Español para brasileños | |||
Por: Arturo Salinas | |||
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A situação atual do espanhol não é muito diferente da do inglês. A posição que a língua espanhola ocupa no mundo hoje é de tal importância que quem decidir ignorá-la não poderá fazê-lo sem correr o risco de perder muitas oportunidades de cunho comercial, econômico, cultural, acadêmico ou pessoal. O espanhol é de suma relevância para a comunidade mundial da atualidade, não somente pelo fato de ser a língua mãe de mais de 332 milhões de pessoas, na sua maioria concentradas em dois dos mais importantes continentes da nossa era (Europa e América), mas também por desempenhar um papel crucial em vários aspectos do mercado mundial contemporâneo. Depois do inglês, o espanhol é a segunda língua mais usada no comércio internacional, especialmente no eixo que liga a América do Norte, Central e do Sul. No caso da América Latina, um dos mercados mais promissores do novo século, o português e o espanhol representam os dois meios de comunicação mais importantes para esse comércio global. Quem quiser comprar, certamente poderá fazê-lo usando sua língua nativa (geralmente o vendedor se encarrega de aprender a língua de quem tiver dinheiro para adquirir seus produtos). Por outro lado, quem quiser vender, terá que fazê-lo com um bom conhecimento da língua e da cultura do comprador. É com essa filosofia em mente que todas as escolas de MIB (Masters in International Business, Mestrado em Negócios Internacionais) dos Estados Unidos exigem que seus alunos tenham um conhecimento básico de pelo menos uma língua estrangeira, que geralmente é o espanhol. |
Dez razões por que os brasileiros devem aprender espanhol: Antes de enumerar as muitas razões por que os brasileiros devem aprender espanhol, gostaria de tecer algumas considerações sobre duas premissas básicas que são raramente mencionadas (talvez por serem óbvias e por geralmente enfocarmos a presente questão do ponto de vista das particularidades do idioma em questão) quando discutimos a importância, para o indivíduo, em aprender alguma língua estrangeira específica. As premissas descritas abaixo remetem ao ponto de vista do aluno (e por esta razão são chamadas neste artigo de premissas internas), cuja vida pessoal e profissional geralmente é afetada de forma positiva e permanente com o aprendizado de uma língua estrangeira: Enriquecimento profissional. A maioria das pessoas adultas que começam a aprender uma língua estrangeira geralmente têm como objetivo principal ampliar os seus horizontes profissionais. Esses indivíduos chegam à escola de línguas perfeitamente cientes de que a aprendizagem de um segundo idioma vai enriquecer o processo de aperfeiçoamento profissional deles e pode até chegar a contribuir para a qualificação ou capacitação dos mesmos nas suas respectivas carreiras. O conhecimento de uma língua estrangeira pode fazer uma diferença decisiva na hora da contratação ou, mais tarde, no momento de disputar uma promoção dentro de uma empresa. Portanto, a conexão entre o domínio de um idioma estrangeiro e o avanço na carreira profissional se torna cada vez mais tangível e óbvia com a crescente globalização da economia mundial. Enriquecimento pessoal. A maioria dos alunos de língua estrangeira termina tendo sua vida intelectual, acadêmica e pessoal enriquecida de uma forma ou de outra com o aprendizado de um segundo idioma. Isso acontece mesmo com estudantes bastante jovens, que podem até nem gostar de assistir às aulas, preferindo passar seu tempo livre em outras atividades. Só no futuro esses jovens compreenderão realmente o valor de poder ver o mundo por um prisma lingüístico-cultural diferente daquele de sua língua nativa. Além de um universo completamente novo em termos de literatura, filosofia, historiografia, folclore, música, filme, cultura popular, etc. que vai se abrir com cada idioma novo que aprendermos, não devemos esquecer uma das verdades mais simples sobre as línguas estrangeiras: quando estudamos um segundo idioma, não aprendemos apenas a descrever a nossa realidade convencional com sons novos e exóticos; aprendemos também a criar uma realidade completamente nova. Por isso, a título de exemplo, podemos dizer que o mesmo copo que cai acidentalmente das nossas mãos adquire, quase de forma mágica, duas dimensões ontológicas, duas realidades distintas, em espanhol e inglês. A afirmação em inglês I dropped the glass (eu deixei o copo cair) oferece uma visão do mundo, uma construção da realidade, muito diferente da versão em espanhol se me cayó el vaso (o copo caiu, acidentalmente ou devido a ação de uma terceira entidade não identificada, da minha mão e isso me afetou, i.e., eu sofri as conseqüências dessa ação). Tentei mostrar acima que o aprendizado de uma língua estrangeira pode ter conseqüências muito positivas no desenvolvimento profissional e na vida pessoal de um indivíduo (premissas internas). A seguir, com referência específica ao espanhol, gostaria de oferecer dez razões por que os brasileiros devem aprender esta língua (premissas externas, i.e., razões que remetem, não ao ponto de vista do aluno, mas às particularidades da língua estrangeira em questão): |
Língua oficial de muitos países. O espanhol é a língua oficial de 21 países.
O Mercosul. Pela primeira vez na sua história, a América Latina está não somente vivenciando um dos mais altos graus de crescimento econômico, tecnológico e industrial como celebra também o primeiro acordo comercial de âmbito continental. O Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai acabam de assinar um acordo histórico, que efetivamente transforma esses quatro países em uma única zona comercial e econômica. O espanhol é a língua oficial de três desses países e desempenhará um papel de suma importância para qualquer indivíduo ou companhia que queira ter acesso ao maior mercado da América do Sul. Se quisermos comprar algo dos nossos vizinhos sul-americanos, poderemos certamente usar o português. Porém, se quisermos que eles comprem os nossos produtos, teremos que falar a língua deles (o espanhol). |
Língua dos nossos vizinhos. Todos os países que fazem fronteira com o Brasil têm o espanhol como língua oficial, com a exceção apenas da Guiana, Suriname e Guiana Francesa. Isso é importante não somente do ponto de vista econômico e comercial (e.g., Mercosul) como também cultural e até pessoal, já que compartilhamos culturas muito similares. Afinal de contas, somos todos latinos, íbero-americanos e produtos de culturas cujo Weltanschauung difere em muito pouco. Mesmo se não tivéssemos tanto em comum lingüística e culturalmente com os nossos irmãos hispano-americanos, o simples fato de países tais como o Chile e a Colômbia terem na sua literatura alguns dos melhores escritores que o mundo já produziu, muitos deles ganhadores do Prêmio Nobel de literatura tais como Gabriela Mistral, Pablo Neruda e Gabriel García Márquez, entre outros já seria motivo suficiente para termos interesse em aprender a língua em que suas obras foram escritas. O fato de sermos vizinhos é mais um motivo para aprendermos sua língua e nos familiarizarmos com sua cultura. Viagens para Espanha ou Hispano-América. Um conhecimento razoável de espanhol fará uma grande diferença em qualquer viagem que um brasileiro faça a um país de língua espanhola. Poderemos aproveitar mais do país que visitarmos e teremos mais oportunidades de estabelecer amizades ou mesmo relações mais formais (intercâmbios econômicos, acadêmicos, científicos, etc.) se pudermos nos comunicar na língua dos nossos anfitriões. Jamais devemos pensar que, simplesmente porque sabemos português, podemos compreender espanhol sem maiores problemas. Se isso fosse verdade, as seguintes frases seriam perfeitamente compreensíveis para a grande maioria dos brasileiros:
O português e o espanhol são línguas irmãs. Pelo fato de se derivarem da mesma língua, o latim vulgar, o português e o espanhol têm muito em comum, muito mais do que, por exemplo, o português e o inglês. Essa familiaridade ajuda muito na aprendizagem do espanhol por parte dos falantes do português brasileiro. Em realidade, é mais fácil para um brasileiro aprender espanhol do que um falante de espanhol aprender português. Isso é, em parte, devido ao fato de o português, por um lado, ter mais sons vocálicos (12) do que o espanhol (apenas 5) e, por outro, na sua evolução lingüística ter eliminado certos sons consonantais que ainda figuram no espanhol. Exemplos desses sons são o n e o l intervocálicos em palavras como cor e ter (color e tener respectivamente em espanhol). Com respeito às vogais, existem no inventário fonológico do português sons que não figuram no espanhol e que, por conseguinte, tornam a sua compreensão mais difícil para uma pessoa de língua espanhola. Além dos sons vocálicos nasais, que não existem no espanhol, o português tem variações dos fonemas /o/ e /e/ que apresentam problemas especiais para o hispano-falante. Via de regra, este último não compreenderia, por exemplo, a diferença sutil entre as palavras portuguesas avô e avó, seu e céu, ou meu e mel. Com respeito aos sons consonontais eliminados na evolução do português, mesmo um brasileiro com pouco conhecimento de espanhol poderá, sem muita dificuldade, deduzir que o termo castelhano color (relacionado ao vocábulo português colorir) é apenas uma forma mais longa, talvez mais arcaica, da palavra portuguesa cor. Essa palavra em ambos idiomas se deriva do termo colore em latim. Eliminando o l da palavra espanhola color, que do ponto de vista do falante de português, neste ambiente fonético específico, não representa mais do que um som supérfluo, se chega ao termo correto no idioma lusitano. Usando a mesma analogia, o falante de português poderá chegar também ao significado correto da palavra espanhola tener, simplesmente eliminando o n, que há muito tempo deixou de figurar no vocábulo correspondente em português. Assim como o termo anterior, os verbos tener em espanhol e ter em português provêm da mesma palavra ancestral, o verbo tenere em latim. Fica claro, portanto, que o processo de eliminação de sons em certas palavras de uma dada língua para se chegar aos vocábulos equivalentes em outro idioma da mesma família é algo relativamente fácil. Porém, o contrário i.e., para um hispano-falante deduzir que as palavras em português ter e cor significam, respectivamente, tener e color em espanhol se torna mais difícil. Afinal, é pouco provável que o falante de espanhol saiba que fonema, ou combinação de fonemas, adicionar aos termos portugueses em questão para chegar às palavras corretas na sua língua mãe. Essa hierarquia de habilidades de compreensão ilustra um aspecto básico da fonética de muitas famílias lingüísticas. Sabemos que dentro de um mesmo grupo filológico, uma língua que tenha se desenvolvido mais e sofrido um maior número de transformações e, principalmente, reduções é sempre mais difícil de compreender do que uma que tenha permanecido fonologicamente mais próxima da origem. Daí a razão do ponto de vista do aprendiz falante de português de o espanhol e o italiano serem mais fáceis do que o francês. Daí, também, a razão de ser mais fácil para um brasileiro aprender espanhol do que um hispano-falante aprender português. Beleza e romance. Embora (ainda) não haja provas concretas, todos sabemos que o espanhol faz bem à alma e ao coração, principalmente daqueles que estão apaixonados. O espanhol é uma das línguas mais bonitas, melodiosas e românticas que o mundo já teve a felicidade de ouvir. Além de suas óbvias qualidades intrínsecas, temos à nossa disposição em espanhol uma vasta e maravilhosa literatura as obras do Siglo de Oro, por exemplo sobre os assuntos mais variados, profundos e refinados do sentimento humano. Do lado de cá do Atlântico, temos os inesquecíveis boleros cubanos e mexicanos que nos fazem sonhar com um tempo mais romântico e bonito... Que outra língua, senão o espanhol, poderia dizer eu te amo desta forma?: Mujer, si puedes tú con Dios hablar, pregúntale si yo alguna vez te he dejado de adorar. Este texto fue retirado de la página personal de Joao Sedycias |
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