30/Dez/1996 - 0:12
Olá a todos.
Faz algum tempo, venho pensando em como anda o Espiritismo e, sinto dizer, estou desapontado.
Minha família é, em sua maior parte, crente. Eu não tinha essa fé, por considerar as crenças protestantes muito tolas mas, para agradar a Gregos e Troianos, acabei por fazer aos 14 anos a Confirmação na Igreja Luterana. Na época dos estudos religiosos, um dos meus hobbies era fazer perguntas extremamente “chatas” ao Pastor, até ele ficar sem respostas. ;)
Por volta dessa época, comecei a me interessar por assuntos ditos “esotéricos”, e passei a ler tudo o que me caísse à mão. Até hoje leio a revista Planeta... (claro que com um maior discernimento), mas não tinha tomado contato ainda com o Espiritismo. Ainda tinha a noção, comum em meio aos crentes, de que Espiritismo, Macumba, Umbanda e Candomblé “é tudo a mesma coisa”, e não me interessava por essas “crendices”.
Quanto entrei no Segundo Grau técnico, acabei por fazer minha ficha na biblioteca da faculdade (que ficava no mesmo campus). Como sempre gostei de ler, acabei achando no meio da seção de Filosofia, escondido entre lixos os mais diversos (Legião da Boa Vontade (LBV) incluído), toda a obra de Allan Kardec. Aparentemente os livros haviam sido doados pela Federação Espírita Brasileira (FEB) ou pela Federação Espírita do Estado de São Paulo (FEESP), não me lembro. Por curiosidade, e um pouco mais bem informado, resolvi ler os livros. Folheando as introduções, vi qual era a ordem cronológica, e levei o Livro do Espíritos.
Foi amor à primeira vista. Devorei os cinco livros em um mês, e depois disso virei, como eu próprio me classifico, “espírita imperfeito”, pois mesmo hoje eu ainda estou muito longe do que Kardec chamava de espírita. A leitura veio em boa hora, pois eu estava correndo o sério risco de me tornar ou um Exotérico com doses perigosas de crêndice aguda, ou em ateu - cético - que - não - crê - em - nada - além - do - próprio - umbigo. :)
Eu fiquei realmente espantado com a alta dose de seriedade, lógica e bom-senso das obras de Kardec, e pensei “é disso que o mundo precisa”. O Espiritismo, em sua concepção original, é uma ducha de água fria em todos aqueles que são extremistas, tanto na fé quanto na falta da fé. O método kardecista de agir, nunca aceitando tudo pelo simples prazer de aceitar, mas perguntando, pesquisando, discutindo, é a melhor coisa que já surgiu em termos de desenvolvimento religioso nos últimos duzentos anos. Continuado assim, se tornaria o elo de ligação que faltava entre a religião, a ciência e a filosofia, pois contém os três componentes, e desenvolveu a cola que os une.
O único problema é que não continuou. Aparentemente, o Espiritismo foi como uma explosão, que gradualmente perdeu sua força por falta de combustível. Logo após a morte de Kardec, as pesquisas continuaram nas mãos de pessoas que sabiam o que estavam fazendo, como Léon Denis e Flammarion, mas conforme as novas gerações de espíritas se formavam, mais e mais o Espiritismo foi perdendo sua força original. Em minha opinião, o último suspiro dessa fase foi a obra A História do Espiritismo de Arthur Conan Doyle.
Em razão disso, o Espiritismo começou a desaparecer nos países cultos da Europa e América do Norte. Hoje em dia, o Espiritismo é visto nesses países, berços da cultura e da lógica, como apenas mais uma dentre as centenas, ou até mesmo milhares, de crenças esquisitas e minúsculas. Ninguém leva a sério, e o número de espíritas é ridiculamente pequeno para um movimento (na falta de palavra melhor) que iria revolucionar o mundo... :(
Em contrapartida, no Brasil o Espiritismo floresceu, mas de forma distorcida. Ao invés de buscar na ciência a comprovação de suas teses, e trabalhar ativamente para trazer novos conhecimentos ao mundo, os responsáveis pelo seu crescimento, tanto encarnados quanto desencarnados, resolveram “esquecer” o caminho científico e enveradar pelo caminho do “coração”. O que vemos hoje, em qualquer Centro Espírita, não são grupos de pesquisadores sérios atrás de provas e soluções, mas sim crentes que elegeram a obra básica da Codificação como a nova Bíblia, que é lida, lida e lida e jamais compreendida, que esquecem que o espiritismo tem TRÊS aspectos, e só agem por um, o religioso.
Os Centros foram transformados em uma espécie de mistura de assistência social, templo religioso e biblioteca. O procedimento é sempre o mesmo: estudo de alguma obra, em especial O Evangelho Segundo o Espiritismo, que é “fácil de entender”, aplicação de passes e entrega de água fluidificada. Em dias específicos, cirurgias espirituais ou sessões de desobsessão. Fim.
O resultado é sombrio. A maioria dos freqüentadores é totalmente ignorante em termos de Doutrina Espírita, jamais tendo lido qualquer obra de Kardec. Freqüentam ou por costume, ou em busca dos diversos “benefícios” como curas para doenças. Em dado momento do “culto”, é hora de receber a mensagem do guia, e depois todos estão liberados, e com a sensação de dever cumprido. Qual a diferença de uma igreja? Eu só vejo uma: não tem estátuas.
Como disse Waldo Vieira em uma entrevista recente: “O Espiritismo traz apenas a consolação. Eu estou atrás do conhecimento”. Para quem não sabe, ele foi um dos companheiros de Chico Xavier na época em que foram escritos os livros da série Nosso Lar, tendo inclusive ajudado na psicografia de uma das obras, e hoje se distanciou do Espiritismo, justamente pela falta de perspectivas.
Já não é hora de parar com esse comportamento passivo, de ficar à espera de que algum Espírito se digne nos dar alguma informação que queira? Ler um livro do Lúcios, André Luiz ou Emmanuel, e dizer: “Puxa, que legal”, não é ciencia, é “fé cega”. Por que pelo simples fato de algum Espírito falar já se crê que é a verdade? Onde estás, Kardec, que tanto precisamos de ti!
O Espiritismo está se tornando apenas uma nova fé com dogmas próprios, se baseando nessa frase absurda, que nem sei de quem é: “Se não chegar pelo amor, chegará pela dor”. Está se destruíndo. Não é nem pelo “amor” nem pela “dor” que alguém deve chegar ao Espiritismo, e sim pelo “raciocínio” e pela “inteligência”. Pelo amor e pela dor se chega a qualquer lugar, menos à verdade.
Está mais do que na hora de jogar no lixo coisas como Coração do Mundo, Pátria do Evangelho, Os Exilados de Capela, Ramatis, ou as obras de “André Luiz” pelo médium Ranieri. Precisamos trazer de volta a lógica, o bom-senso e o raciocínio, e tomar de volta terrenos que deveriam ser do Espiritismo, mas que esse cedeu voluntariamente, como a Parapsicologia. De que adianta um movimento se dizer científico se não tem ciência?
Exemplos:
Ainda falta muito para que o Espiritismo possa ser considerado coisa séria. Eu quero saber de alguém que esteja disposto a ir contra a maré e encarar de frente esses problemas. Eu pretendo, assim que tiver condições, entrar de cabeça nesses problemas, e ao menos fazer a minha parte, por menor que seja, na reconstrução do que outrora era conhecido como Espiritismo, mas não existe mais.
[]'s Alexander Gieg
30/Dez/1996 - 14:47
Oi para todo mundo. Sou novo aqui e esta é a primeira vez que falo alguma coisa.
Em 30/12, Alexander disse:
[Citação] Faz algum tempo, venho pensando em como anda o Espiritismo e, sinto dizer, estou desapontado. [...] Foi amor à primeira vista. Devorei os cinco livros em um mês, e depois disso virei, como eu próprio me classifico, “espírita imperfeito”, pois mesmo hoje eu ainda estou muito longe do que Kardec chamava de espírita. [Fim da citação]
O que essa sua classificação significa Alexander? Não entendi direito. Pois o que Kardec diz ser o verdadeiro espírita é a pessoa que se esforça para vencer suas más tendências. Não consegui compreender o que seria um “espírita imperfeito”.
[Citação] O único problema é que não continuou. Aparentemente, o Espiritismo foi como uma explosão, que gradualmente perdeu sua força por falta de combustível. Logo após a morte de Kardec, as pesquisas continuaram nas mãos de pessoas que sabiam o que estavam fazendo, como Léon Denis e Flammarion, mas conforme as novas gerações de espíritas se formavam, mais e mais o Espiritismo foi perdendo sua força original. Em minha opinião, o último suspiro dessa fase foi a obra A História do Espiritismo de Arthur Conan Doyle. [Fim da citação]
Como assim, não continuou? O que, especificamente, não continuou? As experiências que comprovam(ram) a existência do Espírito? Ou o desenvolvimento dessa doutrina? O que é essa força original que você diz?
[Citação] Em razão disso, o Espiritismo começou a desaparecer nos países cultos da Europa e América do Norte. Hoje em dia, o Espiritismo é visto nesses países, berços da cultura e da lógica, como apenas mais uma dentre as centenas, ou até mesmo milhares, de crenças esquisitas e minúsculas. Ninguém leva a sério, e o número de espíritas é ridiculamente pequeno para um movimento (na falta de palavra melhor) que iria revolucionar o mundo... :( [Fim da citação]
Acho que não só nestes países que você citou, mas em todos os países do mundo existem muitas crenças “esquisitas e minúsculas” como você disse, mas nem por isso elas deixam de ter valor. Devemos conhecer profundamente estas crenças antes de poder falar alguma coisa sobre elas, e mesmo assim só poderemos falar por nós mesmos, já que essa é a nossa opinião. Devemos ter sempre em mente que as coisas que não nos satisfazem podem satisfazer outras pessoas e nem por isso elas são melhores ou piores que qualquer outra pessoa.
[Citação] Em contrapartida, no Brasil o Espiritismo floresceu, mas de forma distorcida. Ao invés de buscar na ciência a comprovação de suas teses, e trabalhar ativamente para trazer novos conhecimentos ao mundo, os responsáveis pelo seu crescimento, tanto encarnados quanto desencarnados, resolveram “esquecer” o caminho científico e enveradar pelo caminho do “coração”. O que vemos hoje, em qualquer Centro Espírita, não são grupos de pesquisadores sérios atrás de provas e soluções, mas sim crentes que elegeram a obra básica da Codificação como a nova Bíblia, que é lida, lida e lida e jamais compreendida, que esquecem que o espiritismo tem TRÊS aspectos, e só agem por um, o religioso. [Fim da citação]
Os cientistas estão aí para quê se não para trazer novos conhecimentos ao mundo? Não acho que fora esquecido o caminho científico, pelo contrário, ele está vivo como sempre esteve, com a diferença que não é divulgado, já que a maioria das pessoas não entende.
[Citação] Os Centros foram transformados em uma espécie de mistura de assistência social, templo religioso e biblioteca. O procedimento é sempre o mesmo: estudo de alguma obra, em especial O Evangelho Segundo o Espiritismo, que é “fácil de entender”, aplicação de passes e entrega de água fluidificada. Em dias específicos, cirurgias espirituais ou sessões de desobsessão. Fim. [Fim da citação]
Como disse acima, Kardec diz que o verdadeiro espírita é o que procura vencer suas más tendências, e o Evangelho nos ajuda a fazer isso, por nos mostrar o caminho a seguir, “mas só o faremos se o quisermos”. Em muitos Centros o estudo é da maioria das obras, se não for de todas... Eu freqüento 2 Centros, em um deles freqüento a mocidade espírita, e no outro faço cursos, assisto a reuniões públicas e posso dizer que privilegia-se muito o estudo das obras de Kardec. Lá só não temos, por enquanto, o curso do livro A Gênese, por não ser de tão fácil entendimento para todas as pessoas.
continua...
30/Dez/1996 - 15:14
Caro amigo Luiz,
Concordo bastante com suas afirmações acerca da falta de análise científica do Espiritismo. Eu particularmente nos Centros Espíritas que freqüento noto que existem muitos “papa passes” assim como na Igreja Católica existem os “papa óstias”. As pessoas “acreditam” mais do que “raciocinam” nas grandes verdades espíritas.
Pra te dizer a verdade, eu estou buscando o lado científico da explicação das coisas não-materias através da Gnosis, que é uma mistura de filosofia, ciência e religião assim como o Espiritismo. Porém eu não largo jamais o Espiritismo, porque eu sei que a sua religião é imbatível e maravilhosa e na verdade, tudo o que os parapsicólogos, adeptos da Gnosis e outros tantos caras dizem de convincente apenas vem confirmar o que nós espíritas sabemos mas nos falta ainda saber como provar cientificamente.
Eu acho que nós espíritas devíamos tentar “consertar” este problema fazendo o seguinte: buscar na Gnosis, na Parapsicologia, Astrologia e outras “-ias” que sejam sérias e que estão bem mais avançadas nesse lado científico, a confirmação das verdades espíritas, compilar tudo segundo a ótica espírita e daí fazer livros, revistas, etc. para divulgação nos Centros Espíritas. O que vocês acham???
5/Jan/1997 - 17:24
Gostaria de dizer com muito respeito e carinho ao nosso amigo Sr. R, que não precisamos de todas “-ias”, para fazer o Espiritismo avançar cientificamente, pois encontramos na doutrina codificada todo o embasamento para sustentação do nosso crescimento moral, intelectual e filosófico. Isso não quer dizer que todas essas ciências não nos sejam úteis, considerando a filtragem devida... mas podemos nos mistificar e nos confundir se não tivermos muito cuidado... Lembremos que Judas queria a todo custo que Jesus provasse “cientificamente” o seu poder para os romanos e doutores da lei, e daí...
Sr. D
7/Jan/1997 - 8:14
Caro Alexander,
Muito interessantes suas considerações sobre as discrepâncias entre o legado de Kardec e o Espiritismo como é conhecido (e praticado) hoje.
Gostaria de trocar mais idéias sobre o assunto (fora da lista de discussão, através de e-mail direto), pois comungo de boa parte do sentimento que você externou em sua mensagem.
Acredito (pelo que pude perceber) que você possui formação na área de Eletrônica e/ou Informática, o que também é o meu caso. Assim, não hesite em falar de termos técnicos quando forem necessários.
Aguardo contato e despeço-me fraternalmente.
Sr. O
10/Jan/1997 - 11:50
Olá a todos.
Entrando nessa conversa...
[Citação] Gostaria de dizer com muito respeito e carinho ao nosso amigo Sr. R, que não precisamos de todas “-ias”, para fazer o Espiritismo avançar cientificamente, pois [Fim da citação]
Seria verdade se o Espiritismo tivesse continuado científico. Isso não ocorreu. Em favor do auxílio espiritual e material ao próximo, as pesquisas foram abandonadas, ao invés de expandidas. Não quero dizer com isso que tal atitude seja errada, mas isso causou um grande vazio, que está sendo preenchido por outras linhas de pesquisa não espíritas.
Eu conheço muitas pessoas que não se tornaram espíritas, simplesmente devido ao extremo misticismo que atualmente temos presente. Optaram pela Eubiose, Rosa Cruz, Teosofia ou outras. Ficar parado, esperando que algum Espírito se digne a nos dar algum conhecimento que ele considera que devemos ter, não me parece ciência, parece?
[Citação] encontramos na doutrina codificada todo o embasamento para sustentação do nosso crescimento moral, intelectual e filosófico. Isso não quer dizer que todas essas [Fim da citação]
Atualmente, apenas moral. Mesmo a filosofia está andando pra trás. Não temos propostas filosóficas fortes o suficiente para se sobreporem às novas tendências neo-materialistas. A filosofia espírita estacionou no século XIX, a precisa de um grande impulso para chegar ao século XX, que dirá então ao século XXI.
[Citação] essas ciências não nos sejam úteis, considerando a filtragem devida... mas podemos nos mistificar e nos confundir se não tivermos muito cuidado... Lembremos que Judas [Fim da citação]
Isso é verdade. Mas como saberemos separar o correto do incorreto? Não fosse a ciência, até hoje ainda acreditaríamos que a matéria é composta dos quatro elementos (ar, água, terra e fogo). Sem a ciência, qualquer idéia pode ser considerada verdadeira.
Um exemplo: Nos livros de Ramatis se fala bastante sobre uma suposta “memória da realidade”, se não me engano chamada de akasha, noção essa retirada da filosofia hindú, e presente também em outras seitas esotéricas, como a Rosa Cruz. Existe alguma prova de sua existência? Nenhuma. No entanto muitos espíritas crêem no que Ramatis diz. Por quê? Eu não sei, mas não há nada de científico nessas idéias.
[Citação] queria a todo custo que Jesus provasse “cientificamente” o seu poder para os romanos e doutores da lei, e daí... [Fim da citação]
Os crentes evangélicos têm a mesma opinião, e a usam contra a ciência o tempo todo. É necessário especificar bem o que significa o termo “ciência”. O que Judas tinha não era desejo de conhecimento. Para uma melhor descrição do que é ciência, visite esta página:
http://www.ifi.unicamp.br/~xavier/articles/concie.html
Uma análise interessante sobre ser ou não ciencia o Espiritismo pode ser encontrada nessas duas páginas (leia em seqüência):
E por enquanto é só.
[]'s Alexander Gieg
10/Jan/1997 - 12:01
Olá.
[Citação] Muito interessantes suas considerações sobre as discrepâncias entre o legado de Kardec e o Espiritismo como é conhecido (e praticado) hoje.
Gostaria de trocar mais idéias sobre o assunto (fora da lista de discussão, através de e-mail direto), pois comungo de boa parte do sentimento que você externou em sua mensagem. [Fim da citação]
Eu prefiro, se não for incômodo para você, que a discussão seja na lista mesmo. Ocorre que tenho pouco tempo, e a conversa já está rendendo, como imaginei que seria. ;)
Se você preferir que seja particular mesmo, mande um reply. De qualquer forma, um grupo de discussão científico está se abrindo (sobre transcomunicacao instrumental, creio que voce deve ter lido a mensagem do Sr. L), e os assuntos envolvendo tecnologia serão melhor explorados lá.
[Citação] Acredito (pelo que pude perceber) que você possui formação na área de Eletrônica e/ou Informática, o que também é o meu caso. Assim, não hesite em falar de termos técnicos quando forem necessários. [Fim da citação]
Fiz Curso Técnico em Eletrônica, mas não sou muito fã dessa área. :( Atualmente trabalho com montagem de computadores, e nao sei “lhufas” de eletrônica analógica.
O que mais entendo é lógica digital e programação, mas me mantenho um mínimo informado sobre tecnologia, física e componentes. Daí a pergunta sobre o diodo túnel. Mas se você me colocar um circuito de rádio na frente, não vou saber analisar. :(
[Citação] Aguardo contato e despeço-me fraternalmente. [Fim da citação]
Aqui está. Não deixe de responder. :)
Até.
Alexander Gieg
10/Jan/1997 - 13:12
Olá a todos.
[Citação] O que essa sua classificação significa Alexander? Não entendi direito. Pois o que Kardec diz ser o verdadeiro espírita é a pessoa que se esforça para vencer suas más tendências. Não consegui compreender o que seria um “espírita imperfeito”. [Fim da citação]
A mensagem do Sr. I explica as diferenças entre espíritas experimentadores, imperfeitos, verdadeiros e exaltados. Quero apenas complementar o que escrevi dizendo que me considero ainda um espírita imperfeito devido a não lutar com todas as forças contra minhas más tendências, pois sou um pouco egoísta e um pouco orgulhoso, mas fora isso me interesso bastante. Algum dia melhoro, e aí posso dizer que sou um verdadeiro espírita...
[Citação] Como assim, não continuou? O que, especificamente, não continuou? As experiências que comprovam(ram) a existência do Espírito? Ou o desenvolvimento dessa doutrina? O que é essa força original que você diz? [Fim da citação]
O que não continuou foram as pesquisas científicas. Uma dessas pesquisas foi a da existência dos Espíritos, mas há outras, como a Transcomunicação Instrumental, a Terapia de Vivências Passadas, a prova da reencarnação (que ainda não existe). A força original por trás do surgimento do Espiritismo foi justamente a necessidade imperiosa de uma religião não-dogmática, a favor da ciência, que provasse suas afirmações etc. Atualmente o Espiritismo está acomodado, sem maiores interesses. Está se tornando, aos poucos, dogmático, e não duvido que vai chegar uma hora em que alguma descoberta científica irá contra algum dos preceitos espíritas, e o Espiritismo vá contra essa descoberta, fazendo justamente o contrário do que Kardec sugeriu.
[Citação] Acho que não só nestes países que você citou, mas em todos os países do mundo existem muitas crenças “esquisitas e minúsculas” como você disse, mas nem por isso elas deixam de ter valor. Devemos conhecer profundamente estas crenças antes de poder falar alguma coisa sobre elas, e mesmo assim só poderemos falar por nós mesmos, já que essa é a nossa opinião. Devemos ter sempre em mente que as coisas que não nos satisfazem podem satisfazer outras pessoas e nem por isso elas são melhores ou piores que qualquer outra pessoa. [Fim da citação]
É justamente esse o ponto. O Espiritismo não precisa que as pessoas o aceitem ou não, pois tem provas do que diz. Se uma crença diz que os discos voadores virão e salvarão os bons, deixando que os maus morram com a destruição do mundo, essa crença carece de lógica.
Essa é a diferença entre a crendice e a ciência. Uma apenas acredita (ou não), enquanto a outra mostra. O Espiritismo está deixando de ser ciência, e isso é perigoso. :(
A ciência sempre quer provas. Até hoje não temos provas conclusivas da existência da reencarnação. Os casos pesquisados não são estatisticamente suficientes para alguma definição, e ficamos presos ao que os Espíritos ditos “evoluídos” dizem. Não quero com isso menosprezar essas comunicações, mas cadê as provas para o que dizem?
[Citação] Os cientistas estão aí para quê se não para trazer novos conhecimentos ao mundo? Não acho que fora esquecido o caminho científico, pelo contrário, ele está vivo como sempre esteve, com a diferença que não é divulgado, já que a maioria das pessoas não entende. [Fim da citação]
Os cientistas estao aí, mas, desculpe o trocadilho, não estão nem aí... ;) Se a maioria das pessoas não entende, não é hora de ensinarmos? Kardec enfatizava bastante o aspecto científico, lógico e exato do Espiritismo. Ignorar isso é muito ruim, pois tira a força que o Espiritismo tinha para penetrar nas mentes mais lógicas e não-místicas.
Se é para esperar apenas as pessoas que tenham “fé”, para quê existe o Espiritismo? O que o diferencia de qualquer outra religião, como o Catolicismo, ou a Umbanda? Onde estão as provas de que estamos com a razão, e não o Candomblé ou a Rosa Cruz? Não basta dizer “porque eu acho”... :(
[Citação] Como disse acima, Kardec diz que o verdadeiro espírita é o que procura vencer suas más tendências, e o Evangelho nos ajuda a fazer isso, por nos mostrar o caminho a seguir, “mas só o faremos se o quisermos”. Em muitos Centros o estudo é da maioria das obras, se não for de todas... Eu freqüento 2 Centros, em um deles freqüento a mocidade espírita, e no outro faço cursos, assisto a reuniões públicas e posso dizer que privilegia-se muito o estudo das obras de Kardec. Lá só não temos, por enquanto, o curso do livro A Gênese, por não ser de tão fácil entendimento para todas as pessoas. [Fim da citação]
Um espírita não é somente aquele que busca vencer suas más tendências, pois isso qualquer verdadeiro religioso faz. O espírita é aquele que, além de tentar melhorar a sí próprio, busca sempre aprender mais e mais, sem nunca se contentar, e busca aplicar esse conhecimento para o bem do próximo.
O Espiritismo é a religião/ciência/filosofia que busca a verdade, independente da vontade de seus membros. O que interessa não é uma verdade, mas sim a verdade, doa a quem doer. Se abandonamos essa busca, deixamos de ser espíritas. E nada se descobre sem ciência, por mais bem intencionado que seja o guia do Centro Espírita.
[Citação] continua... [Fim da citação]
Estou esperando :)
Até.
[]'s Alexander Gieg
10/Jan/1997 - 13:25
Olá a todos.
[Citação] Concordo bastante com suas afirmações acerca da falta de análise científica do Espiritismo. Eu particularmente nos Centros Espíritas que freqüento noto que existem muitos “papa passes” assim como na Igreja Católica existem os “papa óstias”. As pessoas “acreditam” mais do que “raciocinam” nas grandes verdades espíritas. [Fim da citação]
Verdade.
[Citação] Pra te dizer a verdade, eu estou buscando o lado científico da explicação das coisas não-materias através da Gnosis, que é uma mistura de filosofia, ciência e religião assim como o Espiritismo. Porém eu não largo jamais o Espiritismo, porque eu sei que a sua religião é imbatível e maravilhosa e na verdade, tudo o que os parapsicólogos, adeptos da Gnosis e outros tantos caras dizem de convincente apenas vem confirmar o que nós espíritas sabemos mas nos falta ainda saber como provar cientificamente. [Fim da citação]
Mas a Gnosis é ciência? Ela tem como provar o que diz, de forma estatística, com teorias desenvolvidas a partir de fatos, e comprováveis? Se não tiver, não é ciência.
[Citação] Eu acho que nós espíritas devíamos tentar “consertar” este problema fazendo o seguinte: buscar na Gnosis, na Parapsicologia, Astrologia e outras “-ias” que sejam sérias e que estão bem mais avançadas nesse lado científico, a confirmação das verdades espíritas, compilar tudo segundo a ótica espírita e daí fazer livros, revistas, etc. para divulgação nos Centros Espíritas. O que vocês acham??? [Fim da citação]
A Astrologia não é ciência, pois se baseia em teorias que não podem ser comprovadas ou refutadas. Não quero com isso dizer que não funcione, mas sim que não há como ser definida como ciência. Por enquanto ainda é magia, mas se for estudada seriamente, pode vir a se tornar uma ciência irmã da Astronomia.
O que mais se aproxima de ciência é a Parapsicologia. Apesar de não ser aceita universalmente, seus métodos são os melhores atualmente existentes. O único problema é que ignora a priori as teorias Espíritas, e enquanto fizer isso não vai ser de grande valia...
Até.
[]'s Alexander Gieg
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