Lágrimas de Felicidade

 

  Lágrimas de felicidade me brotam do peito em pranto convulsivo. Na solidão dessa noite de Natal, sem ceia, sem banquete e sem festa, deixo o meu coração, em ferida aberta, derramar todo o sofrimento escondido em seu interior. Na solidão de mim mesmo, essas lágrimas de felicidade são tão profundas e sinceras que, cada vez mais, sinto vontade de chorar. Chorar, nessa noite de Natal, sapatinho vazio na janela, porta aberta ao sonho de criança guardado no coração todo esse tempo.

 

  Gostaria de saber explicar o que seja chorar de felicidade. Abrir o pranto no momento em que o coração, mais ferido, tem na dor o seu motivo de orgulho. De resistir e não se entregar, nem sequer nesse momento, ao desejo de se entristecer ou à auto-piedade. De seguir, cambaleante, chorando mas em frente, sem arrependimento. Feliz consigo mesmo por chorar, sem medo e sem vergonha, até mesmo quando se está feliz. Um choro de felicidade, lágrimas de felicidade que correm orgulhosas pelo rosto de criança que aprendeu com a Vida a fazer da dor o seu motivo de orgulho e de felicidade.

 

  Felicidade de ainda ser capaz de sentir, de se emocionar, de não se conformar diante de tanta dor e de tanto sofrimento. Felicidade de perceber o quanto toda essa humanidade ainda passa pelas próprias veias e o quanto sempre esteve ao nosso lado. Nas lágrimas que correram todo esse tempo, sem cessar. Em um choro de felicidade. Em lágrimas de felicidade...

 

  Fernando A.Moreira

 

 

 

 

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