Vestindo
bermud�o e camiseta de basquete e surpreendentemente receptivo, a mais avessa
das atra��es do Rock in Rio 3 abriu o verbo. Em seu terceiro dia no Rio, o
vocalista do Guns N� Roses, Axl Rose, recebeu um grupo de f�s na piscina do
Hotel Intercontinental para um bate-papo na manh� de ontem. Bebendo caipirinha
e tequila, Axl falou por duas horas sobre a dissolu��o da forma��o original
da banda, por problemas de relacionamento e abuso de drogas. O l�der do Guns
N� Roses n�o poupou farpas a Slash, ex-guitarrista da banda com quem n�o
fala desde 1992.
-
Estou muito contente em poder falar de coisas que venho guardando h� oito anos
- desabafou Axl.
O
encontro aconteceu quando Axl e seu seguran�a particular descansavam � beira
da piscina do hotel, �s 11h30m de ontem, depois de o grupo se apresentar na
Cidade do Rock. Abordado por uma f�, Axl deixou que ela se sentasse � mesa e
come�ou a conversa. Em pouco tempo, um grupo de jovens cercava o cantor. O l�der
do Guns N� Roses elogiou a MPB - uma can��o interpretada por Em�lio
Santiago em um alto-falante do hotel - e respondeu a perguntas sobre o grupo:
-
Todo mundo se odiava na banda, menos eu. Slash disputava poder com (o
guitarrista) Izzy (Stradlin) porque queria assumir o comando da banda e destru�-la.
Axl
contou que o primeiro baterista do grupo, Steven Adler, drogava-se tanto que
chegava a cair da bateria durante as grava��es. S� para gravar "Civil
war", um dos hits do grupo, um solo de bateria teria sido remixado mais de
90 vezes. Segundo ele, o baixista Duff McKagan tinha ataques de p�nico nas
apresenta��es.
Com
Slash n�o era diferente. Viciado em hero�na e �lcool, o ent�o guitarrista do
grupo se recusava a concordar com os rumos da banda:
-
Nada que falasse de felicidade e amor fazia sentido para Slash. Ele odiava
"Sweet Child O� Mine" por isso. S� queria escrever m�sicas sobre
drogas e tristeza.
O
estopim da briga entre Axl e Slash foi a interna��o do guitarrista, em 1992,
devido a uma overdose:
-
Sabe aquele filme "Pulp Fiction"? Pois �, ele recebeu uma inje��o
no cora��o como aquela - disse.
Depois
de Las Vegas, o Rio foi a cidade escolhida pelo grupo para a segunda apresenta��o
da nova forma��o, que inclui os guitarristas Robin Finck, Buckethead e Paul
Tobias, o tecladista Dizzy Reed, o baixista Tommy Stinson e o baterista Brian
Mantia. Axl chegou a se emocionar ao falar sobre a paix�o dos brasileiros pelo
grupo:
-
No Brasil, temos uma aceita��o que n�o conseguimos em outros lugares do
mundo. Os brasileiros vieram ao Rock in Rio mesmo sem conhecer a nova banda e
sem saber se tocar�amos m�sicas antigas. Isso � algo a que devemos agradecer
humildemente.
Mesmo
assim, a apresenta��o no Rock in Rio mereceu cr�ticas de Axl. Segundo o
cantor, sua voz n�o estava na melhor forma por falta de sono e a banda precisa
aprender a ajustar a sonoridade para grandes shows. As expectativas da banda se
voltam para o novo �lbum, "Chinese democracy", com lan�amento
previsto para junho. O l�der garante que os f�s ser�o recompensados pela
longa espera.
Com
18 faixas, o pr�ximo �lbum do grupo - que n�o lan�a nada desde "The
Spaghetti Incident" (1993) - � uma cole��o de m�sicas, na opini�o de
Axl, "t�o boas quanto �November Rain", entre elas
"Madagascar", inclu�da no show de domingo. O CD vai incluir uma can��o
em homenagem a John Lennon - que cita o livro "O apanhador no campo de
centeio" - e outra sobre abuso sexual infantil.
Antes
de conversar com os f�s, Axl tomou o caf� da manh� com a f� Romina Aurich,
de 26 anos. O cantor, segundo ela, pediu bife com batata frita.
-
Ele tinha acabado de tomar banho e estava cheirosinho. Achei que fosse ter um
tro�o - disse.