(Arist�teles - "Pol�tica", 1252 b.)
Pois ali conheci o Dr. Uli, apenas mediante a descri��o do Wilson. S� meses mais tarde, retornando � cidade, visto que resido a 2.400 km de dist�ncia, pude v�-lo in loco: figura retil�nea, com sotaque estrangeiro, mas com uma cabe�a de g�nio. � daqueles que entoa pela boca as verdades de acordo com seu real pensamento. Ent�o o seu interlocutor sempre sabe com quem est� de fato lidando. Em verdade s� os privilegiados por um c�rebro mais afinado incitam a mudan�as, n�o desperdi�am realidades e investem em caminhos, mirando suas rotas.
Heiddegger j� afirmara que a linguagem � a casa do ser. Somente um nativo sabe exatamente o que uma palavra exatamente quer dizer... E eu bem imagino as dificuldades que deve ter um estrangeiro de linguagem absolutamente denotativa para se expressar na l�ngua portuguesa absolutamente po�tica, repleta de meneios, falada por um povo que por sua vez � destitu�do da l�gica da verdade desnuda.
O Dr. Uli � um homem que vive intensamente suas convic��es. Parece amalgamado nos pensamentos dos fil�sofos gregos, na �tica agostiniana e na dureza do diamante. Pois foi da mistura desses preciosos materiais que esculpiram meu amigo. Perfeitamente.
Nos conhecemos rapidamente na dura labuta em defesa de nossos ideais que buscam ferrenhamente uma pol�tica cidad�, o respeito �s coisas p�blicas. Na inteira no��o de que o dinheiro p�blico deve ser tratado com seriedade... Nas convic��es de um meio ambiente respeitado, do amor pela natureza.
Mas o meu amigo veio do velho mundo. � um europeu. Vem de uma cultura milenar. No entanto, guarda em si e para si o ideal da mudan�a, da cidadania, da �tica na pol�tica. E deu aos camocinenses um legado que h� de se perpetuar, embora sua obra ainda esteja incompleta: a consci�ncia da busca constante do exerc�cio da cidadania. Do uso correto das verbas p�blicas. Do respeito ao meio ambiente.
Ele � um exemplo de retid�o de car�ter, de capacidade t�cnica e de extrema sensibilidade para as mais relevantes quest�es sociais. Com ele a gente tem aprendido a estimular o debate, a questionar, a espantar os medos, a sair do muro. Ele ensina apenas por seu exemplo a espantar a mediocridade, a corrup��o e a venalidade que �s vezes est�o presentes entre aqueles que n�o t�m compromisso com o seu pr�ximo.
J� sofreu press�o e opress�o, mas resiste. O que nos une � a nossa vis�o de mundo, tenho certeza! A indigna��o que aprendemos com nossos pais, com nossos companheiros, com nossas experi�ncias. Com o dia-a-dia de nossa lida nas ruas como formadores de opini�o e personagens argutos de nosso tempo. De fato, estamos sempre aprendendo que n�o devemos temer nada em busca de viver melhor. Nem certos bandidos, nem certos pol�ticos. Alguns, muitas vezes, no papel dos outros.
Diante de sua postura independente n�o h� portas fechadas.
Enquanto os camocinenses dormiam o seu sono do comodismo, do deixa pra l� e os pol�ticos da cidade constru�am-se dentro dos limites de seu imagin�rio, o Dr. Uli trabalhava suas constru��es sociais imagin�rias, para alguns ut�picas, que de ut�picas nada tinha.
Em verdade, ele tratava das coisas reais, projetando milimetricamente o seu ideal de justi�a social, definindo e delimitando o que � puro e o que � impuro, o que � politicamente correto e o que n�o o �... Desta forma tem sido o mentor das nossas mudan�as. Imagino como foram e t�m sido �ngremes os caminhos...
C�rebro prodigioso e de saber enciclop�dico, estruturou e idealizou uma forma de mudan�a firme e serena, esculpindo o modo de vida mais desej�vel para a comunidade.
De certa forma ele idealizou a felicidade da comunidade. A felicidade consistiria numa certa maneira de viver, no meio que circunda o homem, nos costumes e nas institui��es adotadas pela comunidade � qual pertence. O objetivo da pol�tica �, primeiro, descobrir a maneira de viver que leva � felicidade humana, isto �, sua situa��o material, e, depois, a forma de gerenciamento da coisa p�blica e as institui��es sociais capazes de a assegurarem. As rela��es sociais e seus preceitos s�o tratados pela �tica, enquanto que a forma de governar se obt�m pelo estudo das constitui��es da mat�ria pertinente � pol�tica.
Com certeza, sorvendo o pensamento aristot�lico suas a��es enfatizam que � Em todas as artes e ci�ncias, o fim � um bem, e o maior dos bens e bem em mais alto grau se acha principalmente na ci�ncia todo-poderosa; esta ci�ncia � a pol�tica, e o bem em pol�tica � a justi�a, ou seja, o interesse comum; todos os homens pensam, por isso, que a justi�a � uma esp�cie de igualdade, e at� certo ponto eles concordam de um modo geral com as distin��es de ordem filos�fica estabelecidas por n�s a prop�sito dos princ�pios �ticos."
Se pensamos no bem comum, podemos dizer que estamos erigindo um edif�cio da mudan�a em busca da justi�a social, do respeito � coisa p�blica como um bem de todos e n�o de poucos. Por outro lado, se os poderes forem exercidos para satisfazer o interesse privado de um s�, de um grupo ou de apenas uma classe social, essa constitui��o est� desvirtuada, depravou-se. Nota-se aqui o claro confronto ressaltado por Arist�teles entre a busca do bem comum e o interesse privado ou de classe. Quando um regime se inclina para o �ltimo, para algum tipo de exclusivismo, voltando as costas ao coletivo, � porque perverteu-se.
A pol�tica est� sujeita � influ�ncia dos demagogos, que constantemente incitam o povo, esmagando-o em nome da ordem. A polariza��o das for�as na vida da cidade � estabelecida pelo conflito de interesses contr�rios.
Queria finalmente lembrar que a vinda dos estrangeiros que t�m adotado nossa cidade como sua morada permanente ou transit�ria tem-nos trazido muitos benef�cios. Uma aprendizagem social e um salto de qualidade social.
Cito, por necess�rio, para n�o perder a oportunidade, os benef�cios sociais e a vis�o larga de nossas melhorias, do sentido do justo, do sentido comunit�rio propagados permanente e pacientemente por Dr. Maurizio. Avante!
Finalmente quero sublinhar que a semente plantada tem germinado e frutificado. Os caminhos muitas vezes opressores e incompreens�veis t�m multiplicado as for�as dos componentes da ONG para continuarem no aperfei�oamento dos seus atos e fatos em busca de melhorarem cada vez mais intensamente.
Hoje a AMACAMOCIM est� sob a Presid�ncia do em�rito Silvio Laeth B. Almada, amigo de longa data, que, em co-autoria com os seus membros e simpatizantes, tem contribu�do para o seu aperfei�oamento.
