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- ESPIRITISMO KARDECISTA -
(RELIGIÃO CRISTÃ ESPÍRITA KARDECISTA)

 
 

ESTUDO DAS RELIGIÕES
(PARTE 1)

 

 
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Religião
Teísmo

Ateísmo

Agnosticismo

Politeísmo

Animismo
Gênesis
Noé

Adão e Eva

Bíblia

 

Livros Apócrifos
Livros Deuterocanônicos

Igreja Católica

Pseudoepígrafos
 
Ciência Bíblica

Cristianismo

Jesus Cristo

Evangelho

Batismo

Santíssima
Torá

 

Trindade
Deus

Monoteísmo

Unitarismo

Eucaristia

João Batista

Judaísmo

Pentateuco
 
Religiões mediúnicas

Alma

 



 


Religião, sistema de crenças que estabelece e regula as relações entre os seres humanos e as divindades. A palavra aplica-se aos sistemas que comportam fé numa crença, obediência a um determinado código moral e participação em cultos.

Religião, em geral, consiste num teísmo e implica a crença em um deus pessoal, vivo, espiritual e diferente do mundo que ele próprio criou. Existem diversas formas de teísmo:

– henoteísmo, cultua-se um único deus, mas se reconhece a existência de outras divindades;

– monoteímo, cultua-se um único Deus e se nega a existência de qualquer outro;

politeísmo, crença em muitos deuses;

panteísmo, crença que considera coincidente a divindade e o universo natural;

– panenteísmo, crença segundo a qual a divindade e o universo natural coincidem, embora professe uma transcendência de Deus diante da natureza.

A religião é, portanto, fé comunitária e consiste em três elementos: a crença, o código e o culto ou liturgia. Crença é a fé na revelação de Deus. Código é o sistema de leis morais, coligidas pelos homens, que comportam sanções e autorizações divinas. Culto é o ritual onde a comunidade coloca sua consciência em harmonia com a mente de Deus.

Salvação

A salvação é o objetivo final da religião salvífica, a síntese suprema, já que aceita a integração do ser humano à comunidade divina. Em algumas religiões significa a sobrevivência além da morte, através da ressurreição do corpo. Após a morte, aqueles que não se incorporaram são proscritos e enviados à geena islâmica e judaica e ao inferno cristão. O termo geena originou-se no nome do vale Ge-Bem Hinnom, onde eram queimadas as crianças sacrificadas a Moloch e, também, o lixo de Jerusalém. Geena, significando inferno, é muitas vezes citada no Alcorão. Maomé, provavelmente, absorveu a palavra das comunidades judaicas de Medina com as quais manteve rígido contato.

As tradições religiosas do judaísmo, cristianismo e do islamismo sustentam a idéia de uma queda inicial. Conseqüentemente, a vontade humana encontra-se pervertida pelo egoísmo e pela soberba. Portanto, a salvação é impossível sem ajuda divina. As três religiões ensinam que Deus é amor e misericórdia e seu objetivo final é a redenção de toda a humanidade.

Os caminhos da libertação

Na Ásia existem certas experiências espirituais que não deveriam ser identificadas com o misticismo e, sim, com caminhos da libertação, da emancipação da consciência humana. Tentam superar os conceitos de mundo através do pensamento e da linguagem. Entre os principais caminhos de libertação estão o hinduísmo, o budismo e o taoísmo.


Teísmo, crença religiosa num ser supremo, fonte e sustento do Universo e que é ao mesmo tempo diferente deste. Esta doutrina opõe-se ao ateísmo.


Ateísmo, doutrina que nega a existência da divindade. É claramente diferente do agnosticismo. Com o desenvolvimento do conhecimento científico, o ateísmo transformou-se em uma tendência filosófica mais natural e aceita.


Agnosticismo, doutrina que afirma que a existência de Deus e de outros seres espirituais não é nem certa nem impossível. A postura agnóstica se diferencia tanto do teísmo, que afirma a existência de tais seres, como do ateísmo, que a nega.


Politeísmo, crença na existência de muitos deuses ou seres divinos. As forças naturais, tais como as estrelas, a chuva, as montanhas e o fogo, são, em geral, identificadas com divindades.
O politeísmo está relacionado de forma clara à crença em diferentes filhos de demônios e espíritos, como o
animismo, o totemismo e o culto aos antepassados. Porém, no politeísmo os espíritos personificam divindades que pertencem a uma hierarquia cósmica descrita nos mitos ou obras sagradas.


Animismo, crença em seres espirituais. No século XVIII, o médico alemão Georg Ernst Stahl recorreu a essa palavra para descrever sua teoria, segundo a qual a alma é o princípio vital responsável pelo desenvolvimento orgânico. Desde fins do século XIX, o conceito passou a ser associado à antropologia; o britânico Sir Edward Burnett Tylor descreveu as origens da religião e das crenças primitivas em termos de animismo. Em sua obra Cultura animista (1871), considerou-o como "uma definição mínima de religião". Ao formular sua teoria, afirmou que a filosofia animista se desenvolvia como uma tentativa de explicar as causas dos sonhos, os transes e a morte.


Alma, em muitas regiões e filosofias, elemento imaterial que, junto como o corpo, constitui o ser humano. Em geral, concebe-se a alma como um princípio interno, vital e espiritual.
No Oriente, a alma (
atmám) define a identidade e a consciência, acrecentando-lhe uma dimensão eterna ao ficar presa no ciclo da reencarnação até atingir a purificação. No judaísmo primitivo define-se a personalidade humana sem fazer uma clara distinção entre corpo e alma. A doutrina cristã sustenta que cada indivíduo tem uma alma imortal e que, em seu conjunto, alma e corpo ressuscitados estarão em presença de Deus depois do Juízo Final.
Segundo o
Islã, Deus dotou de alma cada ser humano e, na hora da morte, o espírito dos crentes é levado até ele. O islamismo divide o céu em patamares cada vez mais sedutores e oferece, aos que morrem na guerra santa (Jihad), a entrada imediata no melhor deles, o sétimo. No sétimo céu existem rios de mel, campos floridos, mulheres belas deitadas em almofadas de pérolas e jovens másculos e sedutores.


Judaísmo, cultura religiosa dos judeus (povo de Israel) e uma das religiões mais antigas do mundo. Originou-se em Israel, também conhecido como Palestina, no Oriente Próximo. No início da década de 1990, a população mundial de judeus atingia 18 milhões de pessoas.

Doutrinas básicas e fontes

A principal característica da religião judaica é o monoteísmo, a crença que um só Deus, transcendente, criou o universo. A história do povo, seus preceitos e filosofia estão contidos na Torá, também chamada de lei de Moisés ou lei mosaica. A Torá é formada pelo Pentateuco, ou seja, os cinco livros que constituem a primeira parte da Bíblia: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. Estes cinco livros também fazem parte do Antigo Testamento cristão.

O segundo grande conceito do judaísmo é o da aliança ou pacto entre Deus e os judeus, pelo qual estes últimos reconheceriam Deus como seu único senhor, comprometendo-se a obedecer suas leis. Como recompensa, Deus reconheceria Israel como seu povo e estaria atento a seu bem-estar. Esta visão acentua o problema da Teodicéia (justiça de Deus) porque a experiência histórica judaica, com bastante freqüência, tem sido de sofrimento.

Embora as distintas formas de judaísmo estejam enraizadas na Bíblia hebraica, chamada pelos judeus de Tanak, seria um erro considerar o judaísmo apenas como a religião do Antigo Testamento. O judaísmo contemporâneo deriva do movimento dos rabinos dos primeiros séculos da era cristã na Palestina e Babilônia, chamando-se judaísmo rabínico. Ver também Talmude.

Adoração e práticas

Para os judeus religiosos, a vida é um contínuo ato de adoração divina. Por este motivo, eles rezam três vezes ao dia (manhã, tarde e anoitecer) e recitam repetidas bênçãos. O estudo da Torá também é considerado um ato de adoração. O dia sagrado para os judeus é o Shabbat (Sábado), no qual não se realiza nenhum trabalho.

As leis relacionadas com a alimentação estão vinculadas ao culto do Templo de Jerusalém. Judeus não comem carne de porco e peixes que não tenham nadadeiras ou escamas. Dos outros animais deve-se tirar todo o sangue antes de serem ingeridos.

A comunidade judaica mantém a observância dos acontecimentos mais significativos de uma vida: o Brit Milá (circuncisão), o Bar Mitzvá (maturidade legal aos treze anos, nos meninos, e aos doze, nas meninas), o matrimônio e, finalmente, a morte.

História

O povo de Israel foi, primeiro, uma confederação de 12 tribos encabeçadas pelos 12 filhos do patriarca Jacó (Israel). Mais tarde, transformou-se em reino. Desde a libertação do exílio egípcio, os judeus comemoram o fim da escravidão e a conquista e assentamento nas terras de Canaã, a terra prometida, para onde os guiou Javé, o deus dos patriarcas e única divindade.

O exílio do povo de Judá na Babilônia, em 586 a.C., foi um marco histórico para a religião de Israel. A partir de então desenvolveu-se a verdadeira religião monoteísta. O rei persa Ciro, o Grande, depois de conquistar a Babilônia, em 539 a.C., autorizou o repatriação do povo judeu. A revolta dos Macabeus, entre 165 e 142 a.C., culminou numa guerra que conquistou para o povo de Judá a independência política dos sírios.

A vitória dos Macabeus inaugurou os oitenta anos de independência política do povo de Judá, apesar de terem continuado as desordens religiosas. O fervor messiânico e apocalíptico aumentou com a invasão romana em meados do século I a.C. Entre os anos 66 e 70 d.C, esta exaltação religiosa provocou a eclosão de uma fracassada revolta contra os romanos e, pela segunda vez, o Templo foi destruído, acontecimento não menos traumático para os judeus que a destruição do primeiro Templo, em 586 a.C.

A sinagoga e a casa de estudos rabínicos substituíram o templo destruído. A hegemonia dos rabinos foi um processo gradual que suplantou os desafios de todos os movimentos anti-rabínicos. A conquista do Oriente Próximo pelas tropas muçulmanas, no século VII, facilitou a divulgação de um judaísmo rabínico uniforme.

O judaísmo medieval desenvolveu-se a partir de duas culturas de grande notoriedade: a sefardita, na Espanha, e a ashkenazi, nas terras do Sacro Império Romano-Germânico. Durante o período medieval, o judaísmo revitalizou-se por movimentos místicos, éticos e piedosos. Entre estes grupos, os mais importantes foram os judeus espanhóis do século XIII, criadores da cabala (esoterismo judaico) e os hassidim, alemães do século XII.

Tendências atuais

A emancipação civil dos judeus provocou mudanças no judaísmo. O movimento reformista alemão perdeu as esperanças de uma volta à Palestina e abandonou muitas das leis e costumes judaicos tradicionais. A facção mais conservadora continuava favorável à manutenção dos costumes tradicionais. Em oposição à atitude dos reformistas, a ortodoxia moderna buscou harmonizar o judaísmo tradicional com os novos ensinamentos.

Na Europa do leste, os judeus formaram um grupo social numeroso e com características diferenciadas. Sua modernização tomou forma de um nacionalismo étnico e cultural. O sionismo foi um movimento criado para formar uma sociedade judaica moderna nas terras bíblicas, fato que culminaria com a criação do estado de Israel em 1948.

O judaísmo foi seriamente afetado pelo extermínio dos judeus pelas mãos dos nazistas, no chamado holocausto. A fundação do moderno estado de Israel tem, além de óbvia importância política, uma dimensão religiosa que representa a dignidade judaica e a concretização da promessa messiânica da "terra prometida". Durante as últimas décadas, todos os movimentos do judaísmo procuram manter-se orientados segundo esta idéia de Israel.


Torá (em hebreu, Torah, "lei" ou "doutrina"), a lei mosaica; no judaísmo, o Pentateuco, que se apresenta em forma de rolo de pergaminho e se lê na sinagoga. A Torá escrita, que consta dos cinco livros de Moisés (Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio) é a pedra fundamental da religião e da lei judaicas.


Pentateuco (em grego penta, "cinco"; teuk, "livro"), engloba os primeiros cinco livros do Antigo Testamento, atribuídos a Moisés: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. O termo foi utilizado pelo teólogo cristão Orígenes para designar o que os judeus de sua época denominaram Cinco volumes da Torá ("lei" ou "ensinamento"). Pentateuco é a tradução para o grego do termo hebreu que designa este conceito.


Gênesis, primeiro livro do Antigo Testamento. Seu nome se origina nas palavras Genesis kosmou (em grego, "origem do cosmos"), título conservado na Septuaginta. Os judeus o denominam Be-Reshit ("No princípio").

O Gênesis relata o começo do mundo desde o momento em que Deus "criou os céus e a terra" (Gên.1,1) até a morte de José, o 11º filho do patriarca hebreu Jacó. A obra pode ser dividida em duas partes. A primeira (Gên.1-11) é dedicada à historia primitiva da humanidade e contém narrativas sobre o primeiro homem e primeira mulher, o pecado original, a primeira morte, o primeiro homicida, o dilúvio enviado por Deus para destruição de todos os pecados e erros - excetuando a família do "homem justo" (Gên.6,9) e das criaturas cuja conservação este homem se encarregou, a confusão de idiomas e a dispersão dos povos.

Na primeira parte do Gênesis está, também, a primeira aliança estabelecida por Deus com a humanidade através da pessoa de Noé (Gên., 9;9;17). A segunda parte (Gên.12-50) centra-se, sobretudo, no relato das vidas dos patriarcas hebreus Abraão, Isaac e Jacó, ou seja, uma história das origens da nação hebraica.


Noé, no Antigo Testamento, filho de Lamec, descendente de Adão na décima geração e, por sobreviver com sua família ao dilúvio, pai de toda a humanidade (Gên. 6-9). Segundo o relato bíblico, Noé foi salvo por sua piedade, quando Deus, encolerizado pela corrupção reinante no mundo, resolveu por sua destituição através de um dilúvio que durou 40 dias e 40 noites.


Adão e Eva, segundo a Bíblia e o Alcorão, o primeiro homem e a primeira mulher, progenitores da raça humana. Adão - em hebraico adam significa homem - foi criado "com o pó da terra" (Gên. 2,7). Eva - em hebraico havá, a que vive, a vivente - foi criada de uma costela de Adão e a este entregue para ser sua mulher. O relato aparece em duas versões, Gênesis, capítulo 1, versículos 26-27 e capítulo 2, versículos 7-8 e 18-24.

Em tempos antigos supunha-se que todas as espécies viventes, inclusive a humana, tinham sua origem num par de ancestrais criados diretamente por Deus. Neste aspecto, o relato bíblico de Adão e Eva difere, apenas em detalhes, de outros mitos similares do antigo Oriente Próximo e outras regiões. Histórias semelhantes aparecem também em fontes mesopotâmicas antigas, como o poema de Gilgamesh, datado, aproximadamente, de 2000 a.C.

No Islã, Adão é um enviado de Deus. Segundo diz o Alcorão - e ampliam as lendas islâmicas -, Adão foi criado de barro e argila maleável. É considerado como o primeiro Profeta mensageiro (nabi rassul). Uma tradição islâmica conta que Adão foi o construtor do altar sagrado, a Caaba, em Meca.


Bíblia, também chamada Santa Bíblia, livro sagrado ou Escrituras de judeus e cristãos. No entanto, as Bíblias do judaísmo e do cristianismo diferem em vários aspectos. A Bíblia judaica é composta pelas escrituras hebraicas - 39 livros escritos em hebraico-, com exceção de poucas partes redigidas em aramaico. A Bíblia cristã possui duas partes: o Antigo Testamento e os 27 livros do Novo Testamento. Os dois principais ramos do cristianismo - catolicismo e protestantismo - estruturam o Antigo Testamento de modo diferente (ver tabela adjunta).

Na versão primitiva, alguns dos livros adicionais foram escritos em grego como, por exemplo, o Novo Testamento. A tradução protestante do Antigo Testamento limita-se aos 39 livros da Bíblia judaica. Os demais livros e adições são denominados apócrifos pelos protestantes e deuterocanônicos pelos católicos.

O termo Bíblia chegou ao latim do grego bíblia ou "livros", forma diminutiva de byblos, palavra que significa "papiro" ou "papel" material exportado do antigo porto fenício de Biblos. Na Idade Média, os livros da Bíblia eram unificados.

Ordem dos livros

A ordem e o número dos livros bíblicos é distinto entre as versões judaica, protestante e católica. A Bíblia do judaísmo divide-se em três partes:

Torá, ou Lei, também chamada livros de Moisés.

– Profetas ou Neviim, dividida em Profetas Antigos e Profetas Posteriores.

– Hagiográficos ou Ketuvim que inclui os Salmos, os livros sábios e literatura diversa.

O Antigo Testamento cristão organiza os livros segundo seu conteúdo:

– Pentateuco, que corresponde à Torá.

– Livros históricos.

– livros poéticos ou sábios.

– livros proféticos.

O Novo Testamento inclui:

– Quatro Evangelhos (Mateus, Marcos, Lucas e João)

– Atos dos Apóstolos que narra a história dos primeiros tempos do cristianismo.

– Epístolas ou cartas de Paulo e outros autores.

– Apocalipse ou Livro da Revelação.

Alguns livros identificados como Epístolas, em particular a Epístola aos Hebreus, são, na verdade, tratados teológicos.

Inspiração bíblica

Os primeiros cristãos herdaram do judaísmo a idéia de que as Escrituras constituíam uma fonte autorizada. De início, não se propôs nenhuma doutrina formal acerca da inspiração das Escrituras, como é o caso do islamismo sustentando que o Alcorão foi ditado dos céus. No entanto, os cristãos acreditavam que a Bíblia continha a palavra de Deus, transmitida por seu Espírito. Primeiro, através dos patriarcas e profetas. Mais tarde, pelos apóstolos. Os autores dos livros do Novo Testamento recorreram à autoridade das Escrituras hebraicas para apoiar suas alegações sobre Jesus Cristo.

Importância e influência

A Bíblia, em suas centenas de traduções, é o livro de maior difusão na história da humanidade. Na história do pensamento humano, a Bíblia exerceu grande influência. Não só entre as comunidades religiosas, que a consideram sagrada. Na verdade, a literatura, as artes e a música ocidentais têm uma enorme dívida para com os temas, motivos e imagens da Bíblia.

O Antigo Testamento

O termo Antigo Testamento (da palavra latina para "aliança") aplica-se à estas Escrituras para diferenciar a "Antiga Aliança"- estabelecida por Deus com Israel - e a "Nova Aliança" selada através de Jesus Cristo (ver Heb.8,7).

Literatura do Antigo Testamento

Do ponto de vista literário, o Antigo Testamento - ou seja, a Bíblia - constitui uma antologia de livros diferentes. Não é, apenas, um livro unificado em seus autores, data de composição ou estilo literário. Em geral, os livros do Antigo Testamento são classificados como narrativas, obras poéticas, escritos proféticos, códigos legais ou apocalipse.

Narrativas

Tanto no contexto, como em conteúdo, a grande maioria dos livros do Antigo Testamento são narrativos, isto é, referem-se a acontecimentos passados. Muitas obras narrativas do Antigo Testamento também é História, ainda que não se ajuste à definição científica do termo. As narrativas históricas do Antigo Testamento são obras mais populares do que críticas, já que os autores recorreram às tradições orais - algumas delas pouco confiáveis - para escrever seus relatos. Além disto, todas as narrativas foram compostas com propósito religioso. Podem, portanto, ser chamadas de histórias de salvação, já que seu propósito é demonstrar a participação de Deus em acontecimentos humanos. Exemplos destas obras são a "História deuteronômica" (do Deuteronômio até os capítulos 1 e 2 do Livro dos Reis), o "Tetrateuco" (do Gênesis até o livro de Números) e a "História do Cronista" (capítulos 1 e 2 dos livros Crônicas, Esdras e Nehemias). A história da sucessão do trono de Davi (Sam., 2,9-20, I Re. 1,2) é a narração bíblica que mais se aproxima do conceito moderno de História. O autor presta atenção aos detalhes dos eventos e personagens e interpreta o curso dos acontecimentos à luz das motivações humanas. Não obstante, intui-se a intervenção divina nas entrelinhas dos textos.

Outros livros narrativos são: "Rute", "Jonas" e "Ester", - novelas históricas. É provável que estes livros tenham sua origem em contos populares ou lendas. Nos livros deuterocanônicos podem encontrar-se alguns relatos didáticos: "Tobias", "Judite", "Susana" e "Bel e o dragão", contido no "Livro de Daniel".

Obras poéticas

Entre os livros poéticos do Antigo Testamento incluem-se os Salmos, Jó, Provérbios, Eclesiastes, Cântico dos Cânticos, Eclesiástico (deuterocanônico) e Prece de Manassés (apócrifo). O "Livro da Sabedoria" assemelha-se aos livros poéticos sapienciais, embora não seja poesia. A maioria do livros proféticos estão escritos de acordo com as regras líricas hebraicas.

Materiais proféticos

Os profetas eram conhecidos em outras regiões do antigo Oriente Próximo, mas nenhuma outra cultura desenvolveu um corpo de literatura profética comparável ao de Israel. Os antigos autores egípcios escreveram obras literárias chamadas "profecias" mas, por sua forma e conteúdo, eram diferentes dos livros proféticos da Bíblia. Na literatura profética predominam os discursos, já que a atividade do profeta consistia em difundir a palavra de Deus relativa ao futuro imediato. As mensagens mais comuns são profecias de castigo ou salvação. Tanto umas, como outras, estão contextualizadas por fórmulas que identificam as palavras de Deus, por exemplo, "oráculo de Yahvé". Em geral, a profecia de castigo encontra suas razões na injustiça social, arrogância religiosa ou apostasia. As profecias também costumam detalhar a natureza do desastre - militar, peste ou outra qualquer - que recairá sobre a nação, grupo ou indivíduo a quem será dirigido. As profecias de salvação anunciam a iminente intervenção de Deus para resgatar Israel. Outros discursos incluem profecias contra nações estrangeiras, discursos de aflição que enumeram os pecados do povo, admoestações ou advertências. A Bíblia cristã inclui quatro profetas maiores: Isaías, Jeremias, Ezequiel e Daniel e 12 menores: Oséias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuc, Sofonias, Ageu, Zacarias e Malaquias. Pertencem também à literatura profética os livros das Lamentações e Baruch.

Leis

A matéria legal é tão destacada nas Escrituras hebraicas que o judaísmo aplicou o termo Torá ("Lei") aos primeiros cinco livros (Pentateuco). Os textos legais são dominantes em Êxodo, Levítico e Números. O quinto livro da Bíblia foi denominado Deuteronômio ("segunda Lei") por seus tradutores gregos, ainda que Deuteronômio seja, em síntese, um relato das últimas palavras e atos de Moisés. Em geral, estas leis referem-se aos problemas que surgiam na vida diária. As leis casuísticas são similares em sua forma - e, muitas vezes, em conteúdo - às normas recolhidas no Código de Hamurabi e outros códigos legais do antigo Oriente Próximo.

Escritos apocalípticos

O apocalipse, como gênero diferenciado, surgiu em Israel no período posterior ao exílio, isto é, após o cativeiro dos judeus na Babilônia entre 586 e 538 a.C. Um apocalipse, ou revelação, expõe uma série de acontecimentos futuros mediante uma detalhada resenha de um sonho ou visão. Utiliza imagens de forte conteúdo simbólico e, freqüentemente extravagantes, que são explicadas e interpretadas. Os escritos apocalípticos costumam refletir a perspectiva histórica do autor, num momento em que as forças do mal se preparavam para travar a batalha final contra Deus, possibilitando o nascimento de uma nova era.

Daniel é o único livro apocalíptico das Escrituras hebraicas. Sua primeira metade (capítulos 1 a 6) é uma série de histórias lendárias. No entanto, partes de outros livros são, em muitos aspectos, similares à literatura apocalíptica (Isaías, capítulo 24, versículo 27; Zacarias, capítulo 9, versículo 14 e algumas partes de Ezequiel). Entre os apócrifos, Esdras é um apocalipse.

Os textos e as versões antigas

Todos os tradutores contemporâneos da Bíblia tentam recuperar o texto mais antigo e, portanto, mais fiel ao original. Não existem originais, nem autográficas, mas centenas de manuscritos com inúmeras versões diferentes. Toda tentativa de determinar qual é o melhor texto de um livro ou versículo deve se basear no trabalho meticuloso e no juízo de um estudioso da Bíblia.

Textos massoréticos

Com respeito ao Antigo Testamento, a principal diferença é em relação aos textos em hebraico e suas versões ou traduções para idiomas antigos. Na língua hebraica, os testemunhos mais importantes - e, em geral, mais confiáveis - são os textos massoréticos, obra dos eruditos judeus (denominados massoretas) que se encarregaram de copiar e transmitir, com fidelidade, a Bíblia. Estes sábios, que trabalharam desde os primeiros séculos da Era Cristã até a Idade Média, também acrescentaram ao texto a pontuação, as vogais (o texto hebraico original contém somente consonantes) e diversas notas explicativas. A Bíblia hebraica padrão, utilizada atualmente, é reprodução de um texto massorético escrito em 1088.

Existem manuscritos hebraicos de livros individuais ainda mais antigos, cuja procedência é massorética. Muitos deles, datados no século VI, foram descobertos em finais do século XIX na guenizá (depósito no qual se guardavam os textos inutilizados para evitar a profanação do nome escrito de Deus) da sinagoga do Cairo. Numerosos manuscritos e fragmentos - muitos da Era Pré-cristã - foram recuperados na região do mar Morto, em 1947 (ver Manuscritos do mar Morto). Embora muitos destes manuscritos sejam bastante tardios - particularmente, os massoréticos -, eles conservam uma tradição textual que remonta a cerca de um século antes da Era Cristã.

A Septuaginta e outras versões em grego

As versões mais valiosas da Bíblia hebraica são as traduções para o grego. Em alguns casos, as versões gregas apresentam material superior ao hebraico, já que se baseia em textos hebraicos de épocas remotas. Alguns manuscritos gregos são muito mais antigos que os manuscritos da Bíblia hebraica e foram incluídos na Bíblia cristã, compilada nos séculos IV e V d.C. Os manuscritos mais importantes são o Códice Vaticano (na Biblioteca do Vaticano), o Códice Sinaítico e o Códice Alexandrino (ambos se encontram no Museu Britânico).

A versão grega mais importante denomina-se Septuaginta (em grego, ‘setenta’) porque a lenda afirma que a Torá foi traduzida, no século III d.C., por 70 (ou 72) tradutores. Talvez a lenda esteja certa: a primeira tradução para o grego incluía só a Torá e, mais tarde, traduziram-se as demais Escrituras hebraicas. Parece lógico acreditar que esta tarefa tenha sido realizada por eruditos de diferentes concepções.

Empreenderam-se muitas outras traduções para o grego das quais conservam-se, somente, fragmentos ou citações dos primeiros autores da Igreja. Entre elas se incluem as versões de Áquila, Símaco, Teodósio e Luciano. O teólogo cristão Orígenes (século III) estudou os problemas que estas versões diferentes apresentavam e preparou uma Héxapla, ou seja, uma crítica textual na qual organizou, em seis colunas paralelas, o texto hebraico, o texto hebraico traduzido para o grego e as versões de Áquila, Símaco, Teodósio e Luciano.

Pesitta, Latina antiga, Vulgata e os Targum

Entre outras versões, merecem ser mencionadas a Bíblia Pesitta ou síria, iniciada em torno do século I d.C. A Latina antiga - que não foi traduzida do hebraico, mas procede da Septuaginta, no século II-, e a Vulgata, traduzida do hebraico para o latim por São Jerônimo, no final do século IV d.C.

Outras versões que devem ser consideradas são os Targum aramaicos. No judaísmo - quando o aramaico substituiu o hebraico como idioma cotidiano -, fizeram-se as necessárias traduções. Primeiro, para acompanhar a leitura oral das Escrituras na sinagoga. Mais tarde, estas escrituras foram transcritas para o papel. Os Targum não eram traduções literais e tendiam a ser paráfrases ou interpretações do texto original.

O Novo Testamento

O Novo Testamento é constituído de 27 documentos escritos entre 50 e 150 d.C. e que tratam de crenças e práticas religiosas nas comunidades cristãs mediterrâneas. Embora os originais destes documentos fossem em aramaico (especialmente, o Evangelho de Mateus e a Epístola aos Hebreus), todos sobreviveram através da versão grega, idioma original em que foram redigidos.

As primeiras versões

Como o Novo Testamento foi escrito em grego, a história da transmissão do texto e determinação do cânone costuma ignorar estas primeiras versões. A rápida expansão do cristianismo para além das regiões em que prevalecia o grego, requereu traduções para o sírio, latim antigo, copta, gótico, armênio, georgiano, etíope e árabe. As versões em sírio e latim apareceram no século II e as traduções para o copta começaram a aparecer no século III.

A literatura do Novo Testamento

 

Do ponto de vista literário, os documentos do Novo Testamento são classificados em quatro gêneros principais: evangelhos, história, epístolas e apocalipse. Dos quatro, só os evangelhos são um estilo literário próprio da comunidade cristã.

Evangelhos

Um evangelho não é uma biografia, embora guarde algumas semelhanças com as histórias de heróis, humanos ou divinos, do mundo greco-romano. O evangelho é uma série de resenhas individuais de fatos e palavras, organizados com o objetivo de criar um efeito cumulativo. Aparentemente, os autores dos evangelhos - Mateus, Marcos, Lucas e João - tiveram algum interesse em ressaltar a ordem cronológica, embora esta não tenha sido uma das maiores prioridades. Em maior medida, o que influenciou a organização do material foram os temas teológicos e as necessidades dos leitores. Por estes motivos - embora os quatro mantenham um mesmo estilo literário e centrem-se na vida de Jesus -, existem diferenças entre os evangelhos. À exceção dos relatos da prisão, julgamento, morte e ressurreição de Cristo (similares nos quatro livros), os textos diferem em perspectivas, ênfases de interpretação e importantes detalhes.

O Evangelho de João é o único diferente. Nele, Jesus aparece como divindade onisciente, onipotente e superior. Os outros três denominam-se Evangelhos Sinópticos (vistos juntos) porque apresentam variadas e numerosas coincidências, provocando muitas hipóteses sobre suas relações. A opinião mais difundida sustenta que o Evangelho de São Marcos foi o primeiro a ser escrito e serviu de fonte inspiradora para Mateus e Lucas.

História

Encontra-se no Livro dos Atos dos Apóstolos - o segundo de dois volumes, ocasionalmente denominado Atos de Lucas e atribuído a São Lucas -, a melhor representação da narrativa histórica no Novo Testamento. Estes dois livros relatam a história de Jesus e da Igreja nascida em seu nome como uma narrativa contínua, centrada na história de Israel e do Império romano. A história se apresenta do ponto de vista teológico, isto é, interpreta o procedimento de Deus num acontecimento ou em relação à uma pessoa. Atos se destaca no Novo Testamento por recorrer à narrativa histórica para veicular a fé cristã.

Epístolas

No mundo greco-romano, a epístola, ou carta, constituía um estilo literário generalizado. Consistia na assinatura, endereçamento, saudação, elogio, agradecimento, mensagem e despedida. São Paulo achou este estilo análogo à relação que mantinha com as igrejas que fundara e conveniente para um apóstolo itinerante. Este estilo adquiriu grande popularidade na comunidade cristã e foi empregado por muitos hierarcas. As epístolas escritas por São Paulo e outros escritores - algumas das quais aparecem no Novo Testamento - são sermões, exortações ou tratados, encobertos pelo estilo do gênero epistolar. O Novo Testamento inclui as denominadas epístolas de São Paulo: Romanos (I e II), Coríntios, Gálatas, Efésios, Filipenses, Colossenses (I e II), Tessalonicenses, Timóteo, Tito, Filemon, Hebreus, Tiago (I e II), Pedro (I-II-III) João e Judas.

Escritos apocalípticos

Os textos apocalípticos aparecem em todo o Novo Testamento, mas seu uso é predominante no livro do Apocalipse (ou Revelação). Em geral, os apocalipses foram escritos em épocas de graves crises de uma comunidade, tempos em que as pessoas buscam o metafísico e olham para o futuro em busca de ajuda e esperança. Esta literatura é visionária, simbólica e pessimista embora reflita esperanças no que está além do material e da história.


Apócrifos, Livros, do grego apokryphos, "ocultos", denominação dada aos escritos de tema bíblico aparecidos nos primeiros séculos da era cristã, mas não considerados de inspiração divina e que, por conseqüência, não estão incluídos no cânon da Bíblia. Dentro de toda esta literatura, os católicos e os ortodoxos distinguem certos livros, que denominam deuterocanônicos. Os protestantes distinguem, por sua vez, outros livros, os denominados pseudo-epígrafos, que, para os católicos, são livros apócrifos.


Deuterocanônicos, Livros, livros incluídos no cânone bíblico da Igreja católica e também, com algumas exceções, no da Igreja ortodoxa, embora não se insira no cânone hebreu. Foram incorporados ao cânone católico pelo Concílio de Trento, celebrado em 1546. Sua inclusão na Bíblia fora objeto de disputas durante os 12 séculos precedentes (daí procede o termo deuteronômio, derivado da palavra grega que significa "segundo cânone" ou "segunda Lei"). Os livros do Deuteronômio do Antigo Testamento são: Judite, Sabedoria, Tobias, Sirach (ou Eclesiastes), Baruc, primeiro e segundo livros de Macabeus e algumas seções de Ester e Daniel. A Igreja ortodoxa tem um cânone similar, ainda que rechace o Livro de Baruc e tenha incluído o terceiro livro de Macabeus e um salmo, o 151, que aparece em alguns manuscritos da tradição grega do Antigo Testamento.


Católica, Igreja (do latim catholicu, universal) designa a Igreja Católica Apostólica Romana, fundada por Jesus Cristo (somente e unicamente de acordo com a própria Igreja Católica), e cuja cabeça visível é o papa.
ATENÇÃO:
NÃO EXISTE, nenhum trecho, ou parágrafo, ou versículo ou capítulo na BÍBLIA, que fala ou descreve que JESUS CRISTO fundou a IGREJA CATÓLICA APOSTÓLICA ROMANA ou QUALQUER RELIGIÃO, pois JESUS CRISTO, NÃO fundou nenhuma religião. Veio apenas para testemunhar as leis e dá como verdade a existência da Poderosíssima Natureza do Cosmos Universal, Deus.
Para maiores informações verifiquem na própria Bíblia, ou nos documentários de estudos científicos e pesquisas feitos pela DISCOVERY (BBC), THE HISTORY (BBC) ou qualquer outra fonte cientifica de respeito mundial.


Pseudoepígrafos (do grego pseudepigraphos, ‘falsamente atribuídos’), escritos judeus e cristãos que apareceram na época final do Antigo Testamento e avançaram na Era Cristã. Foram atribuídos, por seus autores, a grandes figuras e autoridades religiosas do passado.

Protestantes e judeus costumam utilizar o termo pseudoepígrafos para denominar as escrituras que os católicos denominam Apócrifos. Ou seja, escritos judeus tardios que os especialistas consideram extracanônicos. Entre estas obras estão o Livro dos Jubileus, os Salmos de Salomão, o quarto livro de Macabeus, o livro de Enoc, o quarto livro de Esdras, o Apocalipse de Baruch e os Testamentos dos 12 Patriarcas, todos atribuídos a personalidades canônicas do Antigo Testamento, datados entre o Antigo e o Novo Testamento e não conservando versões originais em hebraico ou aramaico. Fragmentos de outros pseudoepígrafos têm aparecido entre o material descoberto em Qumran.


Bíblica, Ciência, estudo da Bíblia no qual se aplicam todos os recursos do conhecimento contemporâneo que possam contribuir para a compreensão de seu significado exato. Diferencia-se de outros enfoques da Bíblia, como o dos devotos, ou o que se centra, exclusivamente, em sua apreciação literária.

Ao contrário da literatura de outras religiões, a Bíblia tem sido sujeita a críticas e correções. Sem dúvida, estas críticas surgiram porque judeus e cristãos concebem a religião como elemento histórico, um produto de acontecimentos autênticos. Embora a grande maioria dos textos do Antigo e do Novo Testamento sejam anônimos, sempre foram atribuídos a um autor humano. Por isto, considera-se legítima sua avaliação.

A erudição bíblica pré-crítica

A preocupação dos antigos eruditos bíblicos judeus e cristãos era conciliar as disparidades provocadas pelos autores com a afirmação de que a Bíblia era um produto da inspiração divina, ditado pessoalmente por Deus ou sugerido através de sonhos, visões e aparições. A tendência era insistir no elemento divino em detrimento do humano. Os primeiros rabinos da Palestina e Babilônia (200-500 d.C.) - cujas discussões se conservam nas tradições judaicas compiladas no Talmud (em hebraico, "instrução") - pretendiam alcançar coerência não só entre as muitas afirmações bíblicas mas também entre a Bíblia e o próprio judaísmo, religião considerada uma interpretação divina do Antigo Testamento. Para alcançar esta coerência, foram realizadas tipos de argumentação que, à luz das regras modernas da explicação textual, parecem, freqüentemente, distorcidos e arbitrários (ver Mischná e Talmude).

No mundo helênico o erudito judeu Fílon esforçou-se, igualmente, em demostrar a correspondência do Antigo Testamento com a concepção de mundo de filósofos e cientistas gregos. Para lograr esta reconciliação, Fílon recorreu à alegoria, processo interpretativo no qual se descarta o significado superficial ou literal de um texto em favor do significado oculto mais profundo (neste caso, divino) e que só é percebido por iniciados.

A maioria dos primeiros Padres da Igreja cristã utilizaram o mesmo método. Estavam convencidos que o significado real do Antigo Testamento desembocara no Novo Testamento e nas interpretações cristãs posteriores. Os primeiros intérpretes do Novo Testamento inclinavam-se a tratar a totalidade do Antigo Testamento como livro cristão, em que tudo o que se faz ou se diz tem um significado na medida em que simboliza ou profetiza aquilo que, mais tarde, se cumprirá em Cristo e em sua Igreja (ver Apócrifos do Novo Testamento).

Atualmente, alguns comentaristas cristãos continuam avaliando o Antigo Testamento por sua relevância para a Igreja cristã, atitude do Concílio Vaticano II, pelo menos nas partes de sua doutrina concernentes às Escrituras. Esta posição gera tensões, entre elas o método histórico-crítico que estuda a Bíblia como obra literária escrita pelo homem de acordo com estilos e convenções literárias da época.

Modalidades críticas

Qualquer um que examine a Bíblia deve, primeiro, assegurar-se que o texto é o mais exato possível. Precisa, também, estar consciente de que a tradução é uma forma de interpretação em que se deve determinar o significado do texto antes de expressá-lo em outra língua. Os críticos, inclusive no período pré-cristão, trabalhavam com material traduzido e, tanto eles como os especialistas posteriores, compreenderam a necessidade de se remontar os textos a suas formas originais para fixar seu primeiro significado. Por isto, grande parte da primeira crítica dos textos foi dedicada à determinação de sua exatidão. Os reformistas protestantes desejavam ver a Bíblia nas mãos dos laicos e os tradutores dos séculos XVI e XVII aplicaram-se na busca de manuscritos para garantir as melhores versões. A partir de suas investigações e de manuscritos descobertos no século XVIII, desenvolveram-se os métodos atuais da crítica de textos.

A crítica textual pretende estabelecer o que se escreveu nas versões originais, independente de seu significado ou relevância. A crítica textual serve-se de dois métodos: critérios externos e internos. Os critérios externos consistem nas características físicas dos próprios manuscritos: seu material, antigüidade, estilo de escritura e sua história. Nestes manuscritos podem ser achadas milhares de leituras diferentes - em 90% dos casos trata-se de questões incidentais, como, por exemplo, a substituição de um sinônimo por outro - o estudo textual interno resolvem com facilidade.

A crítica histórico-literária enfatiza as questões de interpretação e de relevância, já que se preocupa com quem escreveu o livro, em quais fontes se baseou o autor, em que medida se tratam de fontes fidedignas, o acontecido a estas fontes durante o processo de transmissão e edição e como se alterou a mensagem da palavra bíblica no transcurso deste processo. Em síntese, este método coloca as mesmas interrogações sobre fidelidade e legitimidade que formularia alguém que tentasse determinar a credibilidade de uma afirmação oral ou escrita procedente do passado. A crítica formal é outra dimensão do método histórico-literário. Este conceito se baseia na hipótese de que um texto literário se expressa de diversos modos. Pode-se tanto relatar o mesmo acontecimento num estilo poético quanto restringir-se a, apenas, registrar os fatos. Cada forma lingüística literária tem sua própria legitimidade. Portanto, a existência de uma ampla variedade formal na Bíblia ajuda a defender a "verdade" bíblica contra as objeções de que seu texto está longe de ser uma narrativa uniforme, simples e sem adornos dos fatos.

A crítica estilística é outro aspecto do método histórico-literário que passou do Antigo para o Novo Testamento, questionando procedimentos e motivações dos copistas que trabalharam durante um período de tempo.

A crítica estilística limita-se a afirmar que o significado bíblico se desenvolveu nas diversas fases da historia da comunidade da fé geradora dos textos bíblicos. A tarefa do intérprete consiste em decidir a que época do tempo se refere o sentido último do texto.

O estruturalismo, evolução recente na crítica literária, enfatiza o texto em sua forma final e acabada, desviando-se, assim, de sua história. Estuda, também, a correspondência da Bíblia com as literaturas de outras culturas, como se evidencia a partir das estruturas comuns que estes textos assumem ao relatar histórias semelhantes. Sua relevância para a interpretação é significativa, já que tenta chegar a uma psicologia humana universal, sugerindo que um texto pode significar algo além da compreensão de seu autor.


Cristianismo, é a religião mais abrangente do mundo. Seu número de membros é superior a 1,7 bilhão, distribuídos por todo o planeta.

Principais ensinamentos

Por ser um fenômeno complexo, é mais fácil descrever o cristianismo sob uma perspectiva histórica. Um dos elementos essenciais é a figura de Jesus Cristo, cujas referências históricas encontram-se nos Evangelhos ou Novo Testamento.

Desde o princípio, o caminho para a iniciação no cristianismo tem sido o batismo. Outro ritual, aceito por todos os cristãos, é o da eucaristia, na qual os membros compartilham pão e vinho — ou de uma hóstia consagrada em que, o pão e o vinho, transformam-se no corpo e sangue de Jesus Cristo (mistério da transubstanciação). Atualmente, a comunidade cristã relaciona-se fraternalmente com todas as outras igrejas cristãs não-católicas. Ver também Movimento ecumênico, Protestantismo e Igreja Ortodoxa.

Culto

A fé é a primeira condição para o culto cristão. Todos os cristãos, de diferentes tradições, têm destacado a importância da devoção e da oração individual. Uma oração utilizada pelos católicos — e, também, por cristãos de diferentes seitas — é o Pai-Nosso, ensinada por Jesus e que pode ser lida nos Evangelhos.

Desde o século IV, as comunidades cristãs têm construído templos, edificações destinadas ao culto. Estes templos são um importante marco na história da arquitetura e das artes em geral. Ver também Basílica, Igreja (arquitetura), Arte e arquitetura paleocristãs, Hino e Oração.

História

Quase todas as informações sobre a vida de Jesus e as origens do cristianismo provêm de seus discípulos. A lembrança de suas palavras e ações, transmitidas através dos Evangelhos, mencionam os dias que Jesus passou na Terra. Os discípulos e seguidores de Cristo concluíram que o que ele demonstrava ser, através de sua ressurreição, confirmava a sua natureza divina. Os evangelistas (Mateus, Marcos, João e Lucas) inspiraram-se na linguagem das Escrituras ou Bíblia hebraica — chamada pelos cristãos de Antigo Testamento — para compor um relato sobre a realidade de Jesus Cristo. Estes judeus-cristãos, acreditando ser vontade e ordem de Deus que se unissem para formar uma nova comunidade religiosa, salvadora do povo de Israel, fundaram a primeira Igreja em Jerusalém. Consideravam que aquela cidade era a mais apropriada para a nova igreja receber o prometido: o dom do Espírito Santo e de uma renovação espiritual.

O início da Igreja

Jerusalém era o núcleo do movimento cristão. A partir deste centro, o cristianismo espalhou-se para outras cidades e povoados da Palestina e locais ainda mais distantes. No princípio, a maioria das pessoas que se uniam ao movimento cristão eram seguidores do judaísmo, como o próprio Cristo. Por isto, o cristianismo inicial manifestou-se como uma relação dual da fé judaica: uma relação de continuidade e ao mesmo tempo de realização, de antítese, e também de afirmação.

Um fator importante que levou o cristianismo a distanciar-se das raízes judaicas foi a mudança na composição da Igreja, ocorrida mais ou menos no final do século II. Nesta época, os cristãos não judeus começaram a superar, em número, os cristãos judeus. O trabalho do apóstolo Paulo teve grande influência na ruptura definitiva entre judaísmo e cristianismo. As cartas enviadas por Paulo a Timóteo e a Tito mostram o início de uma organização baseada na transmissão da autoridade da primeira geração de apóstolos — entre os quais se inclui Paulo — aos bispos subseqüentes.

Perseguição

O cristianismo teve, em primeiro lugar, que consolidar sua relação com a ordem política. Dentro do Império romano e como seita judaica, a Igreja cristã primitiva compartilhou o status do judaísmo. Mas, antes da morte do imperador Nero, em 68, o cristianismo já era considerado rival da religião imperial romana. A lealdade demonstrada pelos cristãos perante seu Senhor, Jesus, era incompatível com a veneração do imperador, encarado como divindade. Além disso, imperadores, como Trajano e Marco Aurélio, viam no cristianismo uma ameaça a seus propósitos e decidiram extingüi-lo.

A oposição à nova religião criou o efeito inverso ao que se pretendia. No início do século IV, o mundo cristão havia crescido tanto que obrigou Roma a tomar uma decisão: erradicá-lo ou aceitá-lo. O imperador Diocleciano tentou eliminar o cristianismo, mas fracassou. O imperador Constantino optou por contemporizar, convertendo-se ao cristianismo como uma manobra política. Esta atitude acabou criando o império cristão: a nova religião se apossou da infra-estrutura burocrática romana, utilizou-a para seus propósitos e ritos e se apoderou do mundo. O sucessor de Constantino, seu sobrinho Juliano, tentou inverter este processo, revalorizando a antiga religião romana, mas encontrou imensa resistência, falhando em sua intenção. Juliano foi assassinado durante uma batalha contra os persas, por um cristão contratado para protegê-lo.

O cristianismo no Oriente

 

Um dos atos do imperador Constantino, com maior repercussão no mundo cristão, foi a decisão, no ano 330, de deslocar a capital do Império, de Roma para Bizâncio, na extremidade oriental do Mar Mediterrâneo. A nova capital, Constantinopla (atual Istambul), transformou-se no centro intelectual e religioso do mundo cristão do Oriente. Enquanto isto, o mundo cristão do Ocidente experimentava uma centralização progressiva representada por uma pirâmide cujo topo pertencia ao papa de Roma. Ver também papado.

Todos os traços do cristianismo do Oriente contribuíram para seu afastamento do Ocidente, o que acabou culminando no cisma entre Leste e Oeste. Os historiadores datam o cisma a partir de 1054, quando Roma e Constantinopla trocaram excomunhões. Também é possível afirmar que o cisma ocorreu em 1204, quando — com o objetivo de arrebatar a Terra Santa do domínio otomano (ver Cruzadas) — os exércitos do Ocidente atacaram e destruíram a cidade cristã de Constantinopla. Ver também Império bizantino, Igreja do Oriente, Igrejas de ritual oriental, Igreja Ortodoxa.

O cristianismo no Ocidente

Embora o cristianismo do Oriente fosse, em muitos sentidos, o herdeiro da primitiva igreja cristã, uma parte do desenvolvimento mais dinâmico aconteceu na região ocidental do Império romano. Roma mantinha esta posição quando as sucessivas invasões de tribos bárbaras assolaram a Europa. Em 800, quando o papa Leão III coroou o imperador Carlos Magno, nasceu um novo império soberano no ocidente: o Sacro Império Romano-Germânico.

A cooperação entre a Igreja e o Estado durante a Idade Média — simbolizada pela coroação de Carlos Magno pelo papa — não deve ser interpretada como uma relação pacífica. Porém, existiu uma grande cooperação entre a Igreja e o Estado durante as Cruzadas. A conquista muçulmana de Jerusalém significou a queda de lugares santos em mãos infiéis e as Cruzadas, que já não serviam para unificar o ocidente, tampouco lograram restaurar o cristianismo, de forma permanente, na Terra Santa.

A Igreja medieval obteve um triunfo importante durante este período: o desenvolvimento da filosofia e da teologia escolástica, principalmente por São Tomás de Aquino, baseando-se em Aristóles. Ao mesmo tempo, o grande cisma do Ocidente, durante o qual houve dois — e, às vezes, até três aspirantes ao trono papal — ameaçaram a igreja ocidental. Este litígio durou até 1417, quando o papado voltou a ser reunificado.

A Reforma e a Contra-Reforma

Houve reformistas de várias tendências, como John Wycliffe, João (Jan) Hus e Girolamo Savonarola que denunciaram o enfraquecimento moral e a corrupção econômica da Igreja e desejaram mudar, radicalmente, esta situação. O reformista Martinho Lutero foi a figura catalisadora que acelerou o novo movimento. Sua luta pessoal levou-o a questionar a autoridade da Igreja de Roma. Sua excomunhão, pelo papa Leão X, foi um passo que culminou na divisão do mundo cristão ocidental. Eclodiram movimentos reformistas na Suíça que, rapidamente, encontraram apoio e liderança em Ulrich Zwingli e, especialmente, de João Calvino, cujo pensamento contribuiu para o surgimento dos huguenotes na França. Ver também Calvinismo, Luteranismo e Presbiterianismo.

A Reforma protestante não foi suficiente para esgotar o espírito renovador da Igreja Católica. Como resposta ao desafio, a Igreja convocou o Concílio de Trento, cuja duração foi do ano 1545 até 1563. A responsabilidade de levar adiante as decisões tomadas no concílio coube à Companhia de Jesus. Ver também Contra-Reforma e Reforma.

O período moderno

Durante o século XVI, quando aconteceu a Reforma — mas, principalmente, nos séculos XVII e XVIII — já estava claro que o cristianismo seria obrigado a se definir em resposta ao crescimento da ciência e filosofia modernas. A condenação pela Inquisição de Galileu Galilei, acusado de heresia, encontrou seu equivalente nas controvérsias protestantes sobre a teoria da evolução versus o relato bíblico da criação.

Como resultado, o cristianismo teve que redefinir sua relação com a ordem civil. Ficara evidente que era preciso fazer uma reconsideração da interrelação das tradições de diversos grupos cristãos com outras tradições religiosas. O estudo da transcendência destes dois conflitos desempenhou um importante papel durante os séculos XIX e XX.

Foi o movimento ecumênico que mais fortemente conseguiu unir os distanciados grupos cristãos. No Concílio Vaticano II, a Igreja Católica deu importantes passos a favor de uma reconciliação com a Igreja do Oriente e com os protestantes.

Durante os últimos 25 anos, os movimentos missionários da Igreja têm levado a fé cristã pelo mundo. As adaptações aos costumes nativos geram problemas teológicos mas, cada vez mais, atraem novos adeptos.


Jesus Cristo (nascido entre 8 e 4 a.C. e 29 d.C.), personagem principal do cristianismo, nascido em Belém, Judéia. Para os cristãos, Jesus é o Filho de Deus, concebido por Maria, mulher de José. As principais fontes de informação sobre sua vida encontram-se nos Evangelhos.

Todos os Evangelhos sinópticos - os três primeiros, de Mateus, Marcos e Lucas, assim chamados por apresentarem uma visão similar da vida de Cristo - relatam que Jesus iniciou sua vida pública depois da prisão de João Batista que o batizou no rio Jordão. Após o batismo e o retiro no deserto, Jesus voltou à Galiléia, transferiu-se para Cafarnaum e começou a pregar. Quando o número de seguidores cresceu, escolheu 12 discípulos. Com eles, estabeleceu sua base em Cafarnaum e viajou pelas cidades próximas proclamando a chegada do reino de Deus. Sua ênfase na sinceridade moral - mais do que na observância rígida do ritual judaico - provocou a inimizade dos fariseus. O momento mais importante de sua vida pública ocorreu em Cesaréia de Fili, quando Simão, depois chamado Pedro, comprovou que Jesus era o Cristo. Esta revelação, a posterior predição de sua morte e ressurreição, as condições da missão que seus discípulos deviam cumprir e sua transfiguração, constituem a base principal das crenças cristãs.

Na época da Páscoa judaica, Jesus fez sua última viagem a Jerusalém. Os sacerdotes e escribas (Jo. 11;48), conspiraram com Judas Iscariotes para prendê-lo. Jesus celebrou a ceia da Páscoa (Mt. 26;27), abençoou o pão e o vinho anunciando que, quando fiéis se reunissem e repetissem aquele gesto, "farão em memória de mim" e advertiu a seus discípulos sobre a iminente traição e morte. Desde então, este ritual, a Eucaristia, constitui o principal sacramento da Igreja. Depois de preso, Jesus foi conduzido ao Conselho Supremo Judaico onde Caifás pediu que Jesus declarasse se era "o Messias, o filho de Deus" (Mt. 26,63). Por esta declaração, Jesus foi condenado à morte, sentenciado por Pôncio Pilatos. Após ser torturado, Jesus foi levado ao Gólgota e crucificado.

"Maria Madalena e Maria, mãe de Tiago" (Mc. 16,1), indo ao sepulcro para ungir seu corpo antes de o enterrarem, encontraram-no vazio e receberam, através de um anjo, o anúncio de sua ressurreição. Conforme o Novo Testamento, este fato converteu-se numa das doutrinas essenciais da cristandade. Todos os evangelhos assinalam que, após a morte e ressurreição, Jesus continuou a pregar a seus discípulos. Lucas (24;50,51) e os Atos dos Apóstolos (1;2,12) relatam sua ascensão aos céus, 40 dias após a ressurreição.

Na história do cristianismo, a vida e ensinamentos de Jesus foram, muitas vezes, tema de discussão e de diferentes interpretações. Definir sua natureza tornou-se objeto de uma disciplina chamada Cristologia.


Evangelho, cada um dos quatro relatos da vida e ensinamentos de Jesus e que, juntos, compõem o Novo Testamento. Durante os serviços religiosos das Igrejas cristãs, lêem-se ou cantam passagens escolhidas destes livros. A palavra evangelho tem sua origem no termo grego evangelion ("boa nova"). Em geral, os especialistas concordam que os quatro Evangelhos foram escritos em grego e seus autores, talvez, tenham utilizado fontes aramaicas orais ou escritas mais antigas que conservavam as palavras e os discursos reais de Jesus.

Evangelhos sinópticos

Os três primeiros Evangelhos - Mateus, Marcos e Lucas - denominam-se sinópticos por apresentarem uma perspectiva similar da vida e pregação de Jesus. Narram quase os mesmos feitos, coincidindo, muitas vezes, na narrativa dos acontecimentos. Utilizam um vocabulário idêntico, empregando as mesmas palavras.

João

O Evangelho atribuído a João Evangelista difere, em muitos aspectos, dos sinópticos. Vários feitos mencionados em João não aparecem em nenhum dos sinópticos, enquanto outros, citados nos sinópticos, não foram registrados em João. Além disto, alguns fatos semelhantes aparecem, em capítulos diferentes, na narrativa de João. Os especialistas bíblicos modernos concordam que o Evangelho de João foi redigido depois dos sinópticos. No entanto, não conseguem concordar se o autor do Evangelho segundo São João conhecia, ou não, os Evangelhos sinópticos. Em caso positivo, discutem se estes foram utilizados como fonte. Alguns estudiosos acreditam ser possível que o autor tenha conhecido Marcos e Lucas e que tenha se inspirado em seus respectivos Evangelhos.

Uso litúrgico

No sentido litúrgico, o termo evangelho aplica-se aos textos breves, selecionados dos quatro Evangelhos, que se lêem ou cantam entre a Epístola e o Credo, na missa católica e no serviço anglicano.


João Batista (entre o ano 8 e o 4 a.C. até o 27 d.C.), segundo os quatro Evangelhos, precursor de Jesus Cristo, nascido na Judéia. Pregou a penitência e batizou seus seguidores no rio Jordão. Com o batismo de Jesus, alcançou seu objetivo como precursor do Messias. Morreu decapitado a pedido de Salomé (Mt. 14,3-11).


Batismo, nas igrejas cristãs, ritual de iniciação, ministrado com água em nome de Cristo ou da Trindade (Pai, Filho e Espírito Santo). A maioria das igrejas considera o batismo um sacramento e as igrejas ortodoxa e batista o ministram através da imersão total.

A água era utilizada como símbolo de purificação e a lei judaica estabelecia seu uso como ritual de limpeza. Antes do século I a.C. pedia-se aos convertidos ao judaísmo que se banhassem como sinal de aceitação da Aliança. João Batista conclamou os judeus a se batizarem no rio Jordão para remissão dos pecados.

Jesus foi batizado por João Batista no começo de sua pregação pública (Marcos 1, 9-11). Embora não fique claro se o próprio Jesus batizou algum seguidor, ele ordenou a seus discípulos que pregassem a verdade, batizando os povos para a remissão dos pecados e como sinal da vinda do Reino de Deus.


Trindade, Santíssima, na teologia cristã, doutrina que afirma a existência de Deus como três pessoas — Pai, Filho e Espírito Santo — unidas em uma mesma substância ou ser único. Apesar dessa fusão das três pessoas em uma só, sempre se deu uma certa primazia ao Pai, de quem procedem as outras duas pessoas. Para uma adequada compreensão da concepção trinitária de Deus, as distinções entre as pessoas da Trindade não devem ser tão definidas a ponto de parecer ou sugerir uma pluralidade de deuses, nem permitir que essas distinções desapareçam em um monismo abstrato e indiferenciado.


Deus, o ser supremo, princípio gerador do mundo nas religiões. Para o monoteísmo, um único Deus é o criador e origem de todas as coisas existentes, sendo descrito com atributos de perfeição: infinitude, imutabilidade, eternidade, bondade, conhecimento e poder.

Deus pode ser transcendente — isto é, estar acima do mundo — ou imanente, presente em todo o universo. Nas grandes religiões monoteístas, Deus é venerado como uno, como a suprema unidade criadora de todas as coisas. O politeísmo ou crença em vários divindades, atribui a cada uma delas influência nas diferentes ordens do universo.

Para o judaísmo, o ser humano foi feito à "imagem e semelhança" de Deus (Jeová). A compreensão hebraica de Deus é essencialmente antropomórfica e inclui a idéia de que Deus é rei, juiz e pastor.

O cristianismo assumiu o deus hebraico e, com o tempo, as escrituras judaicas se tornaram no Antigo Testamento para os cristãos. No Novo testamento, Jesus foi enaltecido como pastor divino, criando-se, assim, tensão com a tradição monoteísta do judaísmo. A solução para o problema foi o surgimento da doutrina - existente em outras crenças anteriores - de Deus trino, a Trindade. O Espírito Santo — a igreja cristã ocidental afirma que o Espírito Santo provém do Pai e do Filho enquanto a oriental garante proceder só do Pai, controvérsia do filioque que deu origem ao cisma entre as igrejas cristã romana e cristã ortodoxa. O Espírito Santo é a Graça e é sobrenatural e transcendente. Aliás, quem encarna é o Filho, o que revela sua imanência.

Para o Islã, Deus é Alá, pessoal, transcendente e único. Sua representação é proibida em qualquer forma de ser vivo. A principal crença islâmica é a proclamação "Não há outro Deus senão Alá, e Maomé é seu único profeta".

No hinduísmo, o Ser sagrado é Brahma, realidade única, eterna e absoluta. São reconhecidos muitos deuses, mas todos são manifestações de Brahma. Os três deuses principais,encarregados da criação, preservação e destruição, unem-se em Trimurti, ou os três poderes, antecedente da Trindade cristã.

A Realidade Última, ou Ser Sagrado, constitui a ordem cósmica impessoal. No budismo mahayana da China e do Japão, o próprio Buda foi transformado em ser divino. O politeísmo se desenvolveu no Egito, Mesopotâmia, Grécia e Roma, a partir da crença em várias forças espirituais: o animismo.

Fundamentos para a crença em Deus

Dependendo dos períodos históricos e culturais, as concepções de Deus variam de forma considerável. Mas a fé em um Ser Sagrado predominou em quase todas as sociedades. Entretanto, esta crença tem sido submetida a dúvidas através de doutrinas como o ceticismo, o materialismo, ateísmo e outras formas de descrença.

O teólogo do século XIII, São Tomás de Aquino, propôs cinco provas para a existência de Deus que ainda são aceitas de forma oficial pela Igreja Católica:

– a realidade da mudança requer um agente de mudança;

– a cadeia do acaso precisa basear-se numa causa primeira que não é causada;

– os fatos contingentes do mundo (fatos que podem não ter sido como são) pressupõem um ser necessário;

– Observa-se uma gradação nas coisas desde o ponto mais alto até o mais baixo e isto aponta para uma realidade perfeita, no ponto mais alto da hierarquia;

– a ordem e o desenho da natureza solicitam, como fonte, um ser que possua a mais alta sabedoria.

Emmanuel Kant rejeitou e refutou os raciocínios de Tomás de Aquino, sustentando a necessidade da existência de Deus como garantia de vida moral. Em última instância, a crença em Deus é um ato de fé que necessita estar enraizado na experiência pessoal.


Monoteísmo, crença na unidade da divindade, ou em um único Deus. Por causa daqueles que acreditam que a doutrina cristã da Trindade é incompatível com o monoteísmo, alguns grupos resistem a ela em favor do unitarismo.


Unitarismo, forma de cristianismo que nega o dogma da Trindade porque sustenta que Deus existe em uma só pessoa. Na época da Reforma, teólogos europeus começaram a questionar a doutrina da Trindade, mas a crença unitária só foi tolerada na Transilvânia e na Polônia. Negam também a expiação delegada, a divindade de Jesus Cristo, o pecado original e o castigo eterno. Celebram a eucaristia, como recordação da morte de Jesus, e o batismo das crianças.


Eucaristia, literalmente, Ação de Graças. Designa o pão da sagrada comunhão, principal ritual da religião católica onde o pão e o vinho são consagrados por um padre. A Eucaristia é tomada por este e pelos membros da congregação em obediência à ordem de Cristo na Última Ceia. Nas igrejas ortodoxa e católica, a eucaristia é considerada um sacramento que realiza a união de Cristo com os fiéis.

A idéia da presença de Cristo na eucaristia é intrínseca à fundação do cristianismo. São Tomás de Aquino retornou ao tema e instituiu a palavra transubstanciação.

A doutrina eucarística lembra o sacrifício que envolve o sacramento, já que relaciona a eucaristia com a morte de Cristo na cruz. As igrejas ortodoxa, católica e anglicana têm mostrado que a eucaristia é uma forma de os crentes participarem do sacrifício de Cristo e da nova aliança com Deus.

A eucaristia também pode se chamar pão eucarístico, sagrada comunhão e liturgia divina.


Religiões mediúnicas
São aquelas cujos rituais são realizados com seus sacerdotes em transe. Entre elas, o candomblé, a umbanda e as várias seitas do espiritismo. Na umbanda e candomblé, um iniciado - ou filho de santo - recebe um espírito, entrando em estado de semi-consciência. Ou, como se diz na linguagem religiosa, fica "virado no santo". Quando o ritual é de candomblé, o orixá (divindade africana, especialmente jejê-nagô, das religiões afro-brasileiras) expressa-se através de gestos, dança, cantando ou falando. Nas seitas espíritas, as entidades aconselham, benzem e realizam processos de cura de males físicos e espirituais. Além do aspecto místico, muitas destas religiões exercem práticas mágicas (ebó) e adivinhatórias, entre elas, o jogo de búzios. As religiões mediúnicas baseiam-se na relação utilitária entre os homens e os deuses.


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