e, principalmente, para os nossos filhos e os filhos de nossos filhos que, certamente, virão...

 

  Fernando A. Moreira

 

 

 

 

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