CAMOCIM
Meio Ambiente
ESTATUTO
IDEALIZADOR DA ONG
Leonardo Boff
compila��o de diversos textos: entrevistas e A Carta da Terra
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O te�logo Leonardo Boff foi o principal conferencista em uma mesa de debates sobre a Carta da Terra, no dia 22, no �ltimo dia do F�rum Mundial de Educa��o em Porto Alegre. Boff falou sobre os princ�pios que regem a carta, que deveria ter sido um dos documentos oficiais da Rio 92, mas sobre o qual n�o houve consenso. Um grupo continuou trabalhando paralelamente sobre o documento, conclu�do em 2000.

Em sua confer�ncia, Boff disse que a carta foi baseada em quatro princ�pios. O primeiro � a id�ia de que todos os seres se inter-relacionam na cadeia da vida. O segundo � a filosofia da utopia humana, que aspira a um �nico mundo governado por todos. Em terceiro lugar, segundo ele, est� a globaliza��o, que com todos os seus efeitos mal�ficos trouxe tamb�m benef�cios, como as redes de comunica��o, as estradas e rodovias que permitem a liga��o de todos e a nova utopia global. "Utopia de uma globaliza��o de rosto humano, onde a solidariedade e a coopera��o se transformem em projetos pol�ticos, em projetos pessoais." O �ltimo princ�pio seria a id�ia do risco que paira sobre o planeta, desde o surgimento das armas de destrui��o em massa e o princ�pio de auto-destrui��o, que possibilita a destrui��o de toda a biosfera, impossibilitando o projeto planet�rio humano.

"Ent�o, este � o contexto de onde surge a Carta da Terra. A Carta da Terra � uma resposta, uma express�o desse novo estado de consci�ncia da humanidade. � um alerta em primeiro lugar, � um risco, mas esse risco comporta chances. Onde h� risco h� tamb�m salva��o. � p�gina de convoca��o � humanidade para que ela desperte, inaugure novas pr�ticas e que incorpore valores que tenham como destina��o final esta nova mentalidade. O planeta Terra e a humanidade", disse durante a confer�ncia. "A nova quest�o hoje �: que futuro tem o planeta Terra e que futuro tem a humanidade?"

Ap�s o seu discurso, Boff conversou com jornalistas. Leia a seguir alguns trechos da entrevista coletiva, onde ele fala sobre educa��o e sobre um processo de mudan�a para uma nova rela��o com o ambiente.

Pergunta: O senhor acha que a escola pode ser um ve�culo, um instrumento para disseminar as id�ias que est�o na Carta da Terra?

Boff: Eu creio que em dois momentos a escola � fundamental. Primeiro num momento de uma nova consci�ncia, aprendendo os dados sobre a situa��o da Terra, sobre a natureza, sobre a biodiversidade e sobre a nossa responsabilidade desde pequeninos at� o resto da vida sobre a casa comum que � o planeta Terra, as �guas, os ecossistemas, os animais, as plantas. E em segundo lugar, a escola deve se articular com a pr�pria natureza diretamente, organizar que os estudantes tenham contato com as plantas, com os animais, conhe�am a hist�ria e a inter-rela��o entre todos eles e finalmente sintam o ambiente n�o como uma coisa exterior, mas como uma coisa que pertence � vida humana. N�s somos parte do ambiente, por isso, ao inv�s de falar de meio ambiente vamos falar do ambiente inteiro, e sentir que o mesmo destino da natureza � o nosso destino. A partir da� nasce uma consci�ncia de responsabilidade, uma �tica do cuidado para que todas as coisas que est�o doentes se regenerem e as que est�o sadias possam evoluir junto conosco.

Pergunta: Mas a escola est� t�o desatualizada, desaparelhada, carece de recursos. N�o � muito dif�cil?

Boff: Mas para essa educa��o ecol�gica n�o precisa de nenhum recurso. Basta abrir os olhos, os ouvidos, abrir as m�os, fazer passeios ecol�gicos, cuidar das �guas, das pra�as, dos animais.

Pergunta: Mas isso n�o depende tamb�m da forma��o dos professores?

Boff: �, este � um desafio novo, uma nova situa��o da humanidade, da Terra, obriga a uma nova atitude, um novo conhecimento, novas pr�ticas. Se desejamos preservar essa heran�a que recebemos ou se deixaremos que ela se degrade a ponto de atingir nossa pr�pria vida, nossa pr�pria casa. Ao chegar a uma situa��o dessas o ser humano percebe a degrada��o da qualidade de vida 3e percebe a import�ncia de ter uma rela��o boa com a natureza, n�o agressiva e n�o destruidora com o meio ambiente.

Pergunta: Como se pode mudar a rela��o das pessoas com o ambiente?

Boff: � preciso ter uma vis�o mais integral da ecologia, que toma o ambiente natural em que estamos metidos, isto � o ar que respiramos, o ch�o que pisamos, o alimento que comemos, a �gua que bebemos, mas tamb�m a ecologia social, que v� as rela��es sociais como agress�es ao ser humano. Talvez o ser mais amea�ado hoje n�o � a baleia, o mico-le�o-dourado. � o ser humano pobre, obrigado a morrer antes do tempo, se est� doente n�o pode se tratar, se tem fome n�o pode comer. Ent�o a ecologia social cuida da justi�a ecol�gica, ou seja, qual � a rela��o correta para com esse ser complexo que � o ser humano, mas tamb�m a ecologia mental, quais s�o as id�ias e categorias que est�o em nossa cabe�a que nos levam a discriminar, a usar da viol�ncia, que nos levam a destruir uma mata, poluir o solo. Se colocarmos outros conte�dos na consci�ncia, mais solidariedade, menos explora��o, mais coopera��o, menos competi��o, ent�o o ser humano abre a mente para uma nova atitude. E finalmente uma ecologia integral que v� o ser humano como um elo de uma grande corrente de vida que envolve a Terra e o universo. Ent�o o processo da ecologia � o crescimento para dentro dessa nova sensibiliza��o com tudo o que est� � nossa volta e com o que convivemos e n�o estamos alheios a eles, pois tanto podemos ser anjos bons que protegem, como podemos ser sat�s que matam.

Fonte: http://www.rebea.org.br




Um olhar para o futuro
Aldem Bourscheit*

O ex-frade franciscano Leonardo Boff, 63 anos, estudioso da ecologia social, autor de mais de 60 livros e considerado um dos criadores da Teologia da Liberta��o � que nos anos 70 prop�s uma fus�o entre marxismo e cristianismo �, concedeu essa entrevista no dia 22 de maio de 2002, na abertura do Semin�rio Estadual sobre Educa��o Popular. O evento se realizou no Audit�rio Ara�jo Viana, em Porto Alegre (RS).

Para o te�logo, membro da Comiss�o da Carta da Terra para Am�rica Latina e Caribe, a sociedade mundial encontra-se numa verdadeira encruzilhada em decorr�ncia de um modelo de desenvolvimento predador e suicida, e deve decidir agora sobre seu futuro. Leonardo Boff recebeu em 2001 o Pr�mio Right Livelihood (Correto Modo de Vida), que alguns consideram uma esp�cie de Nobel alternativo.

Aldem Bourscheit - Disciplinas como �tica, filosofia e at� ensino religioso foram sistematicamente retiradas dos curr�culos escolares brasileiros, principalmente a partir do regime militar. Qual � ou qual era o �problema� com essas disciplinas?

Leonardo Boff - Essas disciplinas s�o human�sticas, e toda disciplina human�stica coloca a quest�o do sentido da vida, dos fins, do ser humano, e isso contrasta com a outra op��o tecnol�gica, que cuida mais dos meios, em fun��o de um certo tipo de desenvolvimento, material. Esse modelo normalmente n�o insere duas dimens�es fundamentais, que s�o o ser humano, como destinat�rio desses bens, e a natureza, cuja depreda��o � praticamente inconsciente e ilimitada.

Eu acho que o resgate dessas dimens�es human�sticas coloca no centro a destina��o de todo o processo tecnol�gico, de desenvolvimento, da economia, em fun��o da vida e em fun��o da vida humana. E por outro lado, suscita de imediato a quest�o �tica. Isto �, todos os saberes devem assumir a responsabilidade de serem �teis para o ser humano, de ajudarem o ser humano a manter a heran�a que ele herdou do passado, seja cultural, seja natural - a heran�a ecol�gica. Ao mesmo tempo, ajuda o ser humano a estabelecer uma rela��o bem fazeja do outro com a natureza, de tal maneira que o saber seja um momento de di�logo do ser humano com a realidade e ao mesmo tempo uma forma de aprofundar sua rela��o com a realidade, n�o cort�-la, no sentido da domina��o, mas refor�a-la no sentido de sentir-se junto � cadeia da vida, sentindo-se parte e parcela de um todo que o desborda por todos os lados.

A �tica procura suscitar esta quest�o, e ela � hoje uma demanda fundamental, porque a falta de �tica est� degradando o tecido social, em termos de milh�es e milh�es de exclu�dos, e est� destruindo a base f�sico-qu�mica que permite a vida. Ent�o, temos �tica e nos salvamos, ou colocamos de lado a �tica. Ou fazemos inclusive uma estrat�gia anti-�tica e corremos o risco de ir ao encontro de dramas muito grandes, para a sociedade e para a natureza.


AB - Em v�rios textos, livros e palestras suas, o senhor comenta sobre uma situa��o de crise social decorrente de nosso modelo de desenvolvimento. Por que a popula��o n�o consegue vislumbrar essa crise ou n�o consegue reagir a ela?

LB - A opini�o p�blica � v�tima de uma imensa desinforma��o. Uma desinforma��o que � intencionada, porque ela faz parte da l�gica do sistema. O sistema � consumista, ent�o, ele tende a produzir cada vez mais e criar o consumidor pela sua produ��o. E essa produ��o n�o � s� consumista, ela � tamb�m depredadora - depreda a natureza tornando os recursos escassos. Esses dois fatores, uma vez denunciados, colocam em quest�o a l�gica do sistema e o pr�prio sistema.

Hoje chegamos a um ponto em que colocamos as quest�es: Quanto de agress�o a Terra ainda suporta? Quanto de injusti�a social mundial o est�mago �tico humano ainda consegue digerir? Porque estamos chegando a limites extremos, seja de uma degrada��o total das rela��es sociais mundiais, pelo crescimento da pobreza, da marginalidade, da exclus�o; seja pela sistem�tica degrada��o do sistema de vida, cujos relat�rios revelam que de ano a ano ela cresce sem que haja pol�ticas consistentes para colocar um limite a essa depreda��o.

Esses dois temas, que s�o contradit�rios ao sistema dominante, s�o ocultados, e a grande parte da popula��o est� dentro do Titanic que est� afundando, mas n�o se d� conta disso. As grandes empresas gaiamente continuam produzindo e consumindo como se a Terra fosse inesgot�vel e o mundo estivesse reconciliado. Ent�o, esses limites possivelmente ir�o aflorar no momento em que a crise atingir a pela das pessoas, isto �, quando percebermos, por exemplo, que dentro de pouco teremos a crise mundial da �gua pot�vel. Na��es do mundo inteiro far�o guerras devastadoras para garantir acesso a esse recurso natural. Ent�o, esse fato despertar� a consci�ncia.

Mais 15 ou 20 anos, e a energia f�ssil do petr�leo encontrar� um limite extremamente perigoso. Buscamos alternativas energ�ticas ou o modelo montado sobre essa energia entrar� numa crise sist�mica. Fatos assim mobilizam as consci�ncias e, a� sim, colocamos a quest�o das alternativas. Entretanto, � importante que o pensamento agora e os grupos elaborem essas alternativas, acumulem energia, porque quando a crise vier n�s tenhamos propostas que sejam realmente boas, que permitam um outro ensaio civilizat�rio e n�o coloquem a humanidade num estresse de grande risco.


AB - Numa entrevista recente � revista Eco-21, o senhor fala em tr�s cen�rios atuais: um seria conservador, outro, reformista, e por fim, um libertador. Podes explicar esses tr�s cen�rios?

LB - O primeiro cen�rio eu chamo de conservador porque � o cen�rio das elites industriais e financeiras mundiais, que n�o despertaram ainda para o alarma ecol�gico. Parte da id�ia de que os recursos s�o ilimitados e de que a Terra tem capacidade de regenera��o, e de que o processo da tecnoci�ncia, que exige muita energia e exaust�o e utiliza��o massiva dos recursos naturais pode continuar. Eu creio que essa an�lise � irrespons�vel, porque todas as grandes institui��es que abordam o estado da Terra mostram anualmente o crescimento da degrada��o e tamb�m os limites reais que a Terra tem. Essa vis�o conservadora � m�ope e perigosa, porque � assumida pela administra��o Bush (EUA), que fez disso pol�tica de governo, e agrava portanto a situa��o.

O segundo cen�rio � reformista porque se d� conta de que devemos combinar desenvolvimento e ecologia, mas n�o quer questionar a estrutura, a l�gica do tipo de desenvolvimento, que � linear, consumidor das energias limitadas da Terra. Ao menos se incorporam tecnologias mais benevolentes, que diminuem a agressividade, que diminuem tamb�m o grau de contamina��o do ar, das �guas. Ele tem um certa vantagem porque ajuda a incorporar o discurso ecol�gico, mas tem a desvantagem de que quando h� um conflito entre desenvolvimento e ecologia, sempre se opta pelo desenvolvimento e se abandona a ecologia, perpetuando-se a crise.

J� a terceira vis�o � a que efetivamente se d� conta de que chegamos a um momento de n�o retorno. Devemos preservar a �nica casa comum que temos, o planeta Terra, com um equil�brio extremamente fr�gil, e elaborar uma economia e uma pol�tica que preserve a vida, garanta o sustento humano, e que refunde o pacto do ser humano com a natureza, incluindo esta como um novo sujeito social merecedor de respeito, e tamb�m com a consci�ncia de que somos um elo na corrente da vida.

Na verdade n�o existe meio ambiente, mas sim a comunidade de vida. O ser humano tem a fun��o de assumir responsabilidades, de ser guardi�o dessa riqueza, desse equil�brio. Se n�s n�o assumirmos essa responsabilidade, a reprodu��o da vida n�o ser� mais garantida pelas pr�prias for�as da natureza, porque a nossa m�quina de morte est� t�o azeitada e avantajada que ela pode produzir danos fundamentais para a biosfera e pode amea�ar nosso pr�prio destino.

O ser humano, no seu af� de destrui��o, criou 25 formas diferentes de destruir a vida, e isso � um fato in�dito na consci�ncia hist�rica. O ser humano podia fazer guerras, podia construir armas, mas nenhuma delas tinha a capacidade de destruir a si mesmo, e de forma completa. Agora n�s podemos. Isso cria de um modo geral um mal estar na civiliza��o, j� notado por Freud em 1931, e hoje como um alarma das consci�ncias.
Os grupos mais avan�ados, que todavia ainda n�o chegaram ao poder pol�tico, est�o fazendo acumula��o social, elaborando sua consci�ncia, divulgando estrat�gias alternativas, e isso tem um car�ter de urg�ncia, porque introduzimos agora as modifica��es ou n�o teremos mais tempo para fazer essas modifica��es. Por isso o grau de urg�ncia e de dramaticidade que estamos vivendo.


AB - Qual � a sua expectativa para a Rio+10 (C�pula Mundial sobre Desenvolvimento Sustent�vel, 26 de agosto a 4 de setembro, �frica do Sul) frente � situa��o mundial ap�s os atentados de 11 de setembro aos Estados Unidos, agora que a tem�tica da viol�ncia e do combate � viol�ncia com ainda mais agress�es tem se ampliado no globo?

LB - A minha expectativa � de que aumente a consci�ncia, n�o ainda que haja medidas importantes, j� que as pot�ncias militaristas e hegem�nicas no mundo, que s�o os pa�ses industrializados, n�o querem afetar suas vantagens comparativas de controlar o processo mundial econ�mico e financeiro. N�o renunciam � sua hegemonia mesmo sabendo que est�o sacrificando a Terra. Procuram prolongar a agonia, pensando nas suas vantagens.
Mas s�o solu��es insensatas, porque n�o se d�o conta de que est�o num Titanic que est� afundando, e isso � curioso.

O ser humano � um ser criativo, surpreendente, nossa natureza � qu�ntica, cheia de oportunidades e alternativas, e ele pode, depois que se decidiu a isso, buscar alternativas.
A Carta da Terra, de cujo grupo eu sou integrante, tentou criar um consci�ncia dessa nova alternativa, dessa nova urg�ncia, e propor isso � discuss�o, primeiramente mundial, que j� est� sendo feita h� v�rios anos, tendo inclusive sendo assumida pela Unesco. A partir do ano que vem, ela ser� proposta � ONU (Organiza��o das Na��es Unidas), para que esse organismo se confronte, assuma isso e a promulgue com os mesmos direitos e valor que a Declara��o dos Direitos Humanos. Ent�o, n�o s� o ser humano vai ser defendido, mas a Terra como um sistema e os ecossistemas e cada ser vivo v�o ser considerados como uma subjetividade que deve ser respeitada na sua autonomia, ganham uma certa cidadania, pertencem � dimens�o da sociedade humana, e isso permitiria um novo estado de consci�ncia global adequado � essa gravidade. O ser humano se for�aria a rever atitudes, h�bitos, assumir valores que criem uma fun��o salvacionista: Salvar a Terra e a vida dentro dela.


AB - Quais os passos ent�o para que cheguemos a uma cultura da paz?

LB - Eu vejo duas tarefas fundamentais. A primeira � uma tarefa cr�tica de desconstru��o de todo o imagin�rio social, que se orienta pelas festas tradicionais e c�vicas, quase todas de cunho militar ou militarista. Celebramos vit�rias militares, generais, marechais, e isso alimenta a perspectiva da viol�ncia. Os her�is n�o s�o aqueles grandes mestres da humanidade, professores, m�dicos, pintores, profetas, educadores, s�o aqueles que usaram armas, mataram, expandiram o territ�rio. Sempre na perspectiva dos vitoriosos, nunca na das v�timas. Devemos fazer uma cr�tica rigorosa a isso. Essa vis�o militarista n�o ajuda a uma cultura da paz, porque os s�mbolos todos s�o ligados a viol�ncia e � morte.
A segunda, � criar essa pr�pria cultura da paz. � importante entender a paz como resultado de uma rela��o que o ser humano tem com outro ser humano, com outras formas de vida, consigo mesmo, com a natureza. Uma rela��o n�o agressiva, mas sim de coopera��o, de sinergia, de sentir-se parte e parcela desse todo e entender, por exemplo, que a Terra n�o � uma esp�cie de ba� cheio de recursos dos quais eu posso me apropriar, mas sim que a Terra � um super organismo vivo. O ser humano � a pr�pria Terra, e no seu processo de evolu��o chegou o momento de pensar, de sentir, de amar, e hoje de se organizar na perspectiva da sobreviv�ncia. Terra e humanidade formam uma totalidade, uma grande unidade, que � a perspectiva que os astronautas nos transmitem, porque l� de suas naves espaciais, ao olhar a Terra, eles n�o distinguem Terra e humanidade. � uma totalidade s�. Terra viva e, dentro dela, a humanidade.

Essa perspectiva tem que entrar na consci�ncia coletiva, e a nossa responsabilidade, que est� na primeira p�gina do G�nesis, diz que o ser humano � chamado a ser o guardi�o da natureza, ser o jardineiro, aquele que cuida, que desenvolve os processos presentes na natureza. Mas at� hoje ele se mostrou sat� da Terra. Pelo menos no �ltimo milh�o de anos em que o ser humano interage conscientemente na natureza, ele come�ou a ter uma rela��o de agress�o, de matar animais, de desflorestar, envenenar �guas. Mesmo os processos civilizat�rios de criar tabus, as pr�prias religi�es e a ci�ncia, n�o conseguiram frear a agressividade humana. S� que hoje, ou n�s freamos ou ela ser� destrutiva de todas. A� est� a import�ncia do processo educativo, de uma �tica, de um espiritualidade, que imponham limites � voracidade humana. O tempo hist�rico corre contra n�s, numa contagem regressiva.

Essa an�lise n�o � uma dramatiza��o, mas aquilo que � a rela��o natural que nos v�m frente aos relat�rios sobre o estado da Terra. Recentemente saiu o Estado da Terra 2002. Quem ler os dados fica apavorado. Por que? Porque estamos atacando a n�s mesmos. N�o porque as pessoas s�o perversas, mas porque est�o dentro de uma l�gica, de um sistema que no seu funcionamento leva � agress�o, � ruptura dos equil�brios, � super explora��o do ser humano, � degrada��o dos ecossistemas, e n�o permite que a Terra se regenere e recupere seu equil�brio.

A escola reproduz a sociedade dominante, que � a fun��o normal da escola, � a chocadeira da ideologia dominante preparando as crian�as e as pessoas para esse tipo de sociedade, ou assume uma fun��o cr�tica passando a ser um nicho de reinven��o, de um novo sonho, de novas pr�ticas, de novos valores, que respondem aos dramas da realidade. � muito importante hoje informar-se, dar-se conta do estado da Terra, sobre como est� o n�vel da viol�ncia entre as pessoas no mundo, os equil�brios clim�ticos s�o extremamente fr�geis, os n�veis da polui��o atmosf�rica, a car�ncia fant�stica de �gua pot�vel, o bem mais escasso da natureza, as limita��es da energia f�ssil. Esses todos s�o pontos de estrangulamento, onde o sistema sucumbe. Ele mesmo muda ou ele n�o ter� condi��es internas de dar uma resposta.


AB - Observando todos esses problemas, quais seriam ent�o o papel e as reformas necess�rias nas institui��es de ensino para que voltemos nossos passos em dire��o a um futuro melhor?
LB
- Eu acho que h� duas tarefas de base. Para aqueles que est�o na cultura dominante, no processo de produ��o, os cidad�os como n�s todos, a� se imp�e um processo de convers�o. Isto �, de uma redefini��o das pr�ticas, de uma mudan�a de consci�ncia, e isso tem que ser feito porque sen�o seremos c�mplices de um eventual desastre. E aqueles que est�o entrando na sociedade via escola, que j� cres�am numa nova mentalidade, j� cres�am como cidad�os planet�rios, pessoas que tenham uma rela��o de benevol�ncia, de sinergia com a natureza, que protegem todas as esp�cies, as �guas. Que se estabele�a como nova centralidade n�o a produ��o, n�o o mercado, mas a vida em toda a sua diversidade, e a economia e a pol�tica como formas de defender, promover e expandir a vida. Isso sup�e um novo padr�o civilizat�rio.

Ent�o, ao que a educa��o � chamada a desenvolver � uma grande revolu��o, das consci�ncias, da �tica, da espiritualidade, que d� a percep��o dos valores, do sentido das coisas. Isso n�s n�o fazemos porque queremos, mas porque estamos condenados a isso. Ou n�s decidimos viver e nos submetemos a isso ou vamos ao encontro do pior.
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*Aldem Bourscheit � jornalista, assessor de comunica��o da Abema (Associa��o Brasileira de Entidades Estaduais de Meio Ambiente) e membro do N�cleo de Ecojornalistas do Rio Grande do Sul (NEJ/RS)
Fonte: http://www.agirazul.com.br/artigos/aldem-boff.htm



A CARTA DA TERRA
UNESCO (*)


PRE�MBULO
Estamos diante de um momento cr�tico na hist�ria da Terra, numa �poca em que a humanidade deve escolher o seu futuro. � medida que o mundo torna-se cada vez mais interdependente e fr�gil, o futuro enfrenta, ao mesmo tempo, grandes perigos e grandes promessas. Para seguir adiante, devemos reconhecer que no meio de uma magn�fica diversidade de culturas e formas de vida, somos uma fam�lia humana e uma comunidade terrestre com um destino comum. Devemos somar for�as para gerar uma sociedade sustent�vel global baseada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na justi�a econ�mica e numa cultura da paz. Para chegar a este prop�sito, � imperativo que, n�s, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros, com a grande comunidade da vida, e com as futuras gera��es.

Terra, Nosso Lar
A humanidade � parte de um vasto universo em evolu��o. A Terra, nosso lar, est� viva com uma comunidade de vida �nica. As for�as da natureza fazem da exist�ncia uma aventura exigente e incerta, mas a Terra providenciou as condi��es essenciais para a evolu��o da vida. A capacidade de recupera��o da comunidade da vida e o bem-estar da humanidade dependem da preserva��o de uma biosfera saud�vel com todos seus sistemas ecol�gicos, uma rica variedade de plantas e animais, solos f�rteis, �guas puras e ar limpo. O meio ambiente global com seus recursos finitos � uma preocupa��o comum de todas as pessoas. A prote��o da vitalidade, diversidade e beleza da Terra � um dever sagrado.

A Situa��o Global
Os padr�es dominantes de produ��o e consumo est�o causando devasta��o ambiental, redu��o dos recursos e uma massiva extin��o de esp�cies. Comunidades est�o sendo arruinadas. Os benef�cios do desenvolvimento n�o est�o sendo divididos equitativamente e o fosso entre ricos e pobres est� aumentando. A injusti�a, a pobreza, a ignor�ncia e os conflitos violentos t�m aumentado e � causa de grande sofrimento. O crescimento sem precedentes da popula��o humana tem sobrecarregado os sistemas ecol�gico e social. As bases da seguran�a global est�o amea�adas. Essas tend�ncias s�o perigosas, mas n�o inevit�veis.

Desafios Para o Futuro
A escolha � nossa: formar uma alian�a global para cuidar da Terra e uns dos outros, ou arriscar a nossa destrui��o e a da diversidade da vida. S�o necess�rias mudan�as fundamentais dos nossos valores, institui��es e modos de vida. Devemos entender que quando as necessidades b�sicas forem atingidas, o desenvolvimento humano � primariamente ser mais, n�o, ter mais. Temos o conhecimento e a tecnologia necess�rios para abastecer a todos e reduzir nossos impactos ao meio ambiente. O surgimento de uma sociedade civil global est� criando novas oportunidades para construir um mundo democr�tico e humano. Nossos desafios ambientais, econ�micos, pol�ticos, sociais e espirituais est�o interligados e juntos podemos forjar solu��es includentes.

Responsabilidade Universal
Para realizar estas aspira��es devemos decidir viver com um sentido de responsabilidade universal, identificando-nos com toda a comunidade terrestre bem como com nossa comunidade local. Somos ao mesmo tempo cidad�os de na��es diferentes e de um mundo no qual a dimens�o local e global est�o ligadas. Cada um comparte responsabilidade pelo presente e pelo futuro, pelo bem estar da fam�lia humana e do grande mundo dos seres vivos. O esp�rito de solidariedade humana e de parentesco com toda a vida � fortalecido quando vivemos com rever�ncia o mist�rio da exist�ncia, com gratid�o pelo presente da vida, e com humildade considerando o lugar que ocupa o ser humano na natureza.
Necessitamos com urg�ncia de uma vis�o de valores b�sicos para proporcionar um fundamento �tico � emergente comunidade mundial. Portanto, juntos na esperan�a, afirmamos os seguintes princ�pios, todos interdependentes, visando um modo de vida sustent�vel como crit�rio comum, atrav�s dos quais a conduta de todos os indiv�duos, organiza��es, empresas de neg�cios, governos e institui��es transnacionais ser� guiada e avaliada.

PRINC�PIOS

I. RESPEITAR E CUIDAR DA COMUNIDADE DE VIDA

1. Respeitar a Terra e a vida em toda sua diversidade.
a. Reconhecer que todos os seres s�o interligados e cada forma de vida tem valor, independentemente do uso humano.
b. Afirmar a f� na dignidade inerente de todos os seres humanos e no potencial intelectual, art�stico, �tico e espiritual da humanidade.

2. Cuidar da comunidade da vida com compreens�o, compaix�o e amor.
a. Aceitar que com o direito de possuir, administrar e usar os recursos naturais vem o dever de impedir o dano causado ao meio ambiente e de proteger o direito das pessoas.
b. Afirmar que o aumento da liberdade, dos conhecimentos e do poder comporta
responsabilidade na promo��o do bem comum.

3. Construir sociedades democr�ticas que sejam justas, participativas, sustent�veis e pac�ficas.
a. Assegurar que as comunidades em todos n�veis garantam os direitos humanos e as liberdades fundamentais e dar a cada uma a oportunidade de realizar seu pleno potencial.
b. Promover a justi�a econ�mica propiciando a todos a consecu��o de uma subsist�ncia significativa e segura, que seja ecologicamente respons�vel.

4. Garantir a generosidade e a beleza da Terra para as atuais e as futuras gera��es.
a. Reconhecer que a liberdade de a��o de cada gera��o � condicionada pelas necessidades das gera��es futuras.
b. Transmitir �s futuras gera��es valores, tradi��es e institui��es que apoiem, a longo termo, a prosperidade das comunidades humanas e ecol�gicas da Terra.

Para poder cumprir estes quatro extensos compromissos, � necess�rio:

II. INTEGRIDADE ECOL�GICA

5. Proteger e restaurar a integridade dos sistemas ecol�gicos da Terra, com especial preocupa��o pela diversidade biol�gica e pelos processos naturais que sustentam a vida.
a. Adotar planos e regula��es de desenvolvimento sustent�vel em todos os n�veis que fa�am com que a conserva��o ambiental e a reabilita��o sejam parte integral de todas as iniciativas de desenvolvimento.
b. Estabelecer e proteger as reservas com uma natureza vi�vel e da biosfera, incluindo terras selvagens e �reas marinhas, para proteger os sistemas de sustento � vida da Terra, manter a biodiversidade e preservar nossa heran�a natural.
c. Promover a recupera��o de esp�cies e ecossistemas em perigo.
d. Controlar e erradicar organismos n�o-nativos ou modificados geneticamente que causem dano �s esp�cies nativas, ao meio ambiente, e prevenir a introdu��o desses organismos daninhos.
e. Manejar o uso de recursos renov�veis como a �gua, solo, produtos florestais e a vida marinha com maneiras que n�o excedam as taxas de regenera��o e que protejam a sanidade dos ecossistemas.
f. Manejar a extra��o e uso de recursos n�o renov�veis como minerais e combust�veis f�sseis de forma que diminua a exaust�o e n�o cause s�rio dano ambiental.

6. Prevenir o dano ao ambiente como o melhor m�todo de prote��o ambiental e quando o conhecimento for limitado, tomar o caminho da prud�ncia.
a. Orientar a��es para evitar a possibilidade de s�rios ou irrevers�veis danos ambientais mesmo quando a informa��o cient�fica seja incompleta ou n�o conclusiva.
b. Imp�r o �nus da prova �queles que afirmam que a atividade proposta n�o causar� dano significativo e fazer com que os grupos sejam responsabilizados pelo dano ambiental.
c. Garantir que a decis�o a ser tomada se oriente pelas conseq��ncias humanas globais, cumulativas, de longo termo, indiretas e de longa dist�ncia.
d. Impedir a polui��o de qualquer parte do meio ambiente e n�o permitir o aumento de sust�ncias readioativas, t�xicas ou outras subst�ncias perigosas.
e. Evitar que atividades militares causem dano ao meio ambiente.

7. Adotar padr�es de produ��o, consumo e reprodu��o que protejam as capacidades regenerativas da Terra, os direitos humanos e o bem-estar comunit�rio.
a. Reduzir, reutilizar e reciclar materiais usados nos sistemas de produ��o e consumo e garantir que os res�duos possam ser assimilados pelos sistemas ecol�gicos.
b. Atuar com restri��o e efici�ncia no uso de energia e recorrer cada vez mais aos recursos energ�ticos renov�veis como a energia solar e a do vento.
c. Promover o desenvolvimento, a ado��o e a transfer�ncia equitativa de tecnologias ambientais saud�veis.
d. Incluir totalmente os custos ambientais e sociais de bens e servi�os no pre�o de venda e habilitar aos consumidores identificar produtos que satisfa�am as mais altas normas sociais e ambientais.
e. Garantir acesso universal ao cuidado da sa�de que fomente a sa�de reprodutiva e a reprodu��o respons�vel.
f. Adotar estilos de vida que acentuem a qualidade de vida e o suficiente material num mundo finito.

8. Avan�ar o estudo da sustentabilidade ecol�gica e promover a troca aberta e uma ampla aplica��o do conhecimento adquirido.
a. Apoiar a coopera��o cient�fica e t�cnica internacional relacionada � sustentabilidade, com especial aten��o �s necessidades das na��es em desenvolvimento.
b. Reconhecer e preservar os conhecimentos tradicionais e a sabedoria espiritual em todas as culturas que contribuem para a prote��o ambiental e o bem-estar humano.
c. Garantir que informa��es de vital import�ncia para a sa�de humana e para a prote��o ambiental, incluindo informa��o gen�tica, estejam dispon�veis ao dom�nio p�blico.

III. JUSTI�A SOCIAL E ECON�MICA

9. Erradicar a pobreza como um imperativo �tico, social, econ�mico e ambiental.
a. Garantir o direito � �gua pot�vel, ao ar puro, � seguran�a alimentar, aos solos n�o contaminados, ao abrigo e saneamento seguro, distribuindo os recursos nacionais e internacionais requeridos.
b. Prover cada ser humano de educa��o e recursos para assegurar uma subsist�ncia sustent�vel, e dar seguro social [m�dico] e seguran�a coletiva a todos aqueles que n�o s�o capazes de manter-se a si mesmos.
c. Reconhecer ao ignorado, proteger o vulner�vel, servir �queles que sofrem, e permitir-lhes desenvolver suas capacidades e alcan�ar suas aspira��es.

10. Garantir que as atividades econ�micas e institui��es em todos os n�veis promovam o desenvolvimeto humano de forma eq�itativa e sustent�vel.
a. Promover a distribui��o eq�itativa da riqueza dentro e entre na��es.
b. Incrementar os recursos intelectuais, financeiros, t�cnicos e sociais das na��es em desenvolvimento e aliviar as d�vidas internacionais onerosas.
c. Garantir que todas as transa��es comerciais apoiem o uso de recursos sustent�veis, a prote��o ambiental e normas laborais progressistas.
d. Exigir que corpora��es multinacionais e organiza��es financeiras internacionais atuem com transpar�ncia em benef�cio do bem comum e responsabiliz�-las pelas conseq��ncias de suas atividades.

11. Afirmar a igualdade e a eq�idade de g�nero como pr�-requisitos para o desenvolvimento sustent�vel e assegurar o acesso universal � educa��o, ao cuidado da sa�de e �s oportunidades econ�micas.
a. Assegurar os direitos humanos das mulheres e das meninas e acabar com toda viol�ncia contra elas.
b. Promover a participa��o ativa das mulheres em todos os aspectos da vida econ�mica, pol�tica, civil, social e cultural como parceiros plenos e parit�rios, tomadores de decis�o, l�deres e benefici�rios.
c. Fortalecer as fam�lias e garantir a seguran�a e a cria��o amorosa de todos os membros da fam�lia.

12. Defender, sem discrimina��o, os direitos de todas as pessoas a um ambiente natural e social, capaz de assegurar a dignidade humana, a sa�de corporal e o bem-estar espiritual, dando especial aten��o aos direitos dos povos ind�genas e minorias.
a. Eliminar a discrimina��o em todas suas formas, como as baseadas na ra�a, cor, g�nero, orienta��o sexual, religi�o, idioma e origem nacional, �tnica ou social.
b. Afirmar o direito dos povos ind�genas � sua espiritualidade, conhecimentos, terras e recursos, assim como �s suas pr�ticas relacionadas a formas sustent�veis de vida.
c. Honrar e apoiar os jovens das nossas comunidades, habilitando-os para comprir seu papel essencial na cria��o de sociedades sutent�veis.
d. Proteger e restaurar lugares not�veis, de significado cultural e espiritual.

IV. DEMOCRACIA, N�O VIOL�NCIA E PAZ

13. Fortalecer as institui��es democr�ticas em todos os n�veis e proporcionar-lhes transpar�ncia e presta��o de contas no exerc�cio do governo, a participa��o inclusiva na tomada de decis�es e no acesso � justi�a.
a. Defender o direito a todas as pessoas de receber informa��o clara e oportuna sobre assuntos ambientais e todos os planos de desenvolvimento e atividades que poderiam afet�-las ou nos quais tivessem interesse.
b. Apoiar sociedades locais, regionais e globais e promover a participa��o significativa de todos os indiv�duos e organiza��es na toma de decis�es.
c.  Proteger os direitos � liberdade de opini�o, de express�o, de assembl�ia pac�fica, de associa��o e de oposi��o [ou discord�ncia].
d. Instituir o acesso efetivo e eficiente a procedimentos administrativos e judiciais independentes, incluindo media��o e retifica��o dos danos ambientais e da amea�a de tais danos.
e. Eliminar a corrup��o em todas as institui��es p�blicas e privadas.
f. Fortalecer as comunidades locais, habilitando-as a cuidar dos seus pr�prios ambientes e designar responsabilidades ambientais a n�vel governamental onde possam ser cumpridas mais efetivamente.

14. Integrar na educa��o formal e aprendizagem ao longo da vida os conhecimentos, valores e habilidades necess�rias para um modo de vida sustent�vel.
a. Oferecer a todos, especialmente a crian�as e jovens, oportunidades educativas que os habilite a contribuir ativamente para o desenvolvimento sustent�vel.
b. Promover a contribui��o das artes e humanidades assim como das ci�ncias na educa��o sustent�vel.
c. Intensificar o papel dos meios de comunica��o de massas no sentido de aumentar a conscientiza��o dos desafios ecol�gicos e sociais.
d. Reconhecer a import�ncia da educa��o moral e espiritual para uma subsist�ncia sustent�vel.

15. Tratar todos os seres vivos com respeito e considera��o.
a. Impedir crueldades aos animais mantidos em sociedades humanas e diminuir seus sofrimentos.
b. Proteger animais selvagens de m�todos de ca�a, armadilhas e pesca que causem sofrimento externo, prolongado ou evit�vel.
c. Evitar ou eliminar ao m�ximo poss�vel a captura ou destrui��o de esp�cies que n�o s�o o alvo [ou objetivo].

16. Promover uma cultura de toler�ncia, n�o viol�ncia e paz.
a. Estimular e apoiar os entendimentos m�tuos, a soliedariedade e a coopera��o entre todas as pessoas, dentro e entre na��es.
b. Implementar estrat�gias amplas para prevenir conflitos violentos e usar a colabora��o na resolu��o de problemas para manejar e resolver conflitos ambientais e outras disputas.
c. Desmilitarizar os sistemas de seguran�a nacional at� chegar ao n�vel de uma postura n�o provocativa da defesa e converter os recursos militares em prop�sitos pac�ficos, incluindo restaura��o ecol�gica.
d. Eliminar armas nucleares, biol�gicas e t�xicas e outras armas de destrui��o de massa.
e. Asegurar que o uso de espa�os orbitais e exteriores mantenham a prote��o ambiental e a paz.
f. Reconhecer que a paz � a integridade criada por rela��es corretas consigo mesmo, com outras pessoas, outras culturas, outras vidas, com a Terra e com o grande Todo do qual somos parte.


O CAMINHO ADIANTE
Como nunca antes na hist�ria o destino comum nos conclama a buscar um novo come�o. Tal renova��o � a promessa dos princ�pios da Carta da Terra. Para cumprir esta promessa, temos que comprometer-nos a adotar e promover os valores e objetivos da Carta.
Isto requer uma mudan�a na mente e no cora��o. Requer um novo sentido de interdepend�ncia global e de responsabilidade universal. Devemos desenvolver e aplicar com imagina��o a vis�o de de um modo de vida sustent�vel a n�vel local, nacional, regional e global. Nossa diversidade cultural � uma heran�a preciosa e diferentes culturas encontrar�o suas pr�prias e distintas formas de realizar esta vis�o. Devemos aprofundar e expandir o di�logo global gerado pela Carta da Terra, porque temos muito que aprender da continuada busca de verdade e de sabedoria.

A vida muitas vezes envolve tens�es entre valores importantes. Isto pode significar escolhas dif�ceis. Por�m necessitamos encontrar caminhos para harmonizar a diversidade com a unidade, o exerc�cio da liberdade com o bem comum, objetivos de curto prazo com metas de longo prazo. Todo indiv�duo, fam�lia, organiza��o e comunidade t�m um papel vital a desempenhar. As artes, as ci�ncias, as religi�es, as institui��es educativas, os meios de comunica��o, as empresas, as organiza��es n�o governamentais e os governos s�o todos chamados a oferecer uma lideran�a criativa. A parceria entre governo, sociedade civil e empresa � essencial para uma governabilidade efetiva.
Para construir uma comunidade global sustent�vel, as na��es do mundo devem renovar seu compromisso com as Na��es Unidas, cumprir com suas obriga��es respeitando os acordos internacionais existentes e apoiar a implementa��o dos princ�pios da Carta da Terra junto com um instrumento internacional legalmente vinculante com refer�ncia ao ambiente e ao desenvolvimento.

Que o nosso tempo seja lembrado pelo despertar de uma nova rever�ncia face � vida, por um compromisso firme de alcan�ar a sustentabilidade, pela r�pida luta pela justi�a e pela paz e pela alegre celebra��o da vida.

NOTA
(*) No dia 14 de mar�o de 2000 na Unesco em Paris foi aprovada depois de 8 anos de discuss�es em todos os continentes, envolvendo 46 pa�ses e mais de cem mil pessoas, desde escolas prim�rias, esquim�s, ind�genas da Austr�lia,do Canad� e do Brasil, entidades da sociedade civil, at� grandes centros de pesquisa, universidades e empresas e religi�es a Carta da Terra. Ela dever� ser apresentada e assumida pela ONU no ano 2002 com o mesmo valor da Declara��o dos Direitos Humanos. Por ela poder-se-�o agarrar os agressores da dignidade da  Terra, os Pinochets anti-ecol�gicos em qualquer parte do mundo e lev�-los aos tribunais. Na Comiss�o de Reda��o estavam  Mikhail Gorbachev, Maurice Strong, Steven Rockfeller, Mercedes Sosa, Leonardo Boff e outros. Aqui segue a Carta para ser discutida em todos os �mbitos.
Fonte: http://www.dataterra.org.br

Link do site de Leonardo Boff: http://www.leonardoboff.com/

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