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Religião ,
sistema de crenças que estabelece e regula as relações entre os
seres humanos e as divindades. A palavra aplica-se aos sistemas que
comportam fé numa crença, obediência a um determinado código
moral e participação em cultos.
Religião, em geral, consiste num teísmo
e implica a crença em um deus pessoal, vivo, espiritual e diferente
do mundo que ele próprio criou. Existem diversas formas de teísmo:
– henoteísmo, cultua-se um único deus, mas se
reconhece a existência de outras divindades;
– monoteímo, cultua-se um único Deus e se nega a
existência de qualquer outro;
– politeísmo,
crença em muitos deuses;
– panteísmo,
crença que considera coincidente a divindade e o universo natural;
– panenteísmo, crença segundo a qual a divindade
e o universo natural coincidem, embora professe uma transcendência
de Deus diante da natureza.
A religião é, portanto, fé comunitária e
consiste em três elementos: a crença, o código e o culto ou
liturgia. Crença é a fé na revelação de Deus. Código é o
sistema de leis morais, coligidas pelos homens, que comportam
sanções e autorizações divinas. Culto é o ritual onde a
comunidade coloca sua consciência em harmonia com a mente de Deus.
Salvação
A salvação é o objetivo final da religião
salvífica, a síntese suprema, já que aceita a integração do ser
humano à comunidade divina. Em algumas religiões significa a
sobrevivência além da morte, através da ressurreição do corpo.
Após a morte, aqueles que não se incorporaram são proscritos e
enviados à geena islâmica e judaica e ao inferno cristão.
O termo geena originou-se no nome do vale Ge-Bem Hinnom,
onde eram queimadas as crianças sacrificadas a Moloch e,
também, o lixo de Jerusalém. Geena, significando inferno, é
muitas vezes citada no Alcorão.
Maomé, provavelmente, absorveu a palavra das comunidades judaicas
de Medina com as quais manteve rígido contato.
As tradições religiosas do judaísmo, cristianismo
e do islamismo sustentam a idéia de uma queda inicial.
Conseqüentemente, a vontade humana encontra-se pervertida pelo
egoísmo e pela soberba. Portanto, a salvação é impossível sem
ajuda divina. As três religiões ensinam que Deus é amor e
misericórdia e seu objetivo final é a redenção de toda a
humanidade.
Os caminhos da libertação
Na Ásia existem certas experiências espirituais
que não deveriam ser identificadas com o misticismo e, sim, com
caminhos da libertação, da emancipação da consciência humana.
Tentam superar os conceitos de mundo através do pensamento e da
linguagem. Entre os principais caminhos de libertação estão o hinduísmo,
o budismo
e o taoísmo.
Teísmo,
crença religiosa num ser supremo, fonte e sustento do Universo e
que é ao mesmo tempo diferente deste. Esta doutrina opõe-se ao ateísmo.
Ateísmo ,
doutrina que nega a existência da divindade. É claramente
diferente do agnosticismo.
Com o desenvolvimento do
conhecimento científico, o ateísmo transformou-se em uma
tendência filosófica mais natural e aceita.
Agnosticismo,
doutrina que afirma que a existência de Deus e de outros seres
espirituais não é nem certa nem impossível. A postura agnóstica
se diferencia tanto do teísmo,
que afirma a existência de tais seres, como do ateísmo,
que a nega.
Politeísmo ,
crença na existência de muitos deuses ou seres divinos. As forças
naturais, tais como as estrelas, a chuva, as montanhas e o fogo,
são, em geral, identificadas com divindades.
O politeísmo está relacionado de forma clara à crença em
diferentes filhos de demônios e espíritos, como o animismo,
o totemismo
e o culto aos antepassados. Porém, no politeísmo os espíritos
personificam divindades que pertencem a uma hierarquia cósmica
descrita nos mitos ou obras sagradas.
Animismo,
crença em seres espirituais. No século XVIII, o médico alemão
Georg Ernst Stahl recorreu a essa palavra para descrever sua teoria,
segundo a qual a alma
é o princípio vital responsável pelo desenvolvimento orgânico.
Desde fins do século XIX, o conceito passou a ser associado à antropologia;
o britânico Sir
Edward Burnett Tylor
descreveu as origens da religião e das crenças primitivas em
termos de animismo. Em sua obra Cultura animista (1871),
considerou-o como "uma definição mínima de religião".
Ao formular sua teoria, afirmou que a filosofia animista se
desenvolvia como uma tentativa de explicar as causas dos sonhos, os
transes e a morte.
Alma ,
em muitas regiões e filosofias, elemento imaterial que, junto como
o corpo, constitui o ser humano. Em geral, concebe-se a alma como um
princípio interno, vital e espiritual.
No Oriente, a alma (atmám)
define a identidade e a consciência, acrecentando-lhe uma dimensão
eterna ao ficar presa no ciclo da reencarnação até atingir a
purificação. No judaísmo
primitivo define-se a personalidade humana sem fazer uma clara
distinção entre corpo e alma. A doutrina cristã sustenta que cada
indivíduo tem uma alma imortal e que, em seu conjunto, alma e corpo
ressuscitados estarão em presença de Deus depois do Juízo Final.
Segundo o Islã,
Deus dotou de alma cada ser humano e, na hora da morte, o espírito
dos crentes é levado até ele. O islamismo divide o céu em
patamares cada vez mais sedutores e oferece, aos que morrem na
guerra santa (Jihad), a entrada imediata no melhor deles, o
sétimo. No sétimo céu existem rios de mel, campos floridos,
mulheres belas deitadas em almofadas de pérolas e jovens másculos
e sedutores.
Judaísmo ,
cultura religiosa dos judeus (povo de Israel) e uma das religiões
mais antigas do mundo. Originou-se em Israel, também conhecido como
Palestina, no Oriente Próximo. No início da década de 1990, a
população mundial de judeus atingia 18 milhões de pessoas.
Doutrinas básicas e fontes
A principal característica da religião judaica é
o monoteísmo, a crença que um só Deus, transcendente, criou o
universo. A história do povo, seus preceitos e filosofia estão
contidos na Torá,
também chamada de lei de Moisés ou lei mosaica. A Torá é
formada pelo Pentateuco, ou seja, os cinco livros que constituem a
primeira parte da Bíblia: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e
Deuteronômio. Estes cinco livros também fazem parte do Antigo
Testamento cristão.
O segundo grande conceito do judaísmo é o da aliança
ou pacto entre Deus e os judeus, pelo qual estes últimos
reconheceriam Deus como seu único senhor, comprometendo-se a
obedecer suas leis. Como recompensa, Deus reconheceria Israel como
seu povo e estaria atento a seu bem-estar. Esta visão acentua o
problema da Teodicéia (justiça de Deus) porque a
experiência histórica judaica, com bastante freqüência, tem sido
de sofrimento.
Embora as distintas formas de judaísmo estejam
enraizadas na Bíblia hebraica, chamada pelos judeus de Tanak,
seria um erro considerar o judaísmo apenas como a religião do
Antigo Testamento. O judaísmo contemporâneo deriva do movimento
dos rabinos dos primeiros séculos da era cristã na Palestina e
Babilônia, chamando-se judaísmo rabínico. Ver também Talmude.
Adoração e práticas
Para os judeus religiosos, a vida é um contínuo
ato de adoração divina. Por este motivo, eles rezam três vezes ao
dia (manhã, tarde e anoitecer) e recitam repetidas bênçãos. O
estudo da Torá também é considerado um ato de adoração.
O dia sagrado para os judeus é o Shabbat
(Sábado), no qual não se realiza nenhum trabalho.
As leis relacionadas com a alimentação estão
vinculadas ao culto do Templo de Jerusalém. Judeus não comem carne
de porco e peixes que não tenham nadadeiras ou escamas. Dos outros
animais deve-se tirar todo o sangue antes de serem ingeridos.
A comunidade judaica mantém a observância dos
acontecimentos mais significativos de uma vida: o Brit Milá
( circuncisão),
o Bar Mitzvá (maturidade legal aos treze anos, nos meninos,
e aos doze, nas meninas), o matrimônio e, finalmente, a morte.
História
O povo de Israel foi, primeiro, uma confederação
de 12 tribos encabeçadas pelos 12 filhos do patriarca Jacó
(Israel). Mais tarde, transformou-se em reino. Desde a libertação
do exílio egípcio, os judeus comemoram o fim da escravidão e a
conquista e assentamento nas terras de Canaã, a terra prometida,
para onde os guiou Javé,
o deus dos patriarcas e única divindade.
O exílio do povo de Judá na Babilônia, em 586 a.C.,
foi um marco histórico para a religião de Israel. A partir de
então desenvolveu-se a verdadeira religião monoteísta. O rei
persa Ciro, o Grande, depois de conquistar a Babilônia, em 539 a.C.,
autorizou o repatriação do povo judeu. A revolta dos Macabeus,
entre 165 e 142 a.C.,
culminou numa guerra que conquistou para o povo de Judá a
independência política dos sírios.
A vitória dos Macabeus inaugurou os oitenta anos de
independência política do povo de Judá, apesar de terem
continuado as desordens religiosas. O fervor messiânico e
apocalíptico aumentou com a invasão romana em meados do século I a.C.
Entre os anos 66 e 70 d.C,
esta exaltação religiosa provocou a eclosão de uma fracassada
revolta contra os romanos e, pela segunda vez, o Templo foi
destruído, acontecimento não menos traumático para os judeus que
a destruição do primeiro Templo, em 586 a.C.
A sinagoga e a casa de estudos rabínicos
substituíram o templo destruído. A hegemonia dos rabinos foi um
processo gradual que suplantou os desafios de todos os movimentos
anti-rabínicos. A conquista do Oriente Próximo pelas tropas
muçulmanas, no século VII, facilitou a divulgação de um
judaísmo rabínico uniforme.
O judaísmo medieval desenvolveu-se a partir de duas
culturas de grande notoriedade: a sefardita,
na Espanha, e a ashkenazi,
nas terras do Sacro Império Romano-Germânico. Durante o período
medieval, o judaísmo revitalizou-se por movimentos místicos,
éticos e piedosos. Entre estes grupos, os mais importantes foram os
judeus espanhóis do século XIII, criadores da cabala
(esoterismo judaico) e os hassidim,
alemães do século XII.
Tendências atuais
A emancipação civil dos judeus provocou mudanças
no judaísmo. O movimento reformista alemão perdeu as esperanças
de uma volta à Palestina e abandonou muitas das leis e costumes
judaicos tradicionais. A facção mais conservadora continuava
favorável à manutenção dos costumes tradicionais. Em oposição
à atitude dos reformistas, a ortodoxia moderna buscou harmonizar o
judaísmo tradicional com os novos ensinamentos.
Na Europa do leste, os judeus formaram um grupo
social numeroso e com características diferenciadas. Sua
modernização tomou forma de um nacionalismo étnico e cultural. O sionismo
foi um movimento criado para formar uma sociedade judaica moderna
nas terras bíblicas, fato que culminaria com a criação do estado
de Israel
em 1948.
O judaísmo foi seriamente afetado pelo extermínio
dos judeus pelas mãos dos nazistas, no chamado holocausto.
A fundação do moderno estado de Israel tem, além de óbvia
importância política, uma dimensão religiosa que representa a
dignidade judaica e a concretização da promessa messiânica da
"terra prometida". Durante as últimas décadas, todos os
movimentos do judaísmo procuram manter-se orientados segundo esta
idéia de Israel.
Torá
(em hebreu, Torah, "lei" ou "doutrina"), a lei
mosaica; no judaísmo, o Pentateuco,
que se apresenta em forma de rolo de pergaminho e se lê na
sinagoga. A Torá escrita, que consta dos cinco livros de Moisés
(Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio) é a pedra
fundamental da religião e da lei judaicas.
Pentateuco
(em grego penta, "cinco"; teuk,
"livro"), engloba os primeiros cinco livros do Antigo
Testamento, atribuídos a Moisés: Gênesis,
Êxodo,
Levítico,
Números
e Deuteronômio.
O termo foi utilizado pelo teólogo cristão Orígenes para designar
o que os judeus de sua época denominaram Cinco volumes da Torá
("lei" ou "ensinamento"). Pentateuco é a
tradução para o grego do termo hebreu que designa este conceito.
Gênesis ,
primeiro livro do Antigo Testamento. Seu nome se origina nas
palavras Genesis kosmou (em grego, "origem do
cosmos"), título conservado na Septuaginta. Os judeus o
denominam Be-Reshit ("No princípio").
O Gênesis relata o começo do mundo desde o momento
em que Deus "criou os céus e a terra" (Gên.1,1) até a
morte de José, o 11º filho do patriarca hebreu Jacó.
A obra pode ser dividida em duas partes. A primeira (Gên.1-11) é
dedicada à historia primitiva da humanidade e contém narrativas
sobre o primeiro homem e primeira mulher, o pecado original, a
primeira morte, o primeiro homicida, o dilúvio enviado por Deus
para destruição de todos os pecados e erros - excetuando a
família do "homem justo" (Gên.6,9) e das criaturas cuja
conservação este homem se encarregou, a confusão de idiomas e a
dispersão dos povos.
Na primeira parte do Gênesis está, também, a
primeira aliança
estabelecida por Deus com a humanidade através da pessoa de Noé
(Gên., 9;9;17). A segunda parte (Gên.12-50) centra-se, sobretudo,
no relato das vidas dos patriarcas hebreus Abraão, Isaac e Jacó,
ou seja, uma história das origens da nação hebraica.
Noé,
no Antigo Testamento, filho de Lamec, descendente de Adão
na décima geração e, por sobreviver com sua família ao dilúvio,
pai de toda a humanidade (Gên. 6-9). Segundo o relato bíblico,
Noé foi salvo por sua piedade, quando Deus, encolerizado pela
corrupção reinante no mundo, resolveu por sua destituição
através de um dilúvio que durou 40 dias e 40 noites.
Adão e Eva ,
segundo a Bíblia
e o Alcorão,
o primeiro homem e a primeira mulher, progenitores da raça humana.
Adão - em hebraico adam significa homem - foi criado "com o
pó da terra" (Gên. 2,7). Eva - em hebraico havá, a que vive,
a vivente - foi criada de uma costela de Adão e a este entregue
para ser sua mulher. O relato aparece em duas versões, Gênesis,
capítulo 1, versículos 26-27 e capítulo 2, versículos 7-8 e
18-24.
Em tempos antigos supunha-se que todas as espécies
viventes, inclusive a humana, tinham sua origem num par de
ancestrais criados diretamente por Deus. Neste aspecto, o relato
bíblico de Adão e Eva difere, apenas em detalhes, de outros mitos
similares do antigo Oriente Próximo e outras regiões. Histórias
semelhantes aparecem também em fontes mesopotâmicas antigas, como
o poema de
Gilgamesh,
datado, aproximadamente, de 2000 a.C.
No Islã, Adão é um enviado de Deus. Segundo diz o
Alcorão - e ampliam as lendas islâmicas -, Adão foi criado de
barro e argila maleável. É considerado como o primeiro Profeta
mensageiro (nabi rassul). Uma tradição islâmica conta que
Adão foi o construtor do altar sagrado, a Caaba, em Meca.
Bíblia ,
também chamada Santa Bíblia, livro sagrado ou Escrituras de judeus
e cristãos. No entanto, as Bíblias do judaísmo e do cristianismo
diferem em vários aspectos. A Bíblia judaica é composta pelas
escrituras hebraicas - 39 livros escritos em hebraico-, com
exceção de poucas partes redigidas em aramaico. A Bíblia cristã
possui duas partes: o Antigo Testamento e os 27 livros do Novo
Testamento. Os dois principais ramos do cristianismo - catolicismo e
protestantismo - estruturam o Antigo Testamento de modo diferente
(ver tabela adjunta).
Na versão primitiva, alguns dos livros adicionais
foram escritos em grego como, por exemplo, o Novo Testamento. A
tradução protestante do Antigo Testamento limita-se aos 39 livros
da Bíblia judaica. Os demais livros e adições são denominados apócrifos
pelos protestantes e deuterocanônicos
pelos católicos.
O termo Bíblia chegou ao latim do grego bíblia
ou "livros", forma diminutiva de byblos, palavra
que significa "papiro" ou "papel" material
exportado do antigo porto fenício de Biblos. Na Idade Média, os
livros da Bíblia eram unificados.
Ordem dos livros
A ordem e o número dos livros bíblicos é distinto
entre as versões judaica, protestante e católica. A Bíblia do
judaísmo divide-se em três partes:
– Torá,
ou Lei, também chamada livros de Moisés.
– Profetas ou Neviim, dividida em Profetas
Antigos e Profetas Posteriores.
– Hagiográficos ou Ketuvim que inclui os
Salmos, os livros sábios e literatura diversa.
O Antigo Testamento cristão organiza os livros
segundo seu conteúdo:
– Pentateuco, que corresponde à Torá.
– Livros históricos.
– livros poéticos ou sábios.
– livros proféticos.
O Novo Testamento inclui:
– Quatro Evangelhos (Mateus, Marcos, Lucas e
João)
– Atos dos Apóstolos que narra a história dos
primeiros tempos do cristianismo.
– Epístolas ou cartas de Paulo e outros autores.
– Apocalipse ou Livro da Revelação.
Alguns livros identificados como Epístolas, em
particular a Epístola aos Hebreus, são, na verdade, tratados
teológicos.
Inspiração bíblica
Os primeiros cristãos herdaram do judaísmo a
idéia de que as Escrituras constituíam uma fonte autorizada. De
início, não se propôs nenhuma doutrina formal acerca da
inspiração das Escrituras, como é o caso do islamismo sustentando
que o Alcorão foi ditado dos céus. No entanto, os cristãos
acreditavam que a Bíblia continha a palavra de Deus, transmitida
por seu Espírito. Primeiro, através dos patriarcas e profetas.
Mais tarde, pelos apóstolos. Os autores dos livros do Novo
Testamento recorreram à autoridade das Escrituras hebraicas para
apoiar suas alegações sobre Jesus Cristo.
Importância e influência
A Bíblia, em suas centenas de traduções, é o
livro de maior difusão na história da humanidade. Na história do
pensamento humano, a Bíblia exerceu grande influência. Não só
entre as comunidades religiosas, que a consideram sagrada. Na
verdade, a literatura, as artes e a música ocidentais têm uma
enorme dívida para com os temas, motivos e imagens da Bíblia.
O Antigo Testamento
O termo Antigo Testamento (da palavra latina para
"aliança") aplica-se à estas Escrituras para diferenciar
a "Antiga Aliança"- estabelecida por Deus com Israel - e
a "Nova Aliança" selada através de Jesus Cristo (ver
Heb.8,7).
Literatura do Antigo Testamento
Do ponto de vista literário, o Antigo Testamento -
ou seja, a Bíblia - constitui uma antologia de livros diferentes.
Não é, apenas, um livro unificado em seus autores, data de
composição ou estilo literário. Em geral, os livros do Antigo
Testamento são classificados como narrativas, obras poéticas,
escritos proféticos, códigos legais ou apocalipse.
Narrativas
Tanto no contexto, como em conteúdo, a grande
maioria dos livros do Antigo Testamento são narrativos, isto é,
referem-se a acontecimentos passados. Muitas obras narrativas do
Antigo Testamento também é História, ainda que não se ajuste à
definição científica do termo. As narrativas históricas do
Antigo Testamento são obras mais populares do que críticas, já
que os autores recorreram às tradições orais - algumas delas
pouco confiáveis - para escrever seus relatos. Além disto, todas
as narrativas foram compostas com propósito religioso. Podem,
portanto, ser chamadas de histórias de salvação, já que
seu propósito é demonstrar a participação de Deus em
acontecimentos humanos. Exemplos destas obras são a "História
deuteronômica" (do Deuteronômio até os capítulos 1 e 2 do
Livro dos Reis), o "Tetrateuco" (do Gênesis até o livro
de Números) e a "História do Cronista" (capítulos 1 e 2
dos livros Crônicas, Esdras e Nehemias). A história da sucessão
do trono de Davi (Sam., 2,9-20, I Re. 1,2) é a narração bíblica
que mais se aproxima do conceito moderno de História. O autor
presta atenção aos detalhes dos eventos e personagens e interpreta
o curso dos acontecimentos à luz das motivações humanas. Não
obstante, intui-se a intervenção divina nas entrelinhas dos
textos.
Outros livros narrativos são: "Rute",
"Jonas" e "Ester", - novelas históricas. É
provável que estes livros tenham sua origem em contos populares ou
lendas. Nos livros deuterocanônicos podem encontrar-se alguns
relatos didáticos: "Tobias", "Judite",
"Susana" e "Bel
e o dragão",
contido no "Livro de Daniel".
Obras poéticas
Entre os livros poéticos do Antigo Testamento
incluem-se os Salmos, Jó, Provérbios, Eclesiastes, Cântico dos
Cânticos, Eclesiástico (deuterocanônico) e Prece de Manassés
(apócrifo). O "Livro da Sabedoria" assemelha-se aos
livros poéticos sapienciais, embora não seja poesia. A maioria do
livros proféticos estão escritos de acordo com as regras líricas
hebraicas.
Materiais proféticos
Os profetas eram conhecidos em outras regiões do
antigo Oriente Próximo, mas nenhuma outra cultura desenvolveu um
corpo de literatura profética comparável ao de Israel. Os antigos
autores egípcios escreveram obras literárias chamadas
"profecias" mas, por sua forma e conteúdo, eram
diferentes dos livros proféticos da Bíblia. Na literatura
profética predominam os discursos, já que a atividade do profeta
consistia em difundir a palavra de Deus relativa ao futuro imediato.
As mensagens mais comuns são profecias
de castigo ou salvação. Tanto umas, como outras, estão
contextualizadas por fórmulas que identificam as palavras de Deus,
por exemplo, "oráculo de Yahvé". Em geral, a
profecia de castigo encontra suas razões na injustiça social,
arrogância religiosa ou apostasia. As profecias também costumam
detalhar a natureza do desastre - militar, peste ou outra qualquer -
que recairá sobre a nação, grupo ou indivíduo a quem será
dirigido. As profecias de salvação anunciam a iminente
intervenção de Deus para resgatar Israel. Outros discursos incluem
profecias contra nações estrangeiras, discursos de aflição que
enumeram os pecados do povo, admoestações ou advertências. A
Bíblia cristã inclui quatro profetas maiores: Isaías,
Jeremias,
Ezequiel
e Daniel
e 12 menores: Oséias,
Joel,
Amós,
Obadias,
Jonas,
Miquéias,
Naum,
Habacuc,
Sofonias,
Ageu,
Zacarias
e Malaquias.
Pertencem também à literatura profética os livros
das Lamentações
e Baruch.
Leis
A matéria legal é tão destacada nas Escrituras
hebraicas que o judaísmo aplicou o termo Torá
("Lei") aos primeiros cinco livros (Pentateuco). Os textos
legais são dominantes em Êxodo,
Levítico
e Números.
O quinto livro da Bíblia foi denominado Deuteronômio
("segunda Lei") por seus tradutores gregos, ainda que
Deuteronômio seja, em síntese, um relato das últimas palavras e
atos de Moisés. Em geral, estas leis referem-se aos problemas que
surgiam na vida diária. As leis casuísticas são similares em sua
forma - e, muitas vezes, em conteúdo - às normas recolhidas no Código
de Hamurabi e
outros códigos legais do antigo Oriente Próximo.
Escritos apocalípticos
O apocalipse, como gênero diferenciado, surgiu em
Israel no período posterior ao exílio, isto é, após o cativeiro
dos judeus na Babilônia entre 586 e 538 a.C.
Um apocalipse, ou revelação, expõe uma série de acontecimentos
futuros mediante uma detalhada resenha de um sonho ou visão.
Utiliza imagens de forte conteúdo simbólico e, freqüentemente
extravagantes, que são explicadas e interpretadas. Os escritos
apocalípticos costumam refletir a perspectiva histórica do autor,
num momento em que as forças do mal se preparavam para travar a
batalha final contra Deus, possibilitando o nascimento de uma nova
era.
Daniel é o único livro apocalíptico das
Escrituras hebraicas. Sua primeira metade (capítulos 1 a 6) é uma
série de histórias lendárias. No entanto, partes de outros livros
são, em muitos aspectos, similares à literatura apocalíptica
(Isaías, capítulo 24, versículo 27; Zacarias, capítulo 9,
versículo 14 e algumas partes de Ezequiel). Entre os apócrifos,
Esdras é um apocalipse.
Os textos e as versões antigas
Todos os tradutores contemporâneos da Bíblia
tentam recuperar o texto mais antigo e, portanto, mais fiel ao
original. Não existem originais, nem autográficas, mas centenas de
manuscritos com inúmeras versões diferentes. Toda tentativa de
determinar qual é o melhor texto de um livro ou versículo deve se
basear no trabalho meticuloso e no juízo de um estudioso da
Bíblia.
Textos massoréticos
Com respeito ao Antigo Testamento, a principal
diferença é em relação aos textos em hebraico e suas versões ou
traduções para idiomas antigos. Na língua hebraica, os
testemunhos mais importantes - e, em geral, mais confiáveis - são
os textos massoréticos, obra dos eruditos judeus (denominados
massoretas) que se encarregaram de copiar e transmitir, com
fidelidade, a Bíblia. Estes sábios, que trabalharam desde os
primeiros séculos da Era Cristã até a Idade Média, também
acrescentaram ao texto a pontuação, as vogais (o texto hebraico
original contém somente consonantes) e diversas notas explicativas.
A Bíblia hebraica padrão, utilizada atualmente, é reprodução de
um texto massorético escrito em 1088.
Existem manuscritos hebraicos de livros individuais
ainda mais antigos, cuja procedência é massorética. Muitos deles,
datados no século VI, foram descobertos em finais do século XIX na
guenizá (depósito no qual se guardavam os textos
inutilizados para evitar a profanação do nome escrito de Deus) da
sinagoga do Cairo. Numerosos manuscritos e fragmentos - muitos da
Era Pré-cristã - foram recuperados na região do mar Morto, em
1947 (ver Manuscritos
do mar Morto).
Embora muitos destes manuscritos sejam bastante tardios -
particularmente, os massoréticos -, eles conservam uma tradição
textual que remonta a cerca de um século antes da Era Cristã.
A Septuaginta e outras versões em grego
As versões mais valiosas da Bíblia hebraica são
as traduções para o grego. Em alguns casos, as versões gregas
apresentam material superior ao hebraico, já que se baseia em
textos hebraicos de épocas remotas. Alguns manuscritos gregos são
muito mais antigos que os manuscritos da Bíblia hebraica e foram
incluídos na Bíblia cristã, compilada nos séculos IV e V d.C. Os
manuscritos mais importantes são o Códice Vaticano (na
Biblioteca do Vaticano), o Códice Sinaítico e o Códice
Alexandrino (ambos se encontram no Museu Britânico).
A versão grega mais importante denomina-se Septuaginta
(em grego, ‘setenta’) porque a lenda afirma que a Torá
foi traduzida, no século III d.C., por 70 (ou 72) tradutores.
Talvez a lenda esteja certa: a primeira tradução para o grego
incluía só a Torá e, mais tarde, traduziram-se as demais
Escrituras hebraicas. Parece lógico acreditar que esta tarefa tenha
sido realizada por eruditos de diferentes concepções.
Empreenderam-se muitas outras traduções para o
grego das quais conservam-se, somente, fragmentos ou citações dos
primeiros autores da Igreja. Entre elas se incluem as versões de
Áquila, Símaco, Teodósio e Luciano. O teólogo cristão Orígenes
(século III) estudou os problemas que estas versões diferentes
apresentavam e preparou uma Héxapla, ou seja, uma crítica
textual na qual organizou, em seis colunas paralelas, o texto
hebraico, o texto hebraico traduzido para o grego e as versões de
Áquila, Símaco, Teodósio e Luciano.
Pesitta, Latina antiga, Vulgata e os Targum
Entre outras versões, merecem ser mencionadas a
Bíblia Pesitta ou síria, iniciada em torno do século I d.C. A
Latina antiga - que não foi traduzida do hebraico, mas procede da Septuaginta,
no século II-, e a Vulgata,
traduzida do hebraico para o latim por São Jerônimo, no final do
século IV d.C.
Outras versões que devem ser consideradas são os Targum
aramaicos. No judaísmo - quando o aramaico substituiu o hebraico
como idioma cotidiano -, fizeram-se as necessárias traduções.
Primeiro, para acompanhar a leitura oral das Escrituras na sinagoga.
Mais tarde, estas escrituras foram transcritas para o papel. Os Targum
não eram traduções literais e tendiam a ser paráfrases ou
interpretações do texto original.
O Novo Testamento
O Novo Testamento é constituído de 27 documentos
escritos entre 50 e 150 d.C.
e que tratam de crenças e práticas religiosas nas comunidades
cristãs mediterrâneas. Embora os originais destes documentos
fossem em aramaico (especialmente, o Evangelho de Mateus e a
Epístola aos Hebreus), todos sobreviveram através da versão
grega, idioma original em que foram redigidos.
As primeiras versões
Como o Novo Testamento foi escrito em grego, a
história da transmissão do texto e determinação do cânone
costuma ignorar estas primeiras versões. A rápida expansão do
cristianismo para além das regiões em que prevalecia o grego,
requereu traduções para o sírio, latim antigo, copta, gótico,
armênio, georgiano, etíope e árabe. As versões em sírio e latim
apareceram no século II e as traduções para o copta começaram a
aparecer no século III.
A literatura do Novo Testamento
Do ponto de vista literário, os documentos do Novo
Testamento são classificados em quatro gêneros principais:
evangelhos, história, epístolas e apocalipse. Dos quatro, só os
evangelhos são um estilo literário próprio da comunidade cristã.
Evangelhos
Um evangelho não é uma biografia, embora guarde
algumas semelhanças com as histórias de heróis, humanos ou
divinos, do mundo greco-romano. O evangelho é uma série de
resenhas individuais de fatos e palavras, organizados com o objetivo
de criar um efeito cumulativo. Aparentemente, os autores dos
evangelhos - Mateus, Marcos, Lucas e João - tiveram algum interesse
em ressaltar a ordem cronológica, embora esta não tenha sido uma
das maiores prioridades. Em maior medida, o que influenciou a
organização do material foram os temas teológicos e as
necessidades dos leitores. Por estes motivos - embora os quatro
mantenham um mesmo estilo literário e centrem-se na vida de Jesus
-, existem diferenças entre os evangelhos. À exceção dos relatos
da prisão, julgamento, morte e ressurreição de Cristo (similares
nos quatro livros), os textos diferem em perspectivas, ênfases de
interpretação e importantes detalhes.
O Evangelho de João é o único diferente. Nele,
Jesus aparece como divindade onisciente, onipotente e superior. Os
outros três denominam-se Evangelhos Sinópticos (vistos juntos)
porque apresentam variadas e numerosas coincidências, provocando
muitas hipóteses sobre suas relações. A opinião mais difundida
sustenta que o Evangelho de São Marcos foi o primeiro a ser escrito
e serviu de fonte inspiradora para Mateus e Lucas.
História
Encontra-se no Livro dos Atos dos Apóstolos - o
segundo de dois volumes, ocasionalmente denominado Atos de Lucas e
atribuído a São Lucas -, a melhor representação da narrativa
histórica no Novo Testamento. Estes dois livros relatam a história
de Jesus e da Igreja nascida em seu nome como uma narrativa
contínua, centrada na história de Israel e do Império romano. A
história se apresenta do ponto de vista teológico, isto é,
interpreta o procedimento de Deus num acontecimento ou em relação
à uma pessoa. Atos se destaca no Novo Testamento por recorrer à
narrativa histórica para veicular a fé cristã.
Epístolas
No mundo greco-romano, a epístola, ou carta,
constituía um estilo literário generalizado. Consistia na
assinatura, endereçamento, saudação, elogio, agradecimento,
mensagem e despedida. São Paulo achou este estilo análogo à
relação que mantinha com as igrejas que fundara e conveniente para
um apóstolo itinerante. Este estilo adquiriu grande popularidade na
comunidade cristã e foi empregado por muitos hierarcas. As
epístolas escritas por São Paulo e outros escritores - algumas das
quais aparecem no Novo Testamento - são sermões, exortações ou
tratados, encobertos pelo estilo do gênero epistolar. O Novo
Testamento inclui as denominadas epístolas de São Paulo: Romanos
(I e II), Coríntios, Gálatas, Efésios, Filipenses, Colossenses (I
e II), Tessalonicenses, Timóteo, Tito, Filemon, Hebreus, Tiago (I e
II), Pedro (I-II-III) João e Judas.
Escritos apocalípticos
Os textos apocalípticos aparecem em todo o Novo
Testamento, mas seu uso é predominante no livro do Apocalipse (ou
Revelação). Em geral, os apocalipses foram escritos em épocas de
graves crises de uma comunidade, tempos em que as pessoas buscam o
metafísico e olham para o futuro em busca de ajuda e esperança.
Esta literatura é visionária, simbólica e pessimista embora
reflita esperanças no que está além do material e da história.
Apócrifos,
Livros, do
grego apokryphos, "ocultos", denominação dada aos
escritos de tema bíblico aparecidos nos primeiros séculos da era
cristã, mas não considerados de inspiração divina e que, por
conseqüência, não estão incluídos no cânon da Bíblia. Dentro
de toda esta literatura, os católicos e os ortodoxos distinguem
certos livros, que denominam deuterocanônicos.
Os protestantes distinguem, por sua vez, outros livros, os
denominados pseudo-epígrafos,
que, para os católicos, são livros apócrifos.
Deuterocanônicos,
Livros,
livros incluídos no cânone bíblico da Igreja
católica e
também, com algumas exceções, no da Igreja ortodoxa, embora não
se insira no cânone hebreu. Foram incorporados ao cânone católico
pelo Concílio de
Trento, celebrado
em 1546. Sua inclusão na Bíblia fora objeto de disputas durante os
12 séculos precedentes (daí procede o termo deuteronômio,
derivado da palavra grega que significa "segundo cânone"
ou "segunda Lei"). Os livros do Deuteronômio do Antigo
Testamento são: Judite, Sabedoria, Tobias, Sirach (ou Eclesiastes),
Baruc, primeiro e segundo livros de Macabeus e algumas seções de
Ester e Daniel. A Igreja ortodoxa tem um cânone similar, ainda que
rechace o Livro de Baruc e tenha incluído o terceiro livro de
Macabeus e um salmo, o 151, que aparece em alguns manuscritos da
tradição grega do Antigo Testamento.
Católica,
Igreja (do
latim catholicu, universal) designa a Igreja
Católica Apostólica Romana,
fundada por Jesus Cristo (somente e unicamente de acordo com a
própria Igreja Católica), e cuja cabeça visível
é o papa.
ATENÇÃO: NÃO
EXISTE,
nenhum trecho, ou parágrafo, ou versículo ou capítulo na BÍBLIA,
que fala ou descreve que JESUS CRISTO fundou a IGREJA CATÓLICA
APOSTÓLICA ROMANA ou QUALQUER RELIGIÃO, pois JESUS CRISTO, NÃO
fundou nenhuma religião. Veio apenas para testemunhar as leis e dá
como verdade a existência da Poderosíssima Natureza do
Cosmos Universal, Deus.
Para maiores informações verifiquem na própria Bíblia, ou nos
documentários de estudos científicos e pesquisas feitos pela
DISCOVERY (BBC), THE HISTORY (BBC) ou qualquer outra fonte
cientifica de respeito mundial.
Pseudoepígrafos
(do grego pseudepigraphos, ‘falsamente atribuídos’), escritos
judeus e cristãos que apareceram na época final do Antigo
Testamento e avançaram na Era Cristã. Foram atribuídos, por seus
autores, a grandes figuras e autoridades religiosas do passado.
Protestantes e judeus costumam utilizar o termo pseudoepígrafos
para denominar as escrituras que os católicos denominam Apócrifos.
Ou seja, escritos judeus tardios que os especialistas consideram
extracanônicos. Entre estas obras estão o Livro dos Jubileus, os
Salmos de Salomão, o quarto livro de Macabeus, o livro de Enoc, o
quarto livro de Esdras, o Apocalipse de Baruch
e os Testamentos dos 12 Patriarcas, todos atribuídos a
personalidades canônicas do Antigo Testamento, datados entre o
Antigo e o Novo Testamento e não conservando versões originais em
hebraico ou aramaico. Fragmentos de outros pseudoepígrafos têm
aparecido entre o material descoberto em Qumran.
Bíblica, Ciência ,
estudo da Bíblia
no qual se aplicam todos os recursos do conhecimento contemporâneo
que possam contribuir para a compreensão de seu significado exato.
Diferencia-se de outros enfoques da Bíblia, como o dos devotos, ou
o que se centra, exclusivamente, em sua apreciação literária.
Ao contrário da literatura de outras religiões, a
Bíblia tem sido sujeita a críticas e correções. Sem dúvida,
estas críticas surgiram porque judeus e cristãos concebem a
religião como elemento histórico, um produto de acontecimentos
autênticos. Embora a grande maioria dos textos do Antigo e do Novo
Testamento sejam anônimos, sempre foram atribuídos a um autor
humano. Por isto, considera-se legítima sua avaliação.
A erudição bíblica pré-crítica
A preocupação dos antigos eruditos bíblicos
judeus e cristãos era conciliar as disparidades provocadas pelos
autores com a afirmação de que a Bíblia era um produto da
inspiração divina, ditado pessoalmente por Deus ou sugerido
através de sonhos, visões e aparições. A tendência era insistir
no elemento divino em detrimento do humano. Os primeiros rabinos da
Palestina e Babilônia (200-500 d.C.)
- cujas discussões se conservam nas tradições judaicas compiladas
no Talmud (em hebraico, "instrução") - pretendiam
alcançar coerência não só entre as muitas afirmações bíblicas
mas também entre a Bíblia e o próprio judaísmo, religião
considerada uma interpretação divina do Antigo Testamento. Para
alcançar esta coerência, foram realizadas tipos de argumentação
que, à luz das regras modernas da explicação textual, parecem,
freqüentemente, distorcidos e arbitrários (ver Mischná
e Talmude).
No mundo helênico o erudito judeu Fílon
esforçou-se, igualmente, em demostrar a correspondência do Antigo
Testamento com a concepção de mundo de filósofos e cientistas
gregos. Para lograr esta reconciliação, Fílon recorreu à alegoria,
processo interpretativo no qual se descarta o significado
superficial ou literal de um texto em favor do significado oculto
mais profundo (neste caso, divino) e que só é percebido por
iniciados.
A maioria dos primeiros Padres
da Igreja cristã
utilizaram o mesmo método. Estavam convencidos que o significado
real do Antigo Testamento desembocara no Novo Testamento e nas
interpretações cristãs posteriores. Os primeiros intérpretes do
Novo Testamento inclinavam-se a tratar a totalidade do Antigo
Testamento como livro cristão, em que tudo o que se faz ou se diz
tem um significado na medida em que simboliza ou profetiza aquilo
que, mais tarde, se cumprirá em Cristo e em sua Igreja (ver Apócrifos
do Novo Testamento).
Atualmente, alguns comentaristas cristãos continuam
avaliando o Antigo Testamento por sua relevância para a Igreja
cristã, atitude do Concílio
Vaticano II, pelo
menos nas partes de sua doutrina concernentes às Escrituras. Esta
posição gera tensões, entre elas o método histórico-crítico
que estuda a Bíblia como obra literária escrita pelo homem de
acordo com estilos e convenções literárias da época.
Modalidades críticas
Qualquer um que examine a Bíblia deve, primeiro,
assegurar-se que o texto é o mais exato possível. Precisa,
também, estar consciente de que a tradução é uma forma de
interpretação em que se deve determinar o significado do texto
antes de expressá-lo em outra língua. Os críticos, inclusive no
período pré-cristão, trabalhavam com material traduzido e, tanto
eles como os especialistas posteriores, compreenderam a necessidade
de se remontar os textos a suas formas originais para fixar seu
primeiro significado. Por isto, grande parte da primeira crítica
dos textos foi dedicada à determinação de sua exatidão. Os
reformistas protestantes desejavam ver a Bíblia nas mãos dos
laicos e os tradutores dos séculos XVI e XVII aplicaram-se na busca
de manuscritos para garantir as melhores versões. A partir de suas
investigações e de manuscritos descobertos no século XVIII,
desenvolveram-se os métodos atuais da crítica de textos.
A crítica textual pretende estabelecer o que se
escreveu nas versões originais, independente de seu significado ou
relevância. A crítica textual serve-se de dois métodos:
critérios externos e internos. Os critérios externos consistem nas
características físicas dos próprios manuscritos: seu material,
antigüidade, estilo de escritura e sua história. Nestes
manuscritos podem ser achadas milhares de leituras diferentes - em
90% dos casos trata-se de questões incidentais, como, por exemplo,
a substituição de um sinônimo por outro - o estudo textual
interno resolvem com facilidade.
A crítica histórico-literária enfatiza as
questões de interpretação e de relevância, já que se preocupa
com quem escreveu o livro, em quais fontes se baseou o autor, em que
medida se tratam de fontes fidedignas, o acontecido a estas fontes
durante o processo de transmissão e edição e como se alterou a
mensagem da palavra bíblica no transcurso deste processo. Em
síntese, este método coloca as mesmas interrogações sobre
fidelidade e legitimidade que formularia alguém que tentasse
determinar a credibilidade de uma afirmação oral ou escrita
procedente do passado. A crítica formal é outra dimensão do
método histórico-literário. Este conceito se baseia na hipótese
de que um texto literário se expressa de diversos modos. Pode-se
tanto relatar o mesmo acontecimento num estilo poético quanto
restringir-se a, apenas, registrar os fatos. Cada forma
lingüística literária tem sua própria legitimidade. Portanto, a
existência de uma ampla variedade formal na Bíblia ajuda a
defender a "verdade" bíblica contra as objeções de que
seu texto está longe de ser uma narrativa uniforme, simples e sem
adornos dos fatos.
A crítica estilística é outro aspecto do método
histórico-literário que passou do Antigo para o Novo Testamento,
questionando procedimentos e motivações dos copistas que
trabalharam durante um período de tempo.
A crítica estilística limita-se a afirmar que o
significado bíblico se desenvolveu nas diversas fases da historia
da comunidade da fé geradora dos textos bíblicos. A tarefa do
intérprete consiste em decidir a que época do tempo se refere o
sentido último do texto.
O estruturalismo, evolução recente na crítica
literária, enfatiza o texto em sua forma final e acabada,
desviando-se, assim, de sua história. Estuda, também, a
correspondência da Bíblia com as literaturas de outras culturas,
como se evidencia a partir das estruturas comuns que estes textos
assumem ao relatar histórias semelhantes. Sua relevância para a
interpretação é significativa, já que tenta chegar a uma
psicologia humana universal, sugerindo que um texto pode significar
algo além da compreensão de seu autor.
Cristianismo ,
é a religião mais abrangente do mundo. Seu número de membros é
superior a 1,7 bilhão, distribuídos por todo o planeta.
Principais ensinamentos
Por ser um fenômeno complexo, é mais fácil
descrever o cristianismo sob uma perspectiva histórica. Um dos
elementos essenciais é a figura de Jesus
Cristo, cujas
referências históricas encontram-se nos Evangelhos ou Novo
Testamento.
Desde o princípio, o caminho para a iniciação no
cristianismo tem sido o batismo.
Outro ritual, aceito por todos os cristãos, é o da eucaristia,
na qual os membros compartilham pão e vinho — ou de uma hóstia
consagrada em que, o pão e o vinho, transformam-se no corpo e
sangue de Jesus Cristo (mistério da transubstanciação).
Atualmente, a comunidade cristã relaciona-se fraternalmente com
todas as outras igrejas cristãs não-católicas. Ver também
Movimento
ecumênico, Protestantismo
e Igreja Ortodoxa.
Culto
A fé é a primeira condição para o culto
cristão. Todos os cristãos, de diferentes tradições, têm
destacado a importância da devoção e da oração individual. Uma
oração utilizada pelos católicos — e, também, por cristãos de
diferentes seitas — é o Pai-Nosso,
ensinada por Jesus e que pode ser lida nos Evangelhos.
Desde o século IV, as comunidades cristãs têm
construído templos, edificações destinadas ao culto. Estes
templos são um importante marco na história da arquitetura e das
artes em geral. Ver também Basílica,
Igreja
(arquitetura), Arte
e arquitetura paleocristãs,
Hino
e Oração.
História
Quase todas as informações sobre a vida de Jesus e
as origens do cristianismo provêm de seus discípulos. A lembrança
de suas palavras e ações, transmitidas através dos Evangelhos,
mencionam os dias que Jesus passou na Terra. Os discípulos e
seguidores de Cristo concluíram que o que ele demonstrava ser,
através de sua ressurreição, confirmava a sua natureza divina. Os
evangelistas (Mateus, Marcos, João e Lucas) inspiraram-se na
linguagem das Escrituras ou Bíblia
hebraica — chamada pelos cristãos de Antigo Testamento — para
compor um relato sobre a realidade de Jesus Cristo. Estes
judeus-cristãos, acreditando ser vontade e ordem de Deus que se
unissem para formar uma nova comunidade religiosa, salvadora do povo
de Israel, fundaram a primeira Igreja em Jerusalém. Consideravam
que aquela cidade era a mais apropriada para a nova igreja receber o
prometido: o dom do Espírito
Santo e de uma
renovação espiritual.
O início da Igreja
Jerusalém era o núcleo do movimento cristão. A
partir deste centro, o cristianismo espalhou-se para outras cidades
e povoados da Palestina e locais ainda mais distantes. No
princípio, a maioria das pessoas que se uniam ao movimento cristão
eram seguidores do judaísmo, como o próprio Cristo. Por isto, o
cristianismo inicial manifestou-se como uma relação dual da fé judaica:
uma relação de continuidade e ao mesmo tempo de realização, de
antítese, e também de afirmação.
Um fator importante que levou o cristianismo a
distanciar-se das raízes judaicas foi a mudança na composição da
Igreja, ocorrida mais ou menos no final do século II. Nesta época,
os cristãos não judeus começaram a superar, em número, os
cristãos judeus. O trabalho do apóstolo Paulo
teve grande influência na ruptura definitiva entre judaísmo e
cristianismo. As cartas enviadas por Paulo a Timóteo e a Tito
mostram o início de uma organização baseada na transmissão da
autoridade da primeira geração de apóstolos — entre os quais se
inclui Paulo — aos bispos subseqüentes.
Perseguição
O cristianismo teve, em primeiro lugar, que
consolidar sua relação com a ordem política. Dentro do Império
romano e como seita judaica, a Igreja cristã primitiva compartilhou
o status do judaísmo. Mas, antes da morte do imperador Nero,
em 68, o cristianismo já era considerado rival da religião
imperial romana. A lealdade demonstrada pelos cristãos perante seu
Senhor, Jesus, era incompatível com a veneração do imperador,
encarado como divindade. Além disso, imperadores, como Trajano e
Marco Aurélio, viam no cristianismo uma ameaça a seus propósitos
e decidiram extingüi-lo.
A oposição à nova religião criou o efeito
inverso ao que se pretendia. No início do século IV, o mundo
cristão havia crescido tanto que obrigou Roma a tomar uma decisão:
erradicá-lo ou aceitá-lo. O imperador Diocleciano tentou eliminar
o cristianismo, mas fracassou. O imperador Constantino optou por
contemporizar, convertendo-se ao cristianismo como uma manobra
política. Esta atitude acabou criando o império cristão: a nova
religião se apossou da infra-estrutura burocrática romana,
utilizou-a para seus propósitos e ritos e se apoderou do mundo. O
sucessor de Constantino, seu sobrinho Juliano, tentou inverter este
processo, revalorizando a antiga religião romana, mas encontrou
imensa resistência, falhando em sua intenção. Juliano foi
assassinado durante uma batalha contra os persas, por um cristão
contratado para protegê-lo.
O cristianismo no Oriente
Um dos atos do imperador Constantino, com maior
repercussão no mundo cristão, foi a decisão, no ano 330, de
deslocar a capital do Império, de Roma para Bizâncio, na
extremidade oriental do Mar Mediterrâneo. A nova capital,
Constantinopla (atual Istambul), transformou-se no centro
intelectual e religioso do mundo cristão do Oriente. Enquanto isto,
o mundo cristão do Ocidente experimentava uma centralização
progressiva representada por uma pirâmide cujo topo pertencia ao
papa de Roma. Ver também papado.
Todos os traços do cristianismo do Oriente
contribuíram para seu afastamento do Ocidente, o que acabou
culminando no cisma entre Leste e Oeste. Os historiadores datam o
cisma a partir de 1054, quando Roma e Constantinopla trocaram
excomunhões. Também é possível afirmar que o cisma ocorreu em
1204, quando — com o objetivo de arrebatar a Terra Santa do
domínio otomano (ver Cruzadas)
— os exércitos do Ocidente atacaram e destruíram a cidade
cristã de Constantinopla. Ver também Império
bizantino, Igreja
do Oriente, Igrejas
de ritual oriental,
Igreja Ortodoxa.
O cristianismo no Ocidente
Embora o cristianismo do Oriente fosse, em muitos
sentidos, o herdeiro da primitiva igreja cristã, uma parte do
desenvolvimento mais dinâmico aconteceu na região ocidental do
Império romano. Roma mantinha esta posição quando as sucessivas
invasões de tribos bárbaras assolaram a Europa. Em 800, quando o
papa Leão III coroou o imperador Carlos Magno, nasceu um novo
império soberano no ocidente: o Sacro
Império Romano-Germânico.
A cooperação entre a Igreja e o Estado durante a
Idade Média — simbolizada pela coroação de Carlos Magno pelo
papa — não deve ser interpretada como uma relação pacífica.
Porém, existiu uma grande cooperação entre a Igreja e o Estado
durante as Cruzadas. A conquista muçulmana de Jerusalém significou
a queda de lugares santos em mãos infiéis e as Cruzadas, que já
não serviam para unificar o ocidente, tampouco lograram restaurar o
cristianismo, de forma permanente, na Terra Santa.
A Igreja medieval obteve um triunfo importante
durante este período: o desenvolvimento da filosofia e da teologia escolástica,
principalmente por São Tomás de Aquino, baseando-se em Aristóles.
Ao mesmo tempo, o grande
cisma do Ocidente,
durante o qual houve dois — e, às vezes, até três aspirantes ao
trono papal — ameaçaram a igreja ocidental. Este litígio durou
até 1417, quando o papado voltou a ser reunificado.
A Reforma e a Contra-Reforma
Houve reformistas de várias tendências, como John
Wycliffe, João
(Jan) Hus e Girolamo Savonarola que denunciaram o enfraquecimento
moral e a corrupção econômica da Igreja e desejaram mudar,
radicalmente, esta situação. O reformista Martinho
Lutero foi a
figura catalisadora que acelerou o novo movimento. Sua luta pessoal
levou-o a questionar a autoridade da Igreja de Roma. Sua
excomunhão, pelo papa Leão X, foi um passo que culminou na
divisão do mundo cristão ocidental. Eclodiram movimentos
reformistas na Suíça que, rapidamente, encontraram apoio e
liderança em Ulrich
Zwingli e,
especialmente, de João
Calvino, cujo
pensamento contribuiu para o surgimento dos huguenotes
na França. Ver também Calvinismo,
Luteranismo
e Presbiterianismo.
A Reforma protestante não foi suficiente para
esgotar o espírito renovador da Igreja Católica. Como resposta ao
desafio, a Igreja convocou o Concílio
de Trento, cuja
duração foi do ano 1545 até 1563. A responsabilidade de levar
adiante as decisões tomadas no concílio coube à Companhia
de Jesus. Ver
também Contra-Reforma
e Reforma.
O período moderno
Durante o século XVI, quando aconteceu a Reforma
— mas, principalmente, nos séculos XVII e XVIII — já estava
claro que o cristianismo seria obrigado a se definir em resposta ao
crescimento da ciência e filosofia modernas. A condenação pela Inquisição
de Galileu
Galilei, acusado
de heresia, encontrou seu equivalente nas controvérsias
protestantes sobre a teoria da evolução
versus o relato bíblico da criação.
Como resultado, o cristianismo teve que redefinir
sua relação com a ordem civil. Ficara evidente que era preciso
fazer uma reconsideração da interrelação das tradições de
diversos grupos cristãos com outras tradições religiosas. O
estudo da transcendência destes dois conflitos desempenhou um
importante papel durante os séculos XIX e XX.
Foi o movimento
ecumênico que
mais fortemente conseguiu unir os distanciados grupos cristãos. No Concílio
Vaticano II, a
Igreja Católica deu importantes passos a favor de uma
reconciliação com a Igreja do Oriente e com os protestantes.
Durante os últimos 25 anos, os movimentos
missionários da
Igreja têm levado a fé cristã pelo mundo. As adaptações aos
costumes nativos geram problemas teológicos mas, cada vez mais,
atraem novos adeptos.
Jesus Cristo
(nascido entre 8 e 4 a.C.
e 29 d.C.),
personagem principal do cristianismo,
nascido em Belém, Judéia. Para os cristãos, Jesus é o Filho de
Deus, concebido por Maria,
mulher de José.
As principais fontes de informação sobre sua vida encontram-se nos
Evangelhos.
Todos os Evangelhos sinópticos - os três
primeiros, de Mateus, Marcos e Lucas, assim chamados por
apresentarem uma visão similar da vida de Cristo - relatam que
Jesus iniciou sua vida pública depois da prisão de João
Batista que o
batizou no rio Jordão. Após o batismo e o retiro no deserto, Jesus
voltou à Galiléia, transferiu-se para Cafarnaum e começou a
pregar. Quando o número de seguidores cresceu, escolheu 12
discípulos. Com
eles, estabeleceu sua base em Cafarnaum e viajou pelas cidades
próximas proclamando a chegada do reino de Deus. Sua ênfase na
sinceridade moral - mais do que na observância rígida do ritual
judaico - provocou a inimizade dos fariseus.
O momento mais importante de sua vida pública ocorreu em Cesaréia
de Fili, quando Simão, depois chamado Pedro,
comprovou que Jesus era o Cristo. Esta revelação, a posterior
predição de sua morte e ressurreição, as condições da missão
que seus discípulos deviam cumprir e sua transfiguração,
constituem a base principal das crenças cristãs.
Na época da Páscoa judaica, Jesus fez sua última
viagem a Jerusalém. Os sacerdotes e escribas (Jo. 11;48),
conspiraram com Judas
Iscariotes para
prendê-lo. Jesus celebrou a ceia da Páscoa (Mt. 26;27), abençoou
o pão e o vinho anunciando que, quando fiéis se reunissem e
repetissem aquele gesto, "farão em memória de mim" e
advertiu a seus discípulos sobre a iminente traição e morte.
Desde então, este ritual, a Eucaristia,
constitui o principal sacramento da Igreja. Depois de preso, Jesus
foi conduzido ao Conselho Supremo Judaico onde Caifás
pediu que Jesus declarasse se era "o Messias, o filho de
Deus" (Mt. 26,63). Por esta declaração, Jesus foi condenado
à morte, sentenciado por Pôncio
Pilatos. Após
ser torturado, Jesus foi levado ao Gólgota e crucificado.
"Maria Madalena e Maria, mãe de Tiago" (Mc.
16,1), indo ao sepulcro para ungir seu corpo antes de o enterrarem,
encontraram-no vazio e receberam, através de um anjo, o anúncio de
sua ressurreição. Conforme o Novo Testamento, este fato
converteu-se numa das doutrinas essenciais da cristandade. Todos os
evangelhos assinalam que, após a morte e ressurreição, Jesus
continuou a pregar a seus discípulos. Lucas (24;50,51) e os Atos
dos Apóstolos (1;2,12) relatam sua ascensão aos céus, 40 dias
após a ressurreição.
Na história do cristianismo, a vida e ensinamentos
de Jesus foram, muitas vezes, tema de discussão e de diferentes
interpretações. Definir sua natureza tornou-se objeto de uma
disciplina chamada Cristologia.
Evangelho ,
cada um dos quatro relatos da vida e ensinamentos de Jesus
e que, juntos, compõem o Novo Testamento. Durante os serviços
religiosos das Igrejas cristãs, lêem-se ou cantam passagens
escolhidas destes livros. A palavra evangelho tem sua origem no
termo grego evangelion ("boa nova"). Em geral, os
especialistas concordam que os quatro Evangelhos foram escritos em
grego e seus autores, talvez, tenham utilizado fontes aramaicas
orais ou escritas mais antigas que conservavam as palavras e os
discursos reais de Jesus.
Evangelhos sinópticos
Os três primeiros Evangelhos - Mateus,
Marcos
e Lucas
- denominam-se sinópticos por apresentarem uma perspectiva similar
da vida e pregação de Jesus. Narram quase os mesmos feitos,
coincidindo, muitas vezes, na narrativa dos acontecimentos. Utilizam
um vocabulário idêntico, empregando as mesmas palavras.
João
O Evangelho atribuído a João Evangelista difere,
em muitos aspectos, dos sinópticos. Vários feitos mencionados em João
não aparecem em nenhum dos sinópticos, enquanto outros, citados
nos sinópticos, não foram registrados em João. Além disto,
alguns fatos semelhantes aparecem, em capítulos diferentes, na
narrativa de João. Os especialistas bíblicos modernos concordam
que o Evangelho de João foi redigido depois dos sinópticos. No
entanto, não conseguem concordar se o autor do Evangelho segundo
São João conhecia, ou não, os Evangelhos sinópticos. Em caso
positivo, discutem se estes foram utilizados como fonte. Alguns
estudiosos acreditam ser possível que o autor tenha conhecido
Marcos e Lucas e que tenha se inspirado em seus respectivos
Evangelhos.
Uso litúrgico
No sentido litúrgico, o termo evangelho aplica-se
aos textos breves, selecionados dos quatro Evangelhos, que se lêem
ou cantam entre a Epístola e o Credo, na missa católica e no
serviço anglicano.
João
Batista (entre o ano 8 e o 4 a.C.
até o 27 d.C.),
segundo os quatro Evangelhos, precursor de Jesus
Cristo, nascido
na Judéia. Pregou a penitência e batizou
seus seguidores no rio Jordão. Com o batismo de Jesus, alcançou
seu objetivo como precursor do Messias. Morreu decapitado a pedido
de Salomé
(Mt. 14,3-11).
Batismo ,
nas igrejas cristãs, ritual de iniciação, ministrado com água em
nome de Cristo ou da Trindade
(Pai, Filho e Espírito Santo). A maioria das igrejas considera o
batismo um sacramento
e as igrejas ortodoxa e batista o ministram através da imersão
total.
A água era utilizada como símbolo de purificação
e a lei judaica estabelecia seu uso como ritual de limpeza. Antes do
século I a.C.
pedia-se aos convertidos ao judaísmo que se banhassem como sinal de
aceitação da Aliança. João Batista conclamou os judeus a se
batizarem no rio
Jordão para
remissão dos pecados.
Jesus foi batizado por João Batista no começo de
sua pregação pública (Marcos 1, 9-11). Embora não fique claro se
o próprio Jesus batizou algum seguidor, ele ordenou a seus
discípulos que pregassem a verdade, batizando os povos para a
remissão dos pecados e como sinal da vinda do Reino de Deus.
Trindade,
Santíssima,
na teologia cristã, doutrina que afirma a existência de Deus
como três pessoas — Pai, Filho e Espírito
Santo — unidas
em uma mesma substância ou ser único. Apesar dessa fusão das
três pessoas em uma só, sempre se deu uma certa primazia ao Pai,
de quem procedem as outras duas pessoas. Para uma adequada
compreensão da concepção trinitária de Deus, as distinções
entre as pessoas da Trindade não devem ser tão definidas a ponto
de parecer ou sugerir uma pluralidade de deuses, nem permitir que
essas distinções desapareçam em um monismo abstrato e
indiferenciado.
Deus ,
o ser supremo, princípio gerador do mundo nas religiões. Para o monoteísmo,
um único Deus é o criador e origem de todas as coisas existentes,
sendo descrito com atributos de perfeição: infinitude,
imutabilidade, eternidade, bondade, conhecimento e poder.
Deus pode ser transcendente — isto é,
estar acima do mundo — ou imanente, presente em todo o
universo. Nas grandes religiões monoteístas, Deus é venerado como
uno, como a suprema unidade criadora de todas as coisas. O politeísmo
ou crença em vários divindades, atribui a cada uma delas
influência nas diferentes ordens do universo.
Para o judaísmo,
o ser humano foi feito à "imagem e semelhança" de Deus
(Jeová). A compreensão hebraica de Deus é essencialmente
antropomórfica e inclui a idéia de que Deus é rei, juiz e pastor.
O cristianismo
assumiu o deus hebraico e, com o tempo, as escrituras judaicas se
tornaram no Antigo Testamento para os cristãos. No Novo testamento,
Jesus foi enaltecido como pastor divino, criando-se, assim, tensão
com a tradição monoteísta do judaísmo. A solução para o
problema foi o surgimento da doutrina - existente em outras crenças
anteriores - de Deus trino, a Trindade.
O Espírito Santo
— a igreja cristã ocidental afirma que o Espírito Santo provém
do Pai e do Filho enquanto a oriental garante proceder só do Pai,
controvérsia do filioque
que deu origem ao cisma entre as igrejas cristã romana e cristã
ortodoxa. O Espírito Santo é a Graça e é sobrenatural e
transcendente. Aliás, quem encarna é o Filho, o que revela sua
imanência.
Para o Islã,
Deus é Alá,
pessoal, transcendente e único. Sua representação é proibida em
qualquer forma de ser vivo. A principal crença islâmica é a
proclamação "Não há outro Deus senão Alá, e Maomé é seu
único profeta".
No hinduísmo,
o Ser sagrado é Brahma,
realidade única, eterna e absoluta. São reconhecidos muitos
deuses, mas todos são manifestações de Brahma. Os três
deuses principais,encarregados da criação, preservação e
destruição, unem-se em Trimurti, ou os três poderes,
antecedente da Trindade cristã.
A Realidade Última, ou Ser Sagrado, constitui a
ordem cósmica impessoal. No budismo mahayana da China e do
Japão, o próprio Buda
foi transformado em ser divino. O politeísmo
se desenvolveu no Egito, Mesopotâmia, Grécia e Roma, a partir da
crença em várias forças espirituais: o animismo.
Fundamentos para a crença em Deus
Dependendo dos períodos históricos e culturais, as
concepções de Deus variam de forma considerável. Mas a fé em um
Ser Sagrado predominou em quase todas as sociedades. Entretanto,
esta crença tem sido submetida a dúvidas através de doutrinas
como o ceticismo,
o materialismo,
ateísmo
e outras formas de descrença.
O teólogo do século XIII, São
Tomás de Aquino,
propôs cinco provas para a existência de Deus que ainda são
aceitas de forma oficial pela Igreja
Católica:
– a realidade da mudança requer um agente de
mudança;
– a cadeia do acaso precisa basear-se numa causa
primeira que não é causada;
– os fatos contingentes do mundo (fatos que podem
não ter sido como são) pressupõem um ser necessário;
– Observa-se uma gradação nas coisas desde o
ponto mais alto até o mais baixo e isto aponta para uma realidade
perfeita, no ponto mais alto da hierarquia;
– a ordem e o desenho da natureza solicitam, como
fonte, um ser que possua a mais alta sabedoria.
Emmanuel Kant
rejeitou e refutou os raciocínios de Tomás de Aquino, sustentando
a necessidade da existência de Deus como garantia de vida moral. Em
última instância, a crença em Deus é um ato de fé que necessita
estar enraizado na experiência pessoal.
Monoteísmo,
crença na unidade da divindade, ou em um único Deus.
Por causa daqueles que acreditam que a doutrina cristã da Trindade
é incompatível com o monoteísmo, alguns grupos resistem a ela em
favor do unitarismo.
Unitarismo,
forma de cristianismo que nega o dogma da Trindade porque sustenta
que Deus existe em uma só pessoa. Na época da Reforma,
teólogos europeus começaram a questionar a doutrina da Trindade,
mas a crença unitária só foi tolerada na Transilvânia e na
Polônia. Negam também a expiação delegada, a divindade de Jesus
Cristo, o pecado original e o castigo eterno. Celebram a eucaristia,
como recordação da morte de Jesus, e o batismo das crianças.
Eucaristia ,
literalmente, Ação de Graças. Designa o pão da sagrada
comunhão, principal ritual da religião católica onde o pão e o
vinho são consagrados
por um padre. A Eucaristia é tomada por este e pelos membros da
congregação em obediência à ordem de Cristo
na Última Ceia. Nas igrejas ortodoxa e católica, a eucaristia é
considerada um sacramento
que realiza a união de Cristo com os fiéis.
A idéia da presença de Cristo na eucaristia é
intrínseca à fundação do cristianismo. São
Tomás de Aquino
retornou ao tema e instituiu a palavra transubstanciação.
A doutrina eucarística lembra o sacrifício que
envolve o sacramento, já que relaciona a eucaristia com a morte de
Cristo na cruz. As igrejas ortodoxa, católica e anglicana têm
mostrado que a eucaristia é uma forma de os crentes participarem do
sacrifício de Cristo e da nova aliança com Deus.
A eucaristia também pode se chamar pão
eucarístico, sagrada comunhão e liturgia
divina.
Religiões
mediúnicas
São aquelas
cujos rituais são realizados com seus sacerdotes em transe. Entre
elas, o candomblé, a umbanda e as várias seitas do
espiritismo. Na umbanda e candomblé, um iniciado - ou filho de
santo - recebe um espírito, entrando em estado de
semi-consciência. Ou, como se diz na linguagem religiosa, fica
"virado no santo". Quando o ritual é de candomblé, o orixá
(divindade africana, especialmente jejê-nagô, das religiões
afro-brasileiras) expressa-se através de gestos, dança, cantando
ou falando. Nas seitas espíritas, as entidades aconselham, benzem e
realizam processos de cura de males físicos e espirituais. Além do
aspecto místico, muitas destas religiões exercem práticas
mágicas (ebó) e adivinhatórias, entre elas, o jogo
de búzios. As
religiões mediúnicas baseiam-se na relação utilitária entre os
homens e os deuses.
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