Español para brasileños
 
     Por: Arturo Salinas      
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O ensino de espanhol para brasileiros.
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A semelhança entre o espanhol e o português permite estabelecer, já desde as primeiras aulas, um ambiente de confiança para os alunos compreenderem, sem nenhuma dificuldade, a fala do professor. Isto facilita a comunicação entre o professor e o aluno, porém muitas vezes o aluno apresenta transferência de sua língua materna, português.

O aluno brasileiro mostra já no começo do processo de aprendizagem da língua espanhola traços de fossilização, na interlíngua que vai desenvolvendo, e que ocorrem talvez por acharem que o espanhol é "igual" ao português. Neste sentido Ferreira (1997) afirma que a "dita proximidade" destas línguas faz com que o aluno fale uma mistura de português e espanhol, "portunhol", confiante que realmente está falando a língua alvo.

Por outro lado, é provável que esse problema seja causado também pelos materiais utilizados na sala de aula (principalmente livro- texto) pois, a grande maioria dos livros didáticos encontrados no Brasil para o ensino do ELE são para o ensino a falantes de qualquer língua. Portanto, não consideram a similaridade em suas propostas metodológicas. Devido ao crescente interesse pelo estudo da língua espanhola, há também muitos materiais que têm sido publicados no Brasil por diversas editoras, apresentando, estes, erros de transferência do português.

Embora no mercado exista uma quantidade suficiente e disponível de material didático e cada escola adote sua própria metodologia, parece que nós, professores de língua, nunca estamos satisfeitos com essa ferramenta. Sempre estamos à procura de materiais adicionais, sejam revistas, jornais ou outras fontes, para enriquecermos nossa aula.

   
 
 

Nós, professores, reconhecemos que o ensino de uma segunda língua ou língua estrangeira para adultos terá sucesso se fizermos algumas alterações nos materiais existentes e procedermos a alguns ajustes nos métodos ou procedimentos com base, principalmente, nas necessidades específicas dos nossos alunos, pois como apontam Bugel (1999) e Guberman (2001) , esses materiais que existem no mercado afastam-se das necessidades dos alunos brasileiros. Esta idéia é reforçada por González (1987: 107):

"No caso específico do espanhol, vêm somar-se às questões anteriores as poucas opções –para não dizer nenhuma- de escolha de um manual, sobretudo porque, além de serem poucos os existentes e, às vezes de qualidade duvidosa e nem sempre elaborados com rigor suficiente, nenhum deles leva em conta a já mencionada especificidade do ensino dessa língua a falantes de português e especificamente de português do Brasil".

O fato do espanhol e o português serem línguas próximas, permite que o aluno brasileiro antes mesmo de começar o estudo de ELE, tenha uma "razoável" compreensão oral e escrita do espanhol que permite a comunicação com falantes nativos. Isto foi demonstrado através de um estudo realizado por Jensen (1989) no qual o autor afirma que o espanhol e o português são mutuamente inteligíveis entre um 50% e 60%, pelo menos no caso da medição feita no estudo. Assim, não poderíamos classificar o aluno brasileiro como principiante e sim como falso principiante. Neste sentido, Serey (1999:14) afirma que:

"Se não existe uma compreensão mútua, pelo menos existe uma compreensão relativa de ambas as partes em contextos do dia-a-dia que facilita a interação entre brasileiros e falantes de espanhol em qualquer das duas línguas. Essa compreensão relativa se explica não somente pela proximidade entre as duas línguas nos quatro níveis lingüísticos, mas também pela semelhança entre as culturas: a de origem hispânica e a de origem portuguesa".

As colocações de Almeida filho (1995), no sentido de que os hispanofalantes que aprendem português têm freqüentemente a percepção de que estão falando ou escrevendo errado ao tentar falar e escrever na língua alvo nos primeiros estágios, é igualmente válida para o caso dos falantes de português que estão aprendendo espanhol.

Portanto, um ensino baseado em uma progressão lenta e gradual dos conteúdos pode ser desmotivante para o aluno e conduzi-lo a uma aprendizagem inaproriada. Almeida Filho (op. cit.) afirma que a familiaridade dessas línguas nos indica que o ensino deve se basear em uma progressão de conteúdos de processo mais ágil para possibilitarmos, assim, experiências de uso comunicativo, ensino temático ou interdisciplinar. Almeida Filho (apud Ferreira, 1998) ainda menciona que esta proximidade entre as duas línguas permite adequar um planejamento evolutivo no qual a experiência de aprender línguas torna-se parte da experiência de aprender outras disciplinas.

   
 
 

Por outro lado, Higgs & Clifford (apud Tarone, 1995) acreditam que a maior desvantagem de uma experiência baseada principalmente no uso comunicativo da linguagem sem dar muita atenção à correção gramatical, leva o aluno a uma relativa fluência e sucesso em termos de comunicação, porém, o aluno produz formas gramaticais ou fonológicas incorretas.

No caso específico do ensino de ELE a brasileiros, se for estritamente comunicativo poderia levar o aluno a fossilizar sua interlíngua usando sua própria língua com pinceladas da outra. Este também é o caso, por exemplo, de muitos hispanofalantes que moram no Brasil e que em contato direto com os brasileiros não fazem um esforço para estudar português e só aso poucos, vão incorporando palavras do português na sua interlíngua, o chamado portunhol.

Nenhuma das duas formas de ensino/aprendizagem é necessariamente desvantajosa. A discussão sobre o que é melhor, um ensino/aprendizagem com enfoque comunicativo ou aquele baseado na forma nos faz pensar quais as necessidades dos nossos alunos, neste caso os alunos brasileiros.

Santos (1999) menciona que estudos baseados na análise contrastiva e na análise de erros, podem ajudar na elaboração de um programa de português mais eficiente para o público hispanofalante. Acreditamos que os mencionados estudos poderiam ajudar também na elaboração de um programa de espanhol orientado para o público brasileiro. Neste sentido concordamos com a proposta de Serrani (1988) quando afirma que:

"No caso específico do ensino de espanhol a falantes nativos de português, por se tratar de línguas com tipologia próxima, o centro dos destaques estará, obviamente, nas diferenças. Uma análise contrastiva de caráter discursivo constitui um dos eixos fundamentais, em torno do qual articulam-se os contrastes dos sistemas lexicais,".

De acordo com Marton (apud Jordan, 1991), o aluno adulto estabelecerá inevitavelmente um processo de comparação. Assim, seria melhor fazer com que ele faça uso da melhor forma da comparação para evitarmos assim distorções devidas a assimilações descontroladas.

Jordan (1991) menciona que parece ser de utilidade no caso do ensino a adultos, apontar as diferenças morfológicas e fonológicas básicas para que o aluno possa usá-las de maneira criativa no processo de analogia e generalização.

Portanto, com um enfoque e material didático mais apropriado às necessidades dos alunos, poderemos não só diminuir o tempo para a aprendizagem mas também ajudar os nossos alunos a diminuírem os erros fossilizáveis.

O desenho do material mais apropriado tem que levar em consideração, por um lado, aqueles pontos que o português e o espanhol têm em comum, e por outro, os itens onde essas línguas diferem por completo.

Contudo, não podemos esquecer o alto nível de compreensão que o aluno brasileiro possui da língua espanhola, sobretudo na etapa inicial, o que nos permite usar nas primeiras aulas textos autênticos, não simplificados, que contemplem aspectos culturais. Aulas nas quais o professor pode falar em espanhol, pois o aluno pode entender quase tudo o que é dito e que permite ativar o processo natural de aquisição.

   
 
 


De acordo com Fernández (1997), o léxico representa uma das dificuldades mais relevantes na aquisição de uma língua estrangeira. Numa pesquisa desenvolvida por Lombello, El-Dash e Baleeiro (apud Santos, 1998) referente ao ensino de português a hispanofalantes, os autores enfatizam que o ensino de vocabulário deve ser uma questão priorizada sendo que as estruturas gramaticais estarão relegadas ao segundo plano. Acredito que essas considerações sejam válidas também na preparação dos cursos de espanhol para falantes de português pois o léxico do espanhol compartilha muitas palavras com o léxico do português, apontado por Richman (1965) quando afirma:

"O espanhol está lexicalmente mais próximo do português do que do italiano e mais próximo do italiano do que do francês. O espanhol compartilha 96% das suas palavras mais freqüentes com o português, 76.7 % delas com o italiano e 63.6% com o francês".

Mas por outro lado, temos que considerar que muitas das palavras que supostamente são idênticas na ortografia em espanhol e português, não necessariamente significam a mesma coisa em cada uma dessas línguas, ou seja, podem ser iguais na forma mas não no sentido; nesse caso, estaríamos diante de um fenômeno bem comum em línguas próximas, os falsos cognatos, o que leva o aluno a usar termos impróprios ou construções erradas. Neste sentido, Marrone (1990) aponta que:

"O português e o espanhol conservam inúmeros traços comuns, empregando palavras idênticas quanto ao léxico, e caraterísticas uniformes quanto à morfologia e à sintaxe. Tal afinidade constitui o indicio mais importante do parentesco evolutivo; não obstante, em muitas palavras não se pode considerar identidade o que é mera semelhança, e essa tendência pode acarretar erros na grafia e no uso dos vários vocábulos análogos".

O contraste entre as duas línguas mais do que só predizer os possíveis erros dos alunos serviria como Jordan (1991) aponta, como uma referência para o aluno encontrar as explicações daquilo que escuta. Como Marton (apud Jordan, 1991) sugere que os alunos estão psicologicamente preparados para receber explicações já que possuem as estruturas conceituais necessárias na mente, portanto as novas informações podem ser adaptadas.

Assim observamos que, a familiaridade das línguas, português e espanhol, permite um ensino comunicativo baseado numa progressão de conteúdos relevantes e significativos para os aprendizes; ensino temático ou interdisciplinar, onde a experiência de aprender línguas torne-se parte da experiência de aprender outras disciplinas.

   
 
       
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