OBS: estas respostas foram
retiradas do LIVRO DOS ESPÍRITOS
respondidas por diversos Espíritos de Luz e Superiores do Bem na
Sociedade de Paris, tais:
São
João Evangelista, Santo Agostinho, São Vicente de Paulo, São
Luís,
O
Espírito da
Verdade, Sócrates, Platão, Fénelon, Franklin, Swedenborg, e
outros.
Desgosto da vida. Suicídio
943. Donde nasce o
desgosto da vida, que, sem motivos plausíveis, se apodera de
certos
indivíduos?
"Efeito
da ociosidade, da falta de fé e, também, da saciedade.
"Para
aquele que usa de suas faculdades com fim útil e
de acordo com as suas
aptidões
naturais, o trabalho nada tem
de árido e a vida se escoa mais rapidamente. Ele lhe
suporta
as vicissitudes com tanto mais paciência e resignação, quanto
obra com o fito da
felicidade
mais sólida e mais durável que o espera."
944. Tem o homem o
direito de dispor da sua vida?
"Não;
só a Deus assiste esse direito. O suicídio voluntário importa
numa
transgressão
desta lei."
a)
- Não é sempre
voluntário o suicídio?
"O
louco que se mata não sabe o que faz."
945. Que se deve
pensar do suicídio que tem como causa o desgosto da vida?
"Insensatos!
Por que não trabalhavam? A existência não lhes teria sido tão
pesada."
946. E do suicídio
cujo fim é fugir, aquele que o comete, às misérias e às
decepções
deste
mundo?
"Pobres
Espíritos, que não têm a coragem de suportar as misérias da
existência!
Deus
ajuda aos que sofrem e não aos que carecem de energia e de coragem.
As tribulações
da
vida são provas ou expiações. Felizes os que as suportam sem se
queixar, porque serão
recompensados!
Ai, porém, daqueles que esperam a salvação do que, na sua
impiedade,
chamam
acaso, ou fortuna! O acaso, ou a fortuna, para me servir da
linguagem deles,
podem,
com efeito, favorecê-los por um momento, mas para lhes fazer sentir
mais tarde,
cruelmente,
a vacuidade dessas palavras."
a)
- Os que hajam
conduzido o desgraçado a esse ato de desespero sofrerão as
conseqüências
de tal proceder?
"Oh!
Esses, ai deles! Responderão
como por um assassínio."
947. Pode ser
considerado suicida aquele que, a braços com a maior penúria, se
deixa
morrer de fome?
"É
um suicídio, mas os que lhe foram causa, ou que teriam podido
impedi-lo, são
mais
culpados do que ele, a quem a indulgência espera. Todavia, não
penseis que seja
totalmente
absolvido, se lhe faltaram firmeza e perseverança e se não usou de
toda a sua
inteligência
para sair do atoleiro. Ai dele, sobretudo, se o seu desespero nasce
do orgulho.
Quero
dizer: se for quais homens em quem o orgulho anula os recursos da
inteligência, que
corariam
de dever a existência ao trabalho de suas mãos e que preferem
morrer de fome a
renunciar
ao que chamam sua posição social! Não haverá mil vezes mais
grandeza e
dignidade
em lutar contra a adversidade, em afrontar a crítica de um mundo
fútil e egoísta,
que
só tem boa-vontade para com aqueles a quem nada falta e que vos
volta as costas assim
precisais
dele? Sacrificar a vida à consideração desse mundo é
estultícia, porquanto ele a
isso
nenhum apreço dá."
948. É tão
reprovável, como o que tem por causa o desespero, o suicídio
daquele
que
procura escapar à vergonha de uma ação má?
"O
suicídio não apaga a falta. Ao contrário, em vez de uma, haverá
duas. Quando se
teve
a coragem de praticar o mal, é preciso ter-se a de lhe sofrer as
conseqüências. Deus,
que
julga, pode, conforme a causa, abrandar os rigores de Sua
justiça."
949. Será
desculpável o suicídio, quando tenha por fim obstar a que a
vergonha
caia
sobre os filhos, ou sobre a família?
"O
que assim procede não faz bem. Mas, como pensa que o faz, Deus lhe
leva isso
em
conta, pois que é uma expiação que ele se impõe a si mesmo. A
intenção lhe atenua a falta; entretanto, nem por
isso
deixa de haver falta. Demais; eliminai da vossa sociedade os abusos
e os preconceitos e
deixará
de haver desses suicídios."
Aquele
que tira de si mesmo a vida, para fugir à vergonha de uma ação
má, prova
que
dá mais apreço à estima dos homens do que à de Deus, visto que
volta para a vida
espiritual
carregado de suas iniqüidades, tendo-se privado dos meios de
repará-los durante a
vida
corpórea. Deus, geralmente, é menos inexorável do que os homens.
Perdoa aos que
sinceramente
se arrependem e atende à reparação. O suicídio nada repara.
950. Que pensar
daquele que se mata, na esperança de chegar mais depressa a uma
vida
melhor?
"Outra
loucura! Que faça o bem e mais cedo estará de lá chegar, pois,
matando-se,
retarda
a sua entrada num mundo melhor e terá que pedir lhe seja permitido
voltar, para
concluir
a vida a que
pôs termo sob o influxo de uma idéia falsa. Uma falta, seja qual
for,
jamais
abre a ninguém o santuário dos eleitos."
951. Não é, às
vezes, meritório o sacrifício da vida, quando aquele que o faz
visa
salvar
a de outrem, ou ser útil aos seus semelhantes?
"Isso
é sublime, conforme a intenção, e, em tal caso, o sacrifício da
vida não
constitui
suicídio. Mas, Deus se opõe a todo sacrifício inútil e não o
pode ver de bom grado,
se
tem o orgulho a manchá-lo. Só o desinteresse torna meritório o
sacrifício e, não raro,
quem
o faz guarda oculto um pensamento, que lhe diminui o valor aos olhos
de Deus."
Todo
sacrifício que o homem faça à custa da sua própria felicidade é
um ato
soberanamente
meritório aos olhos de Deus, porque resulta da prática da lei de
caridade.
Ora,
sendo a vida o bem terreno a que maior apreço dá o homem, não
comete atentado o
que
a ela renuncia pelo bem de seus semelhantes: cumpre um sacrifício.
Mas, antes de o
cumprir,
deve refletir sobre se sua vida não será mais útil do que sua
morte.
952. Comete
suicídio o homem que perece vítima de paixões que ele sabia lhe
haviam
de apressar o fim, porém a que já não podia resistir, por
havê-las o hábito mudado
em
verdadeiras necessidades físicas?
"É
um suicídio moral. Não percebeis que, nesse caso, o homem é
duplamente
culpado?
Há nele então falta de coragem e bestialidade, acrescidas do
esquecimento de
Deus."
a)
- Será mais, ou menos,
culpado do que o que tira a si mesmo a vida por
desespero?
"É
mais culpado, porque tem tempo de refletir sobre o seu suicídio.
Naquele que o
faz
instantaneamente, há, muitas vezes, uma espécie de desvairamento,
que alguma coisa
tem
da loucura. O outro será muito mais punido, por isso que as penas
são proporcionadas
sempre
à consciência que o culpado tem das faltas que comete."
953. Quando uma
pessoa vê diante de si um fim inevitável e horrível, será
culpada
se
abreviar de alguns instantes os seus sofrimentos, apressando
voluntariamente sua
morte?
"É
sempre culpado aquele que não aguarda o termo que Deus lhe marcou
para a
existência.
E quem poderá estar certo de que, mau grado às aparências, esse
termo tenha
chegado;
de que um socorro inesperado não venha no último momento?"
a)
- Concebe-se que, nas
circunstâncias ordinárias, o suicídio seja condenável;
mas,
estamos figurando o caso em que a morte é inevitável e em que a
vida só é encurtada
de
alguns instantes.
"É
sempre uma falta de resignação e de submissão à vontade do
Criador."
b)
- Quais, nesse caso, as
conseqüências de tal ato?
"Uma
expiação proporcionada, como sempre, à gravidade da falta, de
acordo com as
circunstâncias."
954. Será
condenável uma imprudência que compromete a vida sem necessidade?
"Não
há culpabilidade, em não havendo intenção, ou consciência
perfeita da prática
do
mal."
955. Podem ser
consideradas suicidas e sofrem as conseqüências de um suicídio as
mulheres
que, em certos países, se queimam voluntariamente sobre os corpos
dos maridos?
"Obedecem
a um preconceito e, muitas vezes, mais à força do que por vontade.
Julgam
cumprir um dever e esse não é o caráter do suicídio. Encontram
desculpa na
nulidade
moral que as caracteriza, em a sua maioria, e na ignorância em que
se acham.
Esses
usos bárbaros e estúpidos desaparecem com o advento da
civilização."
956. Alcançam o fim
objetivado aqueles que, não podendo conformar-se com a
perda
de pessoas que lhes eram caras, se matam na esperança de ir
juntar-se-lhes?
"Muito
diverso do que esperam é o resultado que colhem. Em vez de se
reunirem ao
que
era objeto de suas afeições, dele se afastam por longo tempo, pois
não é possível que
Deus
recompense um ato de covardia e o insulto que Lhe fazem com o
duvidarem da Sua
providência.
Pagarão esse instante de loucura com aflições maiores do que as
que pensaram
abreviar
e não terão, para compensá-las, a satisfação que
esperavam." (934 e seguintes)
957. Quais, em
geral, com relação ao estado do Espírito, as conseqüências do
suicídio?
"Muito
diversas são as conseqüências do suicídio. Não há penas
determinadas e, em
todos
os casos, correspondem sempre às causas que o produziram. Há,
porém, uma
conseqüência
a que o suicida não pode escapar; é o desapontamento. Mas,
a sorte não é a
mesma
para todos; depende das circunstâncias. Alguns expiam a falta
imediatamente,
outros
em nova existência, que será pior do que aquela cujo curso
interromperam."
A
observação, realmente, mostra que os efeitos do suicídio não
são idênticos.
Alguns
há, porém, comuns a todos os casos de morte violenta e que são a
conseqüência
da interrupção brusca da vida. Há, primeiro,
a persistência mais prolongada e tenaz do laço que une
o Espírito ao corpo, por estar
quase sempre esse laço na plenitude da sua força no momento em que
é partido, ao
passo
que, no caso de morte natural, ele se enfraquece gradualmente e
muitas vezes se
desfaz
antes que a vida se haja extinguido completamente. As
conseqüências deste estado
de
coisas são o prolongamento da perturbação espiritual, seguindo-se
à ilusão em que,
durante
mais ou menos tempo, o Espírito se conserva de que ainda pertence
ao número dos vivos. (155 e 165).
A
afinidade que permanece entre o Espírito e o corpo produz nalguns
suicidas, uma
espécie
de repercussão do estado do corpo no Espírito, que, assim, a seu
mau grado, sente
os
efeitos da decomposição, donde lhe resulta uma sensação cheia de
angústias e de horror,
estado
esse que também pode durar pelo tempo que devia durar a vida que
sofreu
interrupção.
Não é geral este efeito; mas, em caso algum, o suicida fica isento
das
conseqüências
da sua falta de coragem e, cedo ou tarde, expia, de um modo ou de
outro, a
culpa
em que incorreu. Assim é que certos Espíritos, que foram muito
desgraçados na
Terra,
disseram ter-se suicidado na existência precedente e submetido
voluntariamente a
novas
provas, para tentarem suportá-las com mais resignação. Em alguns,
verifica-se uma
espécie
de ligação à matéria, de que inutilmente procuram
desembaraçar-se, a fim de
voarem
para mundos melhores, cujo acesso, porém, se lhes conserva
interdito. A maior
parte
deles sofre o pesar de haver feito uma coisa inútil, pois que só
decepções encontram.
A
religião, a moral, todas as filosofias condenam o suicídio como
contrário às leis
da
Natureza. Todas nos dizem, em princípio, que ninguém tem o direito
de abreviar
voluntariamente
a vida. Entretanto, por que não se tem esse direito? Por que não
é livre o
homem
de por termo aos seus sofrimentos? Ao Espiritismo estava reservado
demonstrar,
pelo
exemplo dos que sucumbiram, que o suicídio não é uma falta,
somente por constituir
infração
de uma lei moral, consideração de pouco peso para certos
indivíduos, mas também
um
ato estúpido, pois que nada ganha quem o pratica, antes o
contrário é o que se dá, como
no-lo
ensinam, não a teoria, porém os fatos que ele nos põe sob as
vistas.
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